domingo, 12 de março de 2017

OS LIVROS QUE PUBLIQUEI SÃO MEUS ÚNICOS FILHOS (*)

Através das “Asas da Utopia”, fui “Guiado pelos Pássaros” e na floresta do desejo literário senti o êxtase, o perfume e o mistério de “Flor-Estrela” e, viajando na asa do tempo, reflexivo fiz amor no “Crepúsculo e Aurora”, meditando sobre a transitoriedade da vida, sou “InfinitoEfêmero”, “Enquanto Brilha o Sol”, sob forte névoa, neblina e tempestade deste mundo caótico, fui determinado, visionário, resiliente e neste exercício generoso da empatia, escrevi “Ventos Fortes, Raízes profundas”, e para concluir retornei às origens e às raízes mais profundas, com as “Asas da Memória”. Maktub! (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, biógrafo, influenciador digital, blogueiro e redator publicitário. Diretor de Redação da revista Cenário Goiano; foi Superintendente de Comunicação no Governo do Rio de Janeiro. Nove livros publicados

PREFÁCIO? ENALTECE OS MEDÍOCRES (*)

PREFÁCIO? UM ATESTADO DE IMBECILIDADE DE AUTORES NEÓFITOS -
Costumo rotular PREFÁCIO de "prefáceis". Trata-se de um "Avalista", um crítico literário, normalmente, "famoso" que emite opinião sobre um determinado livro de um autor inseguro, indeciso, sobre o valor “questionável” de sua própria obra. Há mais de dez anos, eliminei dos meus livros opiniões de "medalhões" ou não. Modéstia às favas, EU SOU CRIATIVO, INVENTIVO E TALENTOSO. Resumo da ópera: sou eu que escrevo a apresentação, o prefácio, o prólogo e o posfácio dos meus VALIOSOS LIVROS. (EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo, redator publicitário, influenciador digital e blogueiro. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, ocupante da cadeira dois)

sábado, 11 de março de 2017

O AMOR NA VIDA DE CADA UM DE NÓS (*)

Ao falarmos de amor, estaremos falando do amor na vida de cada um de nós, pois o amor é único sentimento verdadeiramente universal. Entre os cinco bilhões de seres humanos que já povoam o planeta Terra, uns são crentes, outros, não; uns procuram a vida agitada, outros preferem o sossego; uns são vegetarianos, outros, carnívoros, outros frugívoros. Em suma, nenhuma moda, nenhum valor, nenhuma predileção consegue unanimidade entre eles. Mas todos, absolutamente todos são sensíveis ao amor, procuram o amor, se preocupam com o amor. O amor desempenha um papel essencial, benéfico ou nefasto, na vida de todos eles. Ele é a fonte principal de sua felicidade ou infelicidade. Daí ser interessante em si falar do amor na vida de qualquer homem ou mulher, pois todo coração humano reflete algo de nosso próprio coração. Há algo de nossa vida amorosa em toda vida amorosa. Pelas circunstâncias de nossa existência, conhecemos e evocamos uma gama bastante variada de amores, quatro dos quais destacam-se: o amor romântico, o amor-sonho, o amor sensual e o amor-amizade. Cada um desses amores é personificado numa heroína real e em várias heroínas fictícias. E o conjunto dessas heroínas, reais e fictícias, parece tocar todas as cordas do coração humano. (*) Copydesk/fragment by EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, influenciador digital e blogueiro. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

APRESENTAÇÃO DO LIVRO "FLOR DE MARACUJÁ" (*)

Inventário de luz, cor, olor, cicatriz, dor, Amor! Perfume das flores no jardim de um templo gótico. Mística visão da Mesquitazul. Istambul... Vida e poesia mesclam-se no mesmo movimento rumo à transcendência. Multiforme face desnuda infinitos. “Flor de Maracujá” é pura alquimia de poesia-magia. Poeta-fênix de Vôo solitário e majestoso que aprendeu a duras penas as lições, luta na mais sublime guerra, uma guerra santa chamada Amor à Poesia. Deves aprender, primeiramente, a abrir os olhos e a enxergar. Deves ver não só aquilo que te agrada, mas também o vil excremento. Deves olhar com o mesmo prazer uma orquídea negra, uma rosazul, uma tulipa amarela, um lírio lilás e um escorpião escarlate... Através da vidraça meus ígneos e rúbidos olhos imploram o teu amor! Olhares e janelas... Violetas invioláveis no Outono... Deves olhar não só o muro, mas também sua altura. Vê quão lodosa pode ser uma Lagoa... Visualize, então, a Flor-de-Lótus e experimente aspirar o perfume de tua almalada. Poeta-fênix: com tuas garras, deves aprender a rasgar a carne impura, com teu olhar deves queimar o hálito fétido do mundo. Aprende também a sentir o odor melancólico das Flores mortas, a adorar as lágrimas argênteas, a construir um singelo templo de murmúrios. Assim te tornarás capaz. Louva aquilo que é bom e justo, com teu cântico de “Bem-Querer às Violetas”, canta a imensidão do céu azul e recorda-te como pode ainda ser bela a natureza humana... “Flor de Maracujá”: Flor-Essência; florescências... Viajo nas Asas difusas do Tempo e recordo as quaresmeiras floridas nos cerrados de Paracatu, Unaí, Araxá, Luziânia, Cristalina, Pirenópolis, Goiânia, Anápolis, Brasília... Reminiscências de Pássaros, Peixes e Flores. Saudades de percorrer e revisitar o jardim cósmico de minha amada mãe Adília Santana... Mergulho nas águas diáfanas da infância adormecida nas palmeiras seculares que adornam a Catedral Matriz de Santo Antônio... Voláteis buritis nas Asas da Memória! Caminho na Floresta e não e não encontro duendes, gnomos e fadas que me falem da beleza exótica e enigmática da misteriosa Rosazul... Rara flor das oníricas lembranças. Sonhos inefáveis e inalcançáveis. Laivos da mais pura ternura afloram dos espaços do coração-de-romã desta Poeta-fênix de profundos olhos oceânicos. Profundezas marítimas me instigam a navegar e mergulhar neste Mar de Luz Azulilás... Abelhinha indomável, me escondo no fundo e me embriago dentro das pétalas aladas da “Flor de Maracujá”. Após a imersão, retorno pleno e curado da Dor de Amar demasiadamente... Ah, Mar! Barco ébrio de meu alter-ego Rimbaud. Remo e Rima. Verso e canção. Musa-mulher: ensina-me a sina de “ser-poeta”; “escravo. Enquanto escrevo”. Plúmbea Neblina me espera no “Alto da Boa Vista”, vislumbro o bairro “bela vista”: Recife de corais. Cora. Coralina. Renasce a perplexidade nos olhos de Hórus. Às vezes oro; muitas vezes, choro. Lembranças de outras vidas, Marrocos, Arthur Rimbaud... Abre imperiosamente tuas asas, Poeta-fênix, lança um olhar aos céus e abandona-te ao sabor de oceânicas Ventanias. Certamente agora teus músculos têm o vigor imprescindível e teu coração e mente estão límpidos e puros, expurgados de qualquer lama, certamente agora poderás voar mais longe e mais alto. A poemagia de Rita de Cássia Alves sublima, encanta, eleva: zéfiro ao Zênite; êxtase e enlevo. Registro flashes do Absoluto. Sons vocálicos perdidos no espaço-tempo são resgatados por meio de uma guerreira sacerdotisa e pitonisa alquimista da Expressão Escrita. Palavras de Luz de um verbo singular... Rita. Poema-oásis de brilho raro; uma guardiã da poesia. Ensinas o ritual da longa espera de uma inspiração antológica. Nunca o planeta-blue e seus habitantes foram tão tristes e infelizes. É um paradoxo completo. Temos tudo e não temos nada, além de uma lancinante solidão entre as multidões. Viaja-se fora da Terra, dominam-se técnicas inimagináveis, mas no íntimo o fosso abissal abre-se cada vez mais. O ser humano é um elo perdido no cosmo. Nossa porção natureza está violada e distante. Rita sente uma atração “quase” irresistível pelo jogo de sonoridades, aproximação de palavras por similitude fonética e o apelo para o fluxo das janelas do mundo interior, que se coaduna com facilidade tanto com a sintaxe incomum quanto com o jogo sonoro. Através de tudo isso a nostalgia sutil como elemento unificador. Onde se insinua a Dor? Pelas fendas e Sendas do Amor. Rita de Cássia Alves carrega dentro de si um coração de diamante literalmente lapidado. Literariamente burilado. A poesia beija a “Flor de Maracujá” neste lírico amanhecer de outono, sob o olhar atento dos lírios amarelos que circundam de beleza a avenida principal de Joinville... Joinville-SC, 09/04/1999. (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, influenciador digital e blogueiro. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

DEUS É VENTO (*)

Quem somos? O intervalo entre o nosso desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de nós. Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me e ser eu, não Eugenio Santana, mas um animal humano que a natureza produziu. Mas isso, triste de nós que trazemos a alma vestida!, isso exige um estudo profundo, uma aprendizagem de desaprender... Quero raspar as tatuagens de Deus com que cobriram os nossos corpos. Teólogos, sacerdotes, fiéis – todos eles se dedicam a essa arte perversa. Pensam que suas palavras são gaiolas para pegar Deus. Com isso ofendem Deus: pintam-no como pássaro engaiolável. Mas Deus é Vento – é isso que quer dizer a palavra “Espírito”- não pode ser engaiolado como passarinho. Em outras palavras: não adianta, quando a gaiola se fecha, é porque o sagrado já voou para outro lugar. Deus está sempre além das palavras, no lugar aonde as palavras não chegam, onde só existe o silêncio. As gaiolas de pegar Deus têm muitos nomes: rezas, terços, novenas, orações, preces, mantras, rituais, promessas, templos, Bíblia, Corão. Mas só os cegos não percebem que elas estão sempre vazias. O Rio cujo nome sabemos não é o eterno. O nome que pode ser dito não é o nome eterno. O Rio que não tem nome: dele nascem todos os rios que têm nome. O Rio que não tem nome é o princípio dos céus e da terra. Os rios que têm nome; neles nadam dez mil peixes diferentes. O caminho para Deus começa com o esquecimento de todos os nomes que nos foram ensinados. Deus não se vê diretamente. Só através de espelhos. Bons espelhos não têm memória. São vazios. A gente sai da frente deles, e prontamente de nós se esquecem. Se tivessem memória, eles guardariam o nosso rosto, mesmo na nossa ausência. Para refletir Deus em tudo o que aqui e agora existe, meu coração há de ser um espelho luminoso, claro e vazio. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, autor de nove livros publicados, jornalista de mídia impressa, ensaísta, biógrafo e relações públicas. Membro efetivo da ALNM - Academia de Letras do Noroeste de Minas, sócio da UBE – União Brasileira de Escritores

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

APÓS O CARNAVAL...

Os especialistas, economistas, jornalistas, políticos, líderes e estudiosos, nem eles sabem o que vai acontecer com o Brasil, com cada um de nós, os ricos e os pobres, os alegres e os desesperados, os descrentes e os iludidos, e os doentes em fila para atendimento médico, em fila para o seguro-desemprego, o abono do PIS e o FGTS inativo, em fila para receber o corpo do pai morto que sumiu – porque alguém está em greve e corpos apodrecem em algum corredor. Depois do Carnaval é que o ano vai realmente começar, isso é unanimidade. E aí, dizem também, vamos entender em que enrascada estamos, tendo de optar por comer ou pagar o aluguel, tomar banho frio ou desligar a TV o dia inteiro, ou comprar material escolar das crianças. Nada tenho contra o Carnaval, mas, quando vejo tantas pessoas sambando animadíssimas em tantas ruas há semanas, penso se isso tudo é despreocupação e alegria ou se há um pouco de alienação e desespero. Porque depois do Carnaval continuaremos a ficar todos mais pobres e endividados, e o Congresso – que deveria nos representar – voltará com suas confusões impensáveis, quem sabe pancadaria, baixaria, xingamentos, e pouca eficiência. O mundo anda mesmo esquisito, depois do Carnaval os estrangeiros que nos viram pela TV talvez achem que nossos problemas eram invenção da imprensa capitalista: não foi por alienação ou desespero, mas de felicidade que pulamos durante semanas pelas ruas e praças de um Brasil bem administrado, bem-sucedido, exemplo para os países respeitados que crescem, cujos líderes planejam e executam trabalhos em favor de seu povo, com esforço, competência e honradez. (Jornalista/escritor EUGENIO SANTANA)

domingo, 5 de fevereiro de 2017

O TEMPO (*)

