segunda-feira, 15 de novembro de 2010

The Secret of Staying In Love


Responder ao chamado do amor requer muita coragem e determinação, porque expor-se sempre envolve o risco de ser gravemente ferido. Mas sem transparência o amor é impossível, e sem amor a vida humana é terrivelmente incompleta.
Os que estão dispostos a amar acabarão encontrando o amor. E então o espelho estará ali, o espelho que reflete a imagem de uma pessoa amorosa: esse é o começo da verdadeira auto-estima e da autocelebração. É por isso que Viktor Frankl diz que a origem da verdadeira auto-estima encontra-se no “reflexo do apreço daqueles a quem amamos”.
A melhor maneira de descrever o amor é dizer que se trata de um processo gradual, um longo movimento circular que precisa ser cuidadosamente negociado, não um ângulo reto que se faz num instante, de uma vez por todas. Um homem e uma mulher precisam começar uma longa viagem e andar muitos quilômetros antes de encontrar as alegrias do amor. Terão de atravessar florestas profundas e sombrias, e haverá muitos perigos. Terão de ser muito cuidadosos com o amor do que com as outras coisas. O amor requer abstinência de tudo quanto pode mostrar-se venenoso para ele.
Requer muita coragem, persistência e autodisciplina.
Mas a viagem para o amor é a viagem para a plenitude da vida, pois é somente na experiência do amor que os seres humanos podem conhecer a si mesmos.

(copy-desk by Eugenio Santana, FRC – jornalista e escritor. E-mail: autor-e.santana@bol.com.br / MSN: esantanafrc@hotmail.com (21) 7177-6359.)

domingo, 14 de novembro de 2010

ARTHUR RIMBAUD RETIRA QUEIXA CONTRA PAUL VERLAINE


Eu, abaixo-assinado, Arthur Rimbaud, 19 anos, homem de letras, com endereço fixo em Charleville (Ardennes, França), declaro, em nome da verdade, que na quinta-feira, dia 10 do presente mês, por volta das 2 horas, no momento em que o Sr. Paul Verlaine, no quarto de sua mãe, deu, com seu revólver, um tiro que me feriu levemente o punho esquerdo, o Sr. Verlaine se encontrava em um estado tal de embriaguez que não tinha consciência de seus atos.
Que estou intimamente convencido que, ao comprar esta arma, o Sr. Verlaine não tinha nenhuma intenção hostil contra mim e que não houve nenhuma intenção criminosa no ato de trancar a porta sobre nós.
Declaro também propor, de espontânea vontade, e consentir na minha desistência pura e simples de toda ação criminal, correcional e civil e desisto, a partir de hoje, dos benefícios de toda demanda judicial que possa vir a ser feita pelo Ministério Público contra o Sr. Verlaine pelo fato do que aqui se trata.
Arthur RIMBAUD
Sábado, 19 de julho de 1873.

RIMBAUD está vivo. Rimbaud é um fenômeno literário que não morrerá em nossa memória.
Rimbaud é um marco zero na História da Literatura.
Sua radicalidade, que o levou à renúncia e ao silêncio, merece um tributo especial e uma reflexão permanente.
Os poetas e os escritores do século XX, os surrealistas, os “beatniks”, os “hippies”, os jovens rebeldes – todos lhe são devedores.
A influência de Rimbaud sobre cantores de rock como Jim Morrison é inegável. Até no cinema, o polêmico personagem da série "Rambo" tem seu nome nele inspirado. Cultuado pelos decadentes, simbolistas, existencialistas, beatniks, hippies, punks, revoltados de maio de 1968 e hardcores, sua poesia adquire cada vez maior modernidade. No ano de 1905, foi inaugurado na Praça da Estação, em Charleville, um busto de Rimbaud.
Em Harrar encontra-se uma rua com seu nome e todo ano um "Safári Rimbaud" é organizado por um grupo de turístico belga. No golfo de Aden, uma curiosa embarcação pode ser avistada singrando livremente o mar Vermelho: É o rebocador Arthur Rimbaud! Ele com certeza teria gostado desta última homenagem.
Vítima de um câncer na perna que foi amputada, devido aos sofrimentos que vivenciou na Abissínia, Rimbaud morreu nos braços de sua irmã Isabelle, quem mais o amou, e suas derradeiras palavras proferidas: "Me digam a que horas vão me levar para o navio".

