segunda-feira, 18 de outubro de 2021

INCURÁVEIS CICATRIZES

PELO QUE SE SABE NÃO EXISTE CIRURGIÃO-PLÁSTICO – Que cicatrize as feridas da Alma e do Coração. (Jornalista/Escritor Eugenio Santana, FRC)

XANTIPA

Xantipa: a mulher de Sócrates. Conta-se que era intratável; em alemão, seu nome é sinônimo de megera. (Escritor/jornalista/ensaísta Eugenio Santana, FRC)

INCANSÁVEL BUSCA DA MULHER IDEAL...

É predominante o homem imaginar namorar uma mulher de curvas perfeitas, cabelos incríveis e com popularidade altíssima. Mas a cada página da vida, ela te ensina valores. E por ironia do destino, você acaba se relacionando com alguém totalmente diferente do que você imaginava. Ela não é magra, nem gorda. Não tem os cabelos incríveis, mas, do jeito que o prende, deixando umas mechas soltas, fica linda. Ela não é popular e odeia lugares lotados. Mas ela te faz sorrir, ela te faz bem! Ela dança na sua frente de um jeito engraçado. Beija na ponta do teu nariz e te chama de bobo. Bagunça teu cabelo e te chama de menino lindo. Ela fala coisas sem sentido e depois sorri, quando vê sua cara de: “você não é normal”. Ela não é mesmo nem de longe a mulher que você imaginaria namorar, porque ela é bem mais que tudo aquilo que você imaginava. Ela não é perfeita para ninguém, mas é perfeita para você. Portanto, seja bem-vinda ao meu coração! Estou à sua procura e gostaria de começar uma história de amor. Muito prazer em conhece-la. Eu sou Eugenio Santana. Um escritor e todo escritor é um Lobo Solitário. Sou um homem simples que Deus concedeu o dom natural da escrita. Simples assim... Não frequento baladas, aonde eu poderia encontrar muitas mulheres fúteis e interesseiras. (Escritor/jornalista/ensaísta EUGENIO SANTANA, FRC) (34) 9.9334-1970 WhatsApp E-mail: es.escritor1199@gmail.com

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

ESCREVER E LER SÃO FORMAS DE FAZER AMOR (*)

Enquanto escritor, as palavras são a sua tinta. Utilize todas as cores - Eu escrevo para nada e para ninguém. Se alguém me ler será por conta própria e auto-risco. Eu não faço literatura: eu apenas vivo ao correr do tempo. O resultado fatal de eu viver é o ato de escrever. Na minha opinião, ser escritor não é apenas escrever livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma intervenção. Escrever e ler são formas de fazer amor. O escritor não escreve com intenções didático – pedagógicas. Ele escreve para produzir prazer. Para fazer amor. Escrever e ler são formas de fazer amor. É por isso que os amores pobres em literatura ou são de vida curta ou são de vida longa e monótona. (*) EUGENIO ANTONIO é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, roteirista, crítico literário, Ornitólogo, Rosacruz e Adesguiano; colaborador do Greenpeace. Escreve Autoajuda, crônicas e contos e ensaios e Biografias: "João de Deus, o médium de Abadiânia", entre outras.

sábado, 9 de outubro de 2021

RÉQUIEM PARA MAMÃE...

Quando uma mãe morre ela ainda permanece viva dentro do coração do seu filho! Ela é minha casa, meu descanso, minha luz e minha saudade. Nela estão as minhas raízes, é o meu poço mais profundo, a água mais pura da qual bebo… Uma memória sagrada e esperançosa. Eu olho para minha mãe que já está ausente todos os dias. Eu paro diante da imagem da minha mãe que não está mais comigo. E sou grato por ser seu filho e por mantê-la viva em minha alma. Meu coração se comove quando penso nela e sinto que sou feito de suas entranhas, que até meus ossos foram formados ali e que a vida lhe cobrou isso duramente mais tarde. Desde o seu primeiro abraço, desde o seu primeiro beijo, o coração de uma criança fica esculpido na alma de uma mãe. Eu olho para ela, sempre acordada em minha vida seguindo meus passos, esperando meu retorno, recebendo meus olhares, vendo minhas quedas, ouvindo minhas palavras. Ela está presente em mim! Eu reconheço minhas fraquezas por não ter me importado com ela tanto quanto ela se importava comigo. Eu mantenho seu olhar em meus pensamentos e isso me acalma. Ouço seus conselhos e suas palavras, cheias de esperança, estão gravadas dentro de mim. Penso em sua presença constante, em sua discrição silenciosa, em sua alegria permanente. Ela está presente no mais escondido da minha alma, sem ela eu me perderia. Eu sei o quanto preciso que ela me acolhe quando eu falho e é a força dela que me ajuda a me apaixonar novamente pelos meus sonhos quando eu os esqueço. Ficava comovido ao sentir seus medos e abraçar suas alegrias. Lembro-me dela naquele longo caminho de vida que percorremos juntos. Hoje ainda está tão profundo dentro de mim… Eu sinto isso como uma parte única do meu ser que eu nunca quero perder. Confio muito na sua maneira de me amar… Ela sempre me amou em todas as minhas fraquezas e viu em mim tesouros que eu não conhecia. Ela acreditou em mim quando eu não acreditei, ela apostou na minha vida quando eu duvidei. E eu quero lembrar dela pra sempre! Mas não sei se aprendi bem o que ela queria me ensinar. Não sei se gravei seu jeito de me amar, para que eu me ame da mesma forma. Não sei se guardei sua ternura em alguma parte da minha alma para poder doa-la, toda vez que eu quiser e alguém precisar. Só sei que, às vezes sinto que me pareço com ela e às vezes estou longe de ser tudo o que ela foi. Eu a quero perto de mim e muitas vezes sonho com ela ao meu lado, segurando meus passos. Lembro-me de suas risadas e de sua simplicidade para olhar a vida. Sua capacidade de aproveitar o presente, tornando a vida uma grande aventura. Fico comovido com aquele seu amor tão grande, sempre incondicional. Fico comovido com o seu imenso amor, impossível ficar contido no meu pote de barro. Ela está esperando por mim no paraíso!

