domingo, 15 de abril de 2012
NÃO NADAR EM PISCINA QUANDO SE TEM O MAR À VISTA (*)
Tenho três regras bem minhas: a) a vida é efêmera demais para gestos medíocres; b) o que me pertence ninguém me tira; c) fazer o melhor possível, o resto é problema dos outros. Cada momento que passa deve ser vivido com um sentido eterno; se me tiraram algo é porque não era realmente meu, era algo que eu tinha simplesmente, não estava integrado no meu ser. Preocupo-me em ser e fazer o melhor que posso, a reação é problema alheio.
Viver é expandir, iluminar. Muita receita de viver é fuga da própria vida. Viver é derrubar barreira entre os homens e o mundo. Compreender. Saber que, muitas vezes, nossa jaula somos nós mesmos, que vivemos polindo as grades em vez de libertar-nos.
No fundo de cada ser humano existe uma dimensão universal e única, ao mesmo tempo. Descobrir nos outros essa dimensão.
Não podemos viver, permanentemente, grandes momentos, mas podemos cultivar sua expectativa. A gente só é o que faz aos outros. Somos conseqüência dessa ação.
Talvez a coisa mais importante da vida seja não vencer na vida. Não se realizar. O homem deve viver se realizando. O realizado botou ponto final.
Um profundo respeito humano. Um enorme respeito à vida. Acredito nos homens. Até nos arrivistas.
Desenvolver um sentido de identificação com o resto da humanidade. Não nadar em piscina quando se tem o mar à frente. Não salvar peixe em balde, mas devolvê-lo ao mar. “Saber esquecer o mal também é ter memória.” Das melhores coisas da vida é aprender a gostar. Gostar de gostar. Gostar de fazer. Não fazer... me deixa estressado.
O dinheiro não enriquece ninguém. Acreditar mais na verdade que na bondade. A verdade é a quintessência da bondade, é a bondade a longo prazo.
Acreditar mais no sobrenatural. O natural, para mim, não existe. Tudo que está aí é milagre. Pássaro. Gente. Amor.
Os sábios vivem debruçados no milagre. A verdade é caminho, não é fim. Não crer em Deus é pretensioso. Não num Deus que deixa negro apanhar, gente morrer na guerra, nem barbado e sentado numa poltrona de ouro. Mas tudo que está acima de nossas limitações terrenas. O pulo do astronauta é ridículo diante do Universo. No fim do meu caminho Deus perdoará minhas falhas humanas. Afinal de contas, Ele não sabe fazer outra coisa. Perdoar é o grande vício de Deus.
(*) copidesque/fragmento/releitura por Eugenio Santana - Escritor e Jornalista. Autor, entre outros, de “Crepúsculo e Aurora”, Editora Kelps, Goiânia-GO, 2006. Ex-superintendente de Imprensa no Rio de Janeiro.
domingo, 8 de abril de 2012
ENSAIO SOBRE A IDADE MÉDIA
O clima denso e tenso da Idade Média sempre me fascinou: os contrastes violentos, a vida dos camponeses e dos senhores feudais, as catedrais, as cruzadas, clero, a corte, os mosteiros, a pestilência, os sofrimentos, as trevas, a luz, e o sangue jorrados por quase mil anos.
Aprecio poemas e livros em que os costumes, as cenas criam-se com objetos, utensílios, palavras e expressões que poderiam estar ligadas à Idade Média, como estas que pesquisei num livro de história: teares; moinhos; moringas; batedores; hastes secas de linho; rebanhos e pastores; pátios de castelo; ervilhas, lentilhas e feijões; arado; chuvas de abril; falcões; panos de lã; couro de Córdova; pastéis de cotovia; alfaiates, boticários, ourives e monges.
Sinto um clima assim neste poema “A Hóspede”, de Guilherme de Almeida:
“Não precisas bater quando chegares.
Toma a chave de ferro que encontrares
Sobre o pilar, ao lado da cancela,
E abre com ela
A porta baixa, antiga e silenciosa.
Entra. Aí tens a poltrona, o livro, a rosa,
O cântaro de barro e o pão de trigo.
O cão amigo
Pousará nos teus joelhos a cabeça.
Deixa que a noite, vagarosa, desça.
Cheiram a relva e sol, na arca e nos quartos,
Os linhos fartos,
E cheira a lar o azeite da candeia.
Dorme. Sonha. Desperta. Da colméia
Nasce a manhã de mel contra a janela.
Fecha a cancela
E vai. Há sol nos frutos dos pomares.
Não olhes para trás quando tomares
O caminho sonâmbulo que desce.
Caminha – e esquece.”
Fica claro que quando falo em “Idade Média” ou “Idade da Fé” não estou me referindo exclusivamente a um período espacial, temporal, mas a um certo “clima”, valores, lembranças e imagens insondáveis do passado, retidos há séculos na noite da memória, no inconsciente coletivo. Esse “clima”, ao contrário, faz com que não existam delimitações espaciais ou temporais, tudo poderia ter acontecido ontem ou estar acontecendo agora, em qualquer parte do universo. Nessa região de neblina mágica é que desejo penetrar para revigorar o meu trabalho literário.
(Copydesk/fragment/releitura by Eugenio Santana, escritor, jornalista, ensaísta)
ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO
Quando falamos em amor à língua portuguesa, na sua história e importância, logo nos vem à memória o poema “Língua Portuguesa”, de OLAVO BILAC:
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, que ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu filho”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o Amor sem brilho!
(Eugenio Santana, Escritor,jornalista, poeta e ensaísta literário)
sexta-feira, 2 de março de 2012
EU ME ARREPENDO DA MINHA FALA, NUNCA DO MEU SILÊNCIO
É BEM VERDADE QUE RARAMENTE A OLHAMOS NO ESPELHO. Nunca paramos para pensar na beleza da língua. Muito menos marcamos um horário com um esteticista especializado em línguas.
NÃO COMPRAMOS COSMÉTICOS PARA EMBELEZÁ-LA. Nem vamos à academia por causa dela e não fazemos regime para colocá-la em forma. Ninguém fica observando. Assobiando ou sorrindo para línguas e muito menos escrevendo poemas sobre elas. Tampouco a língua é assunto dos artigos de capa das revistas especializadas em beleza.
Apesar disso tudo, é a língua que determinará se somos ou não pessoas belas. Ela fala muito mais alto do que o formato do nosso rosto, as medidas do nosso corpo, a força física que possuímos, a quantidade de peças que temos no guarda-roupa, o quanto ganhamos ou a importância do cargo que ocupamos na empresa.
MAS A LÍNGUA É TÃO VOLÁTIL QUANTO VITAL. Washington Irving foi o primeiro a dizer: "Uma língua afiada é o único instrumento de corte que se torna mais afiado com o uso permanente." Tiago, meio-irmão do Mestre Jesus, foi o primeiro a alertar: "A língua é um fogo... É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero."
MORTE VERBAL. Um letal e brilhante míssil que ataca com poder infernal, aniquilando e destruindo a vontade.
E NÃO SE PARECE NEM UM POUCO COM A FERA BRUTAL QUE É. Habitualmente escondida atrás dos portões de marfim, seus movimentos são intrigantes. Ela pode enrolar-se para um assobio camarada ou convidar um preguiçoso bocejo à tarde. Sem nenhuma dificuldade consegue retirar restos de pipoca entre os nossos dentes ou segurar um termômetro. É trapaceira! Pode ajudar a saborear uma bala super forte de hortelã, já que vira um lado para o outro sem se queimar nenhuma vez. Momentos depois ela segue as ordens de um trompetista, permitindo que toque "o vôo do besouro" sem um único erro.
MAS, CUIDADO! É só o dedão ser acertado por um martelo, ou seu dedinho preso pela cadeira, que essa criatura escorregadia que fica em sua boca subitamente mostrará o lado violento de sua natureza. Ela desafia a domesticação. Incrível! Nós podemos adestrar golfinhos, baleias e cães. Podemos treinar falcões para pousar em nossos jornais, elefantes para se equilibrar sobre barris, tigres para sentar em tamboretes e jacarés para se virarem e terem as suas barrigas acariciadas. Mas a língua? É impossível ser treinada!
MUITOS OFERECERAM CONSELHOS sobre como evitar os transtornos causados pela irascível língua. Publius, um filósofo grego, nos aponta uma excelente técnica que tendemos a esquecer. O silêncio, diz Publius: "Eu me arrependo freqüentemente da minha fala, nunca do meu silêncio."
A FORMA COMO A UTILIZAMOS é que determinará, em grande parte, a reputação que teremos. Isso porque aquilo que dizemos deixa uma impressão permanente a nosso respeito, ou seja, rotula nosso caráter. As palavras que proferimos, muito mais do que a aparência que temos, revelam quem verdadeiramente somos.
PENSE PRIMEIRO. Antes de movimentar seus lábios, pare por dez segundos e mentalize suas palavras. Elas são precisas ou exageradas? Gentis ou cortantes? Necessárias ou supérfluas? Benéficas ou más? De gratidão ou de lamúrias?