Contei os meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou com avidez, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades, não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados, inveja e desamor, orgulho e ambição. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos, sorte e criatividade. Já não tenho tempo para conversas prolixas e intermináveis, para debater assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha história. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da avançada idade cronológica são imaturas. Não suporto fazer avaliação de desafetos que brigaram pelo honorável cargo de Diretor de Jornalismo. As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma alada tem urgência de ser feliz. Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, demasiadamente humana, que sabe rir de seus tropeços, que não se encanta com vitórias fáceis, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, e que as mentiras e assuntos inacabados não façam parte do momento, quero caminhar perto de coisas e pessoas autênticas que saibam o que é o amor incondicional. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim basta o essencial. (*) Copydesk/fragment by EUGENIO SANTANA, jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

FILAMENTOS DE UM PÔR-DO-SOL ANDRÓGINO (*)

Admirava-o. Não perdi a admiração. Acredito que ela tenha aumentado. O bizarro, é que nunca cheguei a pensar como tudo havia acontecido. Eu era, testemunha ocular de um gesto que personalizou-o, ainda que não tenha tido a intenção, seu trabalho bastaria, como bastou. Entre os estandartes da demência e da genialidade, fez-se eterno. O vermelho deslizava-lhe pelo pescoço, avolumando pequenas poças, coágulos, gosmas, querubins malditos, formas mortas, abortos, abutres, assentados nos pêlos da sua barba. Seu olhar fixo, sem nenhum tremor, como se nada acontecesse, e não fora ele o autor, intérprete, diretor, cenário e palco do monólogo vermelho. A colcha que cobria a cama ganhava nova coloração e forma, pintura primitiva, esvaindo-se das minas da carne, viscosa e quente, contrastando à indiferença do seu olhar, parede e alcova, da emoção. O corpo demonstrando declínio ante a dor não exposta e fraqueza natural, quedou-se devagarzinho, de encontro à cama. O instrumento cúmplice, banhado de vermelho, parecia um bumerangue aborígene, pássaro apocalíptico da trilogia da negligência. Nós éramos mórbidos epigramas do triângulo em gestação. Cortado pelo gélido pincel, foi-lhe a carne dividida, lembrando o pão da santa ceia, às avessas. Ela estava arrancada dele, definitivamente separados. Não fiz nada. Senti que não deveria interferir. No entanto, não poderia abandonar aquele momento trágico e sedutor, sem pegar um souvenir. Quanto tempo sonhei com aquela tarde no Louvre. Lá estava eu, entre dezenas de grandes mestres, todos fascinantes com seus estilos, e rupturas que marcaram época, contudo, queria encontrá-lo, devorá-lo ao vivo, longe das reproduções e slides, que durante anos foram companheiros nas salas de aula. Somente ele, nenhum outro, de tal forma, conseguia desequilibrar-me, colocando-me à deriva emocional. Diante da sua arte, caminhava entre as plantações de trigo, girassóis e moinhos. Nessa viagem, frenesi de quem parte sem ausentar-se, somente retornava a mim mesmo, quando os alunos em coro, chamavam-me. Andando pelos corredores do Louvre, escarnavam-me o olhar babando as gosmas saborosas das retinas, Delaroche, Velasquez, Picasso, Gaugain, Renoir, Monet, que provocou-me compreensível – breve – parada. Ele, de certa forma, bordava as lantejoulas do meu frenesi. Continuei a busca, com a certeza da sua proximidade. Subitamente, como se algo, chamasse-me a atenção, tocando-me às costas, virei-me, e o paraíso descerrou as cortinas – a luz amarela – estrela vésper da sua pintura, mergulhava na umidez vermelha dos meus olhos. Ignorando as pessoas em volta, perdendo com mais intensidade a noção do tempo, ao êxtase tântrico pictórico, minha alma alada, já não era alma. Era um arco-íris pousando no útero da tela, onde fiquei, até que uma voz – sempre elas – trouxe-me de volta para o outro lado – a terceira margem do rio do tempo – ao insistir que estava na hora de fechar o museu. Saindo do Louvre, meus olhos garimpavam o transe. Na indiscreta verticalidade do abismo, encontrei o metal cortante. Minhas náufragas, suadas digitais, revelaram a dissimulada atração. Ao guardá-lo, no bolso esquerdo da jaqueta, forte era a sensação de Ícaro, cujas asas a monotonia, não mais haveria de derreter. No balanço do meu andar, o metal batia e voltava sobre meu coração, como chibatadas, açoitando a dolorida ansiedade. A uma quadra do hotel, resolvi parar num café, escolhendo uma mesa na calçada. Após a primeira taça de vinho tinto seco, vejo-me novamente em seu quarto. Ele com o instrumento em riste, no topo da orelha, não ousava dizer absolutamente nada. Quedou silente. Os músculos de sua face e seus olhos eram os mesmos bailarinos paralíticos, completando a alegoria do hiato, antecedendo ao gesto. Sua mão, única expressão de vida, desceu num frêmito impulso guilhotinador. Um desejo irremovível de amputar. Em queda, as gotas de sangue eram filamentos de um pôr-do-sol andrógino. Sentado no café, o garçom perguntava-me se queria outra garrafa. Pedi a conta, ao mesmo tempo em que apalpava os bolsos da jaqueta. Chegando ao hotel, peguei a chave, tomei o elevador. Dentro do apartamento, ouvi o farfalhar das asas de dois pássaros vermelhos, fui ao lavabo, postei-me frente ao espelho, retirando, primeiro do bolso esquerdo da jaqueta, o dócil e inofensivo cortante metal. Depois foi a vez do souvenir. Ao empunhar o metal sobre minha orelha, no canto esquerdo superior do espelho, Van Gogh, observava-me passivamente. No mármore do banheiro, a orelha de Van Gogh, já não estava sozinha. (*) EUGENIO SANTANA é Jornalista, Escritor, Ensaísta, Biógrafo e Redator publicitário. Pertence à UBE - União Brasileira de Escritores. Colaborador da ADESG, AMORC e do Greenpeace. Autor de nove livros publicados. Gestor e fundador da Hórus/9 Editora e Diretor de Redação da Revista Panorama Goiano.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