domingo, 26 de setembro de 2021

EM MEMÓRIA DE CARLOS RUIZ ZAFÓN (1964-2020)

A vida concede a cada um de nós apenas alguns raros momentos de felicidade. Às vezes são apenas dias ou semanas. Às vezes são anos. Tudo depende da sorte de cada um. A lembrança desses momentos nos acompanha para sempre e se transforma num país da memória ao qual tentamos regressar pelo resto de nossas vidas, sem conseguir. Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte. Quando uma biblioteca desaparece, quando uma livraria fecha as suas portas, quando um livro se perde no esquecimento, nós, guardiões, os que conhecemos este lugar, garantimos que ele venha para cá. Neste lugar, os livros dos quais já ninguém se lembra, os livros que se perderam no tempo, viverão para sempre, esperando chegar algum dia às mãos de um novo leitor, de um novo espírito. Cresci no meio de livros, fazendo amigos invisíveis em páginas que se desfaziam em pó cujo cheiro ainda conservo nas mãos. Numa ocasião ouvi um cliente habitual comentar na livraria do meu pai que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho até ao seu coração. Aquelas primeiras imagens, o eco dessas palavras que julgamos ter deixado para trás, acompanham-nos toda a vida e esculpem um palácio na nossa memória ao qual, mais tarde ou mais cedo - não importa quantos livros leiamos, quantos mundos descubramos, tudo quanto aprendamos ou esqueçamos-, vamos regressar. Para mim aquelas páginas enfeitiçadas serão sempre as que encontrei entre os corredores do Cemitério dos livros esquecidos. A arte de ler está morrendo aos poucos, um livro é um espelho e só podemos encontrar nele o que carregamos dentro de nós, colocamos nossa mente e alma na leitura, e esses bens estão cada dia mais escassos. Nós existimos enquanto alguém se lembra de nós.
(Copydesk/fragment by Eugenio Santana. Por conta da perda do escritor que mais tocou o meu coração nos últimos 15 anos, manterei LUTO em meu Blog durante 45 dias. Standby)

terça-feira, 21 de setembro de 2021

NÃO TEORIZE SOBRE O AMOR, AME! (*)

Exercite a arte de fazer bonito o seu amor ou fazer o seu amor ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão complexa missão de amar bonito. Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender... por meio de minha longa caminhada, tenho deparado com muitas fórmulas e formas de amor: Amores bravios, heroicos, platônicos, românticos, racionais, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, leveza, dádiva e doação. Amores conduzidos com arte e ternura pelas mãos de luz entrelaçadas com os olhos cravados na mesma direção... esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais, de repente se percebem ameaçados e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem, rotinizam, descuidam, robotizam, reclamam, deixam de compreender, necessitam mais do que oferecem, precisam mais do que atendem, enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo no amor. Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, equidade, equiparação, sem perceber que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Amar bonito é saber a hora de ter razão. Coloque a mão na consciência. Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da ação, da reação, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro a maior beleza possível? Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você separa do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre e, sofrendo, deixa de ser alegre, entusiasmado, otimista, igual, irmão, criança. E sem soltar a criança latente, nenhum amor é bonito. Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Não teorize sobre o amor, ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora. Jogue para o alto todas as jogadas, estratégias, golpes, perspicácias, atitudes sabiamente eficazes: seja apenas você no apogeu de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Deixe o seu amor ser a mais verdadeira expressão de tudo que você é. Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto, intrínseco; inescapável. Não se preocupe mais com ele e suas multiformes definições. Cuide agora da forma de amar. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta; Adesguiano, Ornitólogo, Rosacruz, pesquisador dos Cátaros e colaborador do Greenpeace. Fundador de jornais, revistas e instituições culturais. (41) 9.9909-8795 – es.escritor1199@gmail.com

sábado, 17 de julho de 2021

CON-VIVÊNCIA DE PAZ ENTRE HOMENS E MULHERES (*)

Dentro do que o psicanalista Gustav Jung denominou de Inconsciente Coletivo, podem ser encontradas muitas das características psicológicas que moldaram a mente da espécie humana e que, de certa forma, explicam nosso comportamento, mesmo aqueles mais desprezíveis. Por razões que remontam à pré-história e aos primeiros hominídeos, alguns comportamentos do tipo oculto e inato foram sendo transmitidos às gerações futuras, por necessidade de sobrevivência, frente a um mundo hostil e inóspito. O machismo é uma dessas heranças ocultas. Trata-se, segundo especialistas no assunto, de uma força arquetípica. Como tal se fincou no inconsciente de todos. Em outras palavras, nascemos machistas, homens e mulheres, sendo que esse comportamento é mais ou menos reforçado ao longo da vida, de acordo com cada sociedade em que o indivíduo está inserido. Obviamente esse comportamento primitivo não isenta ninguém de cometer verdadeiras atrocidades contra o sexo oposto. No Brasil, de formação histórica patriarcalista, fincada na desigualdade patente de classes, esse comportamento encontrou ambiente amplamente favorável, dentro e fora de casa, para florescer e se multiplicar. Isso não quer dizer que em outras partes do mundo o problema não ocorra. Pesquisas indicam ainda que o álcool, as drogas e o mais antigo e nefasto dos vícios humanos, o ciúme, respondem pela maioria das causas da violência contra as mulheres. Como sempre, o caminho mais curto e recomendado pelos estudiosos para se chegar a uma convivência de paz entre homens e mulheres ainda parece ser a EDUCAÇÃO. EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista, Ensaísta, Redator publicitário, Biógrafo, Editor executivo, Agente literário. Autor de 14 livros publicados. "Ventos fortes, Raízes profundas", Madras editora; "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

sexta-feira, 9 de julho de 2021

COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA (*)