FALE MENOS. Suas chances de estragar tudo são diretamente proporcionais à quantidade de tempo que você gastar com sua boca aberta. Tente fechá-la um pouco. Faladores compulsivos encontram dificuldades em manter amigos. Eles são irritantes. Então conserve sua energia verbal!
(*) Eugenio Santana, Jornalista e Escritor. Membro da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira nº 2. Sócio da UBE-GO/SC – União Brasileira de Escritores, seção Goiânia e Florianópolis, respectivamente. Ex-Superintendente de Imprensa no Rio de Janeiro/RJ. Articulista do jornal “Diário da Manhã”.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
AZUL
BLUE – Poucas palavras têm uma carga lírica tão forte quanto a palavra “azul”. Basta colocar o adjetivo azul ao lado de um substantivo para que ele se ilumine, cresça em significados: pássaro azul, luz azul, rosazul, cavalo azul, tarde azul. Essa cor imprime o toque divino, infinito, que faz a alma voar pelo céu e pelo mar:
Colocar um toque de poesia,
de magia
é pintar de azul.
É bom deitar a cabeça numa nuvem
e sonhar azul,
como uma asazul
ou uma rosazul
que se abre de boca para o céu.
Os jornais podem contar que um homem matou a amante,
o poeta vem e diz
que seu vestido era de organdi azul.
O poeta é dono de um tinteiro
e grava de azul as peles,
os lábios dos sexos,
deixando estranhas marcas de abismo.
O poeta é dono de uma estrada
por onde anda nu,
atento,
com seu cavalo azul.
Por enquanto o poeta deixou aqui um pingo azul.
(copydesk/fragment by Eugenio Santana)
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
UM POUCO DE MAR E UM POUCO DE FLORESTA...
Havia os Vazios, Desejos, Ausência imensa, Saudade de algo que lhe faltava. E ela sonhava com coisas longínquas, e as amava: florestas que nunca vira, e pensava que seria bom se, um dia, o mar e a selva se encontrassem e o azul e o verde se misturassem. Ela amava o mar que nela morava, e a selva, ausência, pedaço que lhe faltava. Mas ele também tinha um sentimento triste, vazio, doía-lhe o lugar da Falta. E quando o sol se punha sobre o mar, ele sentia uma nostalgia imensa. Como se a floresta não lhe bastasse, o desejo por algo belo-distante, ausente. E, da sombra verde das árvores, olhava a luz azul do mar, solene no horizonte, brincalhão na areia, e desejava mergulhar nele, e pensava que felicidade é isto: a selva penetrando o mar. Um dia os dois se encontraram, se amaram, a floresta mergulhou no mar, o mar abraçou a floresta, suas sementes se misturaram e uma criança nasceu... E ela tinha no seu corpo um pouco de mar e um pouco de selva...
(Eugenio Santana – fragmento/copidesque)
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
É HORA DE MUDAR E DE ALÇAR NOVOS VÔOS...
Sinto que esse momento de percepção é uma liberação... Antes, sentia-me preso como se estivesse em um casulo que eu não queria abandonar... que me limitava só ao que era conhecido e, mesmo assim, parece que ficava cada vez mais limitado por medos e preocupações.
Depois me senti livre e aberto a todas as possibilidades... Em um segundo de clareza, o casulo se rompeu e eu voei.
É que as transformações tão necessárias, às vezes, não são muito fáceis e podemos nos apegar ao que deve ser deixado... prolongando o tempo do casulo, retardando o vôo da borboleta... o vôo da liberdade.
A nossa natureza é sábia... e quando estamos prontos para dar mais um passo adiante, onde podemos ter uma visão mais ampla da nossa realidade, isso se dá suavemente, quando não resistimos ao fluxo natural da vida... ou nem tanto... quando resistimos e tentamos segurar a todo custo o que já passou.
Nesses casos é quando o Universo costuma puxar nosso tapete... e alguma coisa inesperada e aparentemente ruim nos chama atenção para as transformações necessárias.
Ficamos tão acostumados com determinados "casulos" que já não nos cabem mais que, mesmo apertados e desconfortáveis, preferimos ficar ali a arriscar um mergulho no desconhecido.
Mesmo sem perspectiva nenhuma, existem situações nas nossas vidas que nos prendem até o ponto em que algo acontece para nos mostrar que é realmente hora de mudar e de alçar novos vôos.
Saber fluir com os ciclos faz nossa vida mais leve e sem esforço... mas, quase sempre nos agarramos às beiradas tentando segurar o tempo... as coisas... as pessoas... e nem percebemos que a vida passa e nós ficamos estagnados e presos ao que passou.
