quinta-feira, 24 de junho de 2021

"SUMMER OF'42"... INFINITAS ASAS DE SAUDADE! (*)

Há 90 mil filmes sobre o rito de passagem da adolescência para a maturidade, o fim da inocência infanto-juvenil, isso que em inglês chamam de coming of age, que é praticamente um gênero do cinema de Hollywood. Este filme aqui é dos mais belos, mais delicados de todos. É um filme simples, despretensioso; deve ter tido um orçamento baixo, inclusive – embora seja uma produção de um grande estúdio, a Warner, tem todo o jeito de uma produção independente. Tem uma única locação – uma praia, uma pequena cidade numa ilha, que não se diz qual é. O elenco, pequeno, não tem nenhum astro. O diretor, Robert Mulligan, que eu particularmente adoro, é experiente, mas nunca foi badalado, jamais chegou a ser considerado muito importante. A única pérola vistosa do filme – além da beleza radiante, solar, mesmerizante de Jennifer O’Neill, uma bela mulher que nunca chegou propriamente a ser uma estrela – é a trilha sonora, feita pelo francês Michel Legrand, um dos maiores compositores do cinema. O tema principal, romântico, nostálgico, melancólico, caiu no gosto popular, está em diversas coletâneas de temas de filmes. E foi o que aconteceu também com o próprio filme. Caiu no gosto das pessoas; virou não propriamente um cult, porque cult a rigor é filminho metido a besta que agrada a uma patota, um grupo, uma tribo; virou um clássico, um pequeno novo clássico. O filme abre com cenas da praia da ilha – uma praia, a rigor, sem nenhum charme, nenhuma beleza especial, ainda mais para nós, brasileiros. A areia é daquelas escuras, que parecem sujas, a vegetação se intromete em trechos da areia, há pequenos morros, elevações bem junto ao mar. Bem, mas então temos cenas da praia, e a voz de um adulto em off contando que passou um verão ali com a família e com os dois maiores amigos, Oscy e Benji. Vemos, então, os três garotos, de uns 15 anos de idade, andando pela praia – Hermie, o que viria no futuro a ser o adulto que nos narra a história, Oscy e Benji, interpretados respectivamente por Gary Grimes, Jerry Houser e Oliver Conant. E aqui vem o primeiro de um dos muitos acertos do diretor Mulligan. Os três atores escolhidos são gente bastante comum; não são bonitos, nem atléticos, nem nada especial. Nada de gente especialmente bonitinha, como em tantos filmes para adolescentes dos últimos tempos. Gary Grimes, que faz Hermie, é magrelinho, com o cabelo um tanto anelado, com um pequeno topete, com um rosto normal, nada hollywoodiano ou global, assim como os dois outros. Jerry Houser, que faz Oscy, é meio gordinho; Oliver Conant, que faz Benji, usa grandes óculos. Os três garotos são um tanto desengonçados; Hermie é um tipo mais introspectivo, mais pensativo; Oscy é o falante, expansivo, comunicativo, metido a sabichão; Benji é tímido, desajeitado. Três garotos absolutamente comuns, normais. E então, enquanto vemos os três garotos se aproximando de uma casa simples de madeira no alto de uma pequena colina debruçada sobre o mar, e, diante dela, um jovem casal apaixonado, o narrador está dizendo o seguinte: “Nada desde aquele primeiro dia em que a vi, e ninguém que conheci depois, foi tão amedrontador e perturbador. Porque nenhuma pessoa que conheci a vida inteira fez tanto para me fazer sentir mais seguro, mais inseguro, mais importante, e menos significativo.” Os três meninos estão naquele ponto exato da vida em que tudo é sexo, mulheres, sexo, mulheres, sexo. A câmara caminha pela praia com eles, numa das primeiras seqüências do filme, no meio daquele mar de mulheres expostas ao sol – e os meninos estão no auge da excitação, do tesão. Oscy é o direto, o explícito; Hermie é curioso, mas um tanto mais recatado; Benji é o tímido. Num passeio, Hermie vê a jovem mulher da casa da colina se despedindo do marido, que, de uniforme militar, pega um barco para o continente. De uniforme militar. O verão é o de 1942. Em dezembro de 1941 tinha havido Pearl Harbor, e os Estados Unidos estavam na guerra contra o Eixo Alemanha-Itália-Japão. Oscy ri de Hermie, diz coisas do tipo, mas ela é velha demais! Mas também o incentiva: mulheres mais velhas sempre querem. Um dia, a jovem mulher da casa da colina vai à cidadezinha fazer compras, deixa cair os pacotes, Hermie corre para ajudá-la. O filme tem uma série de seqüências marcantes, inesquecíveis. Essa seqüência em que Hermie, querendo dar uma de maduro e forte, se dispõe a carregar os pacotes da jovem mulher até a casa dela; a tentativa de estabelecer um diálogo – sem qualquer assunto que possa uni-los – é uma maravilha, uma delícia. A seqüência em que Hermie volta à casa da jovem mulher, a convite dela, para ajudá-la a guardar no sótão umas caixas pesadas de coisas de que ela não precisa muito – ela sobe na escada, com um short e uma blusinha curta, e ele e a câmara ficam embaixo olhando para as pernas dela; quando é a vez de ele subir a escada, as pernas estão bambas, ele treme inteiro. Uso a expressão jovem mulher porque só bem mais para o final Hermie consegue perguntar a ela seu nome. É Dorothy. Dorothy – como a personagem central de O Mágico de Oz, o filme sensação de três anos antes da ação. Um nome simples, comum, como tudo o que acontece neste filme. A seqüência da ida ao cinema, em que Oscy descola um grupo de garotas, e lá vão eles, Oscy com uma loura chamada Miriam (Christopher Harris), Hermie ao lado de uma morena chamada Aggie (Katherine Allentuck)… Que maravilha de seqüência! Lá fora do cinema, há cartazes de Tragédia no Circo/The Wagons Roll at Night, com Humphrey Bogart, e Sargento York, com Gary Cooper. O filme que está passando é A Estranha Passageira/Now, Voyager, com Bette Davis e Paul Henreidt – e o espectador vê duas ou três seqüências do filme, que ocupa a tela inteira. O espectador vê mais do filme que está passando no cinema do que Oscy e Hermie, mais preocupados em tentar bolinar as garotas no escurinho do cinema. E a seqüência da ida à farmácia para comprar camisinha… De novo, que maravilha de seqüência. Mulligan alonga aquilo, não tem pressa alguma para terminar. É uma coisa boba, mas ao mesmo tempo é uma coisa importante para os garotos – e assustadora, apavorante. As carinhas que Hermie faz; a cara do vendedor… Maravilhosa seqüência. A mais bela de todas virá quase ao final, o clímax do filme. Lindíssima, lenta, suave, profundamente triste. A câmara em travelling dando a volta de 360 graus na sala da casa de Dorothy, suavemente; sinais de muitos cigarros fumados, bebida. Que coisa absolutamente maravilhosa. Essa despretensão toda, essa beleza simples, econômica, suave, muito doce e muito amarga, seria recompensada com quatro indicações ao Oscar. Michel Legrand levou a estatueta de trilha sonora; as outras indicações foram para a fotografia – bela, mais em tons pastel, enevoada, que esplendorosamente colorida, de Robert Surtees -, a montagem de Folmar Blangsted, e o roteiro original para Herman Raucher. Herman – repare-se o nome do sujeito. Herman, Hermie. O filme teve ainda indicações para o Globo de Ouro e o Bafta; ao todo, foram quatro prêmios e dez outras indicações. Foi a quarta maior bilheteria daquele ano de 1971, depois de O Violinista do Telhado, Billy Jack e Operação França e à frente, veja só, de Diamonds Are Forever, a aventura de James Bond ainda na pele de Sean Connery. Rendeu US$ 20 milhões só nos Estados Unidos. É o que consta no livro The Hollywood Reporter Book of Box Office Hits. O livro conta que Jennifer O’Neill havia sido modelo e tinha aparecido em muitas capas de revista; fez alguns papéis secundários a partir de 1968, mas “seu papel em Summer of ’42 levou-a ao estrelato”. Hum… Nem tanto estrelato assim. Entre 1975 e 1978 ela fez quatro filmes na Itália; o mais importante deles foi O Inocente, do mestre Luchino Visconti. Estrelou Scanners, de David Cronenberg, em 1981, e depois fez muita coisa para a TV. Continua na ativa – nascida em 1948, estava portanto com 23 quando fez este Summer of ’42 –, mas, pelo jeito, não voltou a fazer nada à altura de sua estonteante beleza. Ah, sim: por um acidente geográfico, Jennifer O’Neill nasceu no Rio de Janeiro, filha de uma inglesa e um descendente de irlandeses e espanhóis; foi criada nos Estados Unidos. O iMDB informa que ela se casou nove vezes. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, biógrafo, crítico de cinema, economista, contabilista e gestor em RH. Autor de 15 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