Os desafios da era da Comunicação e da Tecnologia estão em pauta, seja no mundo contemporâneo e flexível das relações corporativas e afetivas, seja nas demandas de grupos e organizações sociais. Todos clamam por mais relacionamento, mais atenção e diálogo, apesar da Internet, das redes sociais e de toda uma série de aplicativos que deveriam ampliar a comunicação. Será que estamos falando e sendo ouvidos de fato? Há tempo hábil para construirmos relacionamentos mais profundos? Estamos usando as tecnologias de uma maneira inteligente e equilibrada? Em um mundo cada vez mais acelerado e competitivo, é possível construir relações mais humanas, mais próximas e de qualidade? Há muito a ser feito e nós temos que fazer esse trabalho, resgatar valores, construir novas relações e práticas e separar sempre o joio do trigo. (*)
EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista, Ensaísta, Redator publicitário, Biógrafo, Editor executivo, Agente literário. Autor de 14 livros publicados. "Ventos fortes, Raízes profundas", Madras editora; "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

terça-feira, 6 de julho de 2021

VAGALUMES NO JARDIM (*)

Os primeiros vagalumes começavam no bojo da mata a correr suas lâmpadas divinas. No alto, as estrelas miúdas e sucessivas principiavam também a iluminar. Os pirilampos iam-se multiplicando dentro da floresta, insensivelmente brotavam silenciosos e inumeráveis nos troncos das árvores, como se as raízes se abrissem em pontos luminosos. A desgraçada, abatida por um grande torpor, pouco a pouco foi vencida pelo sono; e deitada às plantas da árvore, começou a dormir… Serenavam aquelas primeiras ânsias da Natureza, ao penetrar no mistério da noite. O que havia de vago, de indistinto, no desenho das coisas, transformava-se em límpida nitidez. As montanhas acalmavam-se na imobilidade perpétua; as árvores esparsas na várzea perdiam o aspecto de fantasmas desvairados… No ar luminoso tudo retomava a fisionomia impassível. Os pirilampos já não voavam, e miríades deles cobriam os troncos das árvores, que faiscavam cravados de diamantes e topázios. Era uma iluminação deslumbrante e gloriosa dentro da mata tropical, e os fogos dos vagalumes espalhavam aí uma claridade verde, sobre a qual passavam camadas de ondas amarelas, alaranjadas e brandamente azuis. As figuras das árvores desenhavam-se envoltas numa fosforescência zodiacal. E os pirilampos se incrustavam nas folhas e aqui, ali e além, mesclados com os pontos escuros, cintilavam esmeraldas, safiras, rubis, ametistas e as mais pedras que guardam parcelas das cores divinas e eternas. Ao poder dessa luz o mundo era um silêncio religioso, não se ouvia mais o agouro dos pássaros da morte; o vento que agita e perturba, calara-se… Marcela foi cercada pelos pirilampos que vinham cobrir o pé da árvore em que adormecera. A sua imobilidade era absoluta, e assim ela recebeu num halo dourado a cercadura triunfal; e interrompendo a combinação luminosa da mata, a epiderme da mulher desmaiada, translúcida, era como uma opala incrustrada no seio verde de uma esmeralda. Depois os vagalumes incontáveis cobriram-na, os andrajos desapareceram numa profusão infinita de pedrarias, e a miserável, vestida de pirilampos, dormindo imperturbável como tocada de uma obra divina, parecia partir para uma festa fantástica no céu, para um noivado com Deus… E os pirilampos desciam em maior quantidade sobre ela, como lágrimas de estrelas. Sobre a cabeça dourada brilhavam reflexos azulados, violáceos, e dali a pouco braços, mãos, colo, cabelos, sumiam-se no montão de fogo inocente. E vagalumes vinham mais e mais, como se a floresta se desmanchasse roda numa pulverização de luz, caindo sobre o corpo de Marcela até o sepultarem em um túmulo insólito. Um momento, a mulher inquieta ergueu docemente a cabeça, abriu os olhos que se deslumbraram. Pirilampos espantados faíscavam relâmpagos de cores… Marcela pensou que o sonho alado a levara ao abismo esverdeado pelas luzes de vagalumes no jardim e como uma flor-estrela recaiu adormecida na face iluminada do Planeta blue… (*)EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista, Ensaísta, Redator publicitário, Biógrafo, Editor executivo, Agente literário. Autor de 14 livros publicados. "Ventos fortes, Raízes profundas", "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", entre outros. (41) 9.9909-8795 - es.escritor1199@gmail.com

quinta-feira, 1 de julho de 2021

QUANDO O INDEFINÍVEL ABRAÇA A SABEDORIA (*)