AFUNDAMOS CADA DIA MAIS (*)

O país, o povo e as lideranças: ainda há, nesse palco vergonhoso, quem use o termo “ética”? Penso que sim, pois falta de ética implica o uso despudorado da palavra. Ninguém parece entender nada. Somos uma nau sem rumo, sem comandante, pobre “Titanic” sem majestade, mas com gente ajeitando a cadeira no convés para observar o espetáculo, e muitos nas margens (pode ser mar, rio ou poço o lugar do afundamento, tanto faz), apostando: “Agora vai! Ainda não vai! Vai de proa primeiro! Aquele vai cair da amurada! Outro subiu no mastro pra espiar a melhor salvação! Um deles subiu para de lá cuspir nos de baixo!”. O cansaço vai nos abatendo, já não torcemos pelo mocinho, nem acreditamos em mocinho. Alguém disse recentemente que nesse faroeste “são todos bandidos”. Feito uma bactéria ou vírus, tudo isso nos deixa atordoados e quase sem reação. A reação, bonita, vem nas ruas, onde se mostra a alma desnuda do povo que vai deixando de ser bobo. Incompetência pusilânime de quem errou, que é hora de parar, de falar, de consertar o que ainda não está perdido, matem esse ritmo de queda veloz. Afundamos cada dia mais. Cada dia notícias mais inacreditáveis. Cada manhã vejo jornais e TV esperando que algo gravíssimo, mas positivo, tenha ocorrido. Personagens importantes e importantíssimas na vida pública e privada, que nos inspiravam, quem sabe, faziam suas tramóias pelas quais hoje o país e cada um de nós pagam alheios pecados mortais. Desisto de comentar a pobreza que se espalha, a ruína material e intelectual da nossa educação, das universidades às creches, a agonia da saúde dos postos aos hospitais, e a inexistente segurança... Já tivemos isso um dia? Como era mesmo quando a gente podia sair às ruas em paz? Que a lei e alguns homens honrados nos livrem desses vexames, e que preservemos, se não o otimismo, o teto sobre a cabeça, o feijão no prato e, com muita sorte, o filho na escola. (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A REDE SOCIAL SÓ MOSTRA GENTE "FELIZ", SEM DIFICULDADES E FRUSTRAÇÕES (*)

