sábado, 17 de julho de 2021
CON-VIVÊNCIA DE PAZ ENTRE HOMENS E MULHERES (*)
Dentro do que o psicanalista Gustav Jung denominou de Inconsciente Coletivo, podem ser encontradas muitas das características psicológicas que moldaram a mente da espécie humana e que, de certa forma, explicam nosso comportamento, mesmo aqueles mais desprezíveis. Por razões que remontam à pré-história e aos primeiros hominídeos, alguns comportamentos do tipo oculto e inato foram sendo transmitidos às gerações futuras, por necessidade de sobrevivência, frente a um mundo hostil e inóspito. O machismo é uma dessas heranças ocultas. Trata-se, segundo especialistas no assunto, de uma força arquetípica. Como tal se fincou no inconsciente de todos. Em outras palavras, nascemos machistas, homens e mulheres, sendo que esse comportamento é mais ou menos reforçado ao longo da vida, de acordo com cada sociedade em que o indivíduo está inserido. Obviamente esse comportamento primitivo não isenta ninguém de cometer verdadeiras atrocidades contra o sexo oposto. No Brasil, de formação histórica patriarcalista, fincada na desigualdade patente de classes, esse comportamento encontrou ambiente amplamente favorável, dentro e fora de casa, para florescer e se multiplicar. Isso não quer dizer que em outras partes do mundo o problema não ocorra. Pesquisas indicam ainda que o álcool, as drogas e o mais antigo e nefasto dos vícios humanos, o ciúme, respondem pela maioria das causas da violência contra as mulheres. Como sempre, o caminho mais curto e recomendado pelos estudiosos para se chegar a uma convivência de paz entre homens e mulheres ainda parece ser a EDUCAÇÃO.
EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista, Ensaísta, Redator publicitário, Biógrafo, Editor executivo, Agente literário. Autor de 14 livros publicados. "Ventos fortes, Raízes profundas", Madras editora; "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com
sexta-feira, 9 de julho de 2021
COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA (*)
Os desafios da era da Comunicação e da Tecnologia estão em pauta, seja no mundo contemporâneo e flexível das relações corporativas e afetivas, seja nas demandas de grupos e organizações sociais. Todos clamam por mais relacionamento, mais atenção e diálogo, apesar da Internet, das redes sociais e de toda uma série de aplicativos que deveriam ampliar a comunicação. Será que estamos falando e sendo ouvidos de fato? Há tempo hábil para construirmos relacionamentos mais profundos? Estamos usando as tecnologias de uma maneira inteligente e equilibrada? Em um mundo cada vez mais acelerado e competitivo, é possível construir relações mais humanas, mais próximas e de qualidade? Há muito a ser feito e nós temos que fazer esse trabalho, resgatar valores, construir novas relações e práticas e separar sempre o joio do trigo.
(*) EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista, Ensaísta, Redator publicitário, Biógrafo, Editor executivo, Agente literário. Autor de 14 livros publicados. "Ventos fortes, Raízes profundas", Madras editora; "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com
terça-feira, 6 de julho de 2021
VAGALUMES NO JARDIM (*)
Os primeiros vagalumes começavam no bojo da mata a correr suas lâmpadas divinas. No alto, as estrelas miúdas e sucessivas principiavam também a iluminar. Os pirilampos iam-se multiplicando dentro da floresta, insensivelmente brotavam silenciosos e inumeráveis nos troncos das árvores, como se as raízes se abrissem em pontos luminosos. A desgraçada, abatida por um grande torpor, pouco a pouco foi vencida pelo sono; e deitada às plantas da árvore, começou a dormir… Serenavam aquelas primeiras ânsias da Natureza, ao penetrar no mistério da noite. O que havia de vago, de indistinto, no desenho das coisas, transformava-se em límpida nitidez. As montanhas acalmavam-se na imobilidade perpétua; as árvores esparsas na várzea perdiam o aspecto de fantasmas desvairados… No ar luminoso tudo retomava a fisionomia impassível. Os pirilampos já não voavam, e miríades deles cobriam os troncos das árvores, que faiscavam cravados de diamantes e topázios. Era uma iluminação deslumbrante e gloriosa dentro da mata tropical, e os fogos dos vagalumes espalhavam aí uma claridade verde, sobre a qual passavam camadas de ondas amarelas, alaranjadas e brandamente azuis. As figuras das árvores desenhavam-se envoltas numa fosforescência zodiacal. E os pirilampos se incrustavam nas folhas e aqui, ali e além, mesclados com os pontos escuros, cintilavam esmeraldas, safiras, rubis, ametistas e as mais pedras que guardam parcelas das cores divinas e eternas. Ao poder dessa luz o mundo era um silêncio religioso, não se ouvia mais o agouro dos pássaros da morte; o vento que agita e perturba, calara-se… Marcela foi cercada pelos pirilampos que vinham cobrir o pé da árvore em que adormecera. A sua imobilidade era absoluta, e assim ela recebeu num halo dourado a cercadura triunfal; e interrompendo a combinação luminosa da mata, a epiderme da mulher desmaiada, translúcida, era como uma opala incrustrada no seio verde de uma esmeralda. Depois os vagalumes incontáveis cobriram-na, os andrajos desapareceram numa profusão infinita de pedrarias, e a miserável, vestida de pirilampos, dormindo imperturbável como tocada de uma obra divina, parecia partir para uma festa fantástica no céu, para um noivado com Deus… E os pirilampos desciam em maior quantidade sobre ela, como lágrimas de estrelas. Sobre a cabeça dourada brilhavam reflexos azulados, violáceos, e dali a pouco braços, mãos, colo, cabelos, sumiam-se no montão de fogo inocente. E vagalumes vinham mais e mais, como se a floresta se desmanchasse roda numa pulverização de luz, caindo sobre o corpo de Marcela até o sepultarem em um túmulo insólito. Um momento, a mulher inquieta ergueu docemente a cabeça, abriu os olhos que se deslumbraram. Pirilampos espantados faíscavam relâmpagos de cores… Marcela pensou que o sonho alado a levara ao abismo esverdeado pelas luzes de vagalumes no jardim e como uma flor-estrela recaiu adormecida na face iluminada do Planeta blue…
(*)EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista, Ensaísta, Redator publicitário, Biógrafo, Editor executivo, Agente literário. Autor de 14 livros publicados. "Ventos fortes, Raízes profundas", "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", entre outros. (41) 9.9909-8795 - es.escritor1199@gmail.com
quinta-feira, 1 de julho de 2021
QUANDO O INDEFINÍVEL ABRAÇA A SABEDORIA (*)
Os que sabem não falam. Os que falam não sabem. O Indefinível é a origem do Céu e da Terra. O sábio tem, mas não possui, age, mas nada espera. Quando seu trabalho está concluído, ele o esquece. Por isso dura para sempre.
