terça-feira, 28 de dezembro de 2021

FRAGMENTOS DA ALMA DO MUNDO. OUVIMOS SEUS VENTOS UIVANTES (*)

Vóavamos pela imensidão do Universo. Voávamos encantados por uma infinita beleza, inebriados de tanto saber, com asas tão fortes que podíamos suportar qualquer carga em nossas eternas missões. Éramos guardiões do bem-estar por entre as estrelas. E nesse tempo em que conhecíamos a verdade sem que nada nos escapasse, patrulhávamos a imensidão celestial cuidando de tudo o que é inanimado: as pobres coisas sem alma! Vez por outra víamos o mais poderoso dos deuses com seus cabelos ondulados a caminho de mais uma aventura a bordo de sua carruagem celestial. Admirávamo-nos da beleza dos musculosos cavalos alados que eram a força motriz da carruagem divina, e ficávamos maravilhados de pertencer a este Universo. Quanta sabedoria e iluminação! Vivemos asssim por muito, mas muito tempo mesmo. Sem que nada nos preocupasse. Quanto encantamento! Quanta beleza! Mas um dia, fatalmente, o encanto se desfaz. E se desfez. Fomos subitamente tomados pelo esquecimento. Sem saber separar o justo do injusto, caímos na sujeira do erro, e fomos afastados de tudo o que é belo para nos vermos cercados de espanto. Nossas asas começaram a encolher. Encolheram tanto que desapareceram. Descobrimos que já não éramos capazes de voar. Perdemos nossos poderes. E começamos a cair em direção à Terra! Talvez fosse adequado dizer que nos tornamos anjos caídos, pois chegamos a este planeta e aqui ficamos como se estivéssemos num terminal espacial sem voo de partida ou chegada. Nos primeiros momentos desse nosso pouso inesperado, vagamos como astronautas sem nave num planeta em que não víamos nem amor nem beleza. Perambulamos como se fôssemos extraterrestres, sobreviventes de algum apocalipse longínquo, vagando por desertos feitos de arrependimento, culpa e dor. Subimos em morros e ouvimos seus ventos uivantes. Lembranças nos vieram à mente como relâmpagos. A memória, ainda que imperfeita, era o que nos fazia ter certeza de que algo realmente paradisíaco havia ficado para trás. (*) Copydesk/Fragment By EUGENIO SANTANA, escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, Agente literário, gestor editorial; economista, contabilista, consultor de RH. Autor de 15 livros publicados. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - E-mail: es.escritor1199@gmail.com - Radicado em Curitiba, PR, desde 2017.

domingo, 26 de dezembro de 2021

DIMENSÃO DA DISTÂNCIA. A PRESENÇA DA AUSÊNCIA (*)

Há distâncias e distâncias: umas com poder de minimizar, outras de inflamar. Machado de Assis disse que o vento apaga as velas, mas atiça as fogueiras. O poder dessa condição - a de se estar longe - se expressa nas mais variadas dimensões: no desespero inseguro de quem não entende como o outro agora mesmo estava aqui e de repente partiu; na segurança de quem vê e escuta o outro de uma webcam, seguro e seu, mas sofre; na loucura irracional de quem sente falta daquele(a) que te abandonou. A dor desse intervalo invisível - a saudade - se explica porque ele coloca a prova coisas visíveis; e talvez só ele tenha o poder de materializar um afeto: em frases, objetos, cheiros e gostos. É o dividir em locais diferentes patrimônios indivisíveis. O homem racional dribla limites,visita camadas interiores tão profundas através da fé e da ciência, mas nunca conseguiu domar a tão temida saudade. A sua inteligência discerne as externalidades que fazem alguém estar longe, mas o seu sintoma é crônico, irreversível: aquele furo no peito, ferida ardida, uma amputação. Como explicar pro coração ressentido a presença da ausência? As relações humanas são tecidas em linhas temporais, onde o afeto é fruto de algo construído linearmente, como se o valor daqueles momentos estivesse em ser plenamente alcançáveis, próprios, eternos. Amar e querer por perto é uma forma de dizer que se sabe o endereço da felicidade, de privatizá-la. Por isso a distância é uma lente para se enxergar as relações humanas de maneira mais pura possível. Maravilhosos são os meios que a tristeza toma para nos aproximar da essência real da vida. Doloridas são as estradas solitárias. Com saudades, somos honestos feito crianças. Ela narra a nossa hipossuficiência. Nos torna mais humanos, responsáveis e vivos. Em qualquer circunstância, prova que relações de tempo e espaço, causa e efeito, presença e ausência podem ser rachados pela força propulsora dessa lacuna incurável, que só o conforto do outro pode curar. (*) Copydesk, fragment by EUGENIO SANTANA, escritor, ensaísta, jornalista, biógrafo, relações públicas, assessor de imprensa, redator publicitário; gestor editorial e Agente literário. Autor de 15 livros publicados. (41) 9.9909-8795 WhatsApp, e-mail: es.escritor1199@gmail.com