domingo, 20 de junho de 2021

SÍNTESE GENEALÓGICA DA FAMÍLIA SANT'ANNA DE PARACATU (MG)

1 Diplomata, 1 Ufólogo, 1 Nutricionista internacional, 7 Escritores, 6 Jornalistas, 3 Romancistas, 6 Artistas plásticos, 8 Fazendeiros, 6 Educadores/ Professores, 3 Poliglotas, 2 Prefeitos, 2 Economistas, 3 Administradores de Empresas, 2 Músicos, 1 Engenheira Florestal, 1 Bioquímico, 1 Engenheiro Agrônomo, 3 Advogados, 2 Atores, 3 Empresários e 1 Psicóloga; 4 Poetas, 1 Biógrafo, 1 Assessor de Comunicação, 1 Biógrafo, 1 Relações públicas, 1 Copidesque, 1 Agente literário, 1 Ensaísta literário, 1 Adesguiano, 1 Rosacruz, 1 Redator publicitário, 1 Revisor de texto, 1 Gestor de RH. Família que eu tenho o orgulho e a honra de pertencer. (Escritor/Jornalista/Ensaísta EUGENIO SANTANA - WhatsApp (41)9.9909-8795)

sexta-feira, 18 de junho de 2021

A INEVITÁVEL BREVIDADE DOS RELACIONAMENTOS (*)

Existem pessoas que parecem destinadas a ficarem juntas. Existem pessoas que parecem destinadas a se distanciarem. É triste, parece meio cruel, mas é verdade: infelizmente, nem sempre o amor é o bastante para que duas pessoas permaneçam juntas pelo resto da vida. Ninguém consegue explicar direito sentimentos, ainda mais aqueles que se relacionam com a paixão amorosa. Fato é que, de repente, lá estão se sentindo atraídas pessoas que poderiam já se conhecer ou mesmo nunca terem se visto antes. É química, é suor, é pele arrepiada, vontade de se ver, de conversar, de ficar junto. E daí ficam. Até aí, tudo bem, o duro é quando passam as horas, os dias, semanas, meses, e começa o cotidiano, a rotina, a mesmice. E começam os problemas que sempre aparecem na vida de todo mundo. Inevitavelmente, a paixão arrefece, enquanto os choques de realidade aumentam. O que era somente leveza começa a pesar. Ou se firma o amor, ou há desencontro. Na verdade, existem pessoas que se amam, mas não conseguem ficar juntas e não somente em uniões amorosas. Familiares, colegas, em todo tipo de relacionamento, pode haver amor e carinho envolvido, mas impossibilidade de convivência duradoura. Muitas pessoas possuem alguém de quem gostam bastante, mas com quem brigam muito. Dizem que o amor tudo suporta, porém, pessoas com visões de mundo muito dissonantes, com experiências e crenças que destoam demais daquilo em que os parceiros carregam dentro de si, dificilmente conseguirão conviver sem se cobrarem demais, sem se machucar, sem machucar um ao outro. Não conseguirão ficar juntas, sem anulação, ressentimento, frustração. Existem pessoas que são mais felizes longe de nós e também somos melhores longe delas. Nesses casos, teremos que ter a consciência de que a convivência nunca será pacífica e tranquila. Que tenhamos, pois, a maturidade necessária para entendermos que sentiremos falta de certas pessoas que já saíram de nossas vidas, mas será melhor ficar cada um no seu canto. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, agente literário, biógrafo, copidesque, revisor de texto e gestor editorial. Autor de 14 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

terça-feira, 15 de junho de 2021

ESCRAVO, ENQUANTO ESCREVO... EU SOU UM BUSCADOR FRENÉTICO PELO SENTIDO DA VIDA (*)

Continuar escrevendo é buscar compreender a si próprio, trazer à vida as palavras que lhe consomem, as verdades tão relativas que permeiam a ilusão que é viver. Você vai continuar escrevendo por não conhecer uma maneira melhor de expôr seus demônios, não ter outra maneira lógica de expôr a miséria e a confusão em que se encontra. Tampouco consegue compartilhar os momentos de epifania, alegria intensa e aprendizado sem passar por palavras, por notas, por listas. Você vai continuar escrevendo para provocar, para permitir que as pessoas o entendam melhor. Vai compartilhar teus pensamentos na ânsia de que o outro te encontre no caminho — é sempre uma conversa. Acima de tudo, você vai escrever para entender quem realmente é. Você, ao escrever, vai passar a ver conexões entre coisas distintas, sinais nas pequenas coisas — tudo se torna uma metáfora, uma maneira de aliviar as dores e compreender o mundo. Escrever vai se tornar uma companhia para a vida toda, uma terapia, um escape. E a partir de então, já não importa mais o que os outros pensam ou dizem. Não importa se gostam ou não do que você escreve ou da maneira como se expressa. Ao escrever e se expôr, você estará sujeito a coisas maravilhosas e também à crueldade daquele que o lê. E vai se sentir mal muitas vezes, vai pensar que talvez não devesse ter escrito aquilo, vai perceber que não há para onde correr. Você vai estar ali, em medidas diferentes e mesmo que insignificantes, sendo julgado a todo o tempo. A gramática, aquela palavra repetida, aquele pensamento, todos aqueles clichês: tudo isso saltará aos olhos dos mais atentos, dos mais críticos. E ainda assim, nadando contra a maré, você continuará escrevendo. Vai continuar por saber que não vai ficar rico com isso e, por assim ser, ou você escreve porque gosta ou enterra logo tudo isso. A recompensa parece não vir nunca, mas você vai ler o que escreveu há anos — primeiramente vai se envergonhar de tudo aquilo — e depois vai refletir sobre quem era e quem se tornou. Vai pensar se lá no passado você já dava indícios de que seria quem é hoje. E assim prosseguirá juntando frases, tentando dar sentido às coisas. E vai perceber que a busca por palavras te leva a lugares que talvez nunca iria se não fosse pela escrita. Vai perceber que a poesia, a prosa e os textos que fazem parte da sua vida estão por toda parte. Nas ruas, nas esquinas, nas pessoas que encontra, nos caminhos e cidades que ainda irá explorar. Se há algo que a escrita requer é experiência, é vida, é estrada e pessoas. Ainda que o processo seja extremamente solitário, dolorido e indulgente, ele requer experiência humana. Ele requer que sejamos, acima de tudo, um colecionador de vidas, de pessoas que passam por nós e nos fazem lembrar que viver é difícil mas vale a pena. Pessoas que talvez vão mudar nossas percepções sobre determinado tema, nos fazer refletir sobre coisas que talvez nunca pensamos antes. E é ai que está a beleza de escrever. As histórias nascem a partir de nós mesmos, de nossos questionamentos, de nossas vivências. Escrever é um atestado da fragilidade humana, do encantamento que temos por nós mesmos, seres tão iguais e tão diferentes ao mesmo tempo. Ter descoberto a escrita tão cedo adicionou à minha existência quartos que posso acessar a qualquer momento. Alguns são escuros, outros parecem receber a luz do nascer do sol, meio amarelada, que nos cega até que nos acostumemos a ela. Escrever não é fácil quando o que se está em em jogo é uma busca frenética pelo sentido da vida. Eu não entendo o mundo, não entendo a vida, sequer entendo a mim mesmo. Neste sentido, acho que escrever é também perder-se, mais do que se encontrar. É embaralhar o quebra-cabeças simplesmente porquê tudo aquilo que você julga saber não passa de ilusão. E assim você se refaz, reescreve, anota, deixa o papel em branco marcado de tinta para que não se esqueça jamais de que as coisas são passageiras. A palavra será sua melhor companhia nos dias solitários, nas manhãs enquanto toma café, nos bancos das praças e voos longos. É a partir dos livros, dos textos, do que os outros escreveram, que você irá encontrar razão para continuar escrevendo. E não se torture muito. Lembre-se que você escreve a partir de suas próprias circunstâncias e, por isso mesmo, não deva se comparar demasiado com os outros. Não é preciso querer ser como determinado escritor, mas é importante invejá-los e tentar absorver um pouco de cada um deles. No final das contas, escrever será um exercício para toda a vida. Uma necessidade, uma pedra a ser polida — cada dia melhor, cada vez mais próximo de como você realmente deseja escrever. E talvez você nunca se satisfaça com o texto, com o tom que dá às palavras. Desde que isso não lhe impeça de escrever, tudo bem. Hoje, andando sozinho pela cidade tive algumas ideias e uma ou outra conversa que com certeza renderia um bom texto. Mas ao invés de escrevê-las resolvi tentar entender a razão pela qual escrevo e quando tudo isso começou, de fato. Tomava meu café enquanto tentava voltar no tempo e ter algum resquício de memória sobre quando, de fato, comecei a escrever. Por que continuar a escrever? O que te move até as palavras, as frases, as metáforas? Por que você leva isso a sério? O que você ganha com isso? Escrevo para me encontrar e me perder, para salvar histórias, capturar pessoas e lugares. Escrevo para entender e confundir, para dar um sentido narrativo à minha vida. E continuarei escrevendo, por mais dolorido que seja, ainda que precise vencer todo e qualquer crítico e, principalmente, a mim mesmo. E você vai continuar escrevendo porquê escrever é, acima de tudo, viver. Encha-se de vida e continue. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, agente literário, biógrafo, copidesque, revisor de texto e gestor editorial. Autor de 14 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

