domingo, 17 de abril de 2011
CATEDRAL DE CHARTRES
A CATEDRAL DE NOTRE DAME DE CHARTRES, NA FRANÇA, é um imenso templo GÓTICO de pedra esculpida, ela se situa no alto de uma colina, como um Castelo inexpugnável. Nos arredores, construída nas encostas, a histórica e bela cidade de Chartres, com seus 100 mil habitantes, mais parece uma aldeia dos míticos homenzinhos de Liliput a serviço do gigante Gargântua.
Chamada pelo escultor Rodin de "Acrópole da França" e tombada pela Unesco como patrimônio da humanidade, a catedral de Chartres é o monumento medieval europeu mais completo e mais rico dentre todos os que chegaram até nós. Desde sua construção, entre os séculos 12 e 13, transformou-se num poderoso pólo de atração para peregrinos cristãos, amantes da arquitetura e das artes plásticas, e investigadores do oculto.
A importância de Chartres começa, na verdade, muito antes da Idade Média. Toda a zona onde ela se encontra, a antiga Beócia, foi sede de um complexo pré-histórico que reunia aldeias célticas e templos pagãos da religião dos druidas.
TODA ESSA HERANÇA CULTURAL do tipo mágico e religioso foi incorporada de um modo ou de outro à catedral de Chartres. No subsolo, sob o grande edifício, correm vários veios d'água que, segundo os especialistas em radiestesia, formam na superfície do terreno, e em certos pontos do interior da catedral, campos de energia telúrica expcionalmente poderosos.
Existem vários livros que estudam a questão dos campos de energia sutil que se encontram no interior da catedral e nas suas imediações. Um deles é "Les Mystères de la Cathédrale de Chartres" (Os Mistérios da Catedral de Chartres), de Louis Charpentier, onde o autor afirma que a catedral foi construída exatamente sobre um lugar muito conhecido desde os tempos pré-cristãos pela intensidade das suas radiações telúricas. Charpentier examina também o mistério da arquitetura desse templo, suas conexões historicamente comprovadas com a Ordem dos Cavaleiros Templários medievais, e seus significados simbólicos e esotéricos.
OS TEMPLOS DRUIDAS eram quase sempre construídos junto a fontes d'água subterrânea. Os antigos druidas celtas adoradores dos elementos da natureza, o fogo, a terra, a água e o ar. Vieram-me à mente fragmentos da simbologia do poço, símbolo arquetípico de caráter sagrado em todas as tradições. Sua imagem sintetiza três ordens cósmicas fundamentais: céu, terra, infernos.
As dimensões da Catedral de Chartres são quase inacreditáveis: o comprimento total do templo é de 130 metros; sua largura máxima, 64 metros; a altura do espigão do teto, 51 metros. O interior do edifício é sugestivamente iluminado por soberbos vitrais que cobrem uma superfície de mais de 2.700 metros quadrados e nos quais estão representados cerca de cinco mil personagens. Chartres é chamada de "A Catedral dos Vitrais". Nas palavras do poeta francês Edmond Joly, "o navio encantado de uma música silenciosa, celebrando com suas cores e sua luz o segredo da eterna travessia".
Há, inclusive, um magnífico vitral astrológico, representando os doze signos do Zodíaco. E como se não bastasse, A Catedral de Chartres trouxe ainda, até nossos dias, uma herança medieval tão preciosa quanto rara: um LABIRINTO circular que ocupa toda a largura da sua nave central.
Entre os séculos 17 e 18, a tradição católica perdera quase por completo o conhecimento do significado profundo de símbolos antigos como os labirintos. No seu centro havia, segundo testemunhos históricos, uma grande placa de cobre com a imagem, em relevo, do combate mitológico entre o herói Teseu e o Minotauro. Esta placa foi provavelmente removida em 1792, época da Revolução Francesa, e usada para a fabricação de canhões.
