quarta-feira, 13 de junho de 2018

VASTOS UNI/VERSOS DO ROCK AND ROLL (*)

Naquela tarde fiquei por horas admirando a estupenda imensidão. Por vezes permaneci imaginando o motivo de ainda não fazer parte dela. E num lampejo de não-lucidez, quando estava a mercê da minha loucura, me transportei em pensamentos. Foi quando me vi dentro de um céu particular, onde não havia sinos e anjos. Aquele era um "espaço celestial de rock and roll", onde os meus ídolos, aqueles que ainda impulsionavam o meu coração, me convidaram à juntar-se a Eles. Apesar de feliz e honrado pela insólita oportunidade, senti um desconforto. Mas envolto numa coragem que estava adormecida, sentei-me ao lado Deles. E por pouco não sucumbi. Eles, por outro lado, conseguiram sentir a minha ansiedade, e ficaram tão nervosos quanto eu. Nos observamos por minutos a fio, numa análise profunda, intensa. E, por fim, o silêncio foi rompido e o gelo quebrado, Renato falou: — É a verdade o que assusta, o descaso que condena, a estupidez o que destrói. — Fiquei embasbacado com suas palavras, mas, no fundo, sabia que elas faziam sentido. A verdade sempre me assustava, levando-me a negligência que me condenava a tomar atitudes idiotas e autodestrutivas. Mas alguns resultados não era de todo mal e, sem hesitar, quebrei o mal-estar. — Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar, ou que os seus planos nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém... — rebati com parte de uma de suas letras. Ele encarou-me de forma curiosa, deixando-me desconfiado. Por um instante pensei que Renato replicaria, contudo ele apenas aproximou-se e abraçou-me com carinho e anímica ternura. — Quando se aprende a amar, o mundo passa a ser seu — disse ele, voltando a sentar-se no lugar de antes. Compreendi a mensagem e me senti em paz. Apesar da minha estranha e obscura singularidade, eu sabia amar. Continuei ao lado Deles, ainda inseguro. E antes de dizer algo, ouvi outra voz conhecida. — Acho que ser natural e sincero é o que realmente importa — disse Fred, esboçando um sorriso carregado de autenticidade. E novamente senti-me em paz. Apesar de estar envolto em conflitos internos, ainda prezava por sinceridade e naturalidade. E sem medir as palavras, fitei seus expressivos olhos. — É tão real esse sentimento de faz de conta. We are the champions, my friends — exprimi, encarando -o. Todos sorriram, como se compreendessem a minha resposta. Por um ínfimo e mágico instante continuamos em silêncio, apenas nos observando, mutuamente. — Cry baby, cry baby... — Janis disse, aproximando-se. Não consegui controlar as lágrimas que desciam pelo meu rosto desfigurado, por conta do mistério da agradável surpresa. E por tempo indeterminado chorei o refrão da sua canção. — Honey, welcome back home! — respondi com o semblante molhado. Notei que todos me encararam com preocupação, foi quando Kurt se aproximou e sentou-se ao meu lado. Ele segurou a minha mão esquerda e ergueu o meu queixo, fazendo com que nossos olhos se encontrassem. — A cada dia todos nós passamos pelo céu e pelo inferno! — E jamais se esqueça dos livros de Arthur Rimbaud, que você esqueceu de ler; não se permita apagar os tesouros guardados no sótão da memória... Até que eu me despedisse, continuou a me observar. Fiquei por mais alguns minutos ao lado Deles. Eu não queria voltar, mas sabia que por lá não poderia continuar. Afinal, as "mirações" têm data de validade no Plano Cósmico... E com o coração já saudoso, abracei a todos de uma só vez e me despedi dizendo: — Obrigado pela "aula" através do Astral Superior... Paz profunda, Amor, Resiliência, Empatia. Até a próxima. Até breve. Até sempre. Namastê! (*) Copydesk/fragment by EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, revisor de texto e palestrante motivacional. Nove livros publicados. Membro da Academia Cachoeirense de Letras (ACL) e do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; sócio da ACI - Associação Catarinense de Imprensa e da UBE/SC - União Brasileira de Escritores. email: autoreugeniosantana9@gmail.com e WhatsApp (41) 99547-0100