sábado, 8 de maio de 2021

INSACIÁVEIS VAMPIRAS DO AMOR (*)

Querem viver a sua vida. Não suportam a sua independência e visão do mundo. E não se importam com os seus valores mais preciosos. Invejam-lhe, mas não se dão conta disso. Inventam que querem cuidar de você, quando, na verdade, quer lhe absorver até ultrapassar todos os seus limites físicos e emocionais. Insaciáveis, sugam sua energia para torná-lo mais vulnerável. Querem corromper sua lucidez e bom-senso, porque assim fica mais fácil a sua submissão. Seduzem-lhe por onde você é mais frágil. Quebram aos poucos sua autoestima. Minam a sua energia e se alimentam insaciavelmente de tudo o que você é. A solução para esse tipo de relacionamento é a ruptura imediata, o corte, e se possível, o rompimento por completo com toda forma de contato. Você não está apaixonado e nem amando, está apenas intoxicado pelo que ela lhe infunde. É por meio da inserção de pensamentos e sentimentos desastrosos que o predador emocional, dia após dia, vai roubando a sua capacidade de lucidez. Suas ações funcionam como uma espécie de droga venenosa que é gradativamente injetada e que tem uma única função que é a de lhe intoxicar. Acorde! Você está correndo risco de morte. Acredite em você e em suas mais ínfimas percepções. Dê ouvidos a si mesmo. Mesmo sendo fruto de situações assimiladas em nossa infância, quando fomos doutrinados a sermos obedientes, educados, cordatos e convenientes, devemos nos lembrar que para sobrevivermos também precisamos saber impor limites e saber dizer não. Vítimas deste tipo de assassinos silenciosos, em geral, são visionários, sensíveis e românticos que acreditam que serão capazes de reparar absolutamente todo o mal-estar do outro, incluindo suas mudanças repentinas de humor. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, biógrafo, economista, contabilista e gestor em RH. Autor de 15 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

quarta-feira, 5 de maio de 2021

ÊXTASE OU FUGA?: A BEBIDA AO LONGO DA HISTÓRIA (*)