Quando acreditam saber as respostas, as pessoas são difíceis de guiar. Quando sabem que não sabem, as pessoas descobrem o seu próprio caminho. A sabedoria é conhecida como A Grande Mãe: vazia, contudo inesgotável, dá vida a infinitos mundos. Sempre está presente dentro de ti. Podes usá-la da forma que desejares. A sabedoria é chamada de fêmea sutil e profunda.
A forma suprema da bondade é como a água. A água sabe como beneficiar a todos sem lutar contra eles. Acalma-se em lugares que todos os seres humanos odeiam. E é por isso que se aproxima da sabedoria milenar. Quando estiveres satisfeito em ser simplesmente tu mesmo e não te comparares ou competires, todos te respeitarão. Nada há no mundo mais suave e flexível que a água. Contudo, para dissolver o que é duro e inflexível, nada há que a supere.
Se quiseres que algo se contraia, primeiro deves deixar que se dilate. Se quiseres te desfazer de algo, primeiro deves deixar que te seja dado. Isto se chama a sutil percepção da forma como são as coisas. A fêmea sempre supera o macho mediante a sua serenidade. Os objetos preciosos desviam o homem. Por isso o sábio guia-se pelo que sente e não pelo que vê. Ele rejeita isto e escolhe aquilo. Quem pode esperar tranquilamente o lodo assentar? Quem pode permanecer imóvel até chegar o momento da ação? Se quiseres chegar a ser inteiro, permite-te ser parcial. Se quiseres chegar a ser reto, permite-te ser torto. Se quiseres estar pleno, deixa-te estar vazio. Se quiseres renascer, deixa-te fenecer.
O homem imita a Terra. A Terra imita o Céu. O Céu imita a sabedoria. E a sabedoria imita a Natureza. Mesmo que haja muitas coisas lindas de se ver, o sábio permanece desapegado e tranqüilo. Se te deixares levar como uma folha ao vento, perdes o contato com as tuas raízes. Se deixares que a inquietude te agite perdes o contato com quem realmente és. O homem verdadeiramente grande se concentra no que é real e não naquilo que está na superfície. No fruto e não na flor. Tendo compaixão por ti mesmo, consegues reconciliar todos os seres do mundo.
Um bom viajante não tem planos definidos nem está preocupado em chegar. Um bom artista deixa que sua intuição o leve aonde ela quiser. Um bom cientista se liberta de conceitos e se mantém aberto ao que é... Ele está pronto para usar todas as situações e nada desperdiça. Isto é o que se chama de “seguir a luz”.
Achas que podes te apoderar do universo e melhorá-lo? Não acredito que isso possa ser feito. O universo é sagrado. Não podes melhorá-lo. Se tentares mudá-lo, o arruinarás. Se tentares te apropriar dele, o perderás. Para encontrar a origem, procura-a nas manifestações. Quando reconheceres os filhos e encontrares a mãe, serás livre... Aquele que está repleto de Virtude se assemelha ao recém-nascido... Que cresce na sua totalidade e mantém a sua vitalidade perfeitamente íntegra.
Sê a corrente do universo! Sendo que o curso do universo é sempre verdadeiro e imutável, volta novamente a ser como a criança. Por isso, a satisfação que sentimos quando sabemos que já temos o bastante, é uma satisfação realmente duradoura. Entre o teu nome e o teu corpo, qual é o mais querido? Entre o teu corpo e as tuas riquezas, qual é o mais apreciado? Entre o perder e o ganhar, o que é mais doloroso? Por isso, o excessivo amor por alguma coisa, com o tempo, custar-te-á muito caro. Armazenar muitos bens acarretará uma dura perda. Saber quando se tem o suficiente, é tornar-se imune à desgraça. Saber quando parar,é prevenir muitos perigos. Só assim poderás perdurar por um longo tempo. Alegra-te com o que tens; regozija-te com o que as coisas são. Quando perceberes que nada te falta, o mundo inteiro te pertencerá.
(*) EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista, Ensaísta, Redator publicitário, Biógrafo, Gestor em RH, Gerente Administrativo. Autor de 14 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras Editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com
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