Quando sua alma estiver dolorida, mergulhe fundo dentro de você mesmo e descubra o que a está ferindo. Não adianta querer aplacar a voz da sua essência nem ignorar o grito de dor de sua alma, pois lá na frente, em um futuro qualquer, o preço que você terá de pagar por não a ouvir ou tentar calá-la será muito alto. O mundo vive uma epidemia de depressão e por isso os laboratórios ganham fortunas vendendo remédios que procuram anestesiar as verdadeiras vontades das pessoas. Você está exausto por manter um casamento sem amor? Toma um antidepressivo e acha que resolveu o problema? O que muitos chamam de depressão significa apenas cansaço existencial. Trocando em miúdos, é a sua alma revoltada com as coisas que você se obriga a fazer sem escutar seu coração. Coisas como trabalhar naquele lugar em que você não se sente valorizado, estar naquele relacionamento ruim porque não tem coragem de dizer “chega!”, deixar de falar que ama aquela pessoa especial até que ela se apaixone por outro alguém, e adeus. Nesses momentos de depressão, muitas pessoas ficam agressivas, mas não adianta brigar quando você está triste, de farol baixo, com a alma ferida, isso só vai complicar tudo. Poucos conversam consigo mesmo em um momento de angústia e dor, insistindo em calar seu sofrimento com soluções que somente aumentam a própria infelicidade. Em vez de mergulhar na orientação de sua alma, tentam calar a voz da sua consciência ao se entregar a compulsão por compras, por comida ou dietas malucas; taras sexuais, álcool, cocaína, internet sem limites, e tantos outros vícios degradantes. No fundo, muitos drogados pensam: eu tenho o direito de usar drogas porque estou depressivo. A maconha, estudada por FHC, pode até acalmar na hora, mas, no dia seguinte, os pensamentos e as atitudes depressivas vêm com muito mais força, pode crer. Mergulhe fundo dentro de você mesmo e descubra o que falta, o que melhora, o que agrega, o que faz a diferença. Aceite suas imperfeições e ambivalências. Uma das atitudes que mais desgastam o ser humano é a mania que existe de querer sempre estar certo, e como eu conheço pessoas próximas e de minha intimidade que agem deliberadamente assim... Muitas pessoas vivem esgotadas tentando mostrar o tempo todo o quanto são sensacionais, mas manter a máscara de bem-sucedido sem que seja absoluta verdade consome bastante energia. Na rede social em que mais se vê gente “feliz”, o Facebook, parece que ninguém ali passa dificuldades e frustrações na vida. Tanto que há estudos que mostram participantes deprimidos, que se sentem mal, por ver somente felicidade nas postagens dos outros. Quanto mais navegam, mais invejam a rotina alheia e acham a vida injusta com eles. Sofrem de uma doença crônica, filha-irmã da inveja, a mania de perseguição. Que ninguém se iluda: a realidade é que, embora sintam a tentação de mostrar somente a vitórias, todos têm fracassos. Querer esconder as nossas limitações causa ainda mais dor e angústia. Afinal, a maioria das vitórias é conseqüência do aprendizado de uma série de fracassos. Compreenda os motivos das suas derrotas e assuma seus erros. Entenda que somente quem está aberto para perder pode vencer o jogo da vida. Querer dar a última palavra em todas as conversas, debates, competições, negócios e conflitos é comprar um passaporte para a solidão. É preciso saber reconhecer quando a outra pessoa está certa ou sabe mais do que você. É necessário saber reconhecer um equívoco ou mesmo uma dificuldade que você tenha. Se você for analisar a carreira dos vencedores, elas erraram muito mais do que acertaram. A diferença é que transformaram seus aprendizados em sabedoria. (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

RENASÇO ALTIVO NA TINTA DO INFINITO (*)