Os que sabem não falam. Os que falam não sabem. O Indefinível é a origem do Céu e da Terra. O sábio tem, mas não possui, age, mas nada espera. Quando seu trabalho está concluído, ele o esquece. Por isso dura para sempre. Quando acreditam saber as respostas, as pessoas são difíceis de guiar. Quando sabem que não sabem, as pessoas descobrem o seu próprio caminho. A sabedoria é conhecida como A Grande Mãe: vazia, contudo inesgotável, dá vida a infinitos mundos. Sempre está presente dentro de ti. Podes usá-la da forma que desejares. A sabedoria é chamada de fêmea sutil e profunda. A forma suprema da bondade é como a água. A água sabe como beneficiar a todos sem lutar contra eles. Acalma-se em lugares que todos os seres humanos odeiam. E é por isso que se aproxima da sabedoria milenar. Quando estiveres satisfeito em ser simplesmente tu mesmo e não te comparares ou competires, todos te respeitarão. Nada há no mundo mais suave e flexível que a água. Contudo, para dissolver o que é duro e inflexível, nada há que a supere. Se quiseres que algo se contraia, primeiro deves deixar que se dilate. Se quiseres te desfazer de algo, primeiro deves deixar que te seja dado. Isto se chama a sutil percepção da forma como são as coisas. A fêmea sempre supera o macho mediante a sua serenidade. Os objetos preciosos desviam o homem. Por isso o sábio guia-se pelo que sente e não pelo que vê. Ele rejeita isto e escolhe aquilo. Quem pode esperar tranquilamente o lodo assentar? Quem pode permanecer imóvel até chegar o momento da ação? Se quiseres chegar a ser inteiro, permite-te ser parcial. Se quiseres chegar a ser reto, permite-te ser torto. Se quiseres estar pleno, deixa-te estar vazio. Se quiseres renascer, deixa-te fenecer. O homem imita a Terra. A Terra imita o Céu. O Céu imita a sabedoria. E a sabedoria imita a Natureza. Mesmo que haja muitas coisas lindas de se ver, o sábio permanece desapegado e tranqüilo. Se te deixares levar como uma folha ao vento, perdes o contato com as tuas raízes. Se deixares que a inquietude te agite perdes o contato com quem realmente és. O homem verdadeiramente grande se concentra no que é real e não naquilo que está na superfície. No fruto e não na flor. Tendo compaixão por ti mesmo, consegues reconciliar todos os seres do mundo. Um bom viajante não tem planos definidos nem está preocupado em chegar. Um bom artista deixa que sua intuição o leve aonde ela quiser. Um bom cientista se liberta de conceitos e se mantém aberto ao que é... Ele está pronto para usar todas as situações e nada desperdiça. Isto é o que se chama de “seguir a luz”. Achas que podes te apoderar do universo e melhorá-lo? Não acredito que isso possa ser feito. O universo é sagrado. Não podes melhorá-lo. Se tentares mudá-lo, o arruinarás. Se tentares te apropriar dele, o perderás. Para encontrar a origem, procura-a nas manifestações. Quando reconheceres os filhos e encontrares a mãe, serás livre... Aquele que está repleto de Virtude se assemelha ao recém-nascido... Que cresce na sua totalidade e mantém a sua vitalidade perfeitamente íntegra. Sê a corrente do universo! Sendo que o curso do universo é sempre verdadeiro e imutável, volta novamente a ser como a criança. Por isso, a satisfação que sentimos quando sabemos que já temos o bastante, é uma satisfação realmente duradoura. Entre o teu nome e o teu corpo, qual é o mais querido? Entre o teu corpo e as tuas riquezas, qual é o mais apreciado? Entre o perder e o ganhar, o que é mais doloroso? Por isso, o excessivo amor por alguma coisa, com o tempo, custar-te-á muito caro. Armazenar muitos bens acarretará uma dura perda. Saber quando se tem o suficiente, é tornar-se imune à desgraça. Saber quando parar,é prevenir muitos perigos. Só assim poderás perdurar por um longo tempo. Alegra-te com o que tens; regozija-te com o que as coisas são. Quando perceberes que nada te falta, o mundo inteiro te pertencerá. (*) EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista, Ensaísta, Redator publicitário, Biógrafo, Gestor em RH, Gerente Administrativo. Autor de 14 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras Editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

terça-feira, 29 de junho de 2021

O DOADOR DA VERDADE (*)

Um antigo egípcio foi o ancestral de uma ampla gama de filosofia mística e escritos que florescem até os dias de hoje, os quais denominamos “herméticos” porque seu progenitor veio a ser conhecido no mundo ocidental como Hermes Trismegistus, ou Hermes Três Vezes Grande. Quem foi ele realmente ou em que período viveu é apenas hipotético. A Tradição Rosacruz, que tanto extrai dessa fonte, situa-o na 18ª Dinastia de Faraós do Egito, em aproximadamente 1400 a.C. No antigo Egito ele era conhecido como Toth, às vezes chamado de “segundo Toth” para distingui-lo do lendário deus Toth, o “Doador da Verdade”. Entretanto, esse mago já era lendário muito antes que o mundo ocidental tivesse ouvido falar dele – e tornou-se ainda mais depois. No Ocidente, seus ensinamentos apareceram e desapareceram muitas vezes, sempre envoltos em algum grau de segredo. Devido principalmente a esse segredo, hoje nada temos dos escritos de Hermes exceto em parte, e essa parte apenas de segunda ou terceira mão, em traduções no grego e no latim mais recentes. E esse pouco foi preservado apenas graças a uns tantos incidentes afortunados. Depois que Alexandre conquistou o mundo ocidental, a nova cidade grega de Alexandria na costa do Egito, com seus vastos museus e bibliotecas, tornou-se o centro predominante da aprendizagem. Parte dessa aprendizagem consistia em traduzir a sabedoria antiga para o grego, incluindo pelo menos uma parte do antigo Livro de Toth. Nessa tradução, o nome do autor ficou sendo Hermes, pela simples substituição do nome do deus grego que mais se assemelhava ao deus egípcio Toth. Posteriormente, tradutores latinos deram-lhe o nome do deus romano correspondente, Mercúrio. O principal tradutor para o grego era Manetho, sacerdote do templo de Heliópolis, que viveu numa época anterior a 250 a.C. Segundo um escriba posterior, Manetho escreveu a Ptolomeu Philadelphus: “Conforme vossas ordens, os sagrados livros escritos por nosso ancestral Hermes Três Vezes Grande, os quais estudei , serão mostrados a vós”. Ptolomeu II também patrocinou a primeira tradução para o grego das escrituras hebraicas, trabalho que é conhecido como os Setenta. É possível que houvesse um plano para reunir toda a sabedoria do mundo num só lugar e numa só língua, sendo esta o grego e o lugar, a grande biblioteca de Alexandria. Infelizmente, essa biblioteca foi depois destruída; podemos apenas especular sobre o que poderia haver ali. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, gestor em RH e Gerente administrativo. Autor de 14 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras Editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

quinta-feira, 24 de junho de 2021

"SUMMER OF'42"... INFINITAS ASAS DE SAUDADE! (*)