Quando mudamos de ciclo é como se chegássemos a um patamar um pouco acima de onde estávamos... na subida da montanha... e dali nossa vista alcança um pouco mais longe e podemos ver com mais clareza as coisas... que eram verdade, até então, agora... vista desse ponto, não são mais.
Aprendemos que as verdades que nos alimentam em determinados momentos não são as que nos alimentam em outros... nessa realidade de impermanência, tudo vai se transformando, na medida em que nos abrimos para essas transformações.
Podemos nos prender aos casulos que nos servem de morada... e de caminho... durante nossa jornada aqui... mas o casulo não é uma morada permanente e é pura perda de tempo e de energia acreditarmos que é...
Deixar ir o que passou, sem julgamentos e com Amor, por entender que era o aprendizado que precisávamos naquela hora, mas que já cumpriu seu papel... nos deixa livres para mergulhar por inteiro nas infinitas possibilidades que se apresentam quando soltamos as amarras do passado e nos abrimos para o risco e a maravilha que é viver sem garantias... no presente.
(copydesk/fragment By Eugenio Santana - Místico Rosacruz, Escritor, Jornalista, Editor, Crítico literário, Relações públicas, Assessor de Comunicação, Redator publicitário)
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
NÃO REPRIMA SEUS SENTIMENTOS. NÃO OS ESCONDA DE VOCÊ MESMO
Sentimentos que insistimos em não enfrentar, ou seja, que não queremos sentir e, por isso os reprimimos é o verdadeiro "sepulcro caiado" mencionado por Cristo. Lindo por fora, mas que esconde algo que está apodrecido por dentro. Não reprima seus sentimentos, tenha coragem de aceitá-los e deixá-los ir embora. Não os esconda de você mesmo, pois isso só o prejudica e o mantém em estagnação.
São esses "sentimentos enterrados vivos", ou seja, sentimentos mal resolvidos que fomentam a maioria dos insucessos que experimentamos, seja na saúde ou na profissão, seja até mesmo no relacionamento.
Não seja resignado com os seus sentimentos, pois também é uma forma de agravar os problemas, por isso muitas vezes é necessário procurar a ajuda de alguém habilitado o suficiente para fazê-lo encarar esses sentimentos, clareando a sua visão de mundo para que você vivencie exatamente tudo o que sempre quis. Não pense que sofrimentos vivenciados no passado que nem sempre são lembrados, não influenciam a sua vida hoje. Reflita sobre você e sua vida de hoje e veja se na sua história não está repetindo um padrão de comportamento de alguém como seu pai ou sua mãe.
Veja se você hoje não tem o sucesso almejado porque na sua infância não ouvia muitas vezes as seguintes frases: "esse menino(a) não faz nada direito!"; "do jeito que é preguiçoso(a), não vai conseguir nada na vida!"; ou ainda, se você cresceu ouvindo as frases: "trabalhar muito para ganhar muito pouco, a vida é injusta!"; "trabalhar é muito difícil e árduo"; ou ainda "é preciso sacrifício para se ter muito dinheiro"; "dinheiro não traz felicidade".
São frases comuns e carregadas de sentimentos fracassados que geram e criam padrões de dificuldades em diversos setores da vida. Resultado de "sentimentos enterrados vivos que não morreram". Imaginem a quantidade de pessoas talentosas que se encontram inertes por não conseguirem realizar seus objetivos, como se existisse algo que as tivessem impedindo de fazê-los.
(Copydesk/Fragment by EUGENIO SANTANA, FRC - Jornalista, Escritor, Editor, Publicitário, Relações públicas, Assessor de Comunicação)
domingo, 1 de janeiro de 2012
CÍNICAS MÁSCARAS
A MÁSCARA te oprime. Não a deixas, ainda que o desejes. Não te livras da prisão pessoal a que te obrigas sem saber bem por quê, qual o motivo que te imponha envergá-la sobre o rosto e vais a qualquer sítio, qualquer porto perdido nesses mares que navegas, portando a mesma identidade obscura, o falso rosto, a péssima figura que não diz o que és nem o que pensas, nem o riso ou a dor que ti manam, mas que transita fácil pelo mundo, entrando em qualquer bar ou qualquer banco, para o marketing cínico das máscaras.
(copydesk/fragment by Eugenio Santana - jornalista, escritor, ensaísta)
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
ASAS OU OÁSIS?
ASAS OU OÁSIS?
por Eugenio Santana
Guardo esses talismãs
raros, ocultos,
invisíveis, caros.
Não sei se asas
ou oásis.
A inesgotável fonte
do verbo-pássaro
é incomensurável?
Oásis: espaço, bússola, beleza, utopia.