Em cada letra, tinta e o cheiro do infinito, há um diálogo silente que rumino (instigo) onde, por completo, nasceu a página e a pátina que dito – só escrevo, neste plano, aquilo que ainda sonho no outro sótão: a vida após a vida. Sei que feneço no fim de cada sílaba, mas renasço altivo no início de outro mito. E vôo com as asas da Phoenix. Ainda que me seja efêmero o ato de colher as horas, serei sempre estrangeiro da fronteira de vidro: afinal, que sou, senão o fragmento de meus destroços? Só quem navega à luz, sabe o naufrágio das trevas. Afinal, ninguém se espera, se busca, quando o objetivo é filho da ausência da vida por si mesma. Ainda que me seja tardio, serei luz incendiária, fogo fulminante apagando a essência das águas. Nada sou senão serpente e anjo, verbo notívago escrito na página da madrugada. Muito antes que eu compreenda a consciência das asas, direi que o vôo é volátil e curto na distância planejada, muito embora ciente de que me é mais fácil seguir por caminho de lugar nenhum do que então afogar-me em gota de envelhecido rum. Quem afirmou que o castigo aconteceu no Paraíso, se o Paraíso é a morada do meu Pai? Alguém ousa vender um homem no mercado de Deus por ínfimos valores de insensíveis sonhos? Quem se arriscaria a seguir por tão nefasta via? A nenhum destino se chega ao homem senão pela sombra de seu mesmo sobressalto e nome. Meus passos já não cabem em si, muito menos no impulso da estrada que tanto lhes fere e agrava a força do espinho que sou serei além do que vivi e sangrei, amor. O que faço, a bem do meu nome e o fogo que me consome, é aprisionar o tempo e escrever as asas da memória antes do crepúsculo e após a aurora. Não poderia eu omitir que em mim persiste a surpresa que me envelhece, além, muito além dos jardins do abandono e a cal da árvore de plátano plantada em pleno deserto do ser – eis, então, a energia de, assim, matar, morrer para o que se foi e nunca mais há de nascer! Jamais ergo diques: deixo-me fluir para o que se vai, embora estando aqui. Apesar de tudo, nenhum homem sabe a dor do outro! E só a tempestade é capaz de resgatar o silêncio que medra na alma de cada um! Em cada letra, tinta e pátina de infinito, insuflo de fogo meu grito ainda que tardiamente para Deus! (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

OS ESCRITORES E A PROMISCUIDADE VIRTUAL (*)

Nos velhos tempos, há cerca de três décadas atrás, os escritores eram admirados e cultuados apenas pelo que publicavam em livros, revistas e jornais. Quando algum leitor gostava muito do que havia lido e queria compartilhar com alguém, dava o livro de presente ou emprestava o seu. O conteúdo mantinha-se preservado, assim como seu autor. Ninguém divulgava um texto de Arthur Rimbaud como sendo de Rilke, ninguém infiltrava parágrafos da Lygia Fagundes Teles num texto do Baudelaire, ninguém criava novos finais para os poemas de Hilda Hilst. O escritor e sua obra eram respeitados, e os leitores podiam confiar no que estavam consumindo. Inventaram o conceito de interatividade e as ferramentas para exercê-la. Por um lado, a sociedade se democratizou, todos passaram a ser ouvidos, diminuiu a distância entre patrões e empregados, produtores e consumidores: as relações ficaram mais funcionais. Mas o uso dessas ferramentas acabou involuindo para a maledicência e a promiscuidade virtual. Hoje ninguém consegue mais ter controle sobre sua imagem ou seu trabalho. Um escritor publica um texto no jornal e três segundos depois o mesmo texto está na internet, atribuído a Debussy, que nem escritor foi. Fofocas se disseminam no Facebook, vídeos íntimos são divulgados no Youtube, fotos de modelos vão parar em catálogos de prostituição e a credibilidade foi para o espaço sideral. Ninguém mais confia totalmente no que vê ou lê e isso pouco importa. Informações são inventadas, adulteradas, inexatas porque, por trás das telas dos computadores, há muita gente querendo ter seu dia de autor, mesmo que autor de algo inverídico. Sinto nostalgia pelo tempo em que éramos seduzidos de frente, não pelas costas, covardemente. Hoje não só engolimos qualquer factóide, qualquer manipulação, como também a produzimos. A invencionice suplantou a Arte. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Diretor de Redação da revista Cenário Goiano; foi Superintendente de Comunicação no Governo do Rio de Janeiro. Nove livros publicados

UM BEIJA-FLOR AMANDO A ESSÊNCIA DA FLOR (*)