Acredita-se que a bebida alcoólica teve origem na Pré-História, mais precisamente durante o período Neolítico quando houve a aparição da agricultura e a invenção da cerâmica. A partir de um processo de fermentação natural ocorrido há aproximadamente 10.000 anos o ser humano passou a consumir e a atribuir diferentes significados ao uso do álcool. Os celtas, gregos, romanos, egípcios e babilônios registraram de alguma forma o consumo e a produção de bebidas alcoólicas. Em uma das mais belas passagens do Antigo Testamento da Bíblia (Gênesis 9.21) Noé, após o dilúvio, plantou vinha e fez o vinho. Fez uso da bebida a ponto de se embriagar. Reza a bíblia que Noé gritou, tirou a roupa e desmaiou. Momentos depois seu filho Cam o encontrou "tendo à mostra as suas vergonhas". Foi a primeiro relato que se tem conhecimento de um caso de embriaguez. Michelangelo, famoso pintor renascentista (1475-1564), se inspirou nesse episódio pintar um belíssimo afresco, com esse nome, no teto da Capela Sistina, no Vaticano. Nota-se, assim, que não apenas o uso de álcool, mas também a sua embriaguez, são aspectos que acompanham a humanidade desde seus primórdios. O solo e o clima na Grécia e em Roma eram especialmente ricos para o cultivo da uva e produção do vinho. Os gregos e romanos também conheceram a fermentação do mel e da cevada, mas o vinho era a bebida mais difundida nos dois impérios tendo importância social, religiosa e medicamentosa. No período da Grécia Antiga o dramaturgo grego Eurípedes (484 a.C.-406 a.C.) menciona nas Bacantes duas divindades de primeira grandeza para os humanos: Deméter, a deusa da agricultura que fornece os alimentos sólidos para nutrir os humanos, e Dionísio, o Deus do vinho e da festa (Baco para os Romanos). Apesar do vinho participar ativamente das celebrações sociais e religiosas greco-romanas, o abuso de álcool e a embriagues alcoólica já eram severamente censurados pelos dois povos. Os egípcios deixaram documentado nos papiros as etapas de fabricação, produção e comercialização da cerveja e do vinho. Eles também acreditavam que as bebidas fermentadas eliminavam os germes e parasitas e deveriam ser usadas como medicamentos, especialmente na luta contra os parasitas provenientes das águas do Nilo. A comercialização do vinho e da cerveja cresce durante este período, assim como sua regulamentação. A intoxicação alcoólica (bebedeira) deixa de ser apenas condenada pela igreja e passa a ser considerada um pecado por esta instituição. Durante e Renascença passa a haver a fiscalização dos cabarés e tabernas, sendo estipulados horários de funcionamento destes locais. Os cabarés e tabernas eram considerados locais onde as pessoas podiam se manifestar livremente e o uso de álcool participa dos debates políticos que mais tarde vão desencadear na Revolução Francesa. O fim do século 18 e o início da Revolução Industrial é acompanhado de mudanças demográficas e de comportamentos sociais na Europa. É durante este período que o uso excessivo de bebida passa a ser visto por alguns como uma doença ou desordem. Ainda no início e na metade do século 19 alguns estudiosos passam a tecer considerações sobre as diferenças entre as bebidas destiladas e as bebidas fermentadas, em especial o vinho. Neste sentido, Pasteur em 1865, não encontrando germes maléficos no vinho declara que esta é a mais higiênica das bebidas. Durante o século 20 paises como a França passam a estabelecer a maioridade de 18 anos para o consumo de álcool e em janeiro de 1920 o estado Americano decreta a Lei Seca que teve duração de quase 12 anos. A Lei Seca proibiu a fabricação, venda, troca, transporte, importação, exportação, distribuição, posse e consumo de bebida alcoólica e foi considerada por muitos um desastre para a saúde pública e economia americana. Foi no ano de 1952 com a primeira edição do DSM-I (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) que o alcoolismo passou a ser tratado como doença. No ano de 1967, o conceito de doença do alcoolismo foi incorporado pela Organização Mundial de Saúde à Classificação Internacional das Doenças (CID-8), a partir da 8ª Conferência Mundial de Saúde12,13. No CID-8, os problemas relacionados ao uso de álcool foram inseridos dentro de uma categoria mais ampla de transtornos de personalidade e de neuroses. Esses problemas foram divididos em três categorias: dependência, episódios de beber excessivo (abuso) e beber excessivo habitual. A dependência de álcool foi caracteriza pelo uso compulsivo de bebidas alcoólicas e pela manifestação de sintomas de abstinência após a cessação do uso de álcool. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, biógrafo, economista, contabilista e gestor em RH. Autor de 15 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

terça-feira, 4 de maio de 2021

A MÍDIA DIVULGA O CAOS...

Neste contexto é imprescindível lembrar Nelson Rodrigues e o seu conhecido "óbvio ululante". Ainda assim, é necessário dizer este "sincericídio", já que sou um jornalista Kamikaze:
A primeira página dos jornais e as histórias de destaque na internet ou na televisão parecem focar em crimes, acidentes, política, economia e pessoas em evidência exibindo comportamentos inadequados. (Escritor/Jornalista/Ensaísta EUGENIO SANTANA)

segunda-feira, 3 de maio de 2021

INOLVIDÁVEIS ASAS DE SAUDADES, MINHA MAMÃE ADÍLIA SANTANA

Indescritíveis Asas de Saudade, amada Mãezinha Adília. Hoje completaram 10 anos de sua ausência física. A Dor continua dilacerante. Luto contra o LUTO, inutilmente. O seu amor infinito e verdadeiro é inesquecível, valioso, precioso e único. Incomparável. Que Deus me perdoe por evocar diariamente a sua ausência. Mas, afinal, Deus é Amor e o que Ele mais faz é Perdoar. Amo-te eternamente, Mamãe. ( Eugenio Santana, em memória de Adília Santana *25/10/1929 +02/05/2011)

quinta-feira, 29 de abril de 2021

A CAIXA DE PANDORA

A mitologia grega conta que Pandora abriu a tampa da caixa proibida e aproximou o rosto da pequena abertura, mas teve que se afastar rapidamente, espantada. Uma fumaça densa e negra saía da caixa em espirais enquanto mil horríveis fantasmas se formavam naquelas nuvens que invadiam o mundo e escureciam o Sol. Eram todas as doenças, as dores, os horrores e os vícios do mundo. Todos saíam da caixa de forma violenta, entrando nas tranquilas moradas dos homens. Pandora tentou fechar a caixa e evitar que mais males escapassem, para remediar o desastre, mas foi em vão. O destino inexorável se cumpria e, desde então, a vida dos homens foi assolada por todas as desventuras desencadeadas por Zeus. Quando a fumaça se desfez e a caixa parecia vazia. Pandora olhou para dentro dela e viu um lindo passarinho de asas cintilantes. Era a Esperança. Ela se apressou em fechar a caixa, impedindo que a Esperança escapasse também. Dessa forma, a Esperança se conserva guardada no fundo de nosso coração. (Jornalista/escritor/ensaísta EUGENIO SANTANA - IMAGEM E PALAVRA)

terça-feira, 27 de abril de 2021

QUEM SOU EU? INSIGHT SOBRE UM AUTOR VAGALUME. UM MAGNÍFICO FARSANTE? (*)

