quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

ANJOS E CÃES NÃO SÃO MUITO DIFERENTES (*)

Charles Bukowski estava mais ou menos com trinta anos quando sofreu uma crise hemorrágica e foi internado praticamente entre a vida e a morte. Até aquele momento, não passava de um contista de poucas publicações em revistas baratas, morava em quartos de hotéis sujos e vivia de pequenos trabalhos manuais. O médico lhe dissera, após a regeneração improvável, que "mais nenhuma gota de álcool, se não você morrerá". A recomendação médica, é claro, foi negligenciada, mas quiseram os deuses lhe dar outra oportunidade de viver pelo menos mais quatro décadas. Ao retornar para casa depois do internamento, Bukowski sentou-se em frente à máquina e recomeçou a escrever como um louco - só que agora, poemas, muitos e muitos poemas. Em suas próprias palavras, depois de ter outra chance de viver, tudo que ele queria era "gritar um pouco", o que classificou como um ato egoísta, mas também como algo inevitável. Desde então, Bukowski começou a tecer a sua reputação como escritor. Nas publicações underground de Los Angeles, seu nome era cultuado. Ele era o rei das "pequenas publicações". Durante a década de setenta e principalmente nos anos oitenta, Bukowski encontrou a fama que sempre almejara. Jean-Paul Sartre lhe chamara de "o maior poeta da América". É certo que Bukowski escrevia poemas desde os 15 anos, e que os seus trabalhos anteriores e posteriores ao internamento não ficaram muito diferentes em relação ao trato com a linguagem ou a algum outro aspecto formal do poema. O que é flagrante e, creio, o que determinou o reconhecimento e a qualidade da poesia de Bukowski após a sua quase morte foi a clareza e a sensibilidade adquiridas e traduzidas por ele diante de um acontecimento dessa natureza. Ao lidar com o seu tema preferido (ele mesmo), soube fazê-lo com a maior honestidade e com maior precisão que antes de ter vivido uma situação limite. Por "ele mesmo" pode-se entender, além da questão biográfica, é claro, um modo de estar no mundo e de vivenciá-lo que, de certa forma, dialogou com muitos e muitos anjos caídos (uma expressão sua) nos Estados Unidos e fora dele. Ao abordar personagens e acontecimentos fora da engrenagem do chamado "sonho americano" (que nada mais é do que a vida comportada da classe média próspera e alienada) a poesia de Bukowski radiografou e apresentou ao mundo o outro lado da vida estadunidense. "Anjos e cães não são / muito diferentes". Este é um verso que abre uma de suas obras-primas, chamada "Uma janela de vidros espelhados". Este é um verso que sintetiza bem a percepção de Bukowski sobre os seres humanos e, no limite, sobre a vida e a poesia. Para Bukowski, o que se considera grande e transcendental pode ser ao mesmo tempo algo corriqueiro, constantemente rechaçado e desprezado pela maioria das pessoas. Fazer um poema sobre os vagabundos que se sentam às duas e meia da tarde numa cafeteria de estimação para ficarem ali tomando café e esperando que o tempo passe, saboreando o escorrer melancólico do dia junto a uma xícara de café, fazer um poema com este tema significa dizer: olha, a vida pode constantemente ser sem graça e desprezível, mas se você tiver um pingo de vontade, um punhado de compaixão pela sua própria existência e a dos outros, você poderá transformar o mais reles acontecimento cotidiano em poesia. Viverá na poesia. Sentirá a poesia enquanto vive, seja em seus melhores momentos, seja em seus piores momentos, mas haverá sempre uma clareza de sentimentos que só a poesia pode proporcionar. Só deste modo conseguirá escrever algo tão simples, honesto e sensível como estes dois versos: you can't beat death but you can beat death in life, sometimes. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, agente literário, publicitário, gestor editorial, analista de marketing digital e palestrante. Dez livros publicados. Membro benemérito "ad honorem" do Centro Cultural, Literário e Artístico de PORTUGAL. Contatos: autoreugeniosantana9@gmail.com e (41) 99547-0100 WhatsApp

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

FRAGMENTOS DE ANSIEDADE (*)

Dormia e me remexia na cama, o coração apertado, a respiração ofegante. Pensava: - eu deveria estar dormindo melhor, por quê não me acalmo? Estou com sono, quero dormir em paz. Me reviro, me reviro e começo a despertar aos poucos. Olhei para o relógio. Eram 07:30. Mas como se fui dormir às quatro? Lembrei que cheguei um pouco alegre, derrubei algumas coisas, mas estava bem. Passei a lembrar daquele pub, muito Rock n`Roll, muitas pessoas bonitas, mas o clima era pesado. Voltei a tentar dormir, não conseguia. Fui ficando com frio, mais frio e os pensamentos de culpa não saíam de minha cabeça. Pensava que logo teria que me arrumar para viajar, mas não me sentia bem. Como sairia daquela cama sem me sentir bem? Coração acelerado, frio, enjôo e dor de barriga. Decidi me levantar e tomar um banho. Durante o banho, sentia aquela ducha quente tentar me acalmar. Tentava me convencer de que aquela ducha me acalmaria. Coração apertado, ofegante e cabeça a mil. Começava então a me culpar. Você não conseguiu nada de útil em sua vida até hoje. Quem é você? Quando terá uma vida melhor? Por quê não consegue levantar cedo e ir caminhar como as pessoas sãs conseguem? Você está sozinho, está longe de tudo e de todos. Quem é o seu grupo? O que faz neste mundo? Quantos anos você tem? Como esperava que sua vida estivesse quando atingisse esta idade? Onde mora? O que te pertence? Quem te pertence? O que você fez até hoje? Para onde quer ir? (*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 9547-0100 WhatsApp

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

EFÊMERO VÔO DO TEMPO (*)

Quanto tempo é para sempre? É o tempo em que ficamos ou a promessa de partirmos? É nunca mais; até à próxima, um instante? Um até já; um momento, um breve fragmento? É um raio de sol que nos cega num morno fim de tarde de Agosto? É a realidade captada pela tua lente: para sempre? É uma ausência que dói; uma gota que se faz mar; um acorde perfeito; uma sinfonia; um choro; um grito? É uma porta que fechas; mais um degrau que avanças; um capítulo encerrado num livro escrito pelo vento ou pintura improvisada na tela quente do teu corpo? Uma reta; uma espera; um passeio? A espuma do nosso banho; a chama daquela vela; a chuva a bater na janela? É a distância que a tua boca demora? Uma carta de despedida, escrita a tinta permanente? Uma árvore que plantas; uma estrela que prometes; uma nuvem que ofereces? Um poema roubado; um fim de tarde inventado? Um banco de jardim e um livro? São memórias, lembranças e histórias, bilhetes confessados em pedaços de papéis rasgados? Para sempre é o tempo suficiente; o tempo que não chega - o tempo que perdemos.Todo o tempo do mundo. Para sempre é um lugar onde moram as promessas, os planos, os sussurros, os pecados; nas madrugadas que não terminam, com corpos que não são nossos em vidas que não nos pertencem. Quanto tempo é para sempre? É hoje: agora - o presente. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, agente literário, publicitário, gestor editorial, analista de marketing digital e palestrante. Dez livros publicados. Membro benemérito "ad honorem" do Centro Cultural, Literário e Artístico de PORTUGAL. Contatos: autoreugeniosantana9@gmail.com e (41) 99547-0100 WhatsApp

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

TU DORMIS ET TEMPUS AMBULAT (*)

E vendo o homem com os olhos abertos como tudo passa, só nós vivemos como se não passássemos. Todