domingo, 27 de outubro de 2024

AS CONQUISTAS AMOROSAS DE CASANOVA E DOM JUAN (*)

Ao contrário dos outros grandes sedutores de mulheres, Giacomo Casanova não é um personagem de ficção. Ele realmente existiu. Nasceu em Veneza, no dia 2 de abril de 1725, e era filho de atores pertencentes à pequena burguesia. Morreu em 4 de junho de 1798. Se ele se tornou um personagem famoso, foi graças à sua própria vida, que ele conta nos 16 volumes de suas Memórias. Dizem que ele tinha um físico bastante agradável e uma viva inteligência. Recebeu uma excelente educação: doutor em direito, conhecia o grego, o latim, o francês e o hebreu, além de se virar em espanhol e em inglês. Possuía profundos conhecimentos de teologia, de filosofia e de matemática. Exerceu diversas profissões, que abandonou logo em seguida: padre, militar, músico e até agente secreto! Dançava como ninguém e era excelente na esgrima e na equitação. Viajante incansável, percorreu incessantemente toda a Europa: da Espanha à Rússia, da Inglaterra à Polônia. Em suma, era um homem fora do comum: bonito, inteligente, culto; tinha tudo para agradar e, ainda por cima, era devorado por uma paixão incontrolável: as mulheres. Casanova quer seduzir todas as mulheres, ele ama todas elas e não escolhe: mulher do povo ou mulher da corte, jovem ou velha, ele pega aquilo que a vida lhe traz, autêntico "amontoado insensato de beleza e de lixo, de inteligência e de vulgaridade, verdadeira feira do acaso sem freio e sem escolha!" (Zweig 1937, p. 135). Casanova é essencialmente um ser do prazer. "Não é um sedutor, é um gozador" (Marceau 1948, p. 142). Ele não somente se deleita com o seu próprio prazer, mas o prazer do outro o enche de deleite. "Ele gosta do prazer que proporciona às mulheres" (idem, p. 116). Casanova não é um sedutor estratégico, ele não planeja, não calcula. "Se tivesse sido apresentado à devota Madame de Tourvel, Casanova teria, sem dúvida, como Valmont, procurado conquistá-la. Mas, entrementes, para matar sua fome, teria ido à cata das empregadas do castelo, de algumas camponesas das redondezas e da velha tia, ainda por cima" (idem, p. 185). Ele vive o momento e é totalmente dominado por suas paixões. "Nunca tive condições de me ultrapassar e nunca terei" (Zweig 1937, p. 125). Contrariamente aos verdadeiros sedutores, que preferem seduzir as mulheres e que encontram nas artimanhas e subterfúgios seu verdadeiro prazer, Casanova "não sente prazer nas etapas, (...) ele não as respeita" (Marceau 1948, p. 134). "Ele não reflete nem trama; é no infortúnio que vêm até ele, para salvá-lo, inspirações astuciosas e muitas vezes geniais; ele nunca prepara, com planos ou cálculos (ele não tem muita paciência), nem a menor das ações" (Zweig 1937, p. 125). É inútil procurar nele motivos ocultos e inconfessáveis ou segredos que não devam ser revelados. Ao contrário, Casanova é um ser de superfície, cujo exterior se confunde com o interior e cujo objetivo se esgota no instante presente. Como Casanova seduz? De uma maneira muito simples: ele se dá sem reservas, se abandona completamente, possuído pelas mulheres. Elas sentem nele a febre animal: "ele não precisa inventar artifícios líricos ou enganadores para seduzir: Casanova só precisa deixar agir sua paixão e ela trabalha para ele" (Zweig 1937, p. 138). As mulheres se deixam possuir por ele porque sentem que ele é possuído por elas. "Nada se pode ir buscar nesse mestre, nada se pode aprender com ele, pois não existem truques próprios de Casanova, não há uma técnica casanovense da conquista e da sedução. Seu segredo está na sinceridade do desejo, na expressão elementar de uma natureza apaixonada" (id., ibid.). Casanova não estraga as mulheres, ele não é demoníaco, ele permanece na superfície; é o corpo delas que ele quer, e não a alma. Ele cumpre sempre as suas promessas; por isso, as mulheres que conquistou não se sentem lesadas nem feridas: "Graças a seu magnífico depósito de sensualidade, ele dá prazer por prazer, corpo por corpo e nunca contrai dívidas da alma" (id., ibid.). De fato, suas relações com as mulheres são realmente leais, porque são simplesmente de ordem sexual e sensual (id., ibid.). Ele não provoca nenhuma catástrofe. Ele fez muitas mulheres felizes e não fez nenhuma delas ficar histérica. Todas saem intactas de uma aventura puramente sensual para voltar à vida cotidiana, ou seja, a seus maridos ou a outros amantes. Mas nenhuma delas se suicida nem se abandona ao desespero; seu equilíbrio interior não é perturbado (...). Ele as inflama sem consumi-las; conquista sem destruir, seduz, mas não desmoraliza (...). (idem, p. 140) Mais do que isso, as amantes de Casanova ignoram o ciúme, não guardam rancor dele por tê-las deixado e o recomendam umas às outras (idem, p. 147). Elas chegam a escolher uma substituta para ele ou a discutir com ele sobre quem vai ser o seu sucessor. Assim, na verdade, ele não conquistou essas mulheres para si mesmo, mas para revelar-lhes uma forma de prazer alegremente aceita, e é por isso que logo elas procuram recrutar novas adeptas para esse culto realizado para torná-las felizes: a irmã mais velha leva a caçula para o altar desse adorável sacrifício; a mãe leva a filha a esse terno professor; cada amante incentiva a outra a participar do rito e da dança desse deus tão pródigo. (o grifo é nosso; id., ibid.) Não é difícil compreendê-las: Casanova é um sedutor generoso que "não abandona uma mulher sem lhe deixar dinheiro, seu carro, um marido" (Marceau 1948, p. 190), sem recompensá-la com a certeza de ter sentido prazer no mais profundo da sua própria carne. Em suma, mesmo que as abandone ou que elas decidam abandoná-lo, "...nenhuma delas gostaria que ele fosse diferente do que foi: por isso, Casanova só precisa ser o que é, ou seja, sincero na infidelidade de sua paixão (...)" (Zweig 1937, p. 138). Dom Juan Existem duas versões muito conhecidas de Dom Juan: o Dom Juan de Molière, peça de teatro encenada em 1665, e o famoso Dom Giovanni de Mozart, cujo libreto foi composto por Lorenzo da Ponte para a famosa ópera apresentada pela primeira vez em 1787. Considerando a grande semelhança entre o personagem de Dom Juan de Da Ponte e Casanova, cujas características acabamos de apresentar, julgamos que deveríamos analisar apenas o Dom Juan de Molière, que apresenta particularidades diferentes. A peça de cinco atos apresenta, inicialmente, a cena da deserção de Dom Juan. Ele acaba de abandonar a mulher, Dona Elvira, que reclama vingança por tal afronta. Dom Juan, perseguido pelos irmãos de Dona Elvira, chega a uma pequena aldeia, depois de ter naufragado. No caminho, ele aproveita para seduzir duas jovens camponesas, embevecidas com suas belas palavras e encantadas com seus ares de grande senhor. Em seguida, estando num cemitério diante do túmulo de um Comendador que outrora havia assassinado, ele convida a estátua do morto a vir fazer-lhe uma visita, e ela aceita. De volta à casa, à mesa, Dom Juan vê reaparecer a estátua do Comendador, que também lhe faz um convite. Por bravata, ele aceita o desafio. Finalmente, depois de ter enganado todo mundo, seu pai, Dom Luis, Elvira e os irmãos, além das camponesas Carlota e Maturina, em meio a trovoadas e rasgado por um turbilhão de raios, Dom Juan, marido infiel e sedutor impenitente, é precipitado no inferno pelo espectro do Comendador. Dom Juan quer seduzir todas as mulheres. Sganarelle diz a respeito dele: "Ele gosta de passear de uma relação a outra, e não gosta de ficar parado" (Molière, ato 1, cena 2, p. 38). Entretanto, longe de amá-las apaixonadamente como Casanova, ele procura vencê-las. "Não há nada que possa refrear a impetuosidade dos meus desejos: tenho um coração para amar a terra inteira; e, como Alexandre, desejaria que houvesse outros mundos para poder estender até lá minhas conquistas amorosas" (idem, p. 40). Para ele, as mulheres representam uma espécie de desafio, um objeto de conquista e, como menciona Zweig (1937, p. 144), é impossível pensar em Dom Juan com uma prostituta ou num prostíbulo, porque essas mulheres, de certo modo, já estão ganhas, isto é, vencidas. Ele pratica uma forma de seleção e, quanto mais as mulheres opõem resistência às suas investidas, mais elas se tornam interessantes para ele: "Enfim, não há nada mais doce do que vencer a resistência de uma bela mulher, e tenho, nesse aspecto, a ambição dos conquistadores, que voam perpetuamente de vitória em vitória e não conseguem se decidir a limitar seus desejos" (Molière, ato 1, cena 2, p. 40). É a beleza, antes de tudo, que atrai Dom Juan. O apelo dessa beleza é, para ele, um imperativo ao qual é obrigado a responder. "De qualquer modo, não posso recusar meu coração a tudo o que vejo de amável; e, assim que um belo rosto o solicita, se eu tivesse dez mil, eu os daria" (idem, pp. 39-40). Entretanto, a mesma beleza que o deslumbra e o faz sucumbir é logo relegada a segundo plano. Dom Juan não se envolve profundamente, não estabelece uma relação íntima com a mulher amada; ele se guarda, se poupa. "Por mais que eu esteja comprometido, o amor que tenho por uma mulher não obriga minha alma a ser injusta para com as outras; tenho olhos para ver os méritos de todas e rendo a cada uma as homenagens e os tributos onde a natureza nos obriga" (id., ibid.). Tudo ocorre, então, como se Dom Juan estivesse vivendo sempre o amor nascente e como se a única coisa que contasse para ele fosse o perpétuo recomeço: "Os amores nascentes, afinal de contas, têm encantos inexplicáveis, e todo o prazer do amor está na mudança" (id., ibid.). Isso explica por que, para esse grande sedutor, a duração é a própria morte. "Queres que nos comprometamos em ficar com o primeiro objeto que nos agarra, que renunciemos ao mundo por ele e que não tenhamos olhos para mais ninguém? Coisa bonita, essa, de querer ostentar a falsa honra de ser fiel, enterrar-se para sempre numa paixão e morrer desde a juventude para todas as outras belezas que podem surpreender nossos olhos! Não, não, a constância só é boa para os ridículos" (id., ibid.). Essa recusa da relação que dura levou Felman (1980) a dizer que Dom Juan é o inconstante, o corredor, o viajante, aquele que está sempre de partida, o sem-morada, aquele que está sempre em movimento, que nunca pára. Compreende-se o porquê de ele não poder nem querer ser fiel: isso significaria se expor à derrota, entregar as armas aos pés do inimigo, que é a mulher. A mulher, como todo adversário, representa o mal, ela é inclusive o instrumento do pecado. Seus sentidos e seu ser servem apenas para o "mal". Sua natureza, sua própria existência já é sedução e risco; é por isso que a virtude mais perfeita na mulher é só aparência, ilusão e máscara da serpente. Dom Juan não acredita na pureza nem na castidade de nenhuma dessas filhas do diabo; ele sabe que cada uma delas está nua por baixo das roupas, acessível à tentação. (Zweig 1937, p. 144) É necessário, então, vencer a mulher antes de ser vencido; o tormento de outrem dará até mais emoção à sua busca de prazer. Por isso, contrariamente a Casanova, Dom Juan prefere a sedução às mulheres, fazê-las sucumbir a fazer amor com elas, o prazer maquiavélico ao prazer sensual: "Experimenta-se um prazer extremo em submeter, por meio de cem galanteios, o coração de uma mulher; em ver, dia após dia, os pequenos progressos que se realizaram; em combater, com manifestações de entusiasmo, lágrimas e suspiros, o inocente pudor de uma alma que tem dificuldade em entregar as armas; em derrubar, pouco a pouco, todas as suas pequenas resistências; em vencer os escrúpulos que representam sua honra e em levá-la suavemente aonde gostaríamos que fosse" (Molière, ato 1, cena 2, p. 40). O donjuanismo é, portanto, muito mais uma paixão do espírito do que uma exaltação do instinto (De Rougemont 1996, p. 104). Sempre pronto para o combate, Dom Juan elabora diversas estratégias para vencer seus adversários. Gusman, escudeiro de Elvira, preocupado com o destino que Dom Juan reservava para ela, fala-nos disso nos seguintes termos: Não sei, na verdade, que homem pode ser esse, se ele realmente agiu conosco com tanta perfídia; e não entendo como, depois de tanto amor e de tanta impaciência demonstrada, de tantos galanteios insistentes, de juramentos, de suspiros e de lágrimas, de tantas cartas apaixonadas, de declarações ardentes e de promessas reiteradas, de tanta emoção e de tanta exaltação que ele deixou transparecer, até vencer, em sua paixão, o obstáculo sagrado de um convento, para colocar Dona Elvira em seu poder, não compreendo, repito, como, depois de tudo isso, ele teria coragem de faltar com sua palavra. (Molière, ato 1 cena 1, pp. 35-36) Pois é, a técnica final, a arma secreta de sedução de Dom Juan é a promessa de casamento, promessa que é sempre quebrada, evidentemente. Como menciona Sganarelle, o fiel servidor de Dom Juan: "Prometer casamento não lhe custa nada; é a armadilha de que ele se serve para agarrar as mulheres, e está sempre pronto a pedir todas as mãos em casamento" (idem, p. 36). Como vimos, o importante para Dom Juan é a conquista. Ao atingir seu objetivo, ele não pode estabelecer uma relação a longo prazo com sua parceira e vai continuar seu combate noutro lugar: "Mas quando nos tornamos senhores, não há mais nada a dizer nem a desejar; toda a beleza da paixão acaba e adormecemos na tranqüilidade de um tal amor" (Molière, ato 1, cena 2, p. 40). Por exemplo, depois de unir-se a Dona Elvira para sempre, pelo casamento, Dom Juan a abandona. Esse abandono, natural na lógica de Dom Juan, será percebido por Dona Elvira como uma traição inqualificável: "Ah, celerado! Agora te conheço por inteiro; e, para infelicidade minha, conheço-te quando não é mais tempo de te conhecer e quando esse conhecimento só pode servir para o meu desespero" (Molière, ato 1, cena 3, p. 48). Enquanto Casanova dá amor, e também se dá, Dom Juan toma, rouba das mulheres o que elas têm de mais precioso: a honra. É o que as deixa tão enfurecidas quando descobrem o logro. De fato, como mostra Zweig: Assim que são vencidas por sua técnica fria, as mulheres passam a ver em Dom Juan o próprio diabo; elas detestam, com todo o ardor do amor que lhe dedicavam na véspera, o inimigo hereditário e enganador que, no dia seguinte, derrama sobre a paixão que sentiam a ducha gelada de seu riso irônico (...). Elas sentem vergonha de sua própria fraqueza, ficam loucas, furiosas e enraivecidas em sua cólera impotente contra o malandro que as enganou, que as fez cair no erro e as espoliou, e passam a odiar todo o sexo masculino. (1937, p. 145) O que é odioso na sedução de Dom Juan é a violação de sua promessa, que leva ao rompimento da duração, pois toda promessa de casamento é sempre promessa de duração. Por conseguinte, o escândalo, em Dom Juan, é que ele promete sem parar e viola, assim, a "lei" da promessa à qual suas vítimas crêem que ele também está ligado. As vítimas tomam consciência de que Dom Juan não estava realmente em relação com elas, que ele não jogava o mesmo jogo, que havia sempre uma distância entre elas e ele, que "sua boca não estava de acordo com o seu coração" (Molière, ato 5, cena 2, p. 100). Dom Juan não está em relação com ninguém. Ele transforma a mentira em sistema e não se compromete com a outra pessoa, mas compromete a outra pessoa com ele. (*) EUGENIO SANTANA é autor de 20 livros publicados e 3 inéditos. "Ventos fortes, Raízes profundas", Madras editora, é um deles. Escritor, jornalista, ensaísta, filósofo, biógrafo e gestor editorial. Contato: (62) 99635-8005
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segunda-feira, 21 de outubro de 2024

JARDIM DA ALMA

Há um jardim secreto, um jardim interior dentro de cada um de nós, em nossa Alma! Todas as vezes que precisamos de força, coragem, fé e esperança, então nos recolhemos em nosso silêncio, em um momento de oração, e introspecção, com os olhos fechados, respirando calmamente, e imaginamos o nosso caminhar no mais belo dos Jardins, o Jardim da Alma. Nesse momento, não devemos pensar em nossos problemas, mas focar nossa energia vital na resolução dos problemas, na Alegria, na Luz e na Paz. O Jardim da Alma é um espaço interior que conecta nossa Alma à Natureza e à Essência da Vida! (Eugenio Santana)

terça-feira, 15 de outubro de 2024

CONFISSÕES DE OUTONO...

E se algum dia, ajoelhado diante de seu túmulo, sentir que o fogo da raiva está tentando se apoderar de você, lembre-se de que na minha história, como na sua, há um anjo que conhece todas as respostas. E que tudo quanto era decente e limpo e puro nesse mundo e tudo por que valia a pena continuar respirando estava naqueles lábios, naquelas mãos e no olhar daqueles dois felizardos que, eu soube com certeza, ficariam juntos até o fim de suas vidas. Um homem jovem com uns poucos cabelos brancos e ligeira calvície e uma sombra no olhar caminha ao sol do meio-dia entre as lápides do cemitério, sob um céu preso no azul do mar. Leva nos braços um menino que mal pode entender suas palavras, mas que sorri quando encontra seus olhos. O homem permanece ali por um momento, em silêncio, as pálpebras apertadas para conter o pranto. A voz de seu filho, Enzo Gabriel, o traz de volta ao presente e quando ele abre os olhos vê que o menino está apontando para uma estatueta que desponta entre as pétalas de flores secas, à sombra de um vaso de cristal. Sua mão procura entre as flores e pega uma figurinha de gesso, tão pequena que cabe na mão fechada. Um anjo. As palavras que pensava esquecidas se reabrem em sua memória alada como uma velha ferida. O menino tenta pegar o anjo que repousa na mão do pai e, ao tocá-lo, seus dedos o empurram sem querer. A estatueta cai sobre o mármore e se quebra. E então ele vê. É um papelzinho dobrado escondido no interior do gesso. O papel é fino, quase transparente. Ele abre com a ponta dos dedos e, na mesma hora, reconhece a caligrafia... Guarda o papel no bolso. Em seguida, deixa uma rosa branca em cima do túmulo e retorna sobre seus passos com o menino nos braços, até a galeria de ciprestes onde a mãe de seu filho espera por ele. Os três se fundem num abraço e quando ela o encara no fundo dos olhos, descobre neles alguma coisa que não estava lá antes. Algo turvo e escuro que lhe dá medo. - Você está bem, Eugenio? Ele olha para ela longamente e sorri. - Eu te amo – diz, e a beija, sabendo que a história, sua história, ainda não terminou. Acabou de começar. (Por EUGENIO SANTANA, FRC, Escritor, filósofo, jornalista; gestor editorial)

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

PÁSSAROS DA AURORA (*)

Estar vivo é milagre permanente. Por muito pouco a vida se esvai: um coágulo de sangue no cérebro, um tropeção, o vírus, a bala perdida, o acidente de trânsito. A cada aurora, o renascer. Agora sei por que o bebê faz manha à hora em que o sono começa a vencer-lhe a resistência. Teme a morte, a segregação do aconchego, o retorno às cavernas uterinas. O sono apaga-lhe os sentidos, a consciência, o (con)tato com mãos e olhares afetuosos. De minhas ranhuras brota delicado som de flauta e violino. Não sou dado ao absinto e sei que a vida é aposta. Todas as minhas fichas estão postas no tabuleiro dos deserdados e excluídos e na felicidade compartilhada. Jogo ao lado dos perdedores. É apenas isto que me interessa: ao faminto, o pão e a paz. De que valem todos os poderes do mundo se não enchem um prato de comida? De que valem todos os reinos se não plenificam a alma com o sabor do morango? Não sou predador de pássaros. Quero-os vivos, livres, o vôo esperto atravessando as asas do vento. Quero-os saltitantes entre as flores que cultivo no jardim da memória. Quero-os gorjeando sinfonias matutinas. Quero-os despertando-me, sem, contudo me provocarem a vertigem das alturas. Chega de abortos! Quero a vida despontando na cidadania plena, na obstinação dos inconformistas, na ociosidade intemporal dos mendigos, nas mulheres condenadas a bordar dores incolores, na despossuída humilhação dos que suplicam por um pedaço de terra, de chão, de casa, de direito. Tenhamos todos acesso à vida, distribuída com fartura como pão quente pela manhã, sem jamais temer as intermitências da morte. D/amor/te. Quero um tempo de livros saboreados como pipoca, o corpo saciado de apetites, a mente livre de dúvidas, a alma matriculada num corpo de baile, ao som dos mistérios mais profundos. E de pássaros orquestrados pela aurora, rios desnudados pela transparência das águas, pulmões exultantes de ar puro e mesa farta de manjares dionisíacos. Reparto meu pão com (sol)dados de afetos, dançarinos trôpegos de incertezas, duendes que povoam alucinados meu imaginário, musas incorrigíveis de meu fragmento literário, anjos protetores de minha frágil fé e místicos que revelam o pior de mimesmo. Neste mundo desencantado, mas não redimido, neles sorvo a minha regeneração como as anfípodas que, no fundo mais profundo dos oceanos, se banqueteiam de flocos de matéria orgânica. (*) EUGENIO SANTANA é Escritor, Filósofo, Ensaísta, Biógrafo, Jornalista MTb 001319. Membro da ADESG-DF – Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, colaborador do Greenpeace-SP. Autor de 20 Livros publicados. "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, SP, é o seu best seller. E-mail: es.escritor1199@gmail.com - WhatsApp: (62) 99635-8005

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

FILAMENTOS DE UM PÔR DO SOL ANDRÓGINO (*)

Admirava-o. Não perdi a admiração. Acredito que ela tenha aumentado. O bizarro, é que nunca cheguei a pensar como tudo havia acontecido. Eu era, testemunha ocular de um gesto que o personalizou, ainda que não tenha tido a intenção, seu trabalho bastaria, como bastou. Entre os estandartes da demência e da genialidade, fez-se eterno. O vermelho deslizava-lhe pelo pescoço, avolumando pequenas poças, coágulos, gosmas, querubins malditos, formas mortas, abortos, abutres, assentados nos pêlos da sua barba. Seu olhar fixo, sem nenhum tremor, como se nada acontecesse, e não fora ele o autor, intérprete, diretor, cenário e palco do monólogo vermelho. A colcha que cobria a cama ganhava nova coloração e forma, pintura primitiva, esvaindo-se das minas da carne, viscosa e quente, contrastando à indiferença do seu olhar, parede e alcova, da emoção. O corpo demonstrando declínio ante a dor não exposta e fraqueza natural, quedou-se devagarzinho, de encontro à cama. O instrumento cúmplice, banhado de vermelho, parecia um bumerangue aborígene, pássaro apocalíptico da trilogia da negligência. Nós éramos mórbidos epigramas do triângulo em gestação. Cortado pelo gélido pincel, foi-lhe a carne dividida, lembrando o pão da santa ceia, às avessas. Ela estava arrancada dele, definitivamente separados. Não fiz nada. Senti que não deveria interferir. No entanto, não poderia abandonar aquele momento trágico e sedutor, sem pegar um souvenir. Quanto tempo sonhei com aquela tarde no Louvre. Lá estava eu, entre dezenas de grandes mestres, todos fascinantes com seus estilos, e rupturas que marcaram época, contudo, queria encontrá-lo, devorá-lo ao vivo, longe das reproduções e slides, que durante anos foram companheiros nas salas de aula. Somente ele, nenhum outro, de tal forma, conseguia desequilibrar-me, colocando-me à deriva emocional. Diante da sua arte, caminhava entre as plantações de trigo, girassóis e moinhos. Nessa viagem, frenesi de quem parte sem ausentar-se, somente retornava a mim mesmo, quando os alunos em coro, chamavam-me. Andando pelos corredores do Louvre, escarnavam-me o olhar babando as gosmas saborosas das retinas, Delaroche, Velasquez, Picasso, Gaugain, Renoir, Monet, que me provocou compreensível – breve – parada. Ele, de certa forma, bordava as lantejoulas do meu frenesi. Continuei a busca, com a certeza da sua proximidade. Subitamente, como se algo, chamasse-me a atenção, tocando-me às costas, virei-me, e o paraíso descerrou as cortinas – a luz amarela – estrela vésper da sua pintura, mergulhava na umidez vermelha dos meus olhos. Ignorando as pessoas em volta, perdendo com mais intensidade a noção do tempo, ao êxtase tântrico pictórico, minha alma alada, já não era alma. Era um arco-íris pousando no útero da tela, onde fiquei, até que uma voz – sempre elas – trouxe-me de volta para o outro lado – a terceira margem do rio do tempo – ao insistir que estava na hora de fechar o museu. Saindo do Louvre, meus olhos garimpavam o transe. Na indiscreta verticalidade do abismo, encontrei o metal cortante. Minhas náufragas, suadas digitais, revelaram a dissimulada atração. Ao guardá-lo, no bolso esquerdo da jaqueta, forte era a sensação de Ícaro, cujas asas a monotonia, não mais haveria de derreter. No balanço do meu andar, o metal batia e voltava sobre meu coração, como chibatadas, açoitando a dolorida ansiedade. A uma quadra do hotel, resolvi parar num café, escolhendo uma mesa na calçada. Após a primeira taça de vinho tinto seco, vejo-me novamente em seu quarto. Ele com o instrumento em riste, no topo da orelha, não ousava dizer absolutamente nada. Quedou silente. Os músculos de sua face e seus olhos eram os mesmos bailarinos paralíticos, completando a alegoria do hiato, antecedendo ao gesto. Sua mão, única expressão de vida, desceu num frêmito impulso guilhotinador. Um desejo irremovível de amputar. Em queda, as gotas de sangue eram filamentos de um pôr-do-sol andrógino. Sentado no café, o garçom perguntava-me se queria outra garrafa. Pedi a conta, ao mesmo tempo em que apalpava os bolsos da jaqueta. Chegando ao hotel, peguei a chave, tomei o elevador. Dentro do apartamento, ouvi o farfalhar das asas de dois pássaros vermelhos, fui ao lavabo, postei-me frente ao espelho, retirando, primeiro do bolso esquerdo da jaqueta, o dócil e inofensivo cortante metal. Depois foi a vez do souvenir. Ao empunhar o metal sobre minha orelha, no canto esquerdo superior do espelho, Van Gogh, observava-me passivamente. No mármore do banheiro, a orelha de Van Gogh, já não estava sozinha. (*) EUGENIO SANTANA é Jornalista, Escritor, Ensaísta, Biógrafo, Filósofo e Redator publicitário. Pertence à UBE - União Brasileira de Escritores. Colaborador da ADESG, AMORC e do Greenpeace. Autor de vinte livros publicados. Gestor e fundador da Hórus/9 Editora e Diretor de Redação da Revista Cenário Goiano. (62) 99635-8005 WhatsApp

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

A PASSAGEM PELA TERRA É TÃO BREVE QUE NÃO VALE A PENA SOFRER (*)

Acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não és dono de coisa alguma. Além disso, a vida não te tira coisas: liberta-te de coisas, alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude. Do útero ao túmulo, vivemos num planeta-escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições. Não perdeste coisa alguma: aquele que morre apenas está adiantado em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção. E não esqueças, que o melhor dele, o amor, continua vivo em teu coração. Não existe a morte, apenas a mudança. E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas: Gandhi, o Arcanjo Miguel, Whitman, Drummond, Rimbaud, Baudelaire, Debussy, Martin Luther King, John Lennon, Renato Russo, Santo Agostinho, Madre Teresa, Chico Xavier, teus avós e minha mãe e o meu pai, que acreditavam que a miséria está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais, e nos machuca, porque nos torna desconfiados. Faz apenas o que amas e serás feliz. Aquele que faz o que ama, está santamente condenado ao sucesso, que chegará quando for o momento oportuno, porque o que deve ser será, e chegará de forma natural e espontânea. Não faças coisa alguma por obrigação ou por compromisso, apenas por amor. Então terás plenitude, e nessa plenitude tudo é possível sem esforço, porque és movido pela força natural da vida. Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu. Deves trazer felicidade e liberdade para ti mesmo. E só então poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros. Lembra-te: "Amarás ao próximo como a ti mesmo". Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra-prima de Deus, e decide neste exato momento ser feliz, porque a felicidade é uma conquista. Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever; porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os teus amigos e para todos aqueles a quem amas. Hitler que não possuía talento ou valor para viver, mandou matar seis milhões de judeus, seus irmãos. Existem tantas coisas para vivenciar, e a nossa passagem pela terra é tão efêmera, que sofrer é uma perda de tempo. (*) por EUGENIO SANTANA, escritor, jornalista, ensaísta, filósofo, gestor editorial. Autor de 20 livros publicados, destaque para o best seller "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (62) 99635-8005 WhatsApp

domingo, 8 de setembro de 2024

NÓS, OS EXCLUÍDOS...

VOCÊ JÁ FOI EXCLUÍDO POR ALGUÉM DE UMA REDE SOCIAL? Ficamos nos questionando por que aquela pessoa não quer mais ser nossa amiga - nem mesmo virtualmente - e se demos motivo para esta atitude. Isso me fez pensar em JESUS, que é excluído da vida de tantas pessoas. E se Ele tivesse redes sociais, quantos estariam de fato na sua lista de amigos? Quantos o SEGUIRIAM? Creio que, como antes, seria odiado, excluído e evitado por muitos, e SEGUIDO por poucos! (Escritor/filósofo/jornalista EUGENIO SANTANA)

sábado, 24 de agosto de 2024

FILAMENTOS DE UM POR DO SOL ANDRÓGINO (*)

Admirava-o. Não perdi a admiração. Acredito que ela tenha aumentado. O bizarro, é que nunca cheguei a pensar como tudo havia acontecido. Eu era, testemunha ocular de um gesto que o personalizou, ainda que não tenha tido a intenção, seu trabalho bastaria, como bastou. Entre os estandartes da demência e da genialidade, fez-se eterno. O vermelho deslizava-lhe pelo pescoço, avolumando pequenas poças, coágulos, gosmas, querubins malditos, formas mortas, abortos, abutres, assentados nos pêlos da sua barba. Seu olhar fixo, sem nenhum tremor, como se nada acontecesse, e não fora ele o autor, intérprete, diretor, cenário e palco do monólogo vermelho. A colcha que cobria a cama ganhava nova coloração e forma, pintura primitiva, esvaindo-se das minas da carne, viscosa e quente, contrastando à indiferença do seu olhar, parede e alcova, da emoção. O corpo demonstrando declínio ante a dor não exposta e fraqueza natural, quedou-se devagarzinho, de encontro à cama. O instrumento cúmplice, banhado de vermelho, parecia um bumerangue aborígene, pássaro apocalíptico da trilogia da negligência. Nós éramos mórbidos epigramas do triângulo em gestação. Cortado pelo gélido pincel, foi-lhe a carne dividida, lembrando o pão da santa ceia, às avessas. Ela estava arrancada dele, definitivamente separados. Não fiz nada. Senti que não deveria interferir. No entanto, não poderia abandonar aquele momento trágico e sedutor, sem pegar um souvenir. Quanto tempo sonhei com aquela tarde no Louvre. Lá estava eu, entre dezenas de grandes mestres, todos fascinantes com seus estilos, e rupturas que marcaram época, contudo, queria encontrá-lo, devorá-lo ao vivo, longe das reproduções e slides, que durante anos foram companheiros nas salas de aula. Somente ele, nenhum outro, de tal forma, conseguia desequilibrar-me, colocando-me à deriva emocional. Diante da sua arte, caminhava entre as plantações de trigo, girassóis e moinhos. Nessa viagem, frenesi de quem parte sem ausentar-se, somente retornava a mim mesmo, quando os alunos em coro, chamavam-me. Andando pelos corredores do Louvre, escarnavam-me o olhar babando as gosmas saborosas das retinas, Delaroche, Velasquez, Picasso, Gaugain, Renoir, Monet, que me provocou compreensível – breve – parada. Ele, de certa forma, bordava as lantejoulas do meu frenesi. Continuei a busca, com a certeza da sua proximidade. Subitamente, como se algo, chamasse-me a atenção, tocando-me às costas, virei-me, e o paraíso descerrou as cortinas – a luz amarela – estrela vésper da sua pintura, mergulhava na umidez vermelha dos meus olhos. Ignorando as pessoas em volta, perdendo com mais intensidade a noção do tempo, ao êxtase tântrico pictórico, minha alma alada, já não era alma. Era um arco-íris pousando no útero da tela, onde fiquei, até que uma voz – sempre elas – trouxe-me de volta para o outro lado – a terceira margem do rio do tempo – ao insistir que estava na hora de fechar o museu. Saindo do Louvre, meus olhos garimpavam o transe. Na indiscreta verticalidade do abismo, encontrei o metal cortante. Minhas náufragas, suadas digitais, revelaram a dissimulada atração. Ao guardá-lo, no bolso esquerdo da jaqueta, forte era a sensação de Ícaro, cujas asas a monotonia, não mais haveria de derreter. No balanço do meu andar, o metal batia e voltava sobre meu coração, como chibatadas, açoitando a dolorida ansiedade. A uma quadra do hotel, resolvi parar num café, escolhendo uma mesa na calçada. Após a primeira taça de vinho tinto seco, vejo-me novamente em seu quarto. Ele com o instrumento em riste, no topo da orelha, não ousava dizer absolutamente nada. Quedou silente. Os músculos de sua face e seus olhos eram os mesmos bailarinos paralíticos, completando a alegoria do hiato, antecedendo ao gesto. Sua mão, única expressão de vida, desceu num frêmito impulso guilhotinador. Um desejo irremovível de amputar. Em queda, as gotas de sangue eram filamentos de um pôr-do-sol andrógino. Sentado no café, o garçom perguntava-me se queria outra garrafa. Pedi a conta, ao mesmo tempo em que apalpava os bolsos da jaqueta. Chegando ao hotel, peguei a chave, tomei o elevador. Dentro do apartamento, ouvi o farfalhar das asas de dois pássaros vermelhos, fui ao lavabo, postei-me frente ao espelho, retirando, primeiro do bolso esquerdo da jaqueta, o dócil e inofensivo cortante metal. Depois foi a vez do souvenir. Ao empunhar o metal sobre minha orelha, no canto esquerdo superior do espelho, Van Gogh, observava-me passivamente. No mármore do banheiro, a orelha de Van Gogh, já não estava sozinha. (*) EUGENIO SANTANA é Esccritor, Filósofo, Jornalista, Ensaísta, Biógrafo e Gestor editorial. Pertence à UBE - União Brasileira de Escritores. Colaborador da ADESG, AMORC e do Greenpeace. Autor de vinte livros publicados: contos, crônicas, ensaios, biografias, romances, silogismos e autoajuda. (62) 99635-8005 WhatsApp

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

SEDUTORA, ELA SUSSURRAVA E GEMIA: LILITH, A PRIMEIRA MULHER! (*)

De acordo com os escritos do Zohar, livro que reúne textos de sabedoria rabínica dos testemunhos orais sobre o Gênesis, antes de Eva ser criada por Deus, ele criou Lilith para ser a primeira companheira de Adão. Lilith é considerada um demônio, não uma mulher. Foi criada do pó negro e excrementos, ela era cheia de saliva e sangue, símbolo do desejo, e bela como um sonho. Aparece para Adão no Jardim do éden à sombra de uma alfarrobeira ornamentada com preciosos colares. É a mulher que faz o homem sentir pela primeira vez a relação sexual. Ela é sedutora, e aquela que sussurra e geme, porém o que a difere de Eva é que ela queria ser uma mulher com os mesmos direitos que o homem. Então, começa a questionar Adão sobre o motivo de ter que se submeter às vontades dele: “(…) – Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abri-me sob teu corpo? Por que devo ser dominada por você? Contudo eu também fui feita de pó e por isso sou igual. A recusa de Adão em conceder a paridade desejada por Lilith, a deixa irritada e faz com que ela se afaste dele. Quando Adão acorda e não acha sua companheira, dirige-se a Deus como um filho que confia na experiência e na autoridade paterna. O pai quer saber a causa do litígio e compreende que a mulher desafiou o homem e, portanto, o divino. Lilith tinha fugido em direção ao mar vermelho, Deus a chama e profere sua ordem: “O Desejo da mulher é para o marido. Volta para ele. Lilith não responde com obediência, mas com recusa e diz que não tem mais nada a ver com seu marido. Deus insiste. Porém Lilith se transforma, não é mais a companheira de Adão, não quer ser submissa a ele. Então, Deus manda uma ordem de anjos alcançarem Lilith e dão a ela a ordem de voltar para junto de Adão, pois, senão o fizer, será afogada. Lilith se recusa mais uma vez. Os anjos resolvem poupá-la, mas como castigo da desobediência da lei do marido e do pai, ela passa a viver vagando pelo mundo e seus filhos viram demônios. E desde aquele dia não houve mais paz ao homem, pois Lilith perturba seu sono induzindo-o a mortais abraços com as mulheres. O mito de Lilith foi censurado na Biblia e ficou de fora do livro, justamente por conter essa proposta onde a mulher contestava sua posição, reclamava seu lugar junto ao homem de forma igualitária e não de forma submissa. Os homens por sua vez temiam que essa passagem poderia influenciar mulheres da época a serem independentes perdendo assim o poder de dominação sobre elas. Daí surge a justificativa para a famosa Caça às Bruxas no século XV, XVI e XVII. Assim a mulher, historicamente oprimida, é invalidada e governada pelo poder patriarcal, já na história de Adão e Eva, colocada na Bíblia por homens que a organizaram, destaca a mulher como inferior ao homem e sob seu total domínio, uma vez que ela não foi criada a partir da divindade e sim da carne e ossos do homem, portanto Ser imperfeito, que necessita da proteção e cuidado do homem para que não sucumba as tentações. (*) BY EUGENIO SANTANA, escritor, filósofo, ensaísta, jornalista e gestor editorial. Autor de 20 (vinte) livros publicados incluindo o best-seller, "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros diamantes brutos. (62) 99635-8005

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

NÃO SE FORÇA A PUBLICAÇÃO DE UM LIVRO, NÃO SE FABRICA BEST-SELLERS DO NADA (*)

Muitos escritores acham difícil dar os passos seguintes ao término da obra. Têm uma página no face, mas poucas curtidas, quase nenhum compartilhamento. Colocam no Wattpad e não angariam mais que meia dúzia de leitores. Chamam os amigos para ler mas poucos respondem, nenhum comenta. Mandam seu original para editoras e recebem resposta só de prestadores de serviço querendo que os autores paguem pela impressão. O que fazer para vencer a barreira de ser um autor desconhecido? Isso é possível? Sim, é. Há um caminho possível, mas é provável que você precise mudar um pouco sua forma de pensar. Vou explicar em várias partes, tenha um pouco de paciência. Apesar de parecerem problemas distintos – editoras, público leitor, ser conhecido –, na verdade são uma questão só, com vários aspectos. Afinal, o que as editoras querem? As editoras querem, e na maior parte das vezes consideram, sim, publicar autores nacionais, porém com a condição de que tenham uma postura profissional e que a obra esteja pronta. Editores não querem perder tempo ensinando a autores como se profissionalizar, nem querem investir um monte de trabalho para transformar uma obra com muitos defeitos numa obra publicável. Pelo menos não se o autor não for já muito famoso. Mas é perfeitamente possível que você aprenda a fazer as duas coisas, assumir uma postura que impressione bem editoras de verdade, e apresentar uma obra acabada, que possa ser publicada. Autores precisam entender que ninguém no mundo editorial se vê como responsável por colocar autores inexperientes, sem noção de como as coisas funcionam, no colo. Quem se mete a escrever para ser lido e publicado precisa aprender por conta própria como as coisas funcionam. Não, não há um agente que vai cuidar de tudo. Não, não há um editor que vai cuidar de tudo. Não, não basta escrever bem, ter criatividade e boas ideias. Editores sentem um horror instantâneo por autores que chegam (por cartas ou e-mails ou mensagens) chorosos, arrogantes, insistentes, exigindo respostas. Pobres vítimas de um sistema que não os favorece ou raivosos por não receberem atenção.Se você é autor/a, considere que faz parte de sua carreira aprender como o mercado funciona. Vá atrás da informação. Entenda os tipos de editoras existentes, os gêneros literários, o que tem feito sucesso. Aprenda por você, para tomar suas decisões. Seja responsável, aja como maior de idade. Não queira que alguém venha fazer tudo por você. Querer ser colocado no colo atrai pessoas que não são editores e que não vão transformar sua obra num sucesso. Livros são produtos culturais, assim como músicas, filmes, peças de teatro, shows. Produtos culturais fazem sucesso quando um grupo de pessoas – chamado de público – gosta deles. E apesar do que imaginam montes de escritores, não é possível fazer ninguém gostar de uma obra. O marketing pode aumentar as vendas de um livro, mas não se o livro já não contiver elementos que agradem aos potenciais leitores. Não se força a venda de livros, não se fabricam best-sellers do nada. Se as pessoas não gostam, não emplaca. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, filósofo, gestor editorial, jornalista, ensaísta e agente literário. Fundador da Hórus9 Produções Editoriais. Autor de 20 (vinte) livros publicados. Em destaque o best-seller, "VENTOS FORTES, RAÍZES PROFUNDAS", Madras editora. WhatsApp (62) 99635-8005

domingo, 18 de agosto de 2024

A ROTA DO VOO PARA O PLANO INFINITO (*)

Há qualquer coisa de infinito em cada um de nós. Não nos bastamos. Não nos saciamos. Queremos ir além das pegadas de nossos passos, tocar mais distante que a extensão de nossas mãos, ver o invisível, ouvir as insinuações do inefável, sentir as pulsações da terra e o sabor do fogo e do gelo em nossas entranhas. A vida, dentro da história, é curta demais para conter a infinita ânsia de amar. Somos sempre para além de nós mesmos. Nossos olhos registram as faces queridas, a casa paterna, o bolo da infância, a praça da matriz, os colegas de rua e dos primeiros anos escolares, o sorriso inconfundível, a música marcante, certas palavras esculpidas em nosso afeto. Às vezes, por um momento, nos julgamos saciados pelo poder, pelo dinheiro ou pela fama. À luz do sol a maré baixa e o vazio se manifesta. Só o alimento pode saciar nossa fome. Só a água pode matar nossa sede. Só os outros podem nutrir nossa penúria. Sozinhos, somos a derrota orgulhosa, a vitória mentirosa. Há esse ímpeto de ir além, ultrapassar fronteiras, conquistar o inacessível. A transcendência. Assim como o vôo se faz de movimento, vento, espaço, o amor e a liberdade se tecem de mediações concretas: as condições sociais de nossa existência. Ao contrário das aves, caminhamos sobre a terra e as nossas pegadas são gravadas a cada passo. Voamos sem conhecer o rumo e sem saber o destino. A rota do céu passa pelo caminho da Terra. Os pássaros são abatidos em pleno vôo e continuamos a falar em velocidade. Nossas palavras são como essas bandeiras coloridas estendidas sobre caixões no dia do funeral. Na transparência dos outros encontramos a transcendência de Deus. O que sobrará? Um livro, talvez, escrito nas noites insones, palavras e mais palavras, pensamentos e pensamentos, reflexões e mais reflexões, nele permanecendo um pouco – ou muito? – de nossos anseios, de nossos sonhos e utopias, de nossas dúvidas, de nossas esperanças e fé? Talvez fragmentos de nossas vidas ávidas transformando seres reais em personagens ou universos oníricos em realidades palpáveis? E quando o tempo se for, as páginas, já amareladas e carcomidas, trarão as marcas indeléveis do pensamento de quem o escreveu, tornando-o recordação duradoura. O que ficará? Os filhos, cada um trazendo a lembrança de um grande amor vivido, traços e gestos que não permitem esquecer a pessoa amada, e os filhos de nossos filhos na continuidade da árvore genealógica, de gerações que farão lembrar sempre uma trajetória plena de mutações, mas imutável em seu correr célere e constante? O que sobrará? Nossas boas ações que colocarão nos lábios dos que nos querem bem palavras de reconhecimento e ternura, eternizando nossa imagem? Ou o mal que fizemos um dia, transformando corações magoados em sótão de tristezas, porque deixou cicatrizes de dor no outro? O que ficará? Talvez os sonhos não concretizados, esperando que outros os realizem, mas recordando as motivadoras palavras de Rubem Alves: “A vida é uma sonata que, para realizar sua beleza, tem que ser tocada até o fim. A vida é um álbum de minissonatas. Cada momento vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e de amor justifica a vida inteira”. Temos convicção de que, cumprida a sonata de cada um de nós, ínfima que seja, com seus instantes de beleza e de amor incondicional, outras sonatas continuarão nossos acordes, promovendo o ciclo da existência que não se acaba jamais. Indecifrável mistério da morte. D/amor/te. (*) EUGENIO SANTANA, escritor, jornalista, ensaísta, filósofo e gestor editorial; consultor em gestão de pessoas/RH e autor de 20 (vinte) livros publicados. Contratado por dez" anos pela MADRAS Editora, de São Paulo, Capital. "VENTOS FORTES, RAÍZES PROFUNDAS", Autoajuda, Autoconsciência, Autorealização, crescimento pessoal e evolução humana, é o seu "filho favorito" e esse destaque se deve por ter-se transformado em um best-seller
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A EXTREMA ESQUERDA (PSOL) ASSUMIRÁ A GESTÃO DA CAPITAL PAULISTA

O CLÃ BOLSONARO ESTÁ VULNERÁVEL E PROVARAM SEUS INTERESSES ESCUSOS/SOMBRIOS. EIS A LISTA DOS HIPÓCRITAS : NIKOLAS FERREIRA, TARCÍSIO DE FREITAS, SILAS MALAFAIA, EDUARDO BOLSONARO, VALDEMAR DA COSTA NETO ETC. ESSES ARRIVISTAS/PUSILÂNIMES, ESTÃO SE ESQUIVANDO DE APOIAREM O PABLO MARÇAL. SÓ VOTAREI NA PRÓXIMA ELEIÇÃO, PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA, (SE AINDA ESTIVER MORANDO NO BRASIL), NO ROMEU ZEMA OU RONALDO CAIADO. (JORNALISTA EUGENIO SANTANA - FENAJ-DF/MTb 001319)

terça-feira, 13 de agosto de 2024

O FIM DAS ILUSÕES...

- Um dia elas vão acabar? - perguntei. - As ilusões? - Claro que vão. No momento em que acreditamos que estamos distantes do Amor, entramos no mundo das Aparências, seja por um instante ou até por um bilhão de anos. Todos os mundos, todos os mundos após os mundos, todas as possibilidades de infernos e céus, tudo isso dança conforme a música das nossas crenças. Até onde sei, as crenças só falam um idioma: o das ilusões. Se deixamos as ilusões irem embora, as crenças somem. O Amor vai estar com você neste mesmo instante, como sempre esteve. (copydesk/fragment by Writer and journalist Eugenio Santana)

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

20º LIVRO PUBLICADO...

Eis aqui o meu 20° livro/"filho" publicado, "FRAGMENTOS DE CAOS E COSMOS". Uma miscelânea de textos abordando: autoconsciência, relações afetivas, toques motivacionais, misticismo, autorrealização, filosofia, epifania e "neuroforia". Aos leitores compulsivos e vorazes que queiram adquirir a obra, o custo é de 49,90 reais incluindo a taxa dos correios. CHAVE PIX: (62) 99635-8005. MINHA C/C DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. (Escritor, jornalista, gestor editorial, analista em RH; filósofo rosacruz Illuminati EUGENIO SANTANA, FRC
- (62) 99635-8005 WhatsApp)

EXISTE, SIM, ALEGRIA NA SOLITUDE...

Verbalizam que estamos vivenciando uma "epidemia" (ou não seria virose?!) da SOLIDÃO. Mas será que o problema é a solidão ou a maneira como visualizamos e experienciamos o nosso tempo a sós? A solidão é o melhor caminho para o autoconhecimento e para uma vida AUTÊNTICA e plena de sentido. Existe LUZ na solidão e um bom motivo para apreciarmos o silêncio e encarar o vazio para, assim, descobrir a fonte inesgotável de um Oásis de AMOR dentro de nós. Aprenda a gostar mais da própria companhia. Aprenda a se perdoar e seguir em frente com compaixão. Aprenda a se valorizar e respeitar suas vontades. Desenvolva uma mentalidade positiva e amorosa consigo mesmo. Reconhecer e valorizar suas próprias emoções. (Escritor/jornalista/filósofo EUGENIO SANTANA, FRC)

sábado, 10 de agosto de 2024

EFÊMERO, EU TE SEGUIREI PELOS CAMINHOS DE LUZ...

Estou de partida. Breve me mudarei para a curva do teu braço. Busco a terra sem vento, a mansa terra do teu seio. E a batida surda e quente do magma mais profundo para embalar o meu sono. Busco a tranquilidade do oásis miragem. Já conheci as águas que eu preciso saber. Fui bem além das colunas de Alexandria, e há muito descobri que, por mais longe o oceano, jamais despenco. Conquistei os mares, lancei-me por entre espumas. Naveguei seguindo as estrelas do céu, contando as estrelas do mar, até chegar a portos dos quais nem suspeitava a existência. Agora é tempo de lançar meus braços à água, deixando que enlacem nos rochedos ancorando - me ao meu destino. Escolho o teu lado esquerdo , onde me beija o sol ao crepúsculo. E espero que tua mão esquerda amaine minhas velas. Assim, acima do teu coração, encosto a cabeça. E pequeno como um grão de mostarda, deito raízes e preparo asas. Aprenderei a conhecer-te através da planta dos meus pés 42, como o cego sabe onde pisa, como o índio que conhece a trilha inimaginável. (Escritor/jornalista/ensaísta EUGENIO SANTANA, FRC)

DEPOIS DO CAOS, A TERRA E EROS NASCERAM (*)

Eros era um grande deus, um deus digno de admiração dos homens e dos outros deuses, por muitas razões, mas, sobretudo, pela sua origem. Eros tem a honra de figurar entre os deuses mais antigos e prova disso é que não tem pai nem mãe, e nenhum prosador ou poeta lhe atribuem progenitores. Hesíodo afirma que: “Primeiro foi o Caos; depois a Terra de grande seio, eterno e seguro fundamentado de todas as coisas e, depois, Eros”. Acusilau pensa como Hesíodo. Para ele, foi depois do Caos que a Terra e Eros, isto é, a Terra e o Amor, nasceram. Por outro lado, Parmênides diz o seguinte a respeito da Origem: “A Eros ela inventou como primeiro de todos os deuses”. Assim, diferentes pontos de vista concordam que o deus do amor é um dos mais antigos. Este deus tão antigo é também a causa do bem que recebemos, porque não conheço maior bem para um jovem do que amá-lo com virtude, nem para um amante do que amar um objeto virtuoso. Esse é o sentimento que deve reger toda conduta nossa, se quisermos viver honestamente. A esse sentimento, nem as genealogias, nem as honras, nem as riquezas e nem nada, podem inspirá-lo tão bem como Eros! Que entendo por amor? – As ações desonestas ligam-se à desonra, e as boas ações ligam-se ao amor. Sem essas duas coisas, nem o Estado, nem o cidadão podem realizar o bem e o belo. Ouso afirmar, que se um homem ama e for surpreendido em um delito vergonhoso, ou suporta um ultraje sem saber defender-se, sofre menos ao ser repreendido pelo pai; por um parente; ou por qualquer outra pessoa, do que por aquele a quem ama. Verificamos, também, que é diante do ser amado que se sente mais vergonha. Assim, se houvesse a possibilidade de formar um Estado ou um exército, composto somente por amantes e amados, obteríamos a constituição política insuperável, pois ninguém praticaria ações desonestas e eles se estimulariam reciprocamente para a prática das belas coisas. E quando esses homens lutassem juntos, apesar do seu reduzido número, poderiam vencer quase o mundo inteiro. Com efeito, um amante teria menos vergonha de abandonar seu posto, ou de lançar fora as armas perante o olhar de um exército inteiro, do que sob o olhar de quem ama; preferiria mil vezes morrer a sofrer tal vergonha! Quanto à possibilidade de o amante abandonar o amado durante o perigo, e negar-lhe socorro, não há homem, mesmo entre os mais covardes, que Eros não inflamasse de coragem a ponto de fazer dele um herói autêntico! Exatamente como disse Homero na Ilíada: “O deus insuflou coragem a alguns dos heróis”. É isso que Eros faz àqueles que amam. (*)EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta. Diretor de Redação da revista Cenário; foi Superintendente de Imprensa no Governo do Rio de Janeiro

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

CAÇADOR DO DESENCANTO (*)

Um homem calado, de olhar perdido e vago desce do automóvel e senta-se à mesa do Bar. Em cada canto vê desfilar os fragmentos que foram o microcosmo de sua vida atormentada. Com as mãos sobre a mesa, pede uma bebida qualquer e começa a recordar. Assiste em flash back as cenas dos velhos tempos. No olhar inexpressivo, delineia-se uma ponta de amargura, e a dor perpassa as barreiras do coração: sentimento de angústia na asa da saudade e da memória. Visão da janela do casarão: vilas perdidas, de casinhas brancas e portais azuis, perdidas nas asas do tempo e da lembrança tardia. Cicatrizes contundentes na alma provocara aquele antigo amor. Quisera fosse quimera e jamais uma obstinação. Hoje vem reaver pedaços de si que deixara nesta rua, nesta cidade, nesta mesa de Bar. Tentativa inútil de recompor a vida que se fora e se perdera nos labirintos de tarântulas e nos túneis azulados de uma existência de névoas e neblinas... Há anos guarda consigo estilhaços daquele estranho e perdido amor. O ser amado se fora como os peixes que se vão e se perdem nas enchentes de imensos rios. O homem cabisbaixo termina a bebida e pára a reflexão como num breve sussurro do vento. Sorvera doses em goles de velhas e carcomidas e indormidas lembranças, arraigadas no passado recente, já que a vida é feita mesmo de chegadas e partidas. Despede-se do amigo do Bar num aceno que traduz alívio, alento, serenidade e repentina paz interior. Entra no automóvel e ganha o calor da rua central. Nas Asas da Noite Imensa, difusa e misteriosa, desaparece a figura algo lírica e mitológica de um Caçador do Desencanto!... (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta e consultor em gestão de pessoas/RH e filósofo. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira 2. Sócio correspondente do Centro Artístico e Literário de Portugal; Autor de 20 (vinte)livros publicados, inclusive a Biografia "João de Deus – o paranormal de Abadiânia". E do bestseller, "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora/SP.WhatsApp (62) 99635-8005

quarta-feira, 31 de julho de 2024

ROSAS RÚBIDAS PARA BÁRBARA - A MULHER (*)

“... Onde está ela? Onde está aquela que viverá comigo todas as aventuras do corpo e do coração? E também da alma. Aquela que comigo construirá a alta torre da vida partilhada? Há entre vós quem não atravesse mares, desertos, montanhas e vales para encontrar-se com a mulher que sua alma escolheu? Descobri aleatoriamente este sugestivo título, acima epigrafado, numa publicação muito lida nos anos 1980/1990. Desde então, volta e meia, essa frase platonicamente romântica adeja minha cabeça, instigando uma lacônica crônica. Vasta experiência concernente a tão decantada alma feminina – alguma pálida ideia de Eva e/ou expressão de Lilith?, Vai saber... Não sei porquê nesse momento aflora-me a Crônica do Amor Louco; efêmeros passeios sobre as memórias de Casanova me alegram a alma e numa perplexidade de Adônis de Paracatu, um Alain Delon revigorado com os olhos de Hórus, me lembro de um comentário pertinente, de uma amiga que se referiu a mim dizendo: você me lembra o personagem Dom Juan – interessante filme estrelado por Johnny Deep e Marlon Brando. E o meu ex-Diretor de RH, em uma Empresa em que atuei como seu Assistente, em Brasília, extrapolou: Você, Eugenio, me faz lembrar aquela música do Martinho da Vila: "já tive mulheres de todas as cores"...Inefáveis lembranças... Cada experiência traz em si o sabor singular do verdadeiro conhecimento. E conhecer é saborear. Insofismável iniciação: compartilhei romances via corpo, alma e coração com um número razoável de mulheres especiais que cruzaram os meus caminhos. Delas recebi lições inesquecíveis de vida, luz e amor e o aperfeiçoamento da libido, o despertar da kundalini fez a serpente emplumada levitar e, de quebra, algumas performances básicas do Kama-Sutra foram incorporadas. E quanto mais as conheço e vivencio, mais as considero um planeta inexplorado de seres mutantes. Muito embora, um famigerado poeta disse antes: "as mulheres foram feitas para serem amadas e não para serem compreendidas". Sinceramente, faz sentido. Aqueles ou aquelas que insistirem em ir mais fundo no tema, sugiro a leitura do ensaio para as mulheres, escrito por mim, em 9/9/1999. História completa com riqueza de detalhes e comprovados dados científicos consta do insólito romance autobiográfico: "Os Pessegueiros Florescem no Outono", de nossa autoria publicado em Curitiba. Edição limitada exclusiva para amigos acadêmicos. Reflito: qual dessas protagonistas de minha vida, mais se aproximou de constituir-se em minha alma-irmã? Humano, demasiadamente humano, tenho minhas dúvidas cruciais, inseguranças e incertezas, quero ter à disposição um leitmotiv e uma nova utopia, porque carrego comigo, na bagagem do coração, idêntica filosofia de um amigo dos velhos tempos, que sempre me repetia esse surrado lugar-comum: "sou movido a estímulo". Certeza, uma única: O Amor é o Caminho. E o seu poder, absoluto. O amor é a Perfeição. Não precisamos de milenares gurus para absorver essa conclusão definitiva. O Mestre da Luz e Sol do Verbo: Jesus – O Cristo Cósmico nos legou esse fundamental e maravilhoso ensinamento. Em "A Ponte para o Sempre", meu querido autor e confrade Richard Bach, encontrou seu par ideal. A busca obstinada teve um final feliz: o encontro com sua alma-irmã Leslie Parrish. Apesar das críticas irrelevantes, estou seguindo suas pegadas, meu caro Richard. Só posso dizer que só me arrependo daquilo que não fiz. A vida é muito breve para atos mesquinhos, hipocrisia, mediocridade e falso moralismo. Nas asas da memória arquivei o recado especial do Holandês Voador: "aqueles que mais procuram o AMOR já estão plenos dele". Não procuro uma mulher bárbara”, mas Bárbara – a mulher. Sei que toda luta é vã mal começa a manhã. E a guerra só está perdida quando rompemos o último fio de prata do invólucro material ou corpo físico. Enquanto a vida ávida e a fome de viver estiverem impulsionando o coração partido, estarei na estrada – como diria Bob Dylan - à sua procura flor-estrela, Asa guardiã; Vênus-Afrodite. Leal e única companheira da última jornada. Gostaria, sinceramente, de apostar, hoje, todas as minhas fichas em um novo amor platônico. Rosas-rúbidas para "Bárbara"... Impressões da infância e do início da adolescência de um mineiro-menino. Sinais vitais de êxtase nos complexos caminhos de Eros. Não sei ao certo, em que ano o episódio aconteceu. Só posso afirmar que ao folhear ao acaso aquela romântica revista de fotonovelas, deparei com uma estória que marcou a minha vida: uma jornada do ser à procura do par ideal. Hoje quero despertar e acreditar que é possível encontrar Bárbara – a mulher. E viver plenamente (asa de um sonho?) os altos e baixos de um grande, único, verdadeiro e definitivo amor. Quem é essa "Vênus-Afrodite", singular mulher, disposta a receber o meu buquê de rosas-vermelhas e ser feliz até que outra vida nos espere?... Finalizo com as belas palavras de Rilke: "Ainda não sabias? Lança o vazio aprisionado nos braços para os espaços que respiramos! Talvez os pássaros sintam, num voo de maior intimidade, o ar mais amplo. As primaveras se valem de ti. Muitas estrelas te dão a coragem para percebê-las. Ao passares por uma janela aberta, um violino se entregou a ti. Será que respondeste? Não estavas sempre distraído à espera, como se tudo anunciasse uma amada?" (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, ensaísta, escritor, filósofo. Foi Diretor de Redação da Revista Cenariun, Repórter cultural do jornal Diário da Manhã, Superintendente de Imprensa no Rio de Janeiro. 20 (vinte ) livros publicados, "Ventos Fortes, Raízes Profundas", é o seu best-seller, pela Madras editora, entre outras preciosidades.(62) 99635-8005 WhatsApp.

terça-feira, 30 de julho de 2024

MAR DE VIDRO (*)

Ao concluir a leitura de “Imitação de Cristo”, de Tomas de Kempis, livro publicado por volta de 1480 e, para minha surpresa, o autor da apresentação informa que depois do Livro da Vida, a Bíblia, fica em segundo lugar no ranking dos leitores cristãos. Até o Capítulo concernente ao Apocalipse, terminei a leitura ontem. Eu prometi a mim mesmo que faria essa leitura e posterior reflexão há mais de 25 anos. Há evidências inquestionáveis com o caos em que estamos mergulhados e não sei se existirá saída para essa situação-limite. Afinal os escritores que se prezem têm a obrigação de ler os Clássicos: Dom Quixote, Shakespeare, Spinoza, Aristóteles, Machado de Assis, Ruy Barbosa, James Joyce, Érico Veríssimo, Rousseau, Goethe, Voltaire, entre outros. Quando eu tinha cerca de 37 anos eu prometi: “se acontecer isso comigo, a vida acabou para mim”. Eis o fim. E há três dias o fato efetivamente aconteceu de maneira covarde, selvagem e cruel. Por enquanto estou até o presente momento na plenitude da angústia, tristeza e depressão; e vem o sentimento de culpa e o remorso: porque eu fui àquele local. Não há desculpa e nem perdão, sou eu o culpado. Em maio de 2011, minha mãe faleceu. Eu senti que, visceralmente, 50% de mim foi enterrado junto com ela: a mãe-amiga, confidente, a mãe que, sobretudo, por meio de suas orações intermináveis me protegia porquê sei que Deus a ouvia e atendia suas preces e novenas, principalmente, quando eu pegava a estrada de Anápolis ao Rio de Janeiro para trabalhar como jornalista (Superintendente de Imprensa), dirigindo sozinho o meu próprio carro. Sei que passei por situações graves na estrada mas, a minha fé no Senhor Jesus e São Judas Tadeu, evitaram graves acidentes. Agora depois deste episódio recente, não sei se zerei a minha vida, após os 50% que deixei enterrados no túmulo de minha mãe. Agora, hoje, aqui talvez eu tenha apenas 9% para resgatar tantos karmas acumulados na contabilidade espiritual. Há, até hoje, o mar morto... e sei por meio de fonte fidedigna que este mar jamais morreu... as suas águas são grossas e rasas. Dizem que os homens de letras que assumem uma cadeira numa Academia de Letras, torna-se, automaticamente, “imortal”. Fico feliz por esta imortalidade ter acabado: num gesto extremista, xiita e radical, a nova presidenta demitiu todos os escritores que não têm residência fixa em Paracatu, MG. O ser humano não tem credibilidade, são mutantes, atendem apenas aos seus interesses próprios que os benefície. Em 1997 quando fui convidado a compor o quadro de membros efetivos daquele sodalício, só haviam 7 (sete) escritores com livros publicados; um deles sou eu. Vocês da diretoria atual e anterior, são seres abjetos, arrivistas, interesseiros e sem caráter, tal como macunaíma. Estou com um portfólio e/ou dossiê para entrar na justiça e condená-los pelo ato espúrio e ilegal. Um membro quando é empossado numa Academia de Letras, justamente por ser considerado “imortal”, ele só pode ser afastado por um único motivo: quando morre. Hoje, quando eu me lembro que, com 13 anos meus pais mudaram para Anápolis, com todos os meus irmãos, foi a melhor decisão que eles tomaram. Ambos sabiam que essa cidade escravocatra é uma urbe de fofoqueiros, invejosos, falsos, cruéis com os trabalhadores, invejosos e medíocres; hipócritas. Joaquim Barbosa, um filho ilustre?! Definitivamente mostrou, recentemente, que não é um homem confiável, uma raposa interesseira e aparece na mídia para emitir opiniões contraditórias, covardes e equivocadas. Quando eu ia lançar meus livros, um tapete vermelho era estendido. E elogios de toda ordem. Quando publiquei, em 2006, o “Crepúsculo e Aurora”, tive a presença ilustre do Prof. Químico, Empresário, cientista político e escritor Osvaldo Costa. Por incrível que pareça, ele nasceu em Paracatu e morava também há muitos anos em Anápolis, onde dirigia o seu próprio laboratório na rua 7 de setembro. No discurso do amigo Osvaldo Costa algo me surpreendeu pela sua generosidade e autenticidade, num trecho do discurso”: “Paracatu deve muito ao escritor Eugenio Santana!” Tenho enorme saudade da infância naquela cidade que tive a felicidade de nascer: a infância, com meu irmão Eustáquio, irmã Maria Lúcia e, especialmente, Maria das Graças, que me acompanhava pelos arredores da cidade, principalmente junto a Natureza, já que eu gosto dos pássaros e da pesca. E quanto ao Mar Morto? Será um Eugenio Santana ignorado, esquecido, abandonado e vivendo o seu mais elevado ostracismo? Restará os 9%? Creio em Milagre e Superação mas, confesso que a minha resiliência está lá embaixo num vale de difícil acesso. Mar de vidro... minha danação? Tive muitos cortes, nos braços, pernas, mãos, dedos, joelhos, pés e na alma e no coração. Feridas agudas, quase irremoviveis. Aprecio tanto as águas correntes... das fazendas esvoaçantes que, obstinadas, não me saem da lembrança: “Fazenda Aldeia de Cima”, do meu avô materno José Ulhoa Santana, onde nasci e depois desfrutei, do mesmo avô, a fazenda “Forquilha” e mais tarde, a “Fazenda Rio das Pedras”, em Pirenópolis... o período mais feliz do meu pai e de minha mãe... Paracatu, sequer tenho o seu retrato na parede, como diria Drummond. Em Anápolis, fiquei morando sozinho aos 16 anos e conquistei nesta mesma idade o primeiro emprego de auxiliar administrativo; aos 18, fui promovido a Chefe Administrativo do Grupo Empresas Constante; terminei o ginásio e o segundo Grau aqui na querida Anápolis e já com a tendência natural para a escrita, foi nesta cidade em que publiquei o meu primeiro texto no jornal “Correio do Planalto”. Por baixo do “Mar de Vidro” existe um oceano paralelo: medonhos animais marinhos; e indescritíveis feras, tais como Vespa-do-mar, Serpente marinha, Peixe pedra e Polvo-de-anéis-azuis. Quem sabe o “meu mar de vidro”, venha a ser o meu sombrio oceano de dentro? O “mar de vidro” oportunizou que eu passasse por quase todos os sofrimentos: expectativas inúteis, adversidades, frustrações, sonhos inalcançáveis, convicções mutiladas, incertezas, solidões, torturas físicas e morais, saudades de filhos/filhas biológicos? Resta o moço-velho esquecido mergulhado no ostracismo tal qual Rimbaud na Abissínia, E.M.Cioran exilado em Paris; e, por fim, vejo Edgar - O Allan Poe - sussurando Lenora, Lenora e na janela pousado, o Corvo - com olhar melancólico. Assim como nasce, o ser fenece como o Crepúsculo e a Aurora embora eu tenha dúvidas sobre a imortalidade da alma. Holístico, tenho a face da Natureza humana tatuada em meus olhos embaçados. Ajoelho e choro. Oro. Sei que o Arquétipo de Hórus é meu seguidor e me persegue uma vontade irresistível de voar e transcender. Gratidão à Terra pelo retorno ao pó... O “mar de vidro”, em 9% de vida, talvez me dê dicas sólidas de errar menos e acertar mais, assertividade, humildade, paciência, gratidão e jamais revidar ofensas e calúnias. Que o “mar de vidro” me permita o Voo para o Céu... Afinal, uma das coisas mais belas da vida é olhar para o céu, contemplar uma estrela e imaginar que muito distante existe alguém olhando para o mesmo céu, contemplando a mesma estrela e murmurando baixinho: "Que Saudade!” A Cura do Mundo está na união de amor entre os Céus e a Terra – um pertence ao outro, um é parte do outro, como um todo, inseparável. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, filósofo, jornalista, gestor editorial e ensaísta. Autor de 20 (vinte) livros publicados. “Ventos fortes, Raízes profundas”, madras editora, entre outros. Ganhador de 18 prêmios literários de projeção nacional. Email: es.escritor1199@gmail.com - (62) 99635-8005 WhatsApp

sábado, 27 de julho de 2024

SOBRE PERDAS...

Um célebre violinista que realizava um concerto com toda a alegria e virtuosismo possíveis. O auditório acompanhava-o, encantado. Contudo, no apogeu da peça, arrebentou-se uma corda do violino. Em vez de parar, ele impassível continuou tocando com as cordas que lhe restavam. Pouco depois, outra corda partiu-se, mas novamente ele não se deu por vencido e terminou a música, sob fortes e emocionados aplausos. A vida de muitas pessoas assemelha-se à execução daquele concerto. Enquanto o instrumento está sendo tocado, de repente uma corda se rompe. Quando menos esperamos, enfrentamos perdas, como o falecimento de um familiar próximo, um acidente inesperado, a falência de um negócio, uma demissão imprevista... Essas adversidades são inevitáveis. Naquele momento específico, a perda pode parecer irreparável. Porém, a vida continua e precisamos encontrar uma forma de continuar lidando com ela. Mesmo quando os aplausos dos amigos cessam, os elogios acabam e as tragédias parece não findar, é preciso persistir na vida. As perdas e obstáculos não precisam nos impedir de continuar. (Escritor/filósofo/jornalista EUGENIO SANTANA)

quinta-feira, 25 de julho de 2024

I am in the heart of God

Sim, eu estou Ok. Sem queixas. Deus detesta reclamações. Situação-limite controlada. Pânico, zero; medo, anulado. A frase "Não tenha medo" aparece 366 vezes na Bíblia. "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque Tu estás comigo". (Eugenio Santana)

quarta-feira, 17 de julho de 2024

CON-VIVÊNCIA DE PAZ ENTRE HOMENS E MULHERES (*)

Dentro do que o psicanalista Gustav Jung denominou de Inconsciente Coletivo, podem ser encontradas muitas das características psicológicas que moldaram a mente da espécie humana e que, de certa forma, explicam nosso comportamento, mesmo aqueles mais desprezíveis. Por razões que remontam à pré-história e aos primeiros hominídeos, alguns comportamentos do tipo oculto e inato foram sendo transmitidos às gerações futuras, por necessidade de sobrevivência, frente a um mundo hostil e inóspito. O machismo é uma dessas heranças ocultas. Trata-se, segundo especialistas no assunto, de uma força arquetípica. Como tal se fincou no inconsciente de todos. Em outras palavras, nascemos machistas, homens e mulheres, sendo que esse comportamento é mais ou menos reforçado ao longo da vida, de acordo com cada sociedade em que o indivíduo está inserido. Obviamente esse comportamento primitivo não isenta ninguém de cometer verdadeiras atrocidades contra o sexo oposto. No Brasil, de formação histórica patriarcalista, fincada na desigualdade patente de classes, esse comportamento encontrou ambiente amplamente favorável, dentro e fora de casa, para florescer e se multiplicar. Isso não quer dizer que em outras partes do mundo o problema não ocorra. Pesquisas indicam ainda que o álcool, as drogas e o mais antigo e nefasto dos vícios humanos, o ciúme, respondem pela maioria das causas da violência contra as mulheres. Como sempre, o caminho mais curto e recomendado pelos estudiosos para se chegar a uma convivência de paz entre homens e mulheres ainda parece ser a EDUCAÇÃO. (*) EUGENIO SANTANA é Escritor, Filósofo, Jornalista, Ensaísta, Redator publicitário, Biógrafo, Agente literário e Gestor editorial. Autor de 20 livros publicados. "Ventos fortes, Raízes profundas", Madras editora; entre outros. (62) 99635-8005 WhatsApp

sábado, 13 de julho de 2024

RECEBA O SEU EXEMPLAR AUTOGRAFADO: 19° LIVRO DE EUGENIO SANTANA

Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem pássaros, há aqueles que não podem imaginar o mundo sem água; ao que me refere, sou incapaz de imaginar um mundo sem livros. Para adquirir "KATHARSIS", é prático e simples: deposite 45 reais para o autor Eugenio Santana e receba o seu exemplar autografado já incluso a despesa dos correios. CHAVE PIX CELULAR: (62) 99635-8005 - C/C CEF. em meu nome . Agradeço a conectividade com meus leitores fiéis, vorazes e compulsivos. (Escritor/jornalista/filósofo EUGENIO SANTANA)

terça-feira, 2 de julho de 2024

GANESHA (*)

As origens de Ganesha são envolta em mistérios e diversas lendas tecem sua história. Uma das mais populares narra que ele é filho de Shiva, o deus da destruição, e Parvati, a deusa da fertilidade e do amor. Segundo a lenda, Parvati criou o filho para protegê-la enquanto o marido estava ausente. Quando Shiva retornou e encontrou um estranho guardando a porta, ele o decapitou sem saber que era seu filho. Arrasada, a deusa implorou o marido que trouxesse filho de volta à vida. Shiva então concedeu a ela seu desejo, substituindo a cabeça de Ganesha pela de um elefante. Ganesha é descrito como uma figura amarela ou vermelha, com cabeça de elefante e corpo de ser humano. Possui uma grande barriga, quatro braços. Cada uma dessas características possuem uma simbologia distinta, que analisa a partir da semiótica da cultura hindu significa: Cabeça de elefante: representa a grande sabedoria e intelecto. Grande barriga: simboliza a paciência e a capacidade de digerir o bem e o mau ao longo da vida. Única presa: Ganesha tem apenas uma das presas, pois a outra foi quebrada. Este símbolo representa a ideia dos sacrifícios que devem ser feitos para se atingir a felicidade. O seu mantra é um dos mais populares na mitologia hindu, pois Ganesha é descrito como o “som primordial” (Om), conhecido também como Omkara ou Aumkara. Por este motivo, o mantra Om Gam Ganapataye Namah (“eu Te saúdo, Senhor das tropas”) é um dos mais utilizados e conhecidos mundialmente. Na língua tâmil a sílaba om é considerada sagrada e remete justamente à cabeça do deus Ganesha. Ganesha é amplamente adorado em toda a Índia e em muitas partes do mundo, principalmente entre os hindus e aqueles que praticam tradições influenciadas pelo hinduísmo. Seu culto é celebrado em diversos festivais, sendo o mais proeminente o Ganesh Chaturthi, um festival de dez dias que geralmente ocorre entre agosto e setembro. Durante esse festival, elaboradas estátuas do deus são confeccionadas e instaladas em casas e lugares públicos. Os devotos oferecem orações, realizam rituais e fazem oferendas de doces, frutas e flores para buscar suas bênçãos. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, gestor editorial, filósofo rosacruz Illuminati. Autor de 19 livros publicados, entre os quais se destaca, "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (62) 99635-8005 WhatsApp

sábado, 29 de junho de 2024

PÁSSAROS DA AURORA, DA ALMA, OU DO CREPÚSCULO?! (*)

Estar vivo é milagre permanente. Por muito pouco a vida se esvai: um coágulo de sangue no cérebro, um tropeção, o vírus, a bala perdida, o acidente de trânsito. A cada aurora, o renascer. Agora sei por que o bebê faz manha à hora em que o sono começa a vencer-lhe a resistência. Teme a morte, a segregação do aconchego, o retorno às cavernas uterinas. O sono apaga-lhe os sentidos, a consciência, o (con)tato com mãos e olhares afetuosos. De minhas ranhuras brota delicado som de flauta e violino. Não sou dado ao absinto e sei que a vida é aposta. Todas as minhas fichas estão postas no tabuleiro dos deserdados e excluídos e na felicidade compartilhada. Jogo ao lado dos perdedores. É apenas isto que me interessa: ao faminto, o pão e a paz. De que valem todos os poderes do mundo se não enchem um prato de comida? De que valem todos os reinos se não plenificam a alma com o sabor do morango? Não sou predador de pássaros. Quero-os vivos, livres, o vôo esperto atravessando as asas do vento. Quero-os saltitantes entre as flores que cultivo no jardim da memória. Quero-os gorjeando sinfonias matutinas. Quero-os despertando-me, sem, contudo me provocarem a vertigem das alturas. Chega de abortos! Quero a vida despontando na cidadania plena, na obstinação dos inconformistas, na ociosidade intemporal dos mendigos, nas mulheres condenadas a bordar dores incolores, na despossuída humilhação dos que suplicam por um pedaço de terra, de chão, de casa, de direito. Tenhamos todos acesso à vida, distribuída com fartura como pão quente pela manhã, sem jamais temer as intermitências da morte. D/amor/te. Quero um tempo de livros saboreados como pipoca, o corpo saciado de apetites, a mente livre de dúvidas, a alma matriculada num corpo de baile, ao som dos mistérios mais profundos. E de pássaros orquestrados pela aurora, rios desnudados pela transparência das águas, pulmões exultantes de ar puro e mesa farta de manjares dionisíacos. Reparto meu pão com (sol)dados de afetos, dançarinos trôpegos de incertezas, duendes que povoam alucinados meu imaginário, musas incorrigíveis de meu fragmento literário, anjos protetores de minha frágil fé e místicos que revelam o pior de mimesmo. Neste mundo desencantado, mas não redimido, neles sorvo a minha regeneração como as anfípodas que, no fundo mais profundo dos oceanos, se banqueteiam de flocos de matéria orgânica. (*) EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista MTb 001319. Membro da ADESG-DF – Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, colaborador do Greenpeace-SP. Autor de 19 Livros publicados. Gestor editorial, Ensaísta e Redator publicitário. E-mail: es.escritor1199@gmail.com / Aposentado, radicou-se em Curitiba, PR, em fevereiro de 2017. WhatsApp: (62) 99635-8002

quinta-feira, 27 de junho de 2024

PÓ DE ESTRELAS...

Visualizo ambos. Fusão de almas-irmãs inconfundíveis. Notívago, ergo os olhos noturnos. A asa da saudade transforma meu coração alado. Entre lágrimas e risos, sinto a dor lancinante da ausência. Pontos de luz na Terra, pontos de Luz no Céu, meus amores verdadeiros e inesquecíveis. Aqui no plano físico, a revelação: são os únicos seres que realmente me amaram. Ao evocá-los, sinto o mágico pó de uma estrela caindo sobre a minha cabeça. E o perfume é indescritível. Ato contínuo, a Paz regenera meu coração partido e lança raios de luz em minha alma imolada que, ávida e alada, voa até a Estrela: são meus pais que evolam e me abraçam animicamente. (Jornalista/Escritor/filósofo/gestor editorial Eugenio Santana - Em memória
)

sábado, 22 de junho de 2024

REINVENTAR-SE (*)

Pássaro, não verei novamente os meus Vôos. A água diáfana que bebi naquele Rio, amanhã não terá a mesma cor e sabor. Os Livros que escrevi, após uma releitura, não os escreveria e nem os publicaria, hoje. Aqui e agora: eis a vida em sua plenitude. Sou grato por estar vivo e ter discernimento para compreender e apreender vícios e virtudes. E o Caminho do Meio sugere o equilíbrio, o self, a transcendência. O inefável. Equilibrados, entenderemos o recado de Buda, Jesus e, no presente, os sussurros de Amor de Madre Teresa de Calcutá e do Dalai Lama. A vida ávida está demasiadamente tecnológica e material. E na Luz do Esquecimento, o Espiritual. Está cheia de falsos “mestres” e “gurus copidesque”. E líderes inertes. São tão poucos os sábios que, não vale a pena citá-los. Até porque – sem falsa modéstia – eu sou um deles. Leia um bom livro. E se desligue da biografia do autor. O passado não tem influência sobre o meu olhar estelar. Sei que, amanhã, o Sol voltará a brilhar. Hoje ainda tenho resquícios daquela admirável estampa. Não mais o ex-Adônis de Paracatu... Moreno. Alto. Um sorriso fácil e farto. 1,76m bem distribuídos num corpo de 79 kg. Filha linda? Resultado da qualidade forte de minha genética. Feliz, ainda que calvo e uma indisfarçável barba grisalha e um par de óculos de grau. Filosofando. Poetizando. Jornalizando. Polemizando. Investigando a contraditória Natureza Humana. Futuramente, certamente serei Cinzas no seu Jardim Cósmico. Em meio ao Lótus e as Rosas-vermelhas, os pés de pessegueiros e romãs. Sobrevoarei o deserto do Egito só para revê-la, minha linda rainhalada. Meu nome: Fênix? Ou Simurgh? Por favor, façam suas apostas, cavalheiros. Por enquanto, vôo deambulando por este fértil palco de sonhos: a vida. O futuro me espera. Me espelha, espalha e volatiza. Sem rastro. Sem rosto. Sem estigma. Sem passado. Reinventado. Eis o novo homem: Guardião da Palavra! (*) EUGENIO SANTANA é Jornalista, Escritor, Ensaísta, Filósofo, Gestor editorial, Redator publicitário, Copidesque e Relações públicas. Autor de dezoito livros publicados. Entre os quais, se destaca o bestseller, "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora. (62) 99635-8005 WhatsApp