(Copy-Desk by EUGENIO SANTANA, FRC – poeta, escritor, jornalista, ensaísta literário e, sobretudo, alter-ego de Arthur RIMBAUD, Drummond e Fernando Pessoa. Após participar da primeira sessão do Santo-Daime, a convite do meu padrinho literário Paulo Nunes Batista, ele me confidenciou que, em Vidas Passados, fomos amigos e companheiros de Jean-Nicolas Arthur RIMBAUD, em Paris, na França. Mais um mistério a ser desvendado em minha vida...)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

TRISTEZA


Ficamos tão mais tristes quanto maior for o grau de envolvimento afetivo com a pessoa ou o objeto que perdemos – e mais definitiva for essa perda. Por tal raciocínio, é possível entender por que uma mãe em luto pela morte de um filho dificilmente sai do buraco, enquanto outra cujo primogênito foi à guerra ainda consegue esboçar um sorriso de vez em quando. Não importa o grau, a tristeza é sempre determinada quimicamente por uma redução nos níveis de serotonina. É o que evidenciam os quadros de depressão, o extremo patológico da tristeza. Enquanto a tristeza do dia a dia afeta a química cerebral de maneira transitória, a depressão pode trazer comprometimentos profundos. Uma pessoa deprimida precisa da ajuda de um psicoterapeuta, e, não raro, de medicamentos antidepressivos para se reerguer. A tristeza, decorrente de uma afecção mental, inclui em seu pacote sintomas como distúrbios de sono, problemas de peso, fadiga, irritação, apatia, estados de lentidão física e intelectual. Ou seja, desregula uma série de outros circuitos cerebrais.

(Eugenio Santana, FRC – Fragmento/Copidesque.)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

VÊNUS E ADÔNIS


Brincando, certo dia, com seu filho Cupido, Vênus feriu o peito em uma de suas setas. Afastou a criança, mas a ferida era mais profunda do que pensara. Antes de curá-la, Vênus viu Adônis, e apaixonou-se por ele. Já não se interessava por seus lugares favoritos: Pafos, Cnidos e Amatos, ricos em metais. Afastava-se mesmo do céu, pois Adônis lhe era mais caro. Seguiu-o, fez-lhe companhia. Ela, que gostava de se reclinar à sombra, sem outras preocupações a não ser a de cultivar seus encantos, anda pelos bosques e pelos montes, vestida como a caçadora Diana; chama seus cães e caça lebres e cervos, ou outros animais fáceis de caçar, abstendo-se, porém, de perseguir os lobos e os ursos, recendendo ao sangue dos rebanhos. Também recomenda a Adônis que tenha cuidado com tão perigosos animais:
- Sê bravo com os tímidos. A coragem contra os corajosos não é segura. Evita expor-te ao perigo e ameaçar minha felicidade. Não ataques os animais que a natureza armou. Não aprecio tua glória ao ponto de consentir que a conquistes expondo-te assim. Tua juventude e a beleza que encanta Vênus não enternecerão os corações dos leões e dos rudes javalis. Pensa em suas terríveis garras e em sua força prodigiosa! Odeio toda a raça deles. Queres saber por quê?
E, então, contou a história de Atalanta e Hipómenes, que ela transformara em leões, para castigo da ingratidão que lhe fizeram.
Tendo feito essa advertência, Vênus subiu ao seu carro, puxado por cisnes, e partiu, através dos ares. Adônis, porém, era demasiadamente altivo para seguir tais conselhos. Os cães haviam expulsado um javali de seu covil, e o jovem lançou seu dardo, ferindo o animal de lado. A fera arrancou o dardo com os dentes e investiu contra Adônis, que virou as costas e correu; o javali, porém, alcançou-o, cravou-lhe os dentes no flanco e deixou-o moribundo na planície.
Vênus, em seu carro puxado por cisnes, ainda não chegara a Chipre, quando ouviu, cortando o ar, os gemidos de seu amado, e fez voltar para a terra os corcéis de brancas asas. Quando se aproximou e viu, do alto, o corpo sem vida de Adônis, coberto de sangue, desceu e, curvando-se sobre ele, esmurrou o peito e arrancou os cabelos. Acusando as Parcas, exclamou:
- Sua ação, porém, constituiu um triunfo parcial. A memória de meu sofrimento perdurará, e o espetáculo de tua morte e de tuas lamentações, meu Adônis, será anualmente renovado. Teu sangue será mudado numa flor; este consolo ninguém pode negar-me.
Assim falando, espalhou néctar sobre o sangue e, ao se misturarem os dois líquidos, levantaram-se bolhas, como numa lagoa quando cai a chuva, e, no espaço de uma hora, nasceu uma flor cor de sangue, como a da romã. Uma flor de vida curta, contudo.
Dizem que o vento lhe abre os botões e depois arranca e dispersa as pétalas; assim, é chamada de anêmona, ou flor-do-vento, pois o vento é a causa tanto de seu nascimento como de sua morte.