Às vezes, sou assim: misto de início e (mar) fim. Às vezes, me procuro na procura de algum questionamento qualquer: por que representar a vida e encenar a alma difusa, se ágil é o ser em ser confuso? Nem sempre me procuro na grave solidão de estar, mas ergo choros e delitos, como se fossem a bengala, o Chaplin, a alegrar em mim o súbito (só) riso de amar a eterna alegria de ser, sorrir, cantar! Em verdade, jogo o jogo do existir, muito embora estando longe e perto daqui. Eu sei, sempre soube: os homens criam seus muros de musgo, sombra e argila, edificando de falso mito sua mentira de ser, quase não sendo, o gelo no fogo ardendo, como, assim, as farpas e harpias de mundos incomuns, improváveis. Às vezes, sofro da fragilidade da vida, sem, no entanto, ater-me à saída pra lugar nenhum; e forte é a sangria de minhas vísceras sem destino algum! Alguns me dizem: o contrário da verdade não é a mentira – é a ilusão. Eu, do meu lado, prefiro antes ficar sem saber, entre o sim e o se – não. O negro não é o oposto ao branco, dizem. Tudo é ausência de luz. Como, então, saber o que é, ou não é, aquilo que me conduz? Ouço, às vezes, a linguagem das flores e percebo que uma flor só se sabe perfumada e bela enquanto existe um beija-flor amando a essência dela: nem ela é virgem sem ele; nem ele, ave sem ela! Sou o que sou: pássaro de imenso anseio e vôo por aí neste deserto de vasta solidão. Às vezes, me procuro no que acho, como da pedra a fonte, como da fonte o riacho; e não há, agora, nenhum suicídio de amor na paisagem derradeira senão a morte a farsa da vez primeira de saber-me aonde vou, ainda que a asa do Tempo se me faça impróprio no que sou; e, se sou assim, misto de início e (mar) fim, tenho mais é que me buscar por aí, tendo de Ícaro o vôo no voar, seguir, mesmo que, para os ícones e sombras do mais áspero abismo, possa eu erguer meu paraíso forrado de limalhas mirtos orquídeas em jardim da solidão, como do sonho os rios do mundo inundando o coração! (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Diretor de Redação da revista Cenário Goiano; foi Superintendente de Comunicação no Governo do Rio de Janeiro. Nove livros publicados

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

SUTIL ENCANTAMENTO

Abrasear e silenciar nossas vozes, Edla, sentados à relva fresca, úmidos de orvalho e orgasmo. Ouvir o sussurro do vento nas flores do campo e nas folhas da relva. Voar nas asas dos pássaros e na canção da brisa, vivenciar a paz silenciosa do horizonte sem limites. Afagar-te, Edla, e tocar com emoção as maçãs róseas do teu rosto-luz; despertar com a claridade da manhã rasgada de Sol que doura e acaricia nossa epiderme... Visualizar no teu talismã o espaço de céu infinitamente azul; voar na vastidão da luz plena de vivas cores e inebriantes olores. Trago-te, Edla, flores do campo para adornar teus cabelos dourados. O sorriso enluarado que trago comigo mostra-te multiformes caminhos, visão onírica de um rosto serenamente iluminado. O negro véu da noite calou nossas vozes, uma aura azul envolveu nossos corpos. A madrugada chega pela cavalgada alada das asas do vento. Os pássaros noturnos voam, os cães ladram ao longe, Edla, e os loucos e os poetalados acordaram e dominam a etérea cidade. Precisamos partir. Protege-me, no teu secreto refúgio. Conduze-me ao insólito templo do Amor. Façamos, então, a Viagem Cósmica por caminhos esvoaçantes de risonhos fantasmas, silfos, elfos, salamandras, gnomos, duendes, unicórnios, colibris, crisálidas, névoa, neblina e fascinação! Retornemos ao vale místico e sagrado onde tu me encontraste e, cedeste, fugaz, o teu coração de fada no caminho cármico de remoto passado de sonhos azuis, dispersos e alados. (Escritor, jornalista e ensaísta EUGENIO SANTANA, FRC – Autor de nove livros publicados)

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O RETORNO DO HOLANDÊS VOADOR

Ouve a concha do tempo, ouve a voz silente do vento nas Asas da Memória. Não há como conter essas águas. Sementes de mostarda levitam o casco do Navio. Fantasmas somos todos, nós. Nua Utopia desfila cores sobre a perplexidade desses seus olhos astutos. Avante, Comandante! Não existe pirata à vista. A vitória, o triunfo e a glória se insinuam e se mostra antes mesmo da guerra começar. Ele voltou. Há vestígios de luz nos mistérios da vastidão do mar. O Holandês Voador voltou. Atracou no cais do porto de sua alma e fotografou sua aura. Um pergaminho revela aonde encontrar a chave que abre o solar do Conhecimento de Rama. Não náufragos no convés. Ao timoneiro, alada mão se eleva. Firme, comanda. Navios navegam mares. Obscenos são aqueles que ficaram no cais. Obscuros, não assimilaram a grandeza dos Oceanos. (Escritor/jornalista EUGENIO SANTANA)