sexta-feira, 4 de setembro de 2015
A MEMÓRIA É A MÃE DA SABEDORIA (*)
Permita sua mente diáfana como as águas de um lago na floresta te conduzir à reflexão profunda. Muitas pessoas deixam de se tornar pensadores e formadores de opinião porque não têm boa memória. Toda a nossa evolução é um desabrochar semelhante ao desabrochar de uma planta. Temos primeiro um instinto, depois uma opinião, a seguir um conhecimento, como a planta tem raiz, broto e fruto. Confie em sua intuição até o final, mesmo que não pareça haver uma razão. O conhecimento é apenas o brilho da organização das ideias. Não é sabedoria verdadeira. O verdadeiro sábio vai além do conhecimento. Não adianta lutar contra o inevitável. A única coisa a fazer contra o vento sul é vestir o blusão de couro. Em filosofia, os axiomas não são axiomas até terem sido provados: lemos coisas lindas, mas não entendemos totalmente o seu sentido até termos repetido os mesmos passos do autor. Os sábios aprendem muita coisa com os desafetos. A experiência é o pente que a natureza nos dá quando ficamos calvos. Os sábios dizem que o caminho da sabedoria é difícil como um labirinto e estreito como o fio de uma navalha. A boa filosofia não é aquela que faz um julgamento final e estabelece a verdade absoluta, mas aquela que causa desconforto e gera comoção. Entender a realidade não é o mesmo que ter ciência de acontecimentos exteriores, mas perceber a natureza fundamental das coisas. O homem mais bem informado não é necessariamente o mais sábio. Na verdade, existe o perigo de que, exatamente por causa de seu conhecimento múltiplo, ele perca de vista o essencial. Por outro lado, o conhecimento de um detalhe aparentemente fútil com frequência possibilita que se enxergue as coisas com profundidade. Assim, o homem sábio busca saber o máximo sem se tornar dependente desse conhecimento. Sábio é reconhecer o elemento expressivo em meio aos acontecimentos concretos. O caminho do céu é nutrir e não ferir. O caminho do sábio é lutar e não competir. Contemple as obras deste mundo, ouça as palavras do sábio, tome para si tudo o que é bom. Com essa base, abra suas portas para a verdade. Não deixe passar a verdade que está diante dos seus olhos. Observe como o riacho flui suave e livremente por entre as pedras. Aprenda também com os livros sagrados e as pessoas sábias. O mundo – inclusive as montanhas, os rios, as plantas e as árvores – é seu mestre.
(*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, publicitário, relações públicas, copidesque e revisor de textos. Autor de seis livros publicados. Articulista do jornal Diário da Manhã. Ex-Superintendente de Imprensa no Governo do Rio de Janeiro. E-mail: es.journalist.copydesk@gmail.com e WhatsApp: (34) 9241-3331
quarta-feira, 29 de abril de 2015
SABEDORIA: CAPACIDADE DE SABOREAR O MUNDO (*)
Conheço muitos testes de inteligência. Não conheço nenhum teste de sabedoria. É fundamental saber a diferença entre essas duas, inteligência e sabedoria, frequentemente confundidas. A inteligência é a nossa capacidade de conhecer e dominar o mundo. Ela tem a ver com o poder. A sabedoria é o êxtase de saborear o mundo. Ela tem a ver com a felicidade. As escolas se dedicam a desenvolver e avaliar a inteligência. Para isso desenvolveram testes. Os testes avaliam a inteligência dos alunos por meio de números. Mas elas nada sabem sobre a sabedoria, e nem elaboram testes para avaliá-la. Nas escolas e universidades, muitos idiotas são aprovados. A inteligência é muito importante. Ela nos dá os “meios para viver”. Mas somente a sabedoria é capaz de nos dar “razões para viver”. Muitas pessoas se suicidam porque, tendo todos os “meios para viver”, não tinham as “razões para viver”. Proponho-lhe um teste de sabedoria. Ele é muito simples. O seu aniversário está chegando. Você já não é mais jovem. O espelho lhe revela coisas que você não gostaria de saber. Diante de sua imagem no espelho existe sempre o perigo de que uma magia perversa aconteça, e você seja repentinamente transformado em bruxa ou ogro – tal como aconteceu com a madrasta de Branca de Neve. Em desespero, você invoca os deuses. Eles vêm em seu auxílio e lhe dizem que atenderão a um desejo seu, a um único desejo. Que súplica você lhes faria? Digo-lhe que essa seria a hora da pureza de coração, quando todos os supérfluos têm de ser deixados de lado. “Pureza de coração” – assim disse Kierkegaard, meu querido filósofo solitário, companheiro já morto; por vezes os mortos são companhia melhor que os vivos, porque falam menos e ouvem mais – pureza de coração, ele disse, “é desejar uma só coisa”. Digo que isso é sabedoria, mas pode parecer mais coisa de neurótico obsessivo, ficar querendo uma coisa só, o tempo todo. Você entenderá o que digo se você prestar atenção no voo dos pássaros. E, para ajudá-lo nesse dever de casa, transcrevo o que Camus pensou, ao observá-los. “Se durante o dia o voo dos pássaros parece sempre sem destino, à noite, dir-se-ia reencontrar sempre uma finalidade. Voam para alguma coisa. Assim talvez, na noite da vida...” O texto termina assim, com essas reticências que, segundo Mario Quintana, são o caminho que o pensamento deve continuar a seguir. Assim é o coração. Há momentos na vida em que ele é como o voo dos pássaros durante o dia: oscila em todas as direções, sem saber direito o que quer, ao sabor das dez mil coisas que o fascinam, tão desejáveis, cada uma delas uma taça de êxtase supremo. Chega um momento, entretanto, em que é necessário escolher uma direção – é preciso descobrir aquela palavra, aquela única palavra que dá nome ao nosso sofrimento, que nomeia a nossa nostalgia, para que saibamos para onde ir. Há um ditado que diz que a melhor comida é angu com fome. Que adianta o bufê servido com dez mil pratos se o corpo não deseja nenhum? Mas se existe a fome, feijão com arroz é uma alegria incontida. Felizes os que têm fome... Os poetas rezam sempre. Rezam porque a poesia é coisa que se escreve diante do vazio, mínima refeição de palavras para matar uma fome que não pode ser matada: A fome de viver. Os poetas sabem que é inútil que se comprem todas as coisas. Diferentemente daqueles que rezam para que Deus lhes encha a barriga, eles rezam para que nunca deixem de ter fome. Porque, se deixarem de ter fome, eles deixarão de ser poetas. Nada mais triste que um corpo sem desejo. Disso sabem muito bem os que amam. Vejam essa terrível oração de T.S. Eliot: “Salva-me, ó Deus, da dor do amor não correspondido, e da dor muito maior do amor correspondido”.