Milton faz alusão ao episódio de Vênus e Adônis, em “Comus”:

Entre arbustos de rosas e jacintos,
Muitas vezes repousa o jovem Adônis
Amortecida a dor, e a seu lado
Jaz a triste rainha dos assírios...

(Eugenio Santana é um “imortal” da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas Gerais, aonde ocupa a cadeira número 2. É detentor de 18 prêmios literários, em âmbito nacional. Livros publicados. Crítico literário. Jornalista profissional – Superintendente de Imprensa de uma instituição Municipal do Rio de Janeiro. Revisor e Copy-Desk; publicitário com curso da ESPM.)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

SACRIFÍCIO


Sacrifico-te e ofereço-te
o meu amor.
Misteriosa pérola
no fundo profundo
oceano de nossas vidas.

Viver é partilhar o amor ágape-eros.
Diamante azul lapidado na epiderme
Química do beijo - do corpo e da alma.

Ainda que efêmero
use o rubi-talismã
no ritual do coração de romã.
Não é anônimo
não é invisível - não é risível
não é clandestino o nosso amor.
Karma - dharma, destino ou...
almas-irmãs?!

Dor do amor
que imprime sua identidade.
Dor de parto - lábios fartos.
Não parto para uma viagem
sem teus molhados beijos.
Um pacto com o silêncio
sinto convidativos odores,
no azul do lençol, oh, dores!

Murmúrios, urros, gemidos.
Uivos lascivos, lancinantes.
O luar de outono fascinante
desenha em nossa pele
a tatuagem pluriamar.

O amor e o grito
Rio frenético e dionisíaco
de águas calmo-turbulentas.
O paroxismo e o êxtase
o frêmito-frenesi - a volúpia.
A visão da rosa - lírio lilás.

No cavalgar deste rito inicial
não evito - não hesito
não é mito, não é profano
apenas me ufano
infinito sentimento.

(Eugenio Santana, FRC)

(*)Fonte: extraído do meu livro "Crepúsculo e Aurora"
Hórus/9 Editora, Goiânia-GO, 2006, página 81)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A VITRINE DO SHOPPING


Ante a vitrine bem iluminada de um shopping pararam em meio a muito mais. Por acaso, os seus olhares se encontraram e o ilegal desejo da carne se revelou timidamente, irrresolutamente. Depois, alguns passos ansiosos pela calçada afora – até que, sem sorrir, acenaram-se de leve.
E então, dentro do carro fechado... a sensual aproximação dos corpos; as mãos unidas, os dois lábios colados.

(Eugenio Santana, FRC – copy-desk.)

RUMO A ÍTACA


Se partires um dia rumo a Ítaca, faz votos de que o caminho seja longo, repleto de aventuras, repleto de saber. Nem Lestrigões nem os Ciclopes nem o colérico Posídon te intimidem; eles no teu caminho jamais encontrarás se altivo for teu pensamento, se sutil emoção teu corpo e teu espírito tocar. Nem Lestrigões nem os Ciclopes nem o bravio Posídon hás de ver, se tu mesmo não os levares dentro da alma, se tua alma não os puser diante de ti.
Faz votos de que o caminho seja longo. Numerosas serão as manhãs de verão nas quais, com que prazer, com que alegria, tu hás de entrar pela primeira vez um porto para correr as lojas dos fenícios e belas mercancias adquirir: madrepérolas, corais, âmbares, ébanos, e perfumes sensuais de toda espécie, quanto houver de aromas deleitosos. A muitas cidades do Egito peregrina para aprender, para aprender dos doutos.
Tem todo o tempo Ítaca na mente. Estás predestinado a ali chegar. Mas não apresses a viagem nunca. Melhor muitos anos levares de jornada e fundeares na ilha velho enfim, rico de quanto ganhaste no caminho, sem esperar riquezas que Ítaca te desse. Uma bela viagem deu-te Ítaca. Sem ela não te ponhas a caminho. Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
Ítaca não te iludiu, se a achas pobre. Tu te tornaste sábio, um homem de experiência, e agora sabes o que significam Ítacas.

