segunda-feira, 30 de abril de 2012

SER JORNALISTA É NÃO ACEITAR MORDAÇA... (*)




SER JORNALISTA É NÃO ACEITAR MORDAÇA: VAI CUIDAR DE TUA VIDA, DA MINHA CUIDO EU!

Existem certos tipos de personas que não têm alcance para dimensionar os gritantes contrastes sociais deste país corrupto. Covardes e ociosos temem tomar partido ou se posicionar sobre temas graves que afetam pelo menos 80 milhões de brasileiros. Amam o meio-termo e o melhor lugar que apreciam é sentar-se encima do muro.

Ficam, comodistas, na toca, apreciando de camarote com seu riso hipócrita de hiena.

Criticam quem FAZ, tentam - mas não conseguem - ridicularizar os heróis do nosso tempo: repórteres destemidos, prontos para DENUNCIAR as lambanças que proliferam de Porto Velho a Porto Alegre. A IMPRENSA - e sou integrante dela - continua a ocupar, honrosamente, na hierarquia dos poderes, o 4º lugar.

Escolhi essa profissão por que sou um humanista/socialista de carteirinha desde o final dos anos 70, quando terminava o regime ditatorial - triste memória do medo!
Ao estilo de Arnaldo Jabor, continuarei na estrada com a boca seca - insaciável por Justiça Social neste país das falcatruas intermináveis; da fome e da exclusão.

A Educação tem um papel primordial. Mestre Darcy Ribeiro, profetizou: "Os professores fingem que ensinam e os alunos fingem que aprendem." E isto contribui para que o país continue elegendo seus hilários facínoras. Continua sendo uma nação sem cultura e sem educação de qualidade.

JORNALISTA kamikaze? Com muito orgulho, por sinal. E minha caneta da VERDADE será empunhada até o último dia de minha vida. Diariamente cometo um "delito": SINCERICÍDIO!


(*) Eugenio Santana é jornalista profissional e foi Superintendente de Imprensa no Rio de Janeiro

quarta-feira, 18 de abril de 2012

DANCE (*)




Dance, dance, dance...
Tua música vulgar, clássica ou xamânica?

Baila e solte-se, sinta-te flutuando
Nas geleiras da inconsciência
E, depois, voe, em pensamento,
Para a Lua Azul.

Dance, flutue
Conquiste o espaço vasto
Levita e ame tua silhueta
Fotografe, registre tua aura.
Raros momentos mágicos.

Pra quê sexo
Se a cachoeira acaricia-te
E engole e absorve teu corpo nu?

Ame e não diz o nome.
Símbolos, arquétipos, mitos.
Pra quê revelá-los?
Creia, tenha fé!
Grite.
Celebre. Anuncie. Propague.
É possível conquistar
O imponderável.

O depravado mora em ti,
E dúvidas, também.
Coragem!
Abre lentamente a porta da cabana
Sente-se na cama, acende a lareira; ascenda.
Faça tudo o que quiseres.
O universo pede versos?
Não o decepcione...

Flutue, levita.
Dance.
Ergue tuas mãos
Toque as estrelas.
A vida não quer rima
Ela quer rir
E sobreviver de asas...
Asas de luz e de sonhos.

Goiânia-GO, outono, 2012.

(*) By Eugenio Santana, escritor, jornalista, poeta, publicitário,
editor, ensaísta literário, relações públicas e Assessor de Comunicação.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

RENASÇO DOS AMORES EXTINTOS (*)




Fênix, eu também sei renascer das cinzas...

Renasço a cada manhã, da fogueira
em que me consomem pensamentos;
renasço da geena impiedosa
das intempéries da alma;
renasço dos tempos que foram,
renasço dos amores extintos,
dos desejos insaciados, das paixões frustradas,
da melancolia outonal;
renasço do cansaço de renascer e morrer,
e de ver renascer e morrer.

Renasço como o sol renasce da noite,
como a primavera renasce do inverno,
o bem renasce do mal,
a verdade da mentira,
a justiça da injustiça,
a virtude do vício,
como os rios renascem do degelo das neves.

Fênix, eu sei renascer no sorriso da criança
que corre atrás de uma bolha de sabão;
no verde que renasce do estio,
nos botões que encerram promessas,
na grama que cresce para ser podada;
eu só não tenho, Fênix, tuas asas auri-rubras,
nem sou bem-vindo ao Templo do Sol,
nem verei mais que o espaço de uma vida.

Mas, Fênix, eu renasço como as estrelas renascem na noite,
como o azul renasce nos nimbos,
como os povos renascem das guerras,
como a liberdade renasce da opressão,
como a bem-aventurança renasce da desgraça,
como o perdão renasce do ódio,
como a vida renasce da morte
e o amor renasce da mágoa.

E seguirei renascendo a cada dia,
a cada dia, Fênix,
a cada dia...

(*) Copydesk by EUGENIO SANTANA, FRC – Jornalista, Escritor, Ensaísta literário, Publicitário, Assessor de Comunicação, Editor, Coordenador de RH, Relações públicas, Gerente Administrativo/Comercial. Integrante da ALNM-MG, UBE/GO, Greenpeace/SP, ADESG-DF. Autor de livros publicados. 18 Prêmios literários nos gêneros conto, crônica e poesia; Self-mad man e Verse maker)

domingo, 15 de abril de 2012

NÃO NADAR EM PISCINA QUANDO SE TEM O MAR À VISTA (*)




Tenho três regras bem minhas: a) a vida é efêmera demais para gestos medíocres; b) o que me pertence ninguém me tira; c) fazer o melhor possível, o resto é problema dos outros. Cada momento que passa deve ser vivido com um sentido eterno; se me tiraram algo é porque não era realmente meu, era algo que eu tinha simplesmente, não estava integrado no meu ser. Preocupo-me em ser e fazer o melhor que posso, a reação é problema alheio.