(*) Jornalista e Escritor EUGENIO SANTANA – Registro MTb 1319/JP. Autor de seis livros publicados – O encantador de leitores vorazes, estrelas, celebridades, pérolas, esmeraldas, rubis e diamantes...
segunda-feira, 6 de abril de 2015
AS RAÍZES CRESCEM PROFUNDAMENTE QUANDO OS VENTOS SÃO FORTES (*)
Uma breve seca pode ter um efeito devastador em uma safra de brotos que recebeu muita chuva. Porque durante as chuvas freqüentes, os brotos da plantação não precisam lançar raízes profundas no solo em busca de água. Se mais tarde ocorrer uma seca, as plantas com raízes curtas logo vão morrer.
Não tente dar um jeito no sofrimento de todas as pessoas. Para alguns, esta é uma ordem difícil de obedecer, porque somos inclinados a tentar dar um jeito em tudo. Gostamos de tornar as coisas mais fáceis para os outros, principalmente para aqueles que amamos, como nossos filhos. Queremos protegê-los e resguardá-los e, se possível, poupá-los da dor. Se existir uma maneira de sofrermos no lugar deles, nós o faremos, com alegria. Mas, se tentarmos fazer isso, eles aprenderão cada vez menos. Não devemos poupá-los das lições que a vida oferece. Deixe que aconteça. Deixe fluir. Com certeza, precisamos apoiá-los e permanecer ao lado deles, mas não tentar resolver os problemas deles. Como o título deste livro diz: “Ventos fortes, raízes profundas”.
Ensurdeça um gênio compositor, e você tem um Ludwig Van Beethoven.
Chame-o de alguém com dificuldade de aprendizado, “retardado” e rotule-o como incapaz, e você tem um Albert Einstein. Eduque-o em uma situação miserável, e você tem um Abraham Lincoln. Derrube-o com paralisia infantil e ele se torna Franklin Roosevelt. Enterre-o na neve de Valley Forge, e você tem um George Washington.
Todas essas situações se incluem na categoria das lições duramente ensinadas nas salas de aula da dor.
Devemos aprender a respeitar as lições duramente ensinadas porque descobriremos que é na bigorna da dor e da enfermidade, do sofrimento e da injustiça que se forja o caráter.
Somente os que têm raízes profundas são capazes de suportar os ventos fortes.
(*) por EUGENIO SANTANA, Escritor, Jornalista, Ensaísta, Copidesque, Revisor de textos, Relações públicas e Analista de Marketing. Autor de seis livros publicados. Sócio efetivo da Academia Cachoeirense de Letras (ACL) e da União Brasileira de Escritores (UBE). E-mail: eugeniosantana9@gmail.com – WhatSapp: (34) 9241-3331
domingo, 11 de janeiro de 2015
AS MULHERES SÓ QUEREM TER RAZÃO (*)
“Precisamos conversar. Quero falar e você vai me escutar: Você tem medo de quê?”– questionam as mulheres. E o homem sabe que é inocente, que não fez nada de errado – pelo menos não tão errado assim – mas ainda assim recua. E a hesitação é a sua perdição.
O poder de argumentação de uma mulher parece infindável, até porque é um novelo. O fio é conhecido, já foi todo mostrado, mas é outra vez desenrolado como se tudo ali fosse novo; assuntos dados como resolvidos voltam com a força de um titã, como revelações avassaladoras gravadas em pedra e os golpes são dados com a precisão de esgrimista.
Você tem medo de quê? A pergunta sempre volta, reforçando os golpes, mantendo o homem nas cordas, acuado. Toda mulher tem uma certeza na vida: alguma culpa ele tem, mesmo que ela não saiba, muito menos ele. A elas não interessa o nocaute, a capitulação final. As mulheres só querem ter razão. São elas que determinam o fim da discussão, mas sempre depois de exauridas as forças do parceiro que concorda ainda atordoado. Também são elas que propõem as inegociáveis condições para a paz entre o casal.
No final de tudo, a gente não sabe por que a discussão começou, nem ao que levou. Mas sabe que vai ter mais. Sempre tem.
(*) Jornalista/Escritor EUGENIO SANTANA, FRC – Registro MTb 1319/JP – O encantador de pérolas, esmeraldas e diamantes...
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