Asas: almalada, aura, tempo, poesia.
As chaves do mistério
dessas raras jóias,
esqueci no mar profundo,
na distância.
joguei fora na embriaguez do tormento;
ficaram perdidas nas asas do esquecimento.
Não há fácil acesso
ao cofre de enigma-estigma.
Simplesmente invento
ao sabor do vento:
um poemazul – inventário de cicatrizes
alada memória do pássaro-poeta...
(*) extraído do meu livro: “Florestrela”
Hórus/9 Editora, Goiânia-GO, 2002
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
PARA SEMPRE JEAN-NICHOLAS ARTHUR RIMBAUD
RIMBAUD está vivo. Rimbaud é um fenômeno literário que não morrerá em nossa memória.
Rimbaud é um marco zero na história da Literatura.
Sua radicalidade, que o levou à renúncia e ao silêncio, merece um tributo especial e uma reflexão permanente.
Os poetas e os escritores do século XX, os surrealistas, os beatniks, os hippies, os jovens rebeldes – todos lhe são devedores.
SULCOS – À direita a aurora de verão desperta as folhas, os vapores, e os rumores deste meandro do parque, e as vertentes da esquerda mantêm em suas sombras violáceas, os mil velozes sulcos da úmida senda. Desfile de encantamentos. De fato: carros carregados de animais de madeira dourada, de mastros e telas pintadas de cores mescladas, no grande galope de vinte cavalos circenses jaspeados, e as crianças e os homens, nos mais surpreendentes animais montados; - vinte veículos, floridos e enfeitados como as carruagens antigas ou de contos, abarrotadas de crianças adornadas para uma pastoral suburbana; - e até mesmo, os ataúdes sob seus noturnos dosséis, erguendo os penachos de ébano, desfilando ao trote de grandes éguas azuis e negras.
Eu teria gostado de mostrar às crianças
Botos de ouro, peixes cantantes, polvos.
Escamas de flores ritmavam minhas danças,
Dos ventos tive asas e momentos de vôos.
Livre,ofegante, cavalgado por neblinas,
Eu que furava o muro dos céus avermelhados,
Que traz o que seria delícia dos poetas
Os liquens do sol e fungos celestiais;
Vi arquipélagos siderais e ilhas
Cujos céus delirantes abriam-se ao sonho.
Nessas noites sem fundo é que dormes e exilas
Milhão de aves de ouro, o futuro vigor?
Mas chega, chorei demais. Auroras não têm graça,
Toda lua é atroz e todo sol amargo;
O amor me encheu de torpores agridoces;
Que minha quilha estoure, que me faça ao mar!
(copydesk/fragment by Eugenio Santana – Escritor, jornalista, ensaísta literário)
sábado, 10 de dezembro de 2011
FAZ DE CONTA...
FAZ DE CONTA que vivemos num país muito lindo e verde, onde todos têm os mesmos direitos, todas as crianças têm lares felizes, todas vão à escola, todas têm a mesma assistência médica e alimentação. Vamos ainda fazer de conta que as cidades onde vivem essas crianças e seus pais são completamente livres de assaltos, assassinatos, acidentes de trânsito, catástrofes naturais, inundações, favelas, tráfico de drogas, políticos corruptos, sujeira, mendigos, gente morrendo nas filas de hospitais públicos, calor intenso em decorrência de abusos ambientais. Que os rios, riachos e córregos que cortam essa cidade são límpidos, cristalinos, prontos a nos matar as muitas sedes.
Vamos fazer de conta que as pessoas de idade são respeitadas e queridas, que sua experiência e sabedoria são apreciadas por todos, que as crianças são ensinadas a não discriminar ninguém, são ensinadas que todos têm o direito de ser o que realmente são e de se expressarem, de se vestirem como quiserem e amar a quem quiserem; que as famílias são unidas por laços verdadeiros e sinceros de afeto, senão não são famílias; que as doenças são curáveis, os frutos da terra são puros e não contaminados e que todos desejamos o bem dos outros. Que a paz reina no mundo, árabes e judeus se dão as mãos como irmãos que na verdade são, por exemplo, e que ninguém é menos amado pela cor de sua pele ou menos aceito por não possuir bens. Aliás, todos teriam os bens que a terra dá, igualmente, e todos dividiriam esses bens.
De qualquer forma, o Natal seria um momento de grande beleza e paz. Com um pouco mais de esforço, poderíamos imaginar Jesus bem bonitinho, no colo de sua mãe, nascendo o tempo todo dentro de cada coração.