Viver é expandir, iluminar. Muita receita de viver é fuga da própria vida. Viver é derrubar barreira entre os homens e o mundo. Compreender. Saber que, muitas vezes, nossa jaula somos nós mesmos, que vivemos polindo as grades em vez de libertar-nos.

No fundo de cada ser humano existe uma dimensão universal e única, ao mesmo tempo. Descobrir nos outros essa dimensão.

Não podemos viver, permanentemente, grandes momentos, mas podemos cultivar sua expectativa. A gente só é o que faz aos outros. Somos conseqüência dessa ação.

Talvez a coisa mais importante da vida seja não vencer na vida. Não se realizar. O homem deve viver se realizando. O realizado botou ponto final.

Um profundo respeito humano. Um enorme respeito à vida. Acredito nos homens. Até nos arrivistas.

Desenvolver um sentido de identificação com o resto da humanidade. Não nadar em piscina quando se tem o mar à frente. Não salvar peixe em balde, mas devolvê-lo ao mar. “Saber esquecer o mal também é ter memória.” Das melhores coisas da vida é aprender a gostar. Gostar de gostar. Gostar de fazer. Não fazer... me deixa estressado.

O dinheiro não enriquece ninguém. Acreditar mais na verdade que na bondade. A verdade é a quintessência da bondade, é a bondade a longo prazo.

Acreditar mais no sobrenatural. O natural, para mim, não existe. Tudo que está aí é milagre. Pássaro. Gente. Amor.

Os sábios vivem debruçados no milagre. A verdade é caminho, não é fim. Não crer em Deus é pretensioso. Não num Deus que deixa negro apanhar, gente morrer na guerra, nem barbado e sentado numa poltrona de ouro. Mas tudo que está acima de nossas limitações terrenas. O pulo do astronauta é ridículo diante do Universo. No fim do meu caminho Deus perdoará minhas falhas humanas. Afinal de contas, Ele não sabe fazer outra coisa. Perdoar é o grande vício de Deus.

(*) copidesque/fragmento/releitura por Eugenio Santana - Escritor e Jornalista. Autor, entre outros, de “Crepúsculo e Aurora”, Editora Kelps, Goiânia-GO, 2006. Ex-superintendente de Imprensa no Rio de Janeiro.

domingo, 8 de abril de 2012

ENSAIO SOBRE A IDADE MÉDIA




O clima denso e tenso da Idade Média sempre me fascinou: os contrastes violentos, a vida dos camponeses e dos senhores feudais, as catedrais, as cruzadas, clero, a corte, os mosteiros, a pestilência, os sofrimentos, as trevas, a luz, e o sangue jorrados por quase mil anos.

Aprecio poemas e livros em que os costumes, as cenas criam-se com objetos, utensílios, palavras e expressões que poderiam estar ligadas à Idade Média, como estas que pesquisei num livro de história: teares; moinhos; moringas; batedores; hastes secas de linho; rebanhos e pastores; pátios de castelo; ervilhas, lentilhas e feijões; arado; chuvas de abril; falcões; panos de lã; couro de Córdova; pastéis de cotovia; alfaiates, boticários, ourives e monges.

Sinto um clima assim neste poema “A Hóspede”, de Guilherme de Almeida:

“Não precisas bater quando chegares.
Toma a chave de ferro que encontrares
Sobre o pilar, ao lado da cancela,
E abre com ela
A porta baixa, antiga e silenciosa.
Entra. Aí tens a poltrona, o livro, a rosa,
O cântaro de barro e o pão de trigo.
O cão amigo
Pousará nos teus joelhos a cabeça.
Deixa que a noite, vagarosa, desça.
Cheiram a relva e sol, na arca e nos quartos,
Os linhos fartos,
E cheira a lar o azeite da candeia.
Dorme. Sonha. Desperta. Da colméia
Nasce a manhã de mel contra a janela.
Fecha a cancela
E vai. Há sol nos frutos dos pomares.
Não olhes para trás quando tomares
O caminho sonâmbulo que desce.
Caminha – e esquece.”

Fica claro que quando falo em “Idade Média” ou “Idade da Fé” não estou me referindo exclusivamente a um período espacial, temporal, mas a um certo “clima”, valores, lembranças e imagens insondáveis do passado, retidos há séculos na noite da memória, no inconsciente coletivo. Esse “clima”, ao contrário, faz com que não existam delimitações espaciais ou temporais, tudo poderia ter acontecido ontem ou estar acontecendo agora, em qualquer parte do universo. Nessa região de neblina mágica é que desejo penetrar para revigorar o meu trabalho literário.

(Copydesk/fragment/releitura by Eugenio Santana, escritor, jornalista, ensaísta)

ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO




Quando falamos em amor à língua portuguesa, na sua história e importância, logo nos vem à memória o poema “Língua Portuguesa”, de OLAVO BILAC:
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, que ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o Amor sem brilho!

(Eugenio Santana, Escritor,jornalista, poeta e ensaísta literário)