(Eugenio Santana, FRC – copy-desk.)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

AS CHAVES DO CORAÇÃO


Bem-vindos a esta nova fase do amor – consciente, vivido, revivido, buscado, explorado, descoberto ou redescoberto, do amor que está no ar, na Terra, na ação. Ele passou pelo fogo das paixões, das dores, do medo, da ilusão, das simples constatações, das grandes descobertas, das profundas explosões – e foi transmutado, transcendeu; passou pela água de suas emoções – se purificou – e agora permanece sustentado pela força da energia da Terra, mas conectado ao ar, ao céu, ao Cosmo, a toda a energia em movimento que ajuda, puxa, repuxa e impulsiona.

Mais do que um símbolo dos namorados, dos amantes, dos grandes amores, o coração também é o verdadeiro símbolo do amor, porque o amor irradia através dele. O coração recebe todas as informações das emoções, das forças da Terra, dos descontroles, das alegrias, mas também o amor divino, a inspiração, que se expressa através da comunicação, da arte, da criação.

Lembrem-se das luzinhas que se acendem dentro de vocês, e não se frustrem mais em busca de finais felizes. Aprendam a eternizar seus momentos. Não é tão complicado assim. Congelem as experiências que criaram ótimas lembranças para a sua alma, e daqui a um tempo, nesta ou em outra vida, lembrarão desses momentos maravilhosos, acionarão esses códigos, e as luzinhas acenderão porque valorizaram as coisas simples da vida.

Sabemos que é a energia do amor que rege o mundo, mas vocês, que vivem no mundo das polaridades, dos opostos, muitas vezes não deixam que ela domine. É uma pena, mas faz parte do aprendizado. Esse é o caminho e não importa quanto tempo vão levar para percorrê-lo, porque é uma fantástica, o começo de um novo, de uma nova consciência.

O filósofo Sócrates já dizia: “Conhece-te a ti mesmo”. Era um código. Essa é uma das frases-chave da humanidade.
O corpo é um presente. Abram esse presente, explorem-no, amem-se. Abram seus corpos, suas mentes e seus corações, sem preconceitos. Abram suas almas, emanem amor, contaminem, pulsem, repulsem.
Liberem a mente, deixem o amor fluir no seu corpo, libertem as emoções, quebrem os preconceitos e se abram. Mas, principalmente, não se esqueçam de encontrar as chaves do coração. Porque ele é o centro de tudo. Nele está contido o grande código da vida, o código do amor.

(Eugenio Santana, FRC – fragmento/copy-desk.)

A SABEDORIA DOS GIRASSÓIS


Os girassóis são muito sábios; quando o sol se esconde eles ficam parados, mas não murcham porque armazenaram a energia que captaram ao longo do dia. Ficar no escuro não os afeta porque adquiriram poder e confiança. E mesmo quando são fustigados pelos ventos de forma agressiva as suas raízes permanecem firmes, e eles são hidratados pelas chuvas e consolidam seu crescimento com o sol e a grande força da luz. Assim são vocês quando se deixam iluminar e acreditam no seu potencial. O girassol é o símbolo da força da energia e da beleza que vem da luz -, ao se deixar conduzir por ela fica cada vez mais forte, vigoroso e cheio de vitalidade.

Sempre que sentirem o chamado da luz – e ela se apresenta de diversas formas – lembrem-se dos girassóis, e deixem-se levar pela força de atração. Este é um trajeto grande e promissor. E quando o inverno chegar saberão que ele fará somente parte de um ciclo. O sol sempre aparece para atrair aqueles que perderam o medo de olhar para o céu. Quanto mais compartilharem esta luz, que é sabedoria, mais raios de informações receberão. É a luz em expansão, a constelação se formando no céu. Na outra polaridade, quanto mais retiverem o conhecimento que lhes é dado, mais rapidamente o perderão. “Compartilhar” é a palavra-chave.

É hora de abrir as mãos e deixar a sabedoria voar como um beija-flor, para que novos pássaros possam pousar e atrair milhares de outros, de muitas cores, muitos nomes e muitos lugares.

(Eugenio Santana, FRC – fragmento/copy-desk.)

sábado, 31 de julho de 2010

BLUE BIRD (*)


