sábado, 24 de agosto de 2024
FILAMENTOS DE UM POR DO SOL ANDRÓGINO (*)
Admirava-o. Não perdi a admiração. Acredito que ela tenha aumentado. O bizarro, é que nunca cheguei a pensar como tudo havia acontecido. Eu era, testemunha ocular de um gesto que o personalizou, ainda que não tenha tido a intenção, seu trabalho bastaria, como bastou. Entre os estandartes da demência e da genialidade, fez-se eterno.
O vermelho deslizava-lhe pelo pescoço, avolumando pequenas poças, coágulos, gosmas, querubins malditos, formas mortas, abortos, abutres, assentados nos pêlos da sua barba. Seu olhar fixo, sem nenhum tremor, como se nada acontecesse, e não fora ele o autor, intérprete, diretor, cenário e palco do monólogo vermelho. A colcha que cobria a cama ganhava nova coloração e forma, pintura primitiva, esvaindo-se das minas da carne, viscosa e quente, contrastando à indiferença do seu olhar, parede e alcova, da emoção. O corpo demonstrando declínio ante a dor não exposta e fraqueza natural, quedou-se devagarzinho, de encontro à cama.
O instrumento cúmplice, banhado de vermelho, parecia um bumerangue aborígene, pássaro apocalíptico da trilogia da negligência. Nós éramos mórbidos epigramas do triângulo em gestação. Cortado pelo gélido pincel, foi-lhe a carne dividida, lembrando o pão da santa ceia, às avessas.
Ela estava arrancada dele, definitivamente separados. Não fiz nada. Senti que não deveria interferir. No entanto, não poderia abandonar aquele momento trágico e sedutor, sem pegar um souvenir.
Quanto tempo sonhei com aquela tarde no Louvre. Lá estava eu, entre dezenas de grandes mestres, todos fascinantes com seus estilos, e rupturas que marcaram época, contudo, queria encontrá-lo, devorá-lo ao vivo, longe das reproduções e slides, que durante anos foram companheiros nas salas de aula. Somente ele, nenhum outro, de tal forma, conseguia desequilibrar-me, colocando-me à deriva emocional. Diante da sua arte, caminhava entre as plantações de trigo, girassóis e moinhos. Nessa viagem, frenesi de quem parte sem ausentar-se, somente retornava a mim mesmo, quando os alunos em coro, chamavam-me.
Andando pelos corredores do Louvre, escarnavam-me o olhar babando as gosmas saborosas das retinas, Delaroche, Velasquez, Picasso, Gaugain, Renoir, Monet, que me provocou compreensível – breve – parada. Ele, de certa forma, bordava as lantejoulas do meu frenesi. Continuei a busca, com a certeza da sua proximidade. Subitamente, como se algo, chamasse-me a atenção, tocando-me às costas, virei-me, e o paraíso descerrou as cortinas – a luz amarela – estrela vésper da sua pintura, mergulhava na umidez vermelha dos meus olhos.
Ignorando as pessoas em volta, perdendo com mais intensidade a noção do tempo, ao êxtase tântrico pictórico, minha alma alada, já não era alma. Era um arco-íris pousando no útero da tela, onde fiquei, até que uma voz – sempre elas – trouxe-me de volta para o outro lado – a terceira margem do rio do tempo – ao insistir que estava na hora de fechar o museu.
Saindo do Louvre, meus olhos garimpavam o transe. Na indiscreta verticalidade do abismo, encontrei o metal cortante. Minhas náufragas, suadas digitais, revelaram a dissimulada atração. Ao guardá-lo, no bolso esquerdo da jaqueta, forte era a sensação de Ícaro, cujas asas a monotonia, não mais haveria de derreter. No balanço do meu andar, o metal batia e voltava sobre meu coração, como chibatadas, açoitando a dolorida ansiedade.
A uma quadra do hotel, resolvi parar num café, escolhendo uma mesa na calçada. Após a primeira taça de vinho tinto seco, vejo-me novamente em seu quarto. Ele com o instrumento em riste, no topo da orelha, não ousava dizer absolutamente nada. Quedou silente. Os músculos de sua face e seus olhos eram os mesmos bailarinos paralíticos, completando a alegoria do hiato, antecedendo ao gesto. Sua mão, única expressão de vida, desceu num frêmito impulso guilhotinador. Um desejo irremovível de amputar. Em queda, as gotas de sangue eram filamentos de um pôr-do-sol andrógino.
