sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O RETRATO DE DORIAN GRAY: OSCAR WILDE PINTOU COM PALAVRAS UM MAGISTRAL QUADRO DA DECADÊNCIA MORAL HUMANA




Filho de William Wilde, médico de renome, e de Jane Francesca Elgee, escritora e intelectual, ativa militante do movimento para a Independência da Irlanda, desde cedo o irlandês demonstrou seu gênio. Aluno brilhante, ganhou vários prêmios por seu destacado desempenho escolar em renomadas instituições de ensino. Sobressaia-se dos demais estudantes tanto por seu temperamento forte e anticonvencional, como também por sua refinada inteligência.

De 1879 a 1889 concentrou a maior parte de sua produção em textos teatrais e poemas que alcançaram relativo sucesso. Versátil e de talento pluralista, publicou também um volume de contos de fadas, “O Príncipe Feliz e Outras Histórias” (1888), e um ensaio intitulado “A Alma do Homem sob o Socialismo” (1891). Em 1890 saiu a primeira versão daquele que seria seu único romance, “O Retrato de Dorian Gray”. Com a edição revisada, de 1891, o livro alcançou notável repercussão, sendo até hoje a obra mais conhecida de Wilde.

“O Retrato de Dorian Gray” parece prenunciar o drama pessoal vivido por seu autor. Há uma tensão evidente na relação que une o belo jovem Dorian, Basílio Hallward (o pintor do retrato), e Lorde Henry Wotton, principais personagens da obra. Essa tensão se desenvolve a partir do fascínio que Dorian exerce sobre seus amigos, trazendo subjacente uma sutil atração homoerótica.

O pintor, de temperamento reservado e austero, vê na beleza cândida de Dorian a personificação de seu ideal artístico, identificando a perfeição de seus traços físicos com a pureza de sua alma. Já Lorde Henry é o alter ego de Wilde, e com sedutora loquacidade expressa sua expectativa em relação a Dorian:

“Viva! Viva a maravilhosa vida sua! Busque sempre novas sensações. Que nada o atemorize... um novo hedonismo – é disto que precisa o nosso século... todos nós nos convertemos em horrorosos fantoches, alucinados pela lembrança das paixões de que tivemos demasiado temor, e das esquisitas tentações a que não tivemos coragem de ceder. Juventude! Não há absolutamente nada no mundo, senão a juventude.”

“O Retrato de Dorian Gray” permanece como uma das grandes obras-primas da literatura universal. O livro foi publicado no Brasil por várias editoras, entre elas, a Nova Cultural (1993). Intrigante e de uma moralidade dúbia, como seu controverso autor, que terminou seus dias de forma melancólica.

(copydesk/fragment by Eugenio Santana – Escritor, jornalista, ensaísta. Ex-Superintendente de Imprensa no Rio de Janeiro.)