(Copydesk/Fragment by Eugenio Santana)
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
TEU JARDIM, MÃE
Ínfima asa de memória ardente do poetalado, Mãe
Tão lúcida! E lancinante foi o sofrimento
e a dor inominável - e minhas lágrimas petrificadas...
Recente foi o teu Vôo na Asa inexorável do Tempo.
Partiu na tarde de nuvens cinzentas.
Meu coração? Partido; minha alma? Imolada...
Minha mãe partiu - viajou, etérea; diáfana, translúcida
Momento único em que não se repartiu - e não se fragmentou
A sua morte não repartiu – alçou íntegro e belo Vôo anímico
e cumpriu - bravamente - a sua Missão no "vale de lágrimas".
Afinal, viver é um jardim precário e efêmero.
Mas vejo em teu jardim
a perenidade da madressilva, miosótis, hortênsias,
rosas-vermelhas,samambaias e do jasmim.
Porque é bonito o Eterno.
E porque é lindo o Jardim.
Sim! O dia amanhece por meio da Aurora
inapelavelmente...
E nestas manhãs de outono
os vizinhos passam em frente da casa
e não te acenam mais.
Acenam para o jardim desolado
por hábito, medo da morte, perplexidade.
E pela sagrada Luz do Astro-rei
que ainda estremece
face ao teu (reen)canto.
Ainda assim, mãe
é noite em teu jardim cósmico.
Por mais que amanheça,
por mais que floresça
o meu olhar vaga -
lume...
(Eugenio Santana, jornalista, escritor)
"Para Sempre
Por que Deus permite
que as mães vão se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não se apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho."
(Carlos Drummond de Andrade
- mineiríssimo como eu)
sábado, 26 de novembro de 2011
DETERMINAÇÃO
A diferença entre as pessoas comuns e as bem-sucedidas é que as pessoas que têm sucesso não ficam perdendo tempo discutindo suas limitações, elas as transcendem.
Recebem sua cota justa de obstáculos e continuam em frente apesar disso. Às vezes ficam machucadas e até feridas emocionalmente, mas se levantam e recomeçam.
O poder de realizar os próprios sonhos. A força de tornar real o objetivo. Algumas pessoas parecem ser predestinadas a marcar sua passagem por este planeta. Não pense que elas são beneficiadas pelo destino, ou escolhidas por uma “conspiração astral”.
Elas apenas ousam realizar. Você também pode ser assim. Quantos sonhos você deixou de realizar por não se sentir capaz? Como pode saber se é ou não capaz, se não tentar?
Gente bem-sucedida, não nasceu predestinada. Apenas ousou lutar por seus ideais.
O caminho de quem tem sucesso não é ou não foi fácil. Por vezes, os obstáculos foram tantos que a vontade de desistir foi maior, vencendo muitos que almejavam destaque.
Mas, para muitos, a realização foi plena e eles marcaram sua existência.
Não se abata com as dificuldades ou com o agouro de quem o desanima. Não escute aqueles que martelam ao seu ouvido que você não é capaz. Lute por seus sonhos determinadamente.
Determinação foi o que John F. Kennedy personificou em 1961, quando disse que colocaria um homem na Lua antes do final daquela década.
Determinação foi a força que levou Walt Disney a perseverar em construir seu sonho, apesar de ter de declarar falência por cinco vezes.
Eu sei que preciso usar a determinação dos outros como inspiração quando sinto que o vértice da gravidade me puxa para baixo e as coisas parecem difíceis demais.
Lembro-me: outras pessoas já fizeram isso e eu também posso fazer. Só preciso de determinação para continuar em frente.
“Ninguém pode construir em seu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida – ninguém exceto tu, só tu.”
(Copydesk/fragment by escritor/jornalista Eugenio Santana)
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
TEMPO DE CRISÁLIDA (*)
É preciso transpirar uma nova realidade para poder vivenciá-la. Enquanto não nos posicionarmos e não fizermos a escolha, viveremos no mundo que não escolhemos. E nem desejamos. Este é um momento de con-vocação, de re-união, de re-construção. O chamado já está sendo feito; que possamos atendê-lo e nos seja dado o privilégio de nos tornarmos a mudança que queremos ver no mundo, como nos ensinou Mahatma Gandhi.
É preciso deixar morrer. É preciso aprender a liberar o que já não é mais. Há partes de nós que resistem, apesar de obsoletas. Que certezas carregamos sem questionar?
Onde estão nossas dificuldades de aceitação que não nos permitem sair do sofrimento?
Há tempo para tudo na vida. Mas é preciso deixar morrer a lagarta. A semente do que fomos e as ilusões nas quais construímos nossa visão de mundo foram uma etapa necessária da existência, mas chega o momento da transformação. Aquilo que era bom não representa mais o futuro.
A segurança não pode ser medida pela convicção, mas pela habilidade de duvidar e, mesmo assim, ser capaz de seguir em frente. A lagarta é a promessa do que podemos nos tornar; contudo, não é a experiência completa nem um fim em si mesma. É uma etapa inicial, acertadamente percorrida. A infância da vida, o desabrochar da inocência, a experimentação da realidade.
Então há o momento de deixar a lagarta morrer. Esse é o tempo da crisálida. Quando saímos das certezas aprendidas para as verdades elementares. Introjetamos a experiência e repassamos a vida pelo crivo caloroso da essência. Existe alegria, júbilo nessa vivência, pois não há nada melhor do que renascer. Nascer pode não ser uma escolha, mas renascer é fruto da consciência que acorda e deixa morrer aquilo que não vive mais.
Claro que, como qualquer das passagens da existência, tornar-se crisálida não é uma experiência isenta de tumulto. Há estertores da antiga lagarta que resiste em desaparecer, sem compreender que de fato se transforma em algo maior e melhor. A crisálida contém a lagarta, mas vai muito além dela.
Essa interiorização a que a crisálida convida é um estado reflexivo, de harmonização entre o ser e o fazer, entre o desejo e o destino. É a edificação da consciência em estado de maturidade. É, ao mesmo tempo, um estado de insensatez, de loucura, de fazer coisas inesperadas, fora do senso comum. É preciso muita maturidade para enlouquecer de forma sensata.
Loucura mesmo é permanecer lagarta. Arrastar-se por aí, sem perceber a magnificência da vida. Acordar e dormir sem perceber que o tempo entre esses dois momentos é o mais significativo. Não será em nenhum outro dia, nenhum outro momento e nenhum outro lugar. Especialmente, não precisamos ser outra pessoa para nos transformarmos.
O ser que somos já basta. É preciso lembrar que a lagarta é semente e que a experiência acumulada é a matéria-prima na qual podemos construir o casulo que vai abrigar a crisálida.
É tempo de se voltar para o interior, a essência. Um momento de recolhimento das distrações do mundo. O sabático do cotidiano. Na aparência, aos olhos apenas focados no exterior, a crisálida é um casulo de morte. É o fim da lagarta e nada mais se vê.
Não há beleza nem movimento, nenhum tipo de ação. É o fim de um ciclo, mas não se pode adivinhar o que virá daí. É preciso aprender a confiar no fluxo, acreditar no sábio processo da natureza, que fará revelar aquilo que pode ser.
Muitos observadores desavisados vão condenar a crisálida. Vão apontar suas deficiências, suas perdas, suas dificuldades, sua fragilidade. Contudo, não se pode confiar na impressão das outras lagartas. Cada uma delas também haverá de experimentar o mesmo processo, cada uma a seu modo, porém lagartas não estão prontas para compreender a crisálida.
O que é uma aparente deficiência pode ser, de fato, um redimensionamento da experiência de existir. O que é percebido como perda pode, na verdade, ser um desapego libertador. As dificuldades nada mais são do que a consciência em pleno exercício, percebendo mais e, portanto, experimentando coisas e situações novas. É do falsamente frágil que surge a força, o vigor, a vida.
Por falta de experimentação, o vocabulário das lagartas condena a experiência de crisálida.
A resistência se organiza, a crítica se intensifica, mas o processo não pode mais ser interrompido. Uma vez que a lagarta comece a se transformar, já não há mais volta. E é desse recolhimento, dessa autoimolação do passado que surgirão as condições para o desabrochar de uma nova experiência, mais ampla, mais rica, além de qualquer aspiração.
Da antiga lagarta se tem a experiência do corpo. Dos desafios vividos nascem as antenas da percepção. Da entrega surgem o veludo e as cores. O ser se apresenta além das restrições e, de par em par, desdobra suas asas e se permite voar para esse lugar mítico chamado felicidade.
É para lá que estamos todos fadados a seguir.
(*) Eugenio Santana é escritor, jornalista, ensaísta, publicitário, copydesk, versemaker, editor. Autor de livros publicados.
BLUE FISH
BLUE FISH (*)
- Eugenio Santana
O peixe Azul e cego
nada nas águas escuras
do Oceano.
Refém de si mesmo.
Sabe que o êxtase existe,
mas é melhor apreciá-lo
após intermináveis vivências
com a Dor.
O peixe azul e cego
nada, rumo ao nada.
Vive fragmentado, ameaçado, acossado.
Mapas e bússolas
são indicadores de seguras rotas?
Inúteis para os peixes
Azuis e cegos.
Embora roteiro de navegação
não garante travessia
de luz ou sombra.
Ainda que o remédio seja amargo,
a aceitação do sabor
é a lição do amor.
E o peixe Azul?
NADA...
(*) Extraído do meu livro “FLORESTRELA”.
Hórus/9 Editora, Goiânia-GO, 2002, página 20.
sábado, 19 de novembro de 2011
O SOL CONTINUA BRILHANDO...
DEUS é como o sol, simplesmente brilha. Dá seu calor e sua luz. Bem, podemos ficar ao calor e à luz do sol, ou podemos afastar-nos dele. Mas, quando nos afastamos, sabemos que ele não deixa de existir. O sol continua brilhando. Podemos sair do sol, trancar-nos numa masmorra escura onde ele não pode nos alcançar. Podemos ficar escuros e frios ali, mas sabemos que o sol não muda. Nós é que mudamos. Mas também sabemos que sempre podemos voltar para a luz do sol. Ela sempre está ali à nossa disposição. É a mesma coisa com o amor de Deus. Ele é incondicional – cósmico – constante e permanente. É como a luz e o calor do sol. Está sempre ali ao nosso alcance.
Às vezes, acho que DEUS é algo semelhante a uma tomada elétrica. Há uma força imensa que pode ser captada por meio de uma tomada elétrica. Há força suficiente para iluminar uma sala, para aquecer um cômodo, para fazer tocar música ou mostrar as imagens da TV. E a tomada, a forma de nos conectar com o poder de DEUS, é a FÉ. A Fé é o canal para estabelecer nossa ligação com DEUS. É nossa Fé que liga a tomada e libera o poder de DEUS.
(por Eugenio Santana, escritor, jornalista)
terça-feira, 15 de novembro de 2011
O TEMPO NÃO PÁRA NO PORTO, NÃO APITA NA CURVA, NÃO ESPERA NINGUÉM
Viktor D. Salis, filósofo grego contemporâneo, nos remete à sabedoria eterna de Sêneca, que falou do tempo e da arte de viver em serenidade: “O tempo se contrai na mesma proporção em que não temos tempo para nós mesmos e para a vida. Daí advém essa intranqüilidade de alma e essa angústia – ou neuroforia – de que o tempo passa sem que tenhamos tido tempo para viver. Mais uma vez somos nós que arrebatamos de nós mesmos esse bem precioso e único chamado vida: e ela, mais que ninguém, exige tempo para gastar. Assim, sempre ocupados, fugimos da inovação, caímos na monotonia e não vivemos como queremos, mas do modo como as circunstâncias nos conduzem. Nossas intensas preocupações são disfarces para nos subtrairmos da vida, porque não suportamos a solidão, o abandono de nós mesmos, o ostracismo, e até a nossa própria casa.
Intoleráveis aos outros e a si próprios talvez sejam os viciados em trabalho, os que abriram mão da alegria e da naturalidade, renunciando às alegrias do viver em harmonia com os dias pássaros que passam – voando com as asas do tempo, as pessoas, coisas e elementos da natureza. Assim, a vida nos abandona, em meio aos preparativos para a vida melhor, que sempre colocamos em um futuro hipotético, jamais no lugar em que estamos, ou nas situações de vida que nos chegam. E a suposta vida boa, que projetamos na realização de desejos de consumo de coisas ou pessoas, quando vem, chega muito tarde, quando já não temos saúde para desfrutar daquilo que tanto ambicionamos. De que adianta estarmos abastados, estando velhos e acabados, tendo de gastar com médicos e exames aquilo que foi miseravelmente tirado à vida real, que perdemos por não percebê-la...
Salis nos lembra: já na Roma antiga Sêneca vivia a vida frenética de uma metrópole, e sabia do quanto perdemos de vida, ao criar tempo psicológico em nossas mentes caóticas pela vertigem das insaciáveis necessidades: “Na verdade, não é curto o tempo que temos, mas longo o seu desperdício. Somos esbanjadores do tempo e da vida em idiotas, estéreis e inúteis atividades. Quando temos tempo, encontramos formas de anestesiar-nos, para não pensarmos muito e não encontrar meios de recriar nossas vidas com o tempo de que dispomos. Assim, bebemos e comemos em excesso, ou nos cuidamos em demasia.”
Sim, por toda parte, nos outros e em nós mesmos, está escrito que somos pródigos em desperdiçar o tempo, sendo ele a única coisa – embora ilusória – em relação à qual deveríamos ser muito avarentos. Se o tempo tanto salva quanto mata, devemos gastá-lo com sabedoria.
(por EUGENIO SANTANA, jornalista, escritor)
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