Para definir meu trabalho, preciso primeiramente saber quem é você. Se você é um amante da literatura, me apresento como escritor romancista, contista, poeta e cronista. Se é um empresário, sou um redator publicitário, Analista de negócios, Consultor em marketing digital, Relações públicas, palestrante motivacional e Assessor de imprensa. Se tem uma grande história de vida que gostaria de compartilhar com outros, sou um biógrafo. Iniciei meus trabalhos literários, na década de 1980, escrevendo poemas e crônicas para diversos jornais do país: de Porto Velho a Porto Alegre. Em 2010 criei o meu Blogue "Guardião da Palavra", onde passei a publicar meus textos: poemas, crônicas, contos, artigos e ensaios, além de proporcionar dicas motivacionais para jovens escritores neófitos. Inútil dizer onde vivo. Não sou capaz de morar mais do que três anos em uma mesma cidade. Um homem de chegadas e partidas. Um Andarilho da flor estrela... Aquele que deambula à sombra da inquietude. Fácil a estratégia inconsistente ao mencionar que sou jornalista profissional. Sei que, por meio desse argumento jamais consegui ser convincente. A estrada me encanta e fascina. E o "sabor" do Crepúsculo e da Aurora? Indescritível. Instigante! Durmo de dia, escrevo a noite, e sonhos azuis e alados ocorrem em uni/versos paralelos e oníricos. Já quis viajar o mundo. Principalmente, morar no Egito, na França, na Espanha e na Alemanha. Já quis desaparecer. Perambulei a procura do meu "par ideal", e na volta, procurava por mim. Fiz boas ações. E algumas imbecilidades. Não insisto em ser, mas me orgulho de estar. A missão de ser escritor me fez atingir o nirvana, o self; a transcendência. Voei. Ícaro na Asa do tempo... O osso acima dos meus olhos chama-se frontal. A camada enrugada, azulada e cansada que o reveste, pele. O objeto de sua proteção chama-se cérebro. E no conjunto da obra, tenho um "rosto desfigurado" que já viajou nas asas da utopia e já foi guiado pelos pássaros. Este, resguardado, produz aquilo que me cansa e extenua, dia após dia: minhas ideias criativas, lúcidas, confusas, diáfanas e monossilábicas; algumas prolixas, outras pró-lixo ou lagartixas cósmicas e, algumas vezes, a economia verbal revela meu ciberespaço na magia encantadora da Língua Portuguesa. Escrever? Meu Vício Visceral! (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, agente literário, biógrafo, copidesque, revisor de texto e gestor editorial. Autor de 14 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

segunda-feira, 26 de abril de 2021

O MARKETING DO VATICANO E DO EDIR MACEDO (*)

A BÚSSOLA COMPLETA E ABRANGENTE DE DEUS: A BÍBLIA. O VATICANO VIROU PAÍS E, NA CONDIÇÃO DE RELIGARE, É A INSTITUIÇÃO MAIS RICA DO MUNDO E JAMAIS ABRIU SEUS COFRES PARA SOCORRER VÍTIMAS CÍCLICAS DO PLANETA TERRA, MAIS RECENTEMENTE A DOENÇA COVID-19. EDIR MACEDO, CRIOU A IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS (SIC), TEM TEMPLOS NO MUNDO INTEIRO E O SEU OBJETIVO É O LUCRO ECONÔMICO FINANCEIRO. PAPA "CHIQUINHO" E EDIR MACEDO SE UTILIZAM ABERTAMENTE DO FILHO DE DEUS COMO O MAIS EFICAZ MARKETING DE TODOS OS SÉCULOS. ISSO, SIM, TEM NOME: SACRILÉGIO. AMBAS AS INSTITUIÇÕES SÃO DEMONÍACAS. A RELIGIÃO É O AMOR INCONDICIONAL CONFORME OS ENSINAMENTOS DE CRISTO JESUS. E, POR FIM, SOU SEGUIDOR DE JESUS - O CRISTO CÓSMICO; O MESTRE DOS MESTRES. (ESCRITOR/JORNALISTA/ENSAÍSTA EUGENIO SANTANA)

sábado, 24 de abril de 2021

OS CÁTAROS E A PRÁTICA CRISTÃ COMPATÍVEL COM OS ENSINAMENTOS DO MESTRE (*)