Há 90 mil filmes sobre o rito de passagem da adolescência para a maturidade, o fim da inocência infanto-juvenil, isso que em inglês chamam de coming of age, que é praticamente um gênero do cinema de Hollywood. Este filme aqui é dos mais belos, mais delicados de todos. É um filme simples, despretensioso; deve ter tido um orçamento baixo, inclusive – embora seja uma produção de um grande estúdio, a Warner, tem todo o jeito de uma produção independente. Tem uma única locação – uma praia, uma pequena cidade numa ilha, que não se diz qual é. O elenco, pequeno, não tem nenhum astro. O diretor, Robert Mulligan, que eu particularmente adoro, é experiente, mas nunca foi badalado, jamais chegou a ser considerado muito importante. A única pérola vistosa do filme – além da beleza radiante, solar, mesmerizante de Jennifer O’Neill, uma bela mulher que nunca chegou propriamente a ser uma estrela – é a trilha sonora, feita pelo francês Michel Legrand, um dos maiores compositores do cinema. O tema principal, romântico, nostálgico, melancólico, caiu no gosto popular, está em diversas coletâneas de temas de filmes. E foi o que aconteceu também com o próprio filme. Caiu no gosto das pessoas; virou não propriamente um cult, porque cult a rigor é filminho metido a besta que agrada a uma patota, um grupo, uma tribo; virou um clássico, um pequeno novo clássico. O filme abre com cenas da praia da ilha – uma praia, a rigor, sem nenhum charme, nenhuma beleza especial, ainda mais para nós, brasileiros. A areia é daquelas escuras, que parecem sujas, a vegetação se intromete em trechos da areia, há pequenos morros, elevações bem junto ao mar. Bem, mas então temos cenas da praia, e a voz de um adulto em off contando que passou um verão ali com a família e com os dois maiores amigos, Oscy e Benji. Vemos, então, os três garotos, de uns 15 anos de idade, andando pela praia – Hermie, o que viria no futuro a ser o adulto que nos narra a história, Oscy e Benji, interpretados respectivamente por Gary Grimes, Jerry Houser e Oliver Conant. E aqui vem o primeiro de um dos muitos acertos do diretor Mulligan. Os três atores escolhidos são gente bastante comum; não são bonitos, nem atléticos, nem nada especial. Nada de gente especialmente bonitinha, como em tantos filmes para adolescentes dos últimos tempos. Gary Grimes, que faz Hermie, é magrelinho, com o cabelo um tanto anelado, com um pequeno topete, com um rosto normal, nada hollywoodiano ou global, assim como os dois outros. Jerry Houser, que faz Oscy, é meio gordinho; Oliver Conant, que faz Benji, usa grandes óculos. Os três garotos são um tanto desengonçados; Hermie é um tipo mais introspectivo, mais pensativo; Oscy é o falante, expansivo, comunicativo, metido a sabichão; Benji é tímido, desajeitado. Três garotos absolutamente comuns, normais. E então, enquanto vemos os três garotos se aproximando de uma casa simples de madeira no alto de uma pequena colina debruçada sobre o mar, e, diante dela, um jovem casal apaixonado, o narrador está dizendo o seguinte: “Nada desde aquele primeiro dia em que a vi, e ninguém que conheci depois, foi tão amedrontador e perturbador. Porque nenhuma pessoa que conheci a vida inteira fez tanto para me fazer sentir mais seguro, mais inseguro, mais importante, e menos significativo.” Os três meninos estão naquele ponto exato da vida em que tudo é sexo, mulheres, sexo, mulheres, sexo. A câmara caminha pela praia com eles, numa das primeiras seqüências do filme, no meio daquele mar de mulheres expostas ao sol – e os meninos estão no auge da excitação, do tesão. Oscy é o direto, o explícito; Hermie é curioso, mas um tanto mais recatado; Benji é o tímido. Num passeio, Hermie vê a jovem mulher da casa da colina se despedindo do marido, que, de uniforme militar, pega um barco para o continente. De uniforme militar. O verão é o de 1942. Em dezembro de 1941 tinha havido Pearl Harbor, e os Estados Unidos estavam na guerra contra o Eixo Alemanha-Itália-Japão. Oscy ri de Hermie, diz coisas do tipo, mas ela é velha demais! Mas também o incentiva: mulheres mais velhas sempre querem. Um dia, a jovem mulher da casa da colina vai à cidadezinha fazer compras, deixa cair os pacotes, Hermie corre para ajudá-la. O filme tem uma série de seqüências marcantes, inesquecíveis. Essa seqüência em que Hermie, querendo dar uma de maduro e forte, se dispõe a carregar os pacotes da jovem mulher até a casa dela; a tentativa de estabelecer um diálogo – sem qualquer assunto que possa uni-los – é uma maravilha, uma delícia. A seqüência em que Hermie volta à casa da jovem mulher, a convite dela, para ajudá-la a guardar no sótão umas caixas pesadas de coisas de que ela não precisa muito – ela sobe na escada, com um short e uma blusinha curta, e ele e a câmara ficam embaixo olhando para as pernas dela; quando é a vez de ele subir a escada, as pernas estão bambas, ele treme inteiro. Uso a expressão jovem mulher porque só bem mais para o final Hermie consegue perguntar a ela seu nome. É Dorothy. Dorothy – como a personagem central de O Mágico de Oz, o filme sensação de três anos antes da ação. Um nome simples, comum, como tudo o que acontece neste filme. A seqüência da ida ao cinema, em que Oscy descola um grupo de garotas, e lá vão eles, Oscy com uma loura chamada Miriam (Christopher Harris), Hermie ao lado de uma morena chamada Aggie (Katherine Allentuck)… Que maravilha de seqüência! Lá fora do cinema, há cartazes de Tragédia no Circo/The Wagons Roll at Night, com Humphrey Bogart, e Sargento York, com Gary Cooper. O filme que está passando é A Estranha Passageira/Now, Voyager, com Bette Davis e Paul Henreidt – e o espectador vê duas ou três seqüências do filme, que ocupa a tela inteira. O espectador vê mais do filme que está passando no cinema do que Oscy e Hermie, mais preocupados em tentar bolinar as garotas no escurinho do cinema. E a seqüência da ida à farmácia para comprar camisinha… De novo, que maravilha de seqüência. Mulligan alonga aquilo, não tem pressa alguma para terminar. É uma coisa boba, mas ao mesmo tempo é uma coisa importante para os garotos – e assustadora, apavorante. As carinhas que Hermie faz; a cara do vendedor… Maravilhosa seqüência. A mais bela de todas virá quase ao final, o clímax do filme. Lindíssima, lenta, suave, profundamente triste. A câmara em travelling dando a volta de 360 graus na sala da casa de Dorothy, suavemente; sinais de muitos cigarros fumados, bebida. Que coisa absolutamente maravilhosa. Essa despretensão toda, essa beleza simples, econômica, suave, muito doce e muito amarga, seria recompensada com quatro indicações ao Oscar. Michel Legrand levou a estatueta de trilha sonora; as outras indicações foram para a fotografia – bela, mais em tons pastel, enevoada, que esplendorosamente colorida, de Robert Surtees -, a montagem de Folmar Blangsted, e o roteiro original para Herman Raucher. Herman – repare-se o nome do sujeito. Herman, Hermie. O filme teve ainda indicações para o Globo de Ouro e o Bafta; ao todo, foram quatro prêmios e dez outras indicações. Foi a quarta maior bilheteria daquele ano de 1971, depois de O Violinista do Telhado, Billy Jack e Operação França e à frente, veja só, de Diamonds Are Forever, a aventura de James Bond ainda na pele de Sean Connery. Rendeu US$ 20 milhões só nos Estados Unidos. É o que consta no livro The Hollywood Reporter Book of Box Office Hits. O livro conta que Jennifer O’Neill havia sido modelo e tinha aparecido em muitas capas de revista; fez alguns papéis secundários a partir de 1968, mas “seu papel em Summer of ’42 levou-a ao estrelato”. Hum… Nem tanto estrelato assim. Entre 1975 e 1978 ela fez quatro filmes na Itália; o mais importante deles foi O Inocente, do mestre Luchino Visconti. Estrelou Scanners, de David Cronenberg, em 1981, e depois fez muita coisa para a TV. Continua na ativa – nascida em 1948, estava portanto com 23 quando fez este Summer of ’42 –, mas, pelo jeito, não voltou a fazer nada à altura de sua estonteante beleza. Ah, sim: por um acidente geográfico, Jennifer O’Neill nasceu no Rio de Janeiro, filha de uma inglesa e um descendente de irlandeses e espanhóis; foi criada nos Estados Unidos. O iMDB informa que ela se casou nove vezes. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, biógrafo, crítico de cinema, economista, contabilista e gestor em RH. Autor de 15 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

domingo, 20 de junho de 2021

SÍNTESE GENEALÓGICA DA FAMÍLIA SANT'ANNA DE PARACATU (MG)

1 Diplomata, 1 Ufólogo, 1 Nutricionista internacional, 7 Escritores, 6 Jornalistas, 3 Romancistas, 6 Artistas plásticos, 8 Fazendeiros, 6 Educadores/ Professores, 3 Poliglotas, 2 Prefeitos, 2 Economistas, 3 Administradores de Empresas, 2 Músicos, 1 Engenheira Florestal, 1 Bioquímico, 1 Engenheiro Agrônomo, 3 Advogados, 2 Atores, 3 Empresários e 1 Psicóloga; 4 Poetas, 1 Biógrafo, 1 Assessor de Comunicação, 1 Biógrafo, 1 Relações públicas, 1 Copidesque, 1 Agente literário, 1 Ensaísta literário, 1 Adesguiano, 1 Rosacruz, 1 Redator publicitário, 1 Revisor de texto, 1 Gestor de RH. Família que eu tenho o orgulho e a honra de pertencer. (Escritor/Jornalista/Ensaísta EUGENIO SANTANA - WhatsApp (41)9.9909-8795)

sexta-feira, 18 de junho de 2021

A INEVITÁVEL BREVIDADE DOS RELACIONAMENTOS (*)

Existem pessoas que parecem destinadas a ficarem juntas. Existem pessoas que parecem destinadas a se distanciarem. É triste, parece meio cruel, mas é verdade: infelizmente, nem sempre o amor é o bastante para que duas pessoas permaneçam juntas pelo resto da vida. Ninguém consegue explicar direito sentimentos, ainda mais aqueles que se relacionam com a paixão amorosa. Fato é que, de repente, lá estão se sentindo atraídas pessoas que poderiam já se conhecer ou mesmo nunca terem se visto antes. É química, é suor, é pele arrepiada, vontade de se ver, de conversar, de ficar junto. E daí ficam. Até aí, tudo bem, o duro é quando passam as horas, os dias, semanas, meses, e começa o cotidiano, a rotina, a mesmice. E começam os problemas que sempre aparecem na vida de todo mundo. Inevitavelmente, a paixão arrefece, enquanto os choques de realidade aumentam. O que era somente leveza começa a pesar. Ou se firma o amor, ou há desencontro. Na verdade, existem pessoas que se amam, mas não conseguem ficar juntas e não somente em uniões amorosas. Familiares, colegas, em todo tipo de relacionamento, pode haver amor e carinho envolvido, mas impossibilidade de convivência duradoura. Muitas pessoas possuem alguém de quem gostam bastante, mas com quem brigam muito. Dizem que o amor tudo suporta, porém, pessoas com visões de mundo muito dissonantes, com experiências e crenças que destoam demais daquilo em que os parceiros carregam dentro de si, dificilmente conseguirão conviver sem se cobrarem demais, sem se machucar, sem machucar um ao outro. Não conseguirão ficar juntas, sem anulação, ressentimento, frustração. Existem pessoas que são mais felizes longe de nós e também somos melhores longe delas. Nesses casos, teremos que ter a consciência de que a convivência nunca será pacífica e tranquila. Que tenhamos, pois, a maturidade necessária para entendermos que sentiremos falta de certas pessoas que já saíram de nossas vidas, mas será melhor ficar cada um no seu canto. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, agente literário, biógrafo, copidesque, revisor de texto e gestor editorial. Autor de 14 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

terça-feira, 15 de junho de 2021

ESCRAVO, ENQUANTO ESCREVO... EU SOU UM BUSCADOR FRENÉTICO PELO SENTIDO DA VIDA (*)