O labirinto é também símbolo importante no contexto da moderna psicologia, particularmente a psicologia analítica que se interessa pelos símbolos arquetípicos. Está ligado ao mito da luta do princípio heróico e solar (Teseu) contra o princípio animal e noturno (Minotauro). A busca por meio do labirinto torna-se a busca do próprio Ser, e a imagem do labirinto aproxima-se à das mandalas da Índia e do Tibete. É uma representação do indivíduo, do seu centro espiritual e da emanação cada vez mais intensa desse centro em direção às zonas exteriores.
O LABIRINTO é, finalmente, a imagem do homem e do seu destino; aquele que sabe ler, interpretar e desenhar o labirinto do espírito, esse é um eleito dos deuses.
Os sábios católicos da Idade Média sabiam de tudo isso. Conheciam o significado profundo desses símbolos arcaicos, como a Madona Negra, o poço subterrâneo, o labirinto. E por isso introduziram e conservaram suas representações na própria estrutura interior de um dos maiores lugares sagrados da Cristandade: a Catedral de Chartres.
(copy-desk by EUGENIO SANTANA, FRC - Escritor e Jornalista. Membro efetivo da ALNM - Academia de Letras do Noroeste de Minas Gerais, cadeira nº 2).
QUEM É MAIS FORTE, A ÁGUIA OU A SERPENTE?
A SERPENTE, que é também símbolo da fertilidade, era objeto de invocações e da gratidão daquela sociedade agrícola e pastoral. Quando essa tradição foi absorvida pelo cristianismo, num evidente fenômeno de sincretismo, San Domenico passou a ser encarado como um santo que exorciza o "mal" representado pelos animais venenosos.
O argumento básico para esse exorcismo é o mito do pecado original, onde a serpente do paraíso sugere a Eva que colha o fruto da árvore do bem e do mal. Esqueceu-se então que, desde tempos imemoriais, a serpente era usada para simbolizar a astúcia (pela sua habilidade como caçadora), a fertilidade (por rastejar e estar em contato íntimo com a terra) e principalmente a possibilidade de regeneração do ser humano e de todas as coisas (pela sua reaparição cíclica após a letargia invernal e por causa da sua troca de pele).
O FENÔMENO da periódica mudança de pele das serpentes impressionou muito os autores antigos. Fílon de Alexandria acreditava que a serpente, ao desprender-se de sua pele, desligava-se também da velhice. Ele chegou a considerá-la "o mais espiritual dos animais".
Carl Gustav Jung interessou-se muito pela simbologia da serpente, apontando que os gnósticos assimilavam-na ao tronco cerebral e à medula espinhal.
Para Jung, a serpente é um excelente símbolo do inconsciente: ela expressa sua presença repentina, inesperada, sua manifestação brusca e às vezes temível.
ESTA É UMA LIÇÃO DE SABEDORIA que nos é dada pelas serpentes: para sobreviver e evoluir, frequentemente é preciso abdicar de nossas "peles" antigas, nossas "couraças" duras e envelhecidas, permanecendo algum tempo desprotegidos até que uma nova "pele" nos recubra. Jesus aceitou a serpente como um símbolo de sabedoria, incluindo em seus ensinamentos: "Sede sagazes como a serpente."
A serpente é também um símbolo por excelência da energia. Daí nasce o conceito ioga da kundalini, ou a serpente como imagem da força interior. A kundalini, para os hindus, está representada simbolicamente como uma serpente enrolada sobre si mesma, em forma de anel, numa região do corpo humano sutil que corresponde à extremidade inferior da coluna vertebral.
Livros inteiros foram escritos sobre o simbolismo da serpente e sua importância como arquétipo da psique individual e coletiva.
NA "ILÍADA" DE HOMERO, o grande poema épico que narra a guerra entre gregos e troianos, há um episódio em que aparece no céu uma ÁGUIA levando entre as garras uma serpente ferida. O adivinho grego Calcas interpreta esse sinal como presságio do triunfo helênico (a águia, pertencente à ordem masculina e patriarcal grega, e a serpente, representando a prevalência feminina e matriarcal da Ásia).