Montanhas escarpadas com misteriosos castelos no topo, tão misturados às rochas que só se percebe sua existência quando se chega bem perto. Essa é uma imagem comum em Languedoc-Roussilon -sudoeste da França-, mais precisamente da região de Corbiéres, onde estão concentrados castelos cátaros. Em Languedoc encontram-se cidades, vilas, abadias e castelos medievais que guardam marcas profundas da época turbulenta do surgimento e desenvolvimento desses religiosos, em sua arquitetura e nas obras de arte. Os cátaros, ou albigenses, eram os fiéis de uma seita cristã que surgiu na Idade Média e cresceu, particularmente no Languedoc. Eles criticavam a corrupção da Igreja Católica -a que chamavam "a igreja dos lobos"-, discordavam de diversos dogmas e tinham a sua própria hierarquia: bispos e sacerdotes, os "perfeitos", encarregados de dirigir os cultos e promover a catequização. Languedoc, o antigo país de Oc, era praticamente independente nos tempos medievais, até fins do século 12. A região era dividida em condados, que prestavam uma tênue vassalagem a diversos suseranos: os reis da França e de Aragão, o conde de Barcelona, o papa e o conde de Toulouse. O clima de liberdade intelectual e tolerância religiosa reinante, raro nos países cristãos na época, favoreceu a propagação do catarismo, inclusive entre os senhores feudais. Eles apreciavam o fato de a seita rejeitar o pagamento de dízimos à igreja e condenar a atuação política de seus ministros. No início do século 13, preocupado com o progresso acentuado da heresia, o papa Inocêncio 3º ordenou uma cruzada contra ela. Logo formou-se um poderoso exército, integrado por guerreiros de diversos países, atraídos tanto por promessas espirituais -o perdão dos pecados- quanto materiais -o saque e a expropriação dos bens dos cátaros. O rei da França a princípio não participou da cruzada, mas depois assumiu a liderança, de olho na incorporação do Languedoc ao reino (o que acabou acontecendo). A luta durou cerca de 40 anos. E foi sangrenta. Os cátaros resistiram bravamente, mas acabaram derrotados, sendo muitos deles mortos durante as batalhas ou queimados em fogueiras. O local ideal para servir de base à descoberta do país dos cátaros talvez seja Carcassone. Quem vem do litoral do Mediterrâneo pela Autoroute des Deux Mers, descobre-a no horizonte, surgindo como uma autêntica aparição. É um choque impactante. Toda rodeada por dois anéis de poderosas muralhas com 39 torres, Carcassone lembra uma gigantesca nave que se projeta no espaço, sobrepondo-se à paisagem. É uma cidade medieval fortificada, restaurada com perfeição no século 19. Ao caminhar por suas ruelas, becos, praças e arcos, a sensação é de recuo no tempo. Carcassone foi um dos principais centros cátaros. Na sua área central, há muitas obras e monumentos da época. A história do ataque à cidade pelos cruzados no século 13 aparece gravada em alto-relevo na Pedra do Cerco, um dos tesouros da basílica romântico-gótica de St. Nazaire. O Chateau Comtal, fortaleza dentro da cidade, com muralhas e fossos, foi o último reduto de defesa. Um tour guiado (gratuito) é a melhor forma de conhecê-lo. Outra boa pedida também é visitar o museu Lapidaire, com sua interessante coleção de antiguidades romanas e medievais. Mas o programa principal mesmo é vaguear pela cidade e pelo alto das muralhas, deixando-se envolver pela magia do local. E à noite sair da cidade, afastar-se uns 500 metros ou 600 metros e contemplar as muralhas iluminadas, um quadro único de beleza e majestade. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, agente literário, biógrafo, copidesque, revisor de texto e gestor editorial. Autor de 14 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

sábado, 17 de abril de 2021

UM PORTFÓLIO MANCHADO DE SANGUE NO PLANETAZUL (*)

Talvez em toda a história da humanidade nunca tenhamos presenciado absurdos sobrepostos com tanta veemência como nos dias atuais. O homem se perde nos seus limites diários e o respeito pela vida e suas belezas é colocado em segundo plano diante da ambição mascarada de ser melhor e melhor. Sem importar-se com os meios desde que o fim seja palpável e prazeroso o suficiente para sobressair-se em relação ao próximo. Somos hipócritas, falsos detentores da verdade, e principalmente, propagadores do rancor e da individualidade doentia. Os problemas crônicos do mundo abrangem fatores além das nacionalidades, religiões e políticas governamentais. É um câncer populacional que exponencialmente evoca o racismo, o machismo, a intolerância religiosa, o desprezo pela igualdade social e a corrupção como forma de resposta para o simples fato de há muito não sermos capazes de amar. Salvem raríssimas exceções, grupos não estão interessados em fazer a diferença, e sim galgar status quo – ter os 15 minutos de fama. Não importa se fulano foi flagrado traindo ciclana ou se a novela a mostrou uma cena mais provocativa que a novela b. Tudo aquilo que queremos é a janela escancarada para podermos compartilhar uma opinião. Para sermos ouvidos. Desconhecemos política do mesmo modo que a conhecemos como arma para estabelecer laços e desfazer supostas amizades quando buscamos simplesmente mostrar – a minha voz chega mais longe que a sua. Direitos humanos? Usamos quando convém. Meio ambiente? Quando rende elogios dos amigos e acrescenta para o portfólio. Sujos dos pés até a cabeça de falsas verdades e meias mentiras, dançamos ao som de uma trilha sonora particular e que age e reage conforme os nossos sentimentos e necessidades. Hipócritas! Todos somos! Certas vezes dura apenas um instante e um instante pode ser o começo ou pode ser tudo. A esperança. Existirá luz no túnel estruturado pela lei do mais forte? O ser humano permanece na escala evolutiva e superando problemas adversos há séculos, mas enquanto no passado os problemas eram postos na ponta de espadas por ideais, hoje usamos os dedos e a voz para representar um intelecto superior e quase divino: o certo. Errados são os meros mortais que se preocupam com os meios e toda essa baboseira chamada humanidade. (*) EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista, Ensaísta,Superintendente de Imprensa, Agente literário, Biógrafo, Copidesque e Gestor em RH. Autor de 14 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

sábado, 10 de abril de 2021

A SOMBRA DAS AUSÊNCIAS: O ESQUECIMENTO, A FACE OCULTA, O DESCONHECIDO, O GRANDE VAZIO (*)

