quarta-feira, 30 de junho de 2010

ASAS DA MEMÓRIA (*)


Arquétipos que se perderam
na poeira cósmica do tempo.
Tipos que ficam e não crescem,
perdem-se no seu próprio rastejar.

Aqui estou – outra vez,
entre as asas da luz
e da sombra.
Entre o passo, o pássaro,
o impacto, o pacto, o parto
e a dor do amor.
Folhas de plátano
dançam ao sabor do vento.

Aqui estou
entre a espada e a cruz,
ritos e mitos, arte e poesia.
Brilho sinistro – o sucesso;
palidez mortal – os mistérios.

Na asa do tempo,
cálido dedo não se omite.
Obstinado, gesticula, grita.

Não obstante, verbo de luz difusa,
lanço essas asas da memória
ao abismo oceânico em que navego.

(Eugenio Santana)

(*) Extraído do livro “FLORESTRELA”.
Hórus/9 editora, Goiânia, pág. 56, 2002

terça-feira, 22 de junho de 2010

BATE, A PORTA SE ABRIRÁ


Melhor que, em vez de mil palavras
Houvesse apenas uma, mas que trouxesse a Paz.
Melhor que, em vez de mil versos
Houvesse apenas um, mas que mostrasse o Belo.
Melhor que, em vez de mil canções,
Houvesse apenas uma, que espalhasse alegria.

Para haver paz no mundo, é necessário que as nações vivam em paz.
Para haver paz entre as nações, as cidades não devem se levantar umas contra as outras.
Para haver paz nas cidades, os vizinhos precisam se entender.
Para haver paz entre os vizinhos, é preciso que reine harmonia no lar.
Para haver paz em casa, é preciso encontrá-la em seu próprio coração.

“Pedi, e receberás.
Procure, e encontrarás.
Bate, e a porta se abrirá.
Porque quem pede, recebe; quem procura, acha; quem bate, a porta se abre.” (Jesus de Nazaré)

(Eugenio Santana, FRC – fragmento/copidesque.)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

FÊNIX - RENASCIMENTO


No dia 29 de janeiro de 1996, uma labareda tomou conta de uma das construções mais valiosas de Veneza: a casa de ópera La Fenice, de 204 anos de idade. Centenas de pessoas viram o edifício ser consumido pelas chamas.

Isso causou tristeza? Sem dúvida. Causou desespero? Não. A construção da La Fenice já havia sido retardada em 1792 por causa de um incêndio. Outro incêndio, em 1836, obrigou a população a reconstruir a casa de ópera. Também, após o incêndio de 1996, os venezianos começaram a reconstruí-la.

Por coincidência, La Fenice significa "a Fênix", referindo-se à ave mitológica de grande porte que merecia o título de animal mais raro da face da terra, simplesmente por ser a única de sua espécie.

A Fênix possuía uma parte da plumagem feita de ouro e a outra colorida de um vermelho incomparável. A isso ainda aliava uma longevidade jamais observada em nenhum outro animal. Seu habitat era os desertos escaldantes e inóspitos da Arábia, o que justifica sua fama de quase nunca ter sido vista por ninguém.

Quando a Fênix percebia que sua vida secular estava chegando ao fim, fazia um ninho com ervas aromáticas, que entrava em combustão ao ser exposto aos raios do Sol. Em seguida atirava-se em meio às chamas para ser consumida até quase não deixar vestígios. Do pouco que sobrava de seus restos mortais, arrastava-se milagrosamente uma espécie de verme que se desenvolvia de maneira rápida para se transformar em uma nova ave, idêntica à que havia morrido.

A crença nessa ave lendária figura na mitologia de vários e diferentes povos antigos, tais como gregos, egípcios e chineses. Apesar disso, em todas essas civilizações, seu mito preserva o mesmo significado simbólico: o renascer das próprias cinzas.

Até hoje, essa idéia é bastante conhecida e explorada simbolicamente.

Podemos restaurar o que os incêndios destroem em nossa vida? Às vezes. Em outras circunstâncias é melhor que as cinzas sejam esquecidas, para que algo completamente novo seja construido.

Renascer é o processo através do qual você lamenta sua perda e depois se levanta e começa tudo de novo. É um dos principais segredos para alcançar o sucesso. As pessoas realizadas são aquelas que nunca desistiram de tentar ser assim.

Enquanto você está processando integralmente os aspectos fisico, psicológico e emocional da decepção, vai começar a notar que continua vivo. Algumas pessoas pensam que não podem suportar aquela crise de jeito nenhum porque é demais para elas. Conscientizar-se de que você é um sobrevivente daquela experiência ruim é muito importante. Isso é chamado de viver o tempo presente.

Você não está mais revivendo repetidamente o passado na sua cabeça. Está pronto para viver o presente, aqui e agora.

