domingo, 5 de fevereiro de 2017

O TEMPO (*)

Contei os meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou com avidez, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades, não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados, inveja e desamor, orgulho e ambição. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos, sorte e criatividade. Já não tenho tempo para conversas prolixas e intermináveis, para debater assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha história. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da avançada idade cronológica são imaturas. Não suporto fazer avaliação de desafetos que brigaram pelo honorável cargo de Diretor de Jornalismo. As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma alada tem urgência de ser feliz. Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, demasiadamente humana, que sabe rir de seus tropeços, que não se encanta com vitórias fáceis, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, e que as mentiras e assuntos inacabados não façam parte do momento, quero caminhar perto de coisas e pessoas autênticas que saibam o que é o amor incondicional. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim basta o essencial. (*) Copydesk/fragment by EUGENIO SANTANA, jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

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