Hoje estamos grávidos – inflados.
Estamos informatizados, coisificados, robotizados.
Não temos culpa – nascemos sob o signo da incerteza:
Geração James Dean, Elvis, Elis, Vandré, Alex Polari,
Chico Buarque, Joplin, Hendrix, Bob Marley, Lennon;
Gláuber, Pasolini, Wim Wenders, Vinícius e Drummond.
Transpomos os portais desses anos amorais
E sobrevivemos – caminhando na contramão,
Trilhando o caminho inverso – entre mortos e feridos.
Pacientes terminais e os cientistas
Que tentam inutilmente legalizar a eutanásia
E manter os mortos – vivos...
A vida e suas flores, folhas, frutos, contradições
E frustrações – continua a mesma:
Neomodernismo, miséria, impunidade, exclusão;
arrogância, oportunismo, prepotência e pose.
E nós – os restantes? Continuamos a luta vã
Sem hipocrisia. Ilesos da mediocridade. Diáfanos.
Buscamos incessantemente o amor
Que, muitas vezes, agride, dissimula, estertora, devora;
Vampiriza, surpreende e desfigura.
Hoje, afastados do que fomos
Estamos mergulhados no profundo poço
Dessa abominável realidade.
Um ano, dois, cinco, dez, cem – cem anos de decepção?
Nós os 5% por cento, estamos fraternos, visionários,
Utopistas, holísticos e planetários,
Buscando a MontanhAzul
Onde mora o Pássaro da mesma cor...

(EUGENIO SANTANA, FRC – Escritor, jornalista, poeta, publicitário e copy-desk.)

(*) Fonte: extraído do meu livro “ASAS DA UTOPIA”
Santana Edições, Brasília-DF, 1993, página 85.

VOZES DO VENTO NO DESERTO SEM OÁSIS (*)


Líderes de isopor
Mostrai o vosso amor.
Dirigentes do mundo
Cantai o amor, verbo-de-luz.
Curem as feridas, vidas falidas, excluídas e corrompidas.
Esquecei-vos da flor sintética, cibernética;
Do computador.
Olhai sim a Humana Dor.

Olhai a maioria esquecida, maltratada, discriminada;
Anônima, desempregada, torturada, beijando seus pés.
Líderes e governantes
A humanidade necessita de um brilho novo,
Uma nova face, nova identidade social,
Plena justiça e solidariedade.

(EUGENIO SANTANA, FRC – é escritor, jornalista, poeta, copy-desk e ensaísta literário. Mineiro de Paracatu está radicado no Rio de Janeiro há dois meses, e reside em Madureira.)

(*)Fonte: do meu livro "ASAS DA UTOPIA" - Santana Edições, Brasília, 1993.

domingo, 18 de julho de 2010

PREGANDO NO DESERTO...


Cada vez mais me convenço de que estamos criando pessoas fracas. Estamos diante do mundo com as novas tecnologias que são rápidas demais, você aperta um botão e resolve. No carro, você aperta um botão e o vidro sobe. O fogão não precisa mais de fósforo porque acende sozinho. O microondas esquenta em segundos a podre comida congelada; os celulares e seus atributos, recursos e componentes dispensáveis. Tudo fácil. Há, também, o “miojo” aquele alimento das mulheres de vida questionável – pseudocozinheiras preguiçosas – que preparam este alimento em três minutos.

Os pais se esforçam para dar tudo o que o jovem filho reivindica; quando não conseguem, o filho foge para as drogas. Muitos adultos, diante dos problemas, o que fazem? Vão beber. As pessoas buscam ansiolíticos e antidepressivos. É preciso chorar, sofrer, viver, experimentar. Parece que estamos anestesiando as pessoas, e por isso não encontramos a paz verdadeira.

Você precisa ter uma missão, ser construtor da paz. E o que é construir a paz? Essa paz se constrói no dia-a-dia sem perder o alvo. Isso significa que vamos passar por situações difíceis, de mágoa, ressentimento, ódio, frustração, principalmente em nossos relacionamentos. A propósito, os relacionamentos que mais nos machucam são aqueles que envolvem as pessoas com que temos maior proximidade. Uma pessoa distante de mim não me machuca, mas aquele que convive comigo me fere, dificulta minha caminhada e deixa marcas profundas e negativas. Cicatrizes na alma.
Existe uma pessoa no mundo com quem precisamos ter tolerância e paciência: nós mesmos. Se você criar um mundo ideal, um mundo de sonhos, esse mundo não existe. É alienação, fuga.

Sempre é mais fácil achar um culpado para nossos conflitos, para nossas derrotas, para nossos obstáculos, não queremos assumir que o problema está em nós, e passamos a buscar culpados. A falácia dos fracassados é aquela que tenta justificar todos os erros cometidos encontrando o erro dos outros. Por que as pessoas gostam de mostrar os erros dos outros? É para ver se desviam a atenção do seu próprio erro.

Por que o mundo aprecia tanto notícia ruim? Porque você já se acostumou com as coisas erradas do mundo. Por que o mundo gosta de revelar os defeitos e fraquezas dos outros? Existem pessoas que sentem alegria, um prazer mórbido para descobrir defeitos nos outros.
Ser inteiro, íntegro. Íntegro significa que não estou fragmentado nem por fora, nem por dentro.