POR UMA DESSAS SINCRONICIDADES INEXPLICÁVEIS, um antigo e famoso místico questionou: "Quem é mais forte, a águia ou a serpente?" Ambas são igualmente fortes.Já foi dito que a águia é a serpente dos céus, e a serpente é a águia da terra. Isso é certo, porque elas se complementam. Na verdade a serpente é mais forte. A Águia desce à terra e agarra a serpente com suas presas. Mas a serpente, mesmo alçada ao ar, mesmo levada ao reino da águia, ainda é capaz de picá-la, envenenando-a e fazendo-a cair ao chão e morrer.
(copy-desk by EUGENIO SANTANA, FRC - Jornalista e Escritor. Membro efetivo da ALNM - Academia de Letras do Noroeste de Minas Gerais, cadeira 2).
quinta-feira, 14 de abril de 2011
TEM MAIS PRESENÇA EM MIM O QUE ME FALTA...
Creio que o meu alter-ego Fernando Pessoa teve inúmeros choros semelhantes com o choro de minha filha Nuria Liz. E foi para explanar a ausência de motivações dos seus choros que ele escreveu:
O que me dói não é
o que há no coração
mas essas coisas lindas
que nunca existirão...
Ri - e chorei muito - ao reler, depois de algum tempo, "A Sombra do Vento", "Verdes Moradas" e "Neuroforia". E sempre chego às lágrimas ao ler os poemas da poeta portuguesa Florbela Espanca. Por que rimos e choramos por aquilo que não existe, aquilo que é ilusão?
A resposta é óbvia: choramos e sorrimos porque a alma é feita com o que não existe, é latente; invisível, oculta. Coisa que só os artistas sabem.
"Somos feitos da mesma matéria dos nossos sonhos", dizia Shakespeare. E mais: concordo com o meu amigo poeta de Mato Grosso, Manoel de Barros: "Tem mais presença em mim o que me falta". E completo com Miguel Unamuno:
Recorda, pois, ou sonha, alma minha
- a fantasia é tua substância eterna -
o que não foi;
com tuas figurações faze-te forte,
que isso é viver, e o restante é morte.
As estórias são flores-estrelas que a imaginação fértil faz crescer no lugar da DOR. Minha literatura cresce a partir das dores de minha filha, que eram minhas próprias dores. Por isso, disse que comecei a escrever a partir dos 16, porque aos 11, nos primeiros anos escolares, me foi revelado esse Dom natural que, por via de consequência, se transformou numa "missão de vida".
Atenuar a DOR ou curá-la, isso o mundo desigual e caótico pode fazê-lo.
A inspiração e a imaginação são a ARTISTA QUE TRANSFORMA o sofrimento lancinante em BELEZA. E a beleza torna a DOR tolerável. Em vista disso, ESCREVO poemas, crônicas, contos, ensaios e artigos há mais de 25 anos: para concretizar a alquimia da PALAVRACESA; transformar dor em flor. Meus escritos são as minhas poções mágicas...
Não existe contra-indicações nem é necessário receitas...
(EUGENIO SANTANA é escritor e jornalista. Atualmente, Jornalista/Revisor do jornal "DIÁRIO DA MANHÃ". E membro efetivo da ALNM - Academia de Letras do Noroeste de Minas Gerais, cadeira número 2.)
terça-feira, 5 de abril de 2011
ESPELHO - ESTE LABIRINTO DE CRETA
O espelho - este labirinto de Creta.
Este dédalo de meandros.
Esta realidade nua
e crua. Esta vertigem - esta verdade inquestionável,
este hieróglifo de luz.
Ah! Então é isto! - O espelho diáfano tremeluz,
é onde o pássaro das águas da infância (re)pousa.
Se reflete,
se debate asa ferida, aferida - há ferida.
E provoca a transição provável.
O espelho velho ou sujo deforma a imagem
o rosto fica DESFIGURADO.
Porque o espelho dentro do rosto
é inimigo adequado.
Eterno e breve.
Transcende a con-vivência consigo mesmo
e o tempo marcado.