Continuar escrevendo é buscar compreender a si próprio, trazer à vida as palavras que lhe consomem, as verdades tão relativas que permeiam a ilusão que é viver. Você vai continuar escrevendo por não conhecer uma maneira melhor de expôr seus demônios, não ter outra maneira lógica de expôr a miséria e a confusão em que se encontra. Tampouco consegue compartilhar os momentos de epifania, alegria intensa e aprendizado sem passar por palavras, por notas, por listas. Você vai continuar escrevendo para provocar, para permitir que as pessoas o entendam melhor. Vai compartilhar teus pensamentos na ânsia de que o outro te encontre no caminho — é sempre uma conversa. Acima de tudo, você vai escrever para entender quem realmente é. Você, ao escrever, vai passar a ver conexões entre coisas distintas, sinais nas pequenas coisas — tudo se torna uma metáfora, uma maneira de aliviar as dores e compreender o mundo. Escrever vai se tornar uma companhia para a vida toda, uma terapia, um escape. E a partir de então, já não importa mais o que os outros pensam ou dizem. Não importa se gostam ou não do que você escreve ou da maneira como se expressa. Ao escrever e se expôr, você estará sujeito a coisas maravilhosas e também à crueldade daquele que o lê. E vai se sentir mal muitas vezes, vai pensar que talvez não devesse ter escrito aquilo, vai perceber que não há para onde correr. Você vai estar ali, em medidas diferentes e mesmo que insignificantes, sendo julgado a todo o tempo. A gramática, aquela palavra repetida, aquele pensamento, todos aqueles clichês: tudo isso saltará aos olhos dos mais atentos, dos mais críticos. E ainda assim, nadando contra a maré, você continuará escrevendo. Vai continuar por saber que não vai ficar rico com isso e, por assim ser, ou você escreve porque gosta ou enterra logo tudo isso. A recompensa parece não vir nunca, mas você vai ler o que escreveu há anos — primeiramente vai se envergonhar de tudo aquilo — e depois vai refletir sobre quem era e quem se tornou. Vai pensar se lá no passado você já dava indícios de que seria quem é hoje. E assim prosseguirá juntando frases, tentando dar sentido às coisas. E vai perceber que a busca por palavras te leva a lugares que talvez nunca iria se não fosse pela escrita. Vai perceber que a poesia, a prosa e os textos que fazem parte da sua vida estão por toda parte. Nas ruas, nas esquinas, nas pessoas que encontra, nos caminhos e cidades que ainda irá explorar. Se há algo que a escrita requer é experiência, é vida, é estrada e pessoas. Ainda que o processo seja extremamente solitário, dolorido e indulgente, ele requer experiência humana. Ele requer que sejamos, acima de tudo, um colecionador de vidas, de pessoas que passam por nós e nos fazem lembrar que viver é difícil mas vale a pena. Pessoas que talvez vão mudar nossas percepções sobre determinado tema, nos fazer refletir sobre coisas que talvez nunca pensamos antes. E é ai que está a beleza de escrever. As histórias nascem a partir de nós mesmos, de nossos questionamentos, de nossas vivências. Escrever é um atestado da fragilidade humana, do encantamento que temos por nós mesmos, seres tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. Ter descoberto a escrita tão cedo adicionou à minha existência quartos que posso acessar a qualquer momento. Alguns são escuros, outros parecem receber a luz do nascer do sol, meio amarelada, que nos cega até que nos acostumemos a ela. Escrever não é fácil quando o que se está em em jogo é uma busca frenética pelo sentido da vida. Eu não entendo o mundo, não entendo a vida, sequer entendo a mim mesmo. Neste sentido, acho que escrever é também perder-se, mais do que se encontrar. É embaralhar o quebra-cabeças simplesmente porquê tudo aquilo que você julga saber não passa de ilusão. E assim você se refaz, reescreve, anota, deixa o papel em branco marcado de tinta para que não se esqueça jamais de que as coisas são passageiras. A palavra será sua melhor companhia nos dias solitários, nas manhãs enquanto toma café, nos bancos das praças e voos longos. É a partir dos livros, dos textos, do que os outros escreveram, que você irá encontrar razão para continuar escrevendo. E não se torture muito. Lembre-se que você escreve a partir de suas próprias circunstâncias e, por isso mesmo, não deva se comparar demasiado com os outros. Não é preciso querer ser como determinado escritor, mas é importante invejá-los e tentar absorver um pouco de cada um deles. No final das contas, escrever será um exercício para toda a vida. Uma necessidade, uma pedra a ser polida — cada dia melhor, cada vez mais próximo de como você realmente deseja escrever. E talvez você nunca se satisfaça com o texto, com o tom que dá às palavras. Desde que isso não lhe impeça de escrever, tudo bem. Hoje, andando sozinho pela cidade tive algumas ideias e uma ou outra conversa que com certeza renderia um bom texto. Mas ao invés de escrevê-las resolvi tentar entender a razão pela qual escrevo e quando tudo isso começou, de fato. Tomava meu café enquanto tentava voltar no tempo e ter algum resquício de memória sobre quando, de fato, comecei a escrever. Por que continuar a escrever? O que te move até as palavras, as frases, as metáforas? Por que você leva isso a sério? O que você ganha com isso? Escrevo para me encontrar e me perder, para salvar histórias, capturar pessoas e lugares. Escrevo para entender e confundir, para dar um sentido narrativo à minha vida. E continuarei escrevendo, por mais dolorido que seja, ainda que precise vencer todo e qualquer crítico e, principalmente, a mim mesmo. E você vai continuar escrevendo porquê escrever é, acima de tudo, viver. Encha-se de vida e continue. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, agente literário, biógrafo, copidesque, revisor de texto e gestor editorial. Autor de 14 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

sábado, 8 de maio de 2021

INSACIÁVEIS VAMPIRAS DO AMOR (*)