A dor maior que sentimos em nossas perdas é exatamente a dor do apego. Achamos que tudo é nosso e vivemos na ilusão de que tudo depende da gente. Quando nos apegamos a coisas e pessoas, a cargos e funções, passamos a ter objetivos pequenos demais. Quando temos muita coisa para olhar e para cuidar, não olhamos o essencial, aquilo que está além do óbvio.

Cada vez mais o mundo se especializa em criar necessidades. Antigamente comprava-se o que realmente era necessário. Hoje acabamos necessitando de muita coisa. Parece que sem aquilo que foi lançado recentemente a gente é um eterno infeliz. Primeiro vem a tentação de comprar, consumir e depois trocar. Nunca estamos satisfeitos. Esse é o sutil e grande segredo da propaganda e do marketing desenfreado: demonstrar que você é infeliz e que poderá ser feliz quando adquirir esse ou aquele produto. E os publicitários arrivistas fazem isso de modo extremamente atraente, tentador. Investem-se milhões em propaganda. O governo federal parece gastar mais em propaganda do que em saúde e educação.

Você pode colocar próteses e silicone, fazer cirurgias plásticas, fazer lipoaspiração, pode fazer tudo por fora, mas não existe ainda, e jamais existirá, nenhum silicone, nenhuma cirurgia reparadora capaz de preencher um coração vazio, frio e ferido. Não resolve mudar a carcaça, porque isso apodrece.

(EUGENIO SANTANA, FRC – místico Rosacruz grau Iluminati, católico praticante e devoto de São Judas Tadeu. É escritor premiado, verse-maker, copy-desk, jornalista cultural e investigativo, adesguiano, Comendador da Ordem Ka-huna do poder mental, supervisor de RH, crítico literário, fundador da Hórus/9 Editora e consultor editorial.)

terça-feira, 13 de julho de 2010

A VIDA É UM CÍRCULO - ONDE TUDO COMEÇA E TUDO TERMINA


Precisamos ajustar – ou mudar – nossas freqüências para ouvirmos a melhor música, a grande sinfonia que sopra de um ponto distante do Universo e apurar nossos ouvidos, pois há muita informação solta no ar.

O mundo está globalizado e interconectado. Conceitos novos modificam velhas estruturas. Máscaras caem. Muros de preconceitos desabam. O planeta está em movimento e as pessoas estão em processos infinitos de busca, onde prevalecem os desencontros. Há quebras de relacionamentos que pareciam inabaláveis. Há solidão, desespero e desistências. Mas também há muita coisa boa a ser vivida, redescoberta. É um novo tempo. E hoje, neste aqui/agora, é um bom momento para começar. Ou recomeçar.

A vida é um círculo, onde tudo começa e tudo termina. E a energia da criação é o amor, onde tudo começou e nada termina – apenas continua e compartilha todas as experiências. E o ciclo da vida anda, corre, para retornar onde tudo começou: na energia primordial.

(EUGENIO SANTANA, FRC - fragmento/copidesque - livro inédito do bardo mineiro)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

RENASCIMENTO


Almalada
Cinzas pó pós-queimada
Neblina fumaça sinais
Lobeira cheiro de cachaça
Lobby e lábia

Pássaro? sinto teu vôo
Contemplo magnífico céu-altar
Absinto teus abismos
Pressinto o labirinto
Teu olhar
Libélula sobrevoando a Lua
Crisálida
silente brisa
Mar Marisa maresia hipocrisia
Onda e poesia
Navegar teu corpo – luz musa
Irisa energiza

Fênix mito?
Vôo rito
Mergulho
Renascer infinito

Redivivave – nem Eva ou Lilith
Phoenix flor do tempo
Abre as Asas Cinzas
E bombardeia o Vento!

(Eugenio Santana, FRC)

(*) fonte: do livro “FLORESTRELA”
- Hórus Nove Editora, Goiânia/GO,
Página 84, 2002.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

ASAS DA MEMÓRIA (*)


Arquétipos que se perderam
na poeira cósmica do tempo.
Tipos que ficam e não crescem,
perdem-se no seu próprio rastejar.

Aqui estou – outra vez,
entre as asas da luz
e da sombra.
Entre o passo, o pássaro,
o impacto, o pacto, o parto
e a dor do amor.
Folhas de plátano
dançam ao sabor do vento.