TEMPO DE AUSÊNCIAS (*)

O tempo que me habita não é o tempo das coisas. As coisas, elas têm um tempo próprio. Elas começam e acabam e transformam a gente nesse durante, num ritmo que é delas - e isso aí vira o nosso tempo. Mas as coisas, elas são como as estações do ano. Por exemplo, eu me pergunto como as árvores conseguem superar os invernos. Você não? Você nunca se espanta? Olhando pra elas lá, firmes, imperiosas, isoladas, nuas? Admiro a paciência do carvalho. A impassividade dos pinheiros. Elas têm a compreensão profunda da hora certa, a paciência da espera para as coisas com hora marcada. É que as árvores vivem a eternidade do tempo certo. Elas não têm nem antes nem depois: são somente o agora. Já eu… eu não. Ao contrário de mim, as árvores não têm vontade. Você já viu uma árvore ansiosa? Uma árvore em crise de pânico? Como seria possível para nós, filhos do acaso ou de pais neuróticos, saber a precisão do tempo de cada coisa? Como acertar o tempo certo, com a exatidão da folha, que se recolhe, impassível, na espera de desabrochar com mais beleza? Esse instinto de relógio cuco não me pertence - desses que não atrasam um segundo e vêm com um pássaro impiedoso para não perder uma chance de me lembrar que tudo tem um tempo próprio: o amor, a solidão, o sexo, o riso. Alguns povos tinham como sagrado esse papo do tempo das coisas, da medida exata, do momento presente. Mais que uma elegia ao equilíbrio, era o culto ao instante. Eles não subestimavam o poder do agora. Admirei. É um exercício para os fortes esse de lembrar de nunca esquecer que tudo pode mudar a qualquer momento. Diante disso, eu especulo: bastaria a demanda correta, um gesto, uma exigência para acertar o passo de cada um na dança da existência, que é sempre rumo ao fim? Seria possível conviver em paz com o que está sempre se esgotando? Olhar o presente de frente é saber que só ele existe. É viver na finitude, no que escorre pelos dedos. Viver com isso tudo na sua cara exige a franqueza das crianças e dos estúpidos. Porque você vai cair na tentação de esquecer que tudo, absolutamente tudo, acaba. Você, assim como eu, vai se perder nas bobagens do dia a dia ou transformar a agilidade da moça do mercado em uma pedra filosofal capaz de determinar o sucesso ou fracasso da sua existência - e resumir isso tudo apenas numa atitude inadequade e mal direcionada, para não apontar tantos dedos... Porque é perturbador lembrar o tempo todo que tudo, absolutamente tudo, passa. O tempo das coisas é eterno. Mesmo que você não esteja mais presente, que tenha decidido ir embora e me deixar aqui, ou mesmo quando a gente decide abandonar tudo e vem aquela ânsia de sair pelo mundo e recomeçar. Também nessa hora o tempo das coisas está lá, pra colocar você no seu devido lugar. E você, quando saiu, deixou em mim o tempo da sua ausência. Nunca o do seu retorno. A volta, ela é sempre mais rápida. Tudo fica mais fácil quando a gente já conhece o caminho. Mas decidir não voltar demanda a bravura e a inocência daqueles que sempre acreditam. Será que a gente ainda poderia se encontrar, sem querer, em uma outra curva do caminho? Difícil. Eu queria poder decretar uma lei que impedisse que algumas frases fossem compostas. Algumas palavras deveriam ser como elementos químicos, ter naturezas incompatíveis, combinações impossíveis de acontecer, impensáveis. Talvez assim eu conseguisse tornar algumas ações impraticáveis, algumas dessas que eu pratiquei, que você inventou. Elas seriam possibilidades que não existiriam mesmo nos sonhos mais loucos. Mas os sentimentos, assim como as palavras, são elementos complexos, independentes, que se ligam das formas mais estranhas para criar uma dinâmica particular. Eles se tornam mais profundos do que o que se deseja ou se espera deles, num compasso maluco que nos ensina, mais uma vez, a precisão da hora certa. Por isso, veja bem, a importância do tempo das coisas, você me entende? Não dá pra acelerar ou deixar pra trás o ritmo dos sentimentos sem se tornar um hipócrita, um cretino ou cínico. Eles, como as coisas, têm o tempo que tem que ter e não dependem mais de mim ou de você ou de ninguém. Mesmo que pareça impossível concentrar no corpo a calma das árvores, o tempo das coisas acontece em nós. Justo em nós, que ficamos sempre perplexos pelas dissonâncias do que nos acontece. Justo em nós, que olhamos assombrados para o nada, nosso destino, nosso fim. Justo em nós, que precisamos transformar em nosso o tempo do outro… - sem jamais esquecer que ele é do outro. E eu? Eu tenho que aprender a me demorar mais. A me demorar mais em você, nas coisas. Precisamos de mais tempo. Não sou só eu que me perco na duração do instante. É que as palavras - e junto com elas os sentimentos - se encontram e se combinam de forma abrupta na trama dos eventos, eu acho que só para determinar algumas escolhas. Me aconteceu você. Eu aconteci em você. Abortamos. Tempo errado. Por isso, eu preciso encontrar uma forma de conquistar a impassividade dos pinheiros que sabem de cor a hora de cada pinha. Eu sou sempre antes, sempre cedo demais e, quando eu me dou conta, já é tarde demais. Aí o que me resta é perambular pelas dobras do tempo, quando ele deixa de ser linear, e se dobra em mim, na minha dor, na minha incapacidade em apreender o ritmo do mundo. Nessa hora ele habita o pensamento, ali se vive tudo ao mesmo tempo - nesse espaço impossível - o antes, o depois e o agora. Não importa a ordem. Será que é assim que abandonamos o que já foi sem nos lançarmos, como uma flecha, ao abismo que é o futuro? (*) Copydesk, fragment by EUGENIO SANTANA, escritor, ensaísta, jornalista, biógrafo, relações públicas, assessor de imprensa, redator publicitário; gestor editorial e Agente literário. Autor de 15 livros publicados. (41) 9.9909-8795 WhatsApp, e-mail: es.escritor1199@gmail.com