O ar me trouxe nas tardes côncavas um bramido ou o eco de um bramido desolado. Sei que na sombra há Outro, cuja sorte é fatigar as longas solidões que tecem e destecem este Hades, e ansiar pelo meu sangue e devorar a minha morte. Nós e a nossa sombra, vida e morte, calor e frio. O som e o silêncio. A ação e a imobilidade. O medo e a coragem. A memória e o esquecimento. Desde Heráclito, que nos viu naufragar nas corredeiras do tempo, até Albert Einstein, a antimatéria, os buracos negros estilhaçados, orações e guerras, no precário equilíbrio da selva, à beira do vazio. Encarcerados nos inconcebíveis labirintos da razão, buscamos o que, na verdade, nós mesmos temos destruído, nas ruínas indecifráveis de uma História escrita somente pela mão arrogante dos vencedores. Quando morre alguém, desaparecem para sempre algumas informações exclusivas. A imagem de um cachorro correndo na neve, junto à janela do trem. A respiração ofegante da mulher amada, no vértice do prazer. Um gemido incontido. O aroma insubstituível do desejo, na mistura única de perfume e suor. A chave abandonada no fundo da gaveta, que jamais voltará a abrir misteriosa porta agora ignorada. A máscara alheia de dor e sofrimento, registrada durante um momento íntimo de conflito. Com o desaparecimento de uma pessoa, - anônima ou ilustre, não importa - esvaem-se dados singulares, peças ínfimas do cotidiano que jamais poderemos repor. Infelizmente, porém, a morte das pessoas é inevitável. Haverá mortes inevitáveis? Talvez pudéssemos evitar a morte diária de 199 espécies. Também temos sido responsáveis ou co-responsáveis pela morte prematura e desnecessária de línguas, culturas e povos. Mais de 6 mil línguas afundaram nas areias movediças do tempo. E as inumeráveis culturas? E os povos? Os astecas, por exemplo, foram pisoteados pelas ilusões da lenda e pelas patas dos cavalos de Hernán Cortez. O que ficou da sua extensa sabedoria lembra os escombros de um grande terremoto. Os tehotihuacanos viviam de maneira organizada e construíram pirâmides que apontavam para a eternidade. Sumiram na madrugada dos desmatamentos e nos deixaram apenas paredes vazias, desceram para o sul e se embrenharam nas florestas, levando com eles seus conhecimentos maravilhosos e se transformando numa imperdoável ausência. Os incas, assaltados e humilhados pelas tropas de Francisco Pizarro, subiram a cordilheira e se esconderam no mundo miserável do sonho induzido. Nos outros continentes, dramas e tragédias se repetem. Muita informação desapareceu com a Babilônia de Nabucodonosor. Entre o Tigre e o Eufrates, os mistérios da Mesopotômia viraram pó. A cultura dos persas foi varrida pelos exércitos de Alexandre, o Grande, mas também perdemos referências da própria Macedônia - e nem sabemos ao certo como morreu o seu maior guerreiro. Às margens do Nilo ficaram enterrados os segredos do antigo Egito, dos quais temos somente vestígios como as pirâmides e a esfinge. No Mar Egeu submergiram os minóicos, com seus minotauros e seus navios de guerra. Os ardis do destino e a ferocidade dos homens apagaram as pegadas de assírios e mongóis, e dos tempos anteriores à palavra escrita nos chegam pálidos relatos de gregos e troianos. Mais recentemente, o esquecimento engoliu incontáveis fatos e registros, na América Latina, referentes às ditaduras militares dos anos 60 e 70. Muita gente também já se esqueceu dos crimes hediondos cometidos em nome do socialismo, seja na falecida União Soviética, seja na China, em Cuba, na Coréia do Norte ou na antiga Alemanha Oriental, para citar uns poucos exemplos. Ao nosso ilimitado desconhecimento, somam-se as perdas, o que resvalou e se foi, pela ação predatória ou simplesmente pelo esquecimento. Cresce assim, constantemente, a sombra das ausências - da qual talvez se alimente a Divindade. O esquecimento, também é uma forma de memória. O seu vago porão. A outra face oculta da moeda. É possível que Deus, no final das contas, seja de fato apenas o esquecimento, a face oculta, o desconhecido, o grande vazio que vai nos suceder na imprevisível noite dos séculos. (*) EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista, Ensaísta, Diretor de Redação de Revistas, Agente literário, Biógrafo, Blogueiro e Gestor em RH. Autor de 14 livros publicados: "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

terça-feira, 6 de abril de 2021

RARAS SÃO AS PESSOAS QUE RECONHECEM O SEU TALENTO NESTA EXISTÊNCIA EFÊMERA

Agradeça se elas chegar e a ocupar os cinco dedos de uma mão. E geralmente, pelo menos uma dessas pessoas será nossa mãe ou nosso pai. Mas sinta-se abençoado se você tem alguém que entende seu olhar. Que te ama mesmo quando você se esquece das próprias virtudes. Quando você tem alguém que dispensa saber suas explicações, tenha sempre por perto. (Escritor/jornalista/ensaísta EUGENIO SANTANA - (41) 9.9909-8795 WhatsApp)

A MAGIA INDECIFRÁVEL DO SEU OLHAR...

Entendo que é possível olhar nos olhos de alguém e de súbito saber que a vida será impossível sem eles. Saber que a voz da pessoa pode fazer seu coração falhar, e que a companhia dessa pessoa é tudo que sua felicidade pode desejar, e que a ausência dela deixará sua alma solitária, desolada e perdida. (Escritor/jornalista/ensaísta Eugenio Santana - Imagem e Palavra)

A VIAGEM POR DENTRO DOS NOSSOS MANUSCRITOS...

Fazemos esta viagem juntos. Como estão distantes os outros passageiros! Estarão no mesmo trem? Em que vagão? Na capota do carro? A bordo do avião? Fazemos esta viagem juntos por dentro dos nossos manuscritos – mal-escritos? No mais, o resto é a separação, a ruptura, o inter/dito. Escritores e jornalistas são ânforas com sede. (Escritor/jornalista, ensaísta EUGENIO SANTANA, FRC)

FILHOS(AS)...

Uma filha, brasiliense; a outra, paulista; um filho, fluminense; e o outro, mineirinho. Mas, por incrível que pareça, já constatei que os meus 14 "FILHOS/LIVROS", me amam mais e reclamam menos. Revelação inadiável porquê sou AUTÊNTICO. (Escritor/jornalista/ensaísta EUGENIO SANTANA)