quinta-feira, 23 de maio de 2024

GUARDAMOS AS COISAS QUE AMAMOS E PERDEMOS

Nem todos sabem o que são espelhos. Jorge Luis Borges conta de um selvagem que caiu morto de susto ao ver sua imagem refletida no espelho. Ele pensou que seu rosto havia sido roubado por aquele objeto mágico. É verdade que, vez por outra, também nos assustamos ao ver nossa própria imagem refletida num espelho – mas por outras razões. Nem sempre é prazeroso ver o nosso próprio rosto. O místico Ângelus Silésius disse, num poema, que nós temos dois olhos. Com um olho nós vemos as coisas do mundo de fora, efêmeras. Com o outro nós vemos as coisas do mundo de dentro, eternas. Efêmeras são as nuvens, efêmeras são as florações dos ipês, efêmero é o nosso próprio rosto. (Escritor/jornalista/ensaísta EUGENIO SANTANA)

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