Querem viver a sua vida. Não suportam a sua independência e visão do mundo. E não se importam com os seus valores mais preciosos. Invejam-lhe, mas não se dão conta disso. Inventam que querem cuidar de você, quando, na verdade, quer lhe absorver até ultrapassar todos os seus limites físicos e emocionais. Insaciáveis, sugam sua energia para torná-lo mais vulnerável. Querem corromper sua lucidez e bom-senso, porque assim fica mais fácil a sua submissão. Seduzem-lhe por onde você é mais frágil. Quebram aos poucos sua autoestima. Minam a sua energia e se alimentam insaciavelmente de tudo o que você é. A solução para esse tipo de relacionamento é a ruptura imediata, o corte, e se possível, o rompimento por completo com toda forma de contato. Você não está apaixonado e nem amando, está apenas intoxicado pelo que ela lhe infunde. É por meio da inserção de pensamentos e sentimentos desastrosos que o predador emocional, dia após dia, vai roubando a sua capacidade de lucidez. Suas ações funcionam como uma espécie de droga venenosa que é gradativamente injetada e que tem uma única função que é a de lhe intoxicar. Acorde! Você está correndo risco de morte. Acredite em você e em suas mais ínfimas percepções. Dê ouvidos a si mesmo. Mesmo sendo fruto de situações assimiladas em nossa infância, quando fomos doutrinados a sermos obedientes, educados, cordatos e convenientes, devemos nos lembrar que para sobrevivermos também precisamos saber impor limites e saber dizer não. Vítimas deste tipo de assassinos silenciosos, em geral, são visionários, sensíveis e românticos que acreditam que serão capazes de reparar absolutamente todo o mal-estar do outro, incluindo suas mudanças repentinas de humor. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, biógrafo, economista, contabilista e gestor em RH. Autor de 15 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

quarta-feira, 5 de maio de 2021

ÊXTASE OU FUGA?: A BEBIDA AO LONGO DA HISTÓRIA (*)

Acredita-se que a bebida alcoólica teve origem na Pré-História, mais precisamente durante o período Neolítico quando houve a aparição da agricultura e a invenção da cerâmica. A partir de um processo de fermentação natural ocorrido há aproximadamente 10.000 anos o ser humano passou a consumir e a atribuir diferentes significados ao uso do álcool. Os celtas, gregos, romanos, egípcios e babilônios registraram de alguma forma o consumo e a produção de bebidas alcoólicas. Em uma das mais belas passagens do Antigo Testamento da Bíblia (Gênesis 9.21) Noé, após o dilúvio, plantou vinha e fez o vinho. Fez uso da bebida a ponto de se embriagar. Reza a bíblia que Noé gritou, tirou a roupa e desmaiou. Momentos depois seu filho Cam o encontrou "tendo à mostra as suas vergonhas". Foi a primeiro relato que se tem conhecimento de um caso de embriaguez. Michelangelo, famoso pintor renascentista (1475-1564), se inspirou nesse episódio pintar um belíssimo afresco, com esse nome, no teto da Capela Sistina, no Vaticano. Nota-se, assim, que não apenas o uso de álcool, mas também a sua embriaguez, são aspectos que acompanham a humanidade desde seus primórdios. O solo e o clima na Grécia e em Roma eram especialmente ricos para o cultivo da uva e produção do vinho. Os gregos e romanos também conheceram a fermentação do mel e da cevada, mas o vinho era a bebida mais difundida nos dois impérios tendo importância social, religiosa e medicamentosa. No período da Grécia Antiga o dramaturgo grego Eurípedes (484 a.C.-406 a.C.) menciona nas Bacantes duas divindades de primeira grandeza para os humanos: Deméter, a deusa da agricultura que fornece os alimentos sólidos para nutrir os humanos, e Dionísio, o Deus do vinho e da festa (Baco para os Romanos). Apesar do vinho participar ativamente das celebrações sociais e religiosas greco-romanas, o abuso de álcool e a embriagues alcoólica já eram severamente censurados pelos dois povos. Os egípcios deixaram documentado nos papiros as etapas de fabricação, produção e comercialização da cerveja e do vinho. Eles também acreditavam que as bebidas fermentadas eliminavam os germes e parasitas e deveriam ser usadas como medicamentos, especialmente na luta contra os parasitas provenientes das águas do Nilo. A comercialização do vinho e da cerveja cresce durante este período, assim como sua regulamentação. A intoxicação alcoólica (bebedeira) deixa de ser apenas condenada pela igreja e passa a ser considerada um pecado por esta instituição. Durante e Renascença passa a haver a fiscalização dos cabarés e tabernas, sendo estipulados horários de funcionamento destes locais. Os cabarés e tabernas eram considerados locais onde as pessoas podiam se manifestar livremente e o uso de álcool participa dos debates políticos que mais tarde vão desencadear na Revolução Francesa. O fim do século 18 e o início da Revolução Industrial é acompanhado de mudanças demográficas e de comportamentos sociais na Europa. É durante este período que o uso excessivo de bebida passa a ser visto por alguns como uma doença ou desordem. Ainda no início e na metade do século 19 alguns estudiosos passam a tecer considerações sobre as diferenças entre as bebidas destiladas e as bebidas fermentadas, em especial o vinho. Neste sentido, Pasteur em 1865, não encontrando germes maléficos no vinho declara que esta é a mais higiênica das bebidas. Durante o século 20 paises como a França passam a estabelecer a maioridade de 18 anos para o consumo de álcool e em janeiro de 1920 o estado Americano decreta a Lei Seca que teve duração de quase 12 anos. A Lei Seca proibiu a fabricação, venda, troca, transporte, importação, exportação, distribuição, posse e consumo de bebida alcoólica e foi considerada por muitos um desastre para a saúde pública e economia americana. Foi no ano de 1952 com a primeira edição do DSM-I (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) que o alcoolismo passou a ser tratado como doença. No ano de 1967, o conceito de doença do alcoolismo foi incorporado pela Organização Mundial de Saúde à Classificação Internacional das Doenças (CID-8), a partir da 8ª Conferência Mundial de Saúde12,13. No CID-8, os problemas relacionados ao uso de álcool foram inseridos dentro de uma categoria mais ampla de transtornos de personalidade e de neuroses. Esses problemas foram divididos em três categorias: dependência, episódios de beber excessivo (abuso) e beber excessivo habitual. A dependência de álcool foi caracteriza pelo uso compulsivo de bebidas alcoólicas e pela manifestação de sintomas de abstinência após a cessação do uso de álcool. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, biógrafo, economista, contabilista e gestor em RH. Autor de 15 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com