quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

PALAVRAS ALADAS

As Palavras São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas. Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam: barcos ou beijos, as águas estremecem. Desamparadas, inocentes, leves. Tecidas são de luz e são a noite. E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda. Quem as escuta? Quem as recolhe, assim, cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras? (Writer and Journalist by EUGENIO SANTANA)

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

SATURNÁLIA

O Império Romano deixou como legado ao mundo ocidental, entre muitas coisas, os princípios do ordenamento jurídico praticado em dezenas de países, as raízes de línguas como o espanhol, o francês ou o italiano. Mas talvez haja um elemento desse legado que não é tão conhecido: a festa do Natal. Em uma das principais celebrações do Cristianismo, hoje marcada por árvores luminosas, Papai Noel, manjedouras e reuniões familiares, é difícil ver qualquer vestígio da cultura romana. A escolha de 25 de dezembro como a data do nascimento de Jesus não tem nada a ver com a Bíblia; ao contrário, foi uma escolha bastante consciente e explícita de usar o solstício de inverno para simbolizar o papel de Cristo como a luz do mundo. A Saturnália era um festival realizado pelos romanos antigos para celebrar o que chamavam de "renascimento" do ano, para marcar o solstício de inverno no calendário juliano (prevalente no império romano e na Europa durante séculos) que, curiosamente, era celebrado em 25 de dezembro. Mas começaram então as semelhanças com o Natal que conhecemos nos dias de hoje: as casas eram decoradas com folhagens, velas eram acesas e... presentes eram trocados. Essa celebração era realizada em homenagem ao deus Saturno (daí o nome) e sempre foi caracterizada pelo relaxamento da ordem social e pelo clima de carnaval. A celebração em homenagem a Saturno no início do inverno tinha um significado: Saturno era a principal divindade dos romanos. Ele era o deus do tempo, da agricultura e das coisas sobrenaturais. Como os dias encurtavam e de alguma forma a terra morria de forma simbólica, era necessário que o deus do tempo e da comida ficasse feliz. E como parte dessa tradição de agradar a divindade e outras pessoas, os presentes foram introduzidos. Além da festa da Saturnália, os romanos tinham outra celebração importante: a do "nascimento do sol invicto ou não conquistado" (Natalis Solis Invicti), que era celebrado todo dia 25 de dezembro. A verdade é que, no fim da era romana, o Natal já fazia parte do calendário romano. Foi um processo gradual, segundo os historiadores, que teve a ver com uma hibridização ou amálgama de tradições. Em meados do primeiro século, os cristãos já haviam chegado a Roma e começaram a moldar a sociedade do império. (Copydesk/Fragment by Writer and Journalist EUGENIO SANTANA)