O espelho dentro do rosto
como o rosto espesso, naufragado, diverso, esparso,
estúpido, estranho,
é esterco do tempo
e ouro da morte.
(copy-desk by EUGENIO SANTANA, FRC - Jornalista, Escritor, Poeta, Redator publicitário, Relações públicas, Assessor de Imprensa, Copidesque e Editor. Autor de livros publicados. Membro efetivo da ALNM - Academia de Letras do Noroeste de Minas Gerais, onde ocupa a cadeira número 2.)
sexta-feira, 1 de abril de 2011
O 4º PODER É REAL? É POSSÍVEL DETECTAR SE "ELE" AINDA EXISTE?
Com toda razão, a mídia, em seus diferentes campos de atuação, é considerada o quarto poder. Os outros três são muito bem conhecidos, começando pelo executivo, passando pelo legislativo e terminando com o judiciário. Este quarto poder é o que investiga, divulga, pesquisa e atualiza constantemente o cidadão, dando destaque aos atos importantes dos três primeiros, além de prestar um sem-número de serviços públicos, desde informar as novas descobertas da ciência, até as programações culturais, os assuntos sócio-políticos ou focando e agradando o público feminino com as tendências da moda, da culinária (e as inevitáveis fofocas), ou aumentando o estresse da platéia masculina com o onipresente futebol e, um pouco distanciados, muitos outros esportes, individuais ou coletivos. Há milhares de cadernos, canais, estações de rádio e outros para quase todo tipo de ser humano. Com certeza, utilizando cada vez mais recursos moderníssimos, tecnologias de última geração, imagens de todos os ângulos, aquela câmera lenta que desvenda detalhes, outrora imperceptíveis num determinado lance, ou que coloca a cena da tela bem no nosso colo, como no caso da 3D; é assim possível entreter cada vez melhor o assinante, aquele indivíduo que deseja espairecer, relaxar, torcer, esquecer um pouco a dura realidade do mundo em que vivemos.
No entanto, infelizmente, o aspecto essencial, o alimento, a informação de que realmente necessitamos em nossa caminhada, nos é negado rigorosa e pontualmente. Poderá ser que este poder esteja dependendo por demais dos outros três... talvez encontre-se de rabo preso, perdendo sua cristalinidade, sua transparência, seu espírito de busca incessante pela verdade. Parece mesmo que já está acomodado, que as polpudas verbas de publicidade - pública e privada-, limitaram sua agilidade, acuidade, ética e, assim, o serviço ao público virou serviço ao poder público (e privado).
Não entrarei aqui no mérito da qualidade dos programas exibidos na TV, na superficialidade, na inutilidade de certas revistas ou na violência servida a toda hora e lugar, ao medo que é espalhado no éter e que contamina quem lê jornais, assiste TV ou ouve rádio.
O que realmente incomoda, o que assusta mesmo é o silêncio, o descaso, a ausência, a invisibilidade. Refiro-me aqui a uma infinidade de assuntos, de técnicas, de recursos disponíveis na Natureza para ajudar a Humanidade em sua caminhada, algo que teimosamente a maioria dos meios, inclusive os que assino regularmente há décadas, insiste em ignorar.
Histórias de superação, de altruísmo, de almas nobres, despertas, compassivas não fazem parte da pauta. Divulgar o sucesso comprovado em estudos de caso de técnicas não invasivas, das terapias espirituais, das curas à distância, da eficácia do perdão ou da EFT, da terapia regressiva, das constelações familiares, das essências florais, da fitoterapia, e de um sem-número de outras aliadas, é praticamente proibido.
(copy-desk by EUGENIO SANTANA, FRC – Jornalista, Escritor, Ensaísta literário, Publicitário, Assessor de Comunicação, Editor, Coordenador de RH, Relações públicas, Gerente Administrativo/Comercial. Integrante da ALNM-MG, UBE/GO, Greenpeace/SP, ADESG-DF. Autor de livros publicados. 18 Prêmios literários nos gêneros conto, crônica e poesia; Self-mad man e Verse maker.)
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