O que aflora em seguida é a noção de que pode existir um futuro. Considerar um futuro significa preparar-se para olhar para frente e imaginar que existem opções.

A criatividade entra no quadro quando você acredita que na verdade poderia visualizar uma vida, elaborar um plano para concretizá-la e então resolver avançar passo a passo. Você considera as possibilidades que nunca imaginou e começa a estabelecer objetivos, atividades que o colocam mais uma vez no tabuleiro do jogo da vida.

Será preciso avaliar se é mais sensato continuar a batalhar pelo mesmo objetivo que perseguia antes, ou se é melhor formular uma nova meta. Também terá de determinar um novo curso de ação, construído sobre as lições que aprendeu com a crise, revisando seus planos em tudo que for necessário.

Depois de uma decepção, seus objetivos iniciais não serão monumentais. Serão passos minúsculos de bebê que vão aumentando aos poucos. Não serão passos para trás, retrocendo aos velhos e bons tempos, nem farão com que você ande em círculos, sem saber direito o que fazer com sua vida. Esses novos passos serão dados para frente, na direção do seu futuro. Seu novo futuro pode até ser semelhante ao passado, antes da crise, mas agora você pode abordá-lo com olhos mais abertos e com a vantagem do conhecimento que adquiriu.

Apesar de não serem passos gigantescos associados a conquistas significativas, seus objetivos novos o levarão na direção certa. Não deixe de reconhecê-los. Tenha o cuidado de não menosprezá-los, desacreditá-los ou desqualificá-los por não estarem no mesmo nivel de realizações anteriores. Parte desse processo de andar para frente é dar-se permissão para estar em um nivel diferente, apesar de novo, de realização. Como diz o ditado, as vezes você precisa "ir mais devagar para ir mais depressa".

Algumas vezes, como a Fênix, temos de renascer das cinzas, devemos passar pelo fogo e sair fortalecidos, renovados e renascidos.

(EUGENIO SANTANA, FRC - Jornalista, escritor; livros publicados; da UBE/GO-SC; Da ALNM - Academia de Letras do Noroeste de Minas. Foi Coordenador de RH/Gestor de Pessoas nas décadas de 80/90. Atualmente, está radicado no Rio de Janeiro.)

domingo, 6 de junho de 2010

ANÁLISE AFETIVA DO CIÚME NA RELAÇÃO AMOROSA?


Quanto ao aspecto possessivo, o ciúme tende a ser máximo. Assim, o casal apaixonado costuma se afastar de todos os amigos e da maior parte dos parentes. Isso se dá porque se sentem inteiros em virtude da fusão amorosa e também incomodados com a presença de qualquer criatura que tenha significação afetiva para o outro e vice-versa. Até aí, nada de especial, embora esteja composta uma condição ideal para que possamos refletir mais profundamente sobre a presença de um componente "egoísta", ainda que exercido a dois, no seio da fusão romântica. Eles começam a se incomodar profundamente com as pessoas que, tiveram algum tipo de importância afetiva para o parceiro.

Então, a situação se torna mais complicada, pois o ciúme nasce no meio de uma conversa ingênua, na qual um dos dois está narrando algum detalhe de sua história, contando de seus antigos amigos e namorados. De repente, o clima agradável de intimidade se interrompe, porque aquele que ouviu as confidências se cala e dá sinais claros de desagrado. Sentiu ciúme retroativo! Incomodou-se com algo que já passou, que não o ameaça em nada, e com o fato de o amado ter tido uma história que o antecedeu, de não ter saído do útero de sua mãe diretamente para seus braços. Ainda que fosse verdade, é possível que sentisse ciúme da mãe e do útero dela. O amado se irrita e se entristece ao saber que o parceiro viveu momentos de forte emoção antes dele, tanto os de alegria como os de tristeza, mas principalmente os primeiros. Fica irado ao descobrir que o parceiro já amou intensamente outra pessoa, que teve fortes sensações eróticas como parte de suas vivências anteriores, que atingiu certas posições sociais, que viveu em determinados locais etc. Seguramente, gostaria que todos os momentos importantes de sua vida tivessem sido com ele compartilhados.

É evidente que esse tipo de manifestação do ciúme, extremamente comum quando se estabelecem relacionamentos intensos, que costumam ser os de maior afinidade, não tem relação com os fatos atuais, de modo que o sentimento deriva de nossa capacidade de imaginar.

Acredito que corresponda, em grau extremo, ao mesmo mecanismo possessivo presente em todos nós, em que o desejo é o de que o outro não exista a não ser como parte de nós. Todos os indícios de que o outro tem vida própria e é mais do que nossa metade determinam a revolta e a irritação próprias do ciúme.

(Eugenio Santana, FRC - Copidesque/Fragmento - "Consultor de relacionamentos nos momentos de ócio criativo.")