Aqui estou
entre a espada e a cruz,
ritos e mitos, arte e poesia.
Brilho sinistro – o sucesso;
palidez mortal – os mistérios.

Na asa do tempo,
cálido dedo não se omite.
Obstinado, gesticula, grita.

Não obstante, verbo de luz difusa,
lanço essas asas da memória
ao abismo oceânico em que navego.

(Eugenio Santana)

(*) Extraído do livro “FLORESTRELA”.
Hórus/9 editora, Goiânia, pág. 56, 2002

terça-feira, 22 de junho de 2010

BATE, A PORTA SE ABRIRÁ


Melhor que, em vez de mil palavras
Houvesse apenas uma, mas que trouxesse a Paz.
Melhor que, em vez de mil versos
Houvesse apenas um, mas que mostrasse o Belo.
Melhor que, em vez de mil canções,
Houvesse apenas uma, que espalhasse alegria.

Para haver paz no mundo, é necessário que as nações vivam em paz.
Para haver paz entre as nações, as cidades não devem se levantar umas contra as outras.
Para haver paz nas cidades, os vizinhos precisam se entender.
Para haver paz entre os vizinhos, é preciso que reine harmonia no lar.
Para haver paz em casa, é preciso encontrá-la em seu próprio coração.

“Pedi, e receberás.
Procure, e encontrarás.
Bate, e a porta se abrirá.
Porque quem pede, recebe; quem procura, acha; quem bate, a porta se abre.” (Jesus de Nazaré)

(Eugenio Santana, FRC – fragmento/copidesque.)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

FÊNIX - RENASCIMENTO


No dia 29 de janeiro de 1996, uma labareda tomou conta de uma das construções mais valiosas de Veneza: a casa de ópera La Fenice, de 204 anos de idade. Centenas de pessoas viram o edifício ser consumido pelas chamas.

Isso causou tristeza? Sem dúvida. Causou desespero? Não. A construção da La Fenice já havia sido retardada em 1792 por causa de um incêndio. Outro incêndio, em 1836, obrigou a população a reconstruir a casa de ópera. Também, após o incêndio de 1996, os venezianos começaram a reconstruí-la.

Por coincidência, La Fenice significa "a Fênix", referindo-se à ave mitológica de grande porte que merecia o título de animal mais raro da face da terra, simplesmente por ser a única de sua espécie.

A Fênix possuía uma parte da plumagem feita de ouro e a outra colorida de um vermelho incomparável. A isso ainda aliava uma longevidade jamais observada em nenhum outro animal. Seu habitat era os desertos escaldantes e inóspitos da Arábia, o que justifica sua fama de quase nunca ter sido vista por ninguém.

Quando a Fênix percebia que sua vida secular estava chegando ao fim, fazia um ninho com ervas aromáticas, que entrava em combustão ao ser exposto aos raios do Sol. Em seguida atirava-se em meio às chamas para ser consumida até quase não deixar vestígios. Do pouco que sobrava de seus restos mortais, arrastava-se milagrosamente uma espécie de verme que se desenvolvia de maneira rápida para se transformar em uma nova ave, idêntica à que havia morrido.

A crença nessa ave lendária figura na mitologia de vários e diferentes povos antigos, tais como gregos, egípcios e chineses. Apesar disso, em todas essas civilizações, seu mito preserva o mesmo significado simbólico: o renascer das próprias cinzas.

Até hoje, essa idéia é bastante conhecida e explorada simbolicamente.

Podemos restaurar o que os incêndios destroem em nossa vida? Às vezes. Em outras circunstâncias é melhor que as cinzas sejam esquecidas, para que algo completamente novo seja construido.

Renascer é o processo através do qual você lamenta sua perda e depois se levanta e começa tudo de novo. É um dos principais segredos para alcançar o sucesso. As pessoas realizadas são aquelas que nunca desistiram de tentar ser assim.

Enquanto você está processando integralmente os aspectos fisico, psicológico e emocional da decepção, vai começar a notar que continua vivo. Algumas pessoas pensam que não podem suportar aquela crise de jeito nenhum porque é demais para elas. Conscientizar-se de que você é um sobrevivente daquela experiência ruim é muito importante. Isso é chamado de viver o tempo presente.

Você não está mais revivendo repetidamente o passado na sua cabeça. Está pronto para viver o presente, aqui e agora.

O que aflora em seguida é a noção de que pode existir um futuro. Considerar um futuro significa preparar-se para olhar para frente e imaginar que existem opções.