Sentado no café, o garçom perguntava-me se queria outra garrafa. Pedi a conta, ao mesmo tempo em que apalpava os bolsos da jaqueta.
Chegando ao hotel, peguei a chave, tomei o elevador. Dentro do apartamento, ouvi o farfalhar das asas de dois pássaros vermelhos, fui ao lavabo, postei-me frente ao espelho, retirando, primeiro do bolso esquerdo da jaqueta, o dócil e inofensivo cortante metal. Depois foi a vez do souvenir. Ao empunhar o metal sobre minha orelha, no canto esquerdo superior do espelho, Van Gogh, observava-me passivamente. No mármore do banheiro, a orelha de Van Gogh, já não estava sozinha.
(*) EUGENIO SANTANA é Esccritor, Filósofo, Jornalista, Ensaísta, Biógrafo e Gestor editorial. Pertence à UBE - União Brasileira de Escritores. Colaborador da ADESG, AMORC e do Greenpeace. Autor de vinte livros publicados: contos, crônicas, ensaios, biografias, romances, silogismos e autoajuda. (62) 99635-8005 WhatsApp
sexta-feira, 23 de agosto de 2024
SEDUTORA, ELA SUSSURRAVA E GEMIA: LILITH, A PRIMEIRA MULHER! (*)
De acordo com os escritos do Zohar, livro que reúne textos de sabedoria rabínica dos testemunhos orais sobre o Gênesis, antes de Eva ser criada por Deus, ele criou Lilith para ser a primeira companheira de Adão.
Lilith é considerada um demônio, não uma mulher. Foi criada do pó negro e excrementos, ela era cheia de saliva e sangue, símbolo do desejo, e bela como um sonho. Aparece para Adão no Jardim do éden à sombra de uma alfarrobeira ornamentada com preciosos colares.
É a mulher que faz o homem sentir pela primeira vez a relação sexual. Ela é sedutora, e aquela que sussurra e geme, porém o que a difere de Eva é que ela queria ser uma mulher com os mesmos direitos que o homem. Então, começa a questionar Adão sobre o motivo de ter que se submeter às vontades dele: “(…) – Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abri-me sob teu corpo? Por que devo ser dominada por você? Contudo eu também fui feita de pó e por isso sou igual.
A recusa de Adão em conceder a paridade desejada por Lilith, a deixa irritada e faz com que ela se afaste dele. Quando Adão acorda e não acha sua companheira, dirige-se a Deus como um filho que confia na experiência e na autoridade paterna. O pai quer saber a causa do litígio e compreende que a mulher desafiou o homem e, portanto, o divino. Lilith tinha fugido em direção ao mar vermelho, Deus a chama e profere sua ordem: “O Desejo da mulher é para o marido. Volta para ele.
Lilith não responde com obediência, mas com recusa e diz que não tem mais nada a ver com seu marido. Deus insiste. Porém Lilith se transforma, não é mais a companheira de Adão, não quer ser submissa a ele. Então, Deus manda uma ordem de anjos alcançarem Lilith e dão a ela a ordem de voltar para junto de Adão, pois, senão o fizer, será afogada. Lilith se recusa mais uma vez. Os anjos resolvem poupá-la, mas como castigo da desobediência da lei do marido e do pai, ela passa a viver vagando pelo mundo e seus filhos viram demônios. E desde aquele dia não houve mais paz ao homem, pois Lilith perturba seu sono induzindo-o a mortais abraços com as mulheres.
O mito de Lilith foi censurado na Biblia e ficou de fora do livro, justamente por conter essa proposta onde a mulher contestava sua posição, reclamava seu lugar junto ao homem de forma igualitária e não de forma submissa. Os homens por sua vez temiam que essa passagem poderia influenciar mulheres da época a serem independentes perdendo assim o poder de dominação sobre elas. Daí surge a justificativa para a famosa Caça às Bruxas no século XV, XVI e XVII.
Assim a mulher, historicamente oprimida, é invalidada e governada pelo poder patriarcal, já na história de Adão e Eva, colocada na Bíblia por homens que a organizaram, destaca a mulher como inferior ao homem e sob seu total domínio, uma vez que ela não foi criada a partir da divindade e sim da carne e ossos do homem, portanto Ser imperfeito, que necessita da proteção e cuidado do homem para que não sucumba as tentações.
(*) BY EUGENIO SANTANA, escritor, filósofo, ensaísta, jornalista e gestor editorial. Autor de 20 (vinte) livros publicados incluindo o best-seller, "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros diamantes brutos. (62) 99635-8005
quinta-feira, 22 de agosto de 2024
NÃO SE FORÇA A PUBLICAÇÃO DE UM LIVRO, NÃO SE FABRICA BEST-SELLERS DO NADA (*)
Muitos escritores acham difícil dar os passos seguintes ao término da obra. Têm uma página no face, mas poucas curtidas, quase nenhum compartilhamento. Colocam no Wattpad e não angariam mais que meia dúzia de leitores. Chamam os amigos para ler mas poucos respondem, nenhum comenta. Mandam seu original para editoras e recebem resposta só de prestadores de serviço querendo que os autores paguem pela impressão. O que fazer para vencer a barreira de ser um autor desconhecido? Isso é possível? Sim, é. Há um caminho possível, mas é provável que você precise mudar um pouco sua forma de pensar. Vou explicar em várias partes, tenha um pouco de paciência. Apesar de parecerem problemas distintos – editoras, público leitor, ser conhecido –, na verdade são uma questão só, com vários aspectos. Afinal, o que as editoras querem? As editoras querem, e na maior parte das vezes consideram, sim, publicar autores nacionais, porém com a condição de que tenham uma postura profissional e que a obra esteja pronta. Editores não querem perder tempo ensinando a autores como se profissionalizar, nem querem investir um monte de trabalho para transformar uma obra com muitos defeitos numa obra publicável. Pelo menos não se o autor não for já muito famoso. Mas é perfeitamente possível que você aprenda a fazer as duas coisas, assumir uma postura que impressione bem editoras de verdade, e apresentar uma obra acabada, que possa ser publicada. Autores precisam entender que ninguém no mundo editorial se vê como responsável por colocar autores inexperientes, sem noção de como as coisas funcionam, no colo. Quem se mete a escrever para ser lido e publicado precisa aprender por conta própria como as coisas funcionam. Não, não há um agente que vai cuidar de tudo. Não, não há um editor que vai cuidar de tudo. Não, não basta escrever bem, ter criatividade e boas ideias. Editores sentem um horror instantâneo por autores que chegam (por cartas ou e-mails ou mensagens) chorosos, arrogantes, insistentes, exigindo respostas. Pobres vítimas de um sistema que não os favorece ou raivosos por não receberem atenção.Se você é autor/a, considere que faz parte de sua carreira aprender como o mercado funciona. Vá atrás da informação. Entenda os tipos de editoras existentes, os gêneros literários, o que tem feito sucesso. Aprenda por você, para tomar suas decisões. Seja responsável, aja como maior de idade. Não queira que alguém venha fazer tudo por você. Querer ser colocado no colo atrai pessoas que não são editores e que não vão transformar sua obra num sucesso. Livros são produtos culturais, assim como músicas, filmes, peças de teatro, shows. Produtos culturais fazem sucesso quando um grupo de pessoas – chamado de público – gosta deles. E apesar do que imaginam montes de escritores, não é possível fazer ninguém gostar de uma obra. O marketing pode aumentar as vendas de um livro, mas não se o livro já não contiver elementos que agradem aos potenciais leitores. Não se força a venda de livros, não se fabricam best-sellers do nada. Se as pessoas não gostam, não emplaca.
(*) EUGENIO SANTANA é escritor, filósofo, gestor editorial, jornalista, ensaísta e agente literário. Fundador da Hórus9 Produções Editoriais. Autor de 20 (vinte) livros publicados. Em destaque o best-seller, "VENTOS FORTES, RAÍZES PROFUNDAS", Madras editora. WhatsApp (62) 99635-8005
domingo, 18 de agosto de 2024
A ROTA DO VOO PARA O PLANO INFINITO (*)
Há qualquer coisa de infinito em cada um de nós. Não nos bastamos. Não nos saciamos. Queremos ir além das pegadas de nossos passos, tocar mais distante que a extensão de nossas mãos, ver o invisível, ouvir as insinuações do inefável, sentir as pulsações da terra e o sabor do fogo e do gelo em nossas entranhas.
A vida, dentro da história, é curta demais para conter a infinita ânsia de amar. Somos sempre para além de nós mesmos. Nossos olhos registram as faces queridas, a casa paterna, o bolo da infância, a praça da matriz, os colegas de rua e dos primeiros anos escolares, o sorriso inconfundível, a música marcante, certas palavras esculpidas em nosso afeto.
Às vezes, por um momento, nos julgamos saciados pelo poder, pelo dinheiro ou pela fama. À luz do sol a maré baixa e o vazio se manifesta.
Só o alimento pode saciar nossa fome. Só a água pode matar nossa sede. Só os outros podem nutrir nossa penúria. Sozinhos, somos a derrota orgulhosa, a vitória mentirosa. Há esse ímpeto de ir além, ultrapassar fronteiras, conquistar o inacessível. A transcendência.
Assim como o vôo se faz de movimento, vento, espaço, o amor e a liberdade se tecem de mediações concretas: as condições sociais de nossa existência. Ao contrário das aves, caminhamos sobre a terra e as nossas pegadas são gravadas a cada passo. Voamos sem conhecer o rumo e sem saber o destino. A rota do céu passa pelo caminho da Terra.
Os pássaros são abatidos em pleno vôo e continuamos a falar em velocidade. Nossas palavras são como essas bandeiras coloridas estendidas sobre caixões no dia do funeral. Na transparência dos outros encontramos a transcendência de Deus.
O que sobrará?
Um livro, talvez, escrito nas noites insones, palavras e mais palavras, pensamentos e pensamentos, reflexões e mais reflexões, nele permanecendo um pouco – ou muito? – de nossos anseios, de nossos sonhos e utopias, de nossas dúvidas, de nossas esperanças e fé? Talvez fragmentos de nossas vidas ávidas transformando seres reais em personagens ou universos oníricos em realidades palpáveis? E quando o tempo se for, as páginas, já amareladas e carcomidas, trarão as marcas indeléveis do pensamento de quem o escreveu, tornando-o recordação duradoura.
O que ficará?
Os filhos, cada um trazendo a lembrança de um grande amor vivido, traços e gestos que não permitem esquecer a pessoa amada, e os filhos de nossos filhos na continuidade da árvore genealógica, de gerações que farão lembrar sempre uma trajetória plena de mutações, mas imutável em seu correr célere e constante?
O que sobrará?
Nossas boas ações que colocarão nos lábios dos que nos querem bem palavras de reconhecimento e ternura, eternizando nossa imagem? Ou o mal que fizemos um dia, transformando corações magoados em sótão de tristezas, porque deixou cicatrizes de dor no outro?
O que ficará?
Talvez os sonhos não concretizados, esperando que outros os realizem, mas recordando as motivadoras palavras de Rubem Alves: “A vida é uma sonata que, para realizar sua beleza, tem que ser tocada até o fim. A vida é um álbum de minissonatas. Cada momento vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e de amor justifica a vida inteira”.
Temos convicção de que, cumprida a sonata de cada um de nós, ínfima que seja, com seus instantes de beleza e de amor incondicional, outras sonatas continuarão nossos acordes, promovendo o ciclo da existência que não se acaba jamais.
Indecifrável mistério da morte. D/amor/te.
(*) EUGENIO SANTANA, escritor, jornalista, ensaísta, filósofo e gestor editorial; consultor em gestão de pessoas/RH e autor de 20 (vinte) livros publicados. Contratado por dez" anos pela MADRAS Editora, de São Paulo, Capital. "VENTOS FORTES, RAÍZES PROFUNDAS", Autoajuda, Autoconsciência, Autorealização, crescimento pessoal e evolução humana, é o seu "filho favorito" e esse destaque se deve por ter-se transformado em um best-seller. À venda em todo o Brasil. (62) 99635-8005 WhatsApp
A EXTREMA ESQUERDA (PSOL) ASSUMIRÁ A GESTÃO DA CAPITAL PAULISTA
O CLÃ BOLSONARO ESTÁ VULNERÁVEL E PROVARAM SEUS INTERESSES ESCUSOS/SOMBRIOS. EIS A LISTA DOS HIPÓCRITAS : NIKOLAS FERREIRA, TARCÍSIO DE FREITAS, SILAS MALAFAIA, EDUARDO BOLSONARO, VALDEMAR DA COSTA NETO ETC. ESSES ARRIVISTAS/PUSILÂNIMES, ESTÃO SE ESQUIVANDO DE APOIAREM O PABLO MARÇAL. SÓ VOTAREI NA PRÓXIMA ELEIÇÃO, PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA, (SE AINDA ESTIVER MORANDO NO BRASIL), NO ROMEU ZEMA OU RONALDO CAIADO. (JORNALISTA EUGENIO SANTANA - FENAJ-DF/MTb 001319)
terça-feira, 13 de agosto de 2024
O FIM DAS ILUSÕES...
- Um dia elas vão acabar?
- perguntei. - As ilusões?
- Claro que vão. No momento em que acreditamos que estamos distantes do Amor, entramos no mundo das Aparências, seja por um instante ou até por um bilhão de anos. Todos os mundos, todos os mundos após os mundos, todas as possibilidades de infernos e céus, tudo isso dança conforme a música das nossas crenças. Até onde sei, as crenças só falam um idioma: o das ilusões. Se deixamos as ilusões irem embora, as crenças somem. O Amor vai estar com você neste mesmo instante, como sempre esteve. (copydesk/fragment by Writer and journalist Eugenio Santana)
segunda-feira, 12 de agosto de 2024
20º LIVRO PUBLICADO...
Eis aqui o meu 20° livro/"filho" publicado, "FRAGMENTOS DE CAOS E COSMOS". Uma miscelânea de textos abordando: autoconsciência, relações afetivas, toques motivacionais, misticismo, autorrealização, filosofia, epifania e "neuroforia". Aos leitores compulsivos e vorazes que queiram adquirir a obra, o custo é de 49,90 reais incluindo a taxa dos correios. CHAVE PIX: (62) 99635-8005. MINHA C/C DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. (Escritor, jornalista, gestor editorial, analista em RH; filósofo rosacruz Illuminati EUGENIO SANTANA, FRC - (62) 99635-8005 WhatsApp)
EXISTE, SIM, ALEGRIA NA SOLITUDE...
Verbalizam que estamos vivenciando uma "epidemia" (ou não seria virose?!) da SOLIDÃO. Mas será que o problema é a solidão ou a maneira como visualizamos e experienciamos o nosso tempo a sós? A solidão é o melhor caminho para o autoconhecimento e para uma vida AUTÊNTICA e plena de sentido. Existe LUZ na solidão e um bom motivo para apreciarmos o silêncio e encarar o vazio para, assim, descobrir a fonte inesgotável de um Oásis de AMOR dentro de nós. Aprenda a gostar mais da própria companhia. Aprenda a se perdoar e seguir em frente com compaixão. Aprenda a se valorizar e respeitar suas vontades. Desenvolva uma mentalidade positiva e amorosa consigo mesmo. Reconhecer e valorizar suas próprias emoções. (Escritor/jornalista/filósofo EUGENIO SANTANA, FRC)
sábado, 10 de agosto de 2024
EFÊMERO, EU TE SEGUIREI PELOS CAMINHOS DE LUZ...
Estou de partida. Breve me mudarei para a curva do teu braço. Busco a terra sem vento, a mansa terra do teu seio. E a batida surda e quente do magma mais profundo para embalar o meu sono. Busco a tranquilidade do oásis miragem. Já conheci as águas que eu preciso saber. Fui bem além das colunas de Alexandria, e há muito descobri que, por mais longe o oceano, jamais despenco. Conquistei os mares, lancei-me por entre espumas. Naveguei seguindo as estrelas do céu, contando as estrelas do mar, até chegar a portos dos quais nem suspeitava a existência. Agora é tempo de lançar meus braços à água, deixando que enlacem nos rochedos ancorando - me ao meu destino. Escolho o teu lado esquerdo , onde me beija o sol ao crepúsculo. E espero que tua mão esquerda amaine minhas velas. Assim, acima do teu coração, encosto a cabeça. E pequeno como um grão de mostarda, deito raízes e preparo asas. Aprenderei a conhecer-te através da planta dos meus pés 42, como o cego sabe onde pisa, como o índio que conhece a trilha inimaginável. (Escritor/jornalista/ensaísta EUGENIO SANTANA, FRC)
DEPOIS DO CAOS, A TERRA E EROS NASCERAM (*)
Eros era um grande deus, um deus digno de admiração dos homens e dos outros deuses, por muitas razões, mas, sobretudo, pela sua origem. Eros tem a honra de figurar entre os deuses mais antigos e prova disso é que não tem pai nem mãe, e nenhum prosador ou poeta lhe atribuem progenitores. Hesíodo afirma que: “Primeiro foi o Caos; depois a Terra de grande seio, eterno e seguro fundamentado de todas as coisas e, depois, Eros”. Acusilau pensa como Hesíodo. Para ele, foi depois do Caos que a Terra e Eros, isto é, a Terra e o Amor, nasceram. Por outro lado, Parmênides diz o seguinte a respeito da Origem: “A Eros ela inventou como primeiro de todos os deuses”. Assim, diferentes pontos de vista concordam que o deus do amor é um dos mais antigos. Este deus tão antigo é também a causa do bem que recebemos, porque não conheço maior bem para um jovem do que amá-lo com virtude, nem para um amante do que amar um objeto virtuoso. Esse é o sentimento que deve reger toda conduta nossa, se quisermos viver honestamente. A esse sentimento, nem as genealogias, nem as honras, nem as riquezas e nem nada, podem inspirá-lo tão bem como Eros! Que entendo por amor? – As ações desonestas ligam-se à desonra, e as boas ações ligam-se ao amor. Sem essas duas coisas, nem o Estado, nem o cidadão podem realizar o bem e o belo. Ouso afirmar, que se um homem ama e for surpreendido em um delito vergonhoso, ou suporta um ultraje sem saber defender-se, sofre menos ao ser repreendido pelo pai; por um parente; ou por qualquer outra pessoa, do que por aquele a quem ama. Verificamos, também, que é diante do ser amado que se sente mais vergonha. Assim, se houvesse a possibilidade de formar um Estado ou um exército, composto somente por amantes e amados, obteríamos a constituição política insuperável, pois ninguém praticaria ações desonestas e eles se estimulariam reciprocamente para a prática das belas coisas. E quando esses homens lutassem juntos, apesar do seu reduzido número, poderiam vencer quase o mundo inteiro. Com efeito, um amante teria menos vergonha de abandonar seu posto, ou de lançar fora as armas perante o olhar de um exército inteiro, do que sob o olhar de quem ama; preferiria mil vezes morrer a sofrer tal vergonha! Quanto à possibilidade de o amante abandonar o amado durante o perigo, e negar-lhe socorro, não há homem, mesmo entre os mais covardes, que Eros não inflamasse de coragem a ponto de fazer dele um herói autêntico! Exatamente como disse Homero na Ilíada: “O deus insuflou coragem a alguns dos heróis”. É isso que Eros faz àqueles que amam.
(*)EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta. Diretor de Redação da revista Cenário; foi Superintendente de Imprensa no Governo do Rio de Janeiro
quinta-feira, 1 de agosto de 2024
CAÇADOR DO DESENCANTO (*)
Um homem calado, de olhar perdido e vago desce do automóvel e senta-se à mesa do Bar. Em cada canto vê desfilar os fragmentos que foram o microcosmo de sua vida atormentada. Com as mãos sobre a mesa, pede uma bebida qualquer e começa a recordar. Assiste em flash back as cenas dos velhos tempos. No olhar inexpressivo, delineia-se uma ponta de amargura, e a dor perpassa as barreiras do coração: sentimento de angústia na asa da saudade e da memória. Visão da janela do casarão: vilas perdidas, de casinhas brancas e portais azuis, perdidas nas asas do tempo e da lembrança tardia. Cicatrizes contundentes na alma provocara aquele antigo amor. Quisera fosse quimera e jamais uma obstinação. Hoje vem reaver pedaços de si que deixara nesta rua, nesta cidade, nesta mesa de Bar. Tentativa inútil de recompor a vida que se fora e se perdera nos labirintos de tarântulas e nos túneis azulados de uma existência de névoas e neblinas... Há anos guarda consigo estilhaços daquele estranho e perdido amor. O ser amado se fora como os peixes que se vão e se perdem nas enchentes de imensos rios.
O homem cabisbaixo termina a bebida e pára a reflexão como num breve sussurro do vento. Sorvera doses em goles de velhas e carcomidas e indormidas lembranças, arraigadas no passado recente, já que a vida é feita mesmo de chegadas e partidas. Despede-se do amigo do Bar num aceno que traduz alívio, alento, serenidade e repentina paz interior. Entra no automóvel e ganha o calor da rua central. Nas Asas da Noite Imensa, difusa e misteriosa, desaparece a figura algo lírica e mitológica de um Caçador do Desencanto!... (*)
EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta e consultor em gestão de pessoas/RH e filósofo. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira 2. Sócio correspondente do Centro Artístico e Literário de Portugal; Autor de 20 (vinte)livros publicados, inclusive a Biografia "João de Deus – o paranormal de Abadiânia". E do bestseller, "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora/SP.WhatsApp (62) 99635-8005
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