QUEM SOU EU. INSIGHT SOBRE UM AUTOR VAGALUME (*)

Para definir meu trabalho, preciso primeiramente saber quem é você. Se você é um amante da literatura, me apresento como escritor romancista, contista, poeta e cronista. Se é um empresário, sou um redator publicitário, Analista de negócios, Consultor em marketing digital, Relações públicas, palestrante motivacional e Assessor de imprensa. Se tem uma grande história de vida que gostaria de compartilhar com outros, sou um biógrafo. Iniciei meus trabalhos literários, na década de 1980, escrevendo poemas e crônicas para diversos jornais do país: de Porto Velho a Porto Alegre. Em 2010 criei o meu Blog "Guardião da Palavra", onde passei a publicar meus textos: poemas, crônicas, contos, artigos e ensaios, além de proporcionar dicas motivacionais para jovens escritores neófitos. Inútil dizer onde vivo. Não sou capaz de morar mais do que três anos em uma mesma cidade. Um homem de chegadas e partidas. Um Andarilho da flor estrela... Aquele que deambula à sombra da inquietude. Fácil a estratégia inconsistente ao mencionar que sou jornalista profissional. Sei que, por meio desse argumento jamais consegui ser convincente. A estrada me encanta e fascina. E o "sabor" do Crepúsculo e da Aurora? Indescritível. Instigante! Durmo de dia, escrevo a noite, e sonhos azuis e alados ocorrem em uni/versos paralelos e oníricos. Já quis viajar o mundo. Principalmente, morar no Egito, na França, na Espanha e na Alemanha. Já quis desaparecer. Perambulei a procura do meu "par ideal", e na volta, procurava por mim. Fiz boas ações. E algumas imbecilidades. Não insisto em ser, mas me orgulho de estar. A missão de ser escritor me fez atingir o nirvana, o self; a transcendência. Voei. Ícaro na Asa do tempo... O osso acima dos meus olhos chama-se frontal. A camada enrugada, azulada e cansada que o reveste, pele. O objeto de sua proteção chama-se cérebro. E no conjunto da obra, tenho um "rosto desfigurado" que já viajou nas asas da utopia e já foi guiado pelos pássaros. Este, resguardado, produz aquilo que me cansa e extenua, dia após dia: minhas ideias criativas, cósmicas e, algumas vezes, a economia verbal revela meu ciberespaço na magia encantadora da Língua Portuguesa. Escrever? Meu Vício Visceral! Escritor, jornalista e ensaísta EUGENIO SANTANA. Autor de 15 livros publicados, "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outras preciosidades. Contato: (41) 9.9909-8795 WhatsApp - E-mail: es.escritor1199@gmail.com