A criatividade entra no quadro quando você acredita que na verdade poderia visualizar uma vida, elaborar um plano para concretizá-la e então resolver avançar passo a passo. Você considera as possibilidades que nunca imaginou e começa a estabelecer objetivos, atividades que o colocam mais uma vez no tabuleiro do jogo da vida.

Será preciso avaliar se é mais sensato continuar a batalhar pelo mesmo objetivo que perseguia antes, ou se é melhor formular uma nova meta. Também terá de determinar um novo curso de ação, construído sobre as lições que aprendeu com a crise, revisando seus planos em tudo que for necessário.

Depois de uma decepção, seus objetivos iniciais não serão monumentais. Serão passos minúsculos de bebê que vão aumentando aos poucos. Não serão passos para trás, retrocendo aos velhos e bons tempos, nem farão com que você ande em círculos, sem saber direito o que fazer com sua vida. Esses novos passos serão dados para frente, na direção do seu futuro. Seu novo futuro pode até ser semelhante ao passado, antes da crise, mas agora você pode abordá-lo com olhos mais abertos e com a vantagem do conhecimento que adquiriu.

Apesar de não serem passos gigantescos associados a conquistas significativas, seus objetivos novos o levarão na direção certa. Não deixe de reconhecê-los. Tenha o cuidado de não menosprezá-los, desacreditá-los ou desqualificá-los por não estarem no mesmo nivel de realizações anteriores. Parte desse processo de andar para frente é dar-se permissão para estar em um nivel diferente, apesar de novo, de realização. Como diz o ditado, as vezes você precisa "ir mais devagar para ir mais depressa".

Algumas vezes, como a Fênix, temos de renascer das cinzas, devemos passar pelo fogo e sair fortalecidos, renovados e renascidos.

(EUGENIO SANTANA, FRC - Jornalista, escritor; livros publicados; da UBE/GO-SC; Da ALNM - Academia de Letras do Noroeste de Minas. Foi Coordenador de RH/Gestor de Pessoas nas décadas de 80/90. Atualmente, está radicado no Rio de Janeiro.)

domingo, 6 de junho de 2010

ANÁLISE AFETIVA DO CIÚME NA RELAÇÃO AMOROSA?


Quanto ao aspecto possessivo, o ciúme tende a ser máximo. Assim, o casal apaixonado costuma se afastar de todos os amigos e da maior parte dos parentes. Isso se dá porque se sentem inteiros em virtude da fusão amorosa e também incomodados com a presença de qualquer criatura que tenha significação afetiva para o outro e vice-versa. Até aí, nada de especial, embora esteja composta uma condição ideal para que possamos refletir mais profundamente sobre a presença de um componente "egoísta", ainda que exercido a dois, no seio da fusão romântica. Eles começam a se incomodar profundamente com as pessoas que, tiveram algum tipo de importância afetiva para o parceiro.

Então, a situação se torna mais complicada, pois o ciúme nasce no meio de uma conversa ingênua, na qual um dos dois está narrando algum detalhe de sua história, contando de seus antigos amigos e namorados. De repente, o clima agradável de intimidade se interrompe, porque aquele que ouviu as confidências se cala e dá sinais claros de desagrado. Sentiu ciúme retroativo! Incomodou-se com algo que já passou, que não o ameaça em nada, e com o fato de o amado ter tido uma história que o antecedeu, de não ter saído do útero de sua mãe diretamente para seus braços. Ainda que fosse verdade, é possível que sentisse ciúme da mãe e do útero dela. O amado se irrita e se entristece ao saber que o parceiro viveu momentos de forte emoção antes dele, tanto os de alegria como os de tristeza, mas principalmente os primeiros. Fica irado ao descobrir que o parceiro já amou intensamente outra pessoa, que teve fortes sensações eróticas como parte de suas vivências anteriores, que atingiu certas posições sociais, que viveu em determinados locais etc. Seguramente, gostaria que todos os momentos importantes de sua vida tivessem sido com ele compartilhados.

É evidente que esse tipo de manifestação do ciúme, extremamente comum quando se estabelecem relacionamentos intensos, que costumam ser os de maior afinidade, não tem relação com os fatos atuais, de modo que o sentimento deriva de nossa capacidade de imaginar.

Acredito que corresponda, em grau extremo, ao mesmo mecanismo possessivo presente em todos nós, em que o desejo é o de que o outro não exista a não ser como parte de nós. Todos os indícios de que o outro tem vida própria e é mais do que nossa metade determinam a revolta e a irritação próprias do ciúme.

(Eugenio Santana, FRC - Copidesque/Fragmento - "Consultor de relacionamentos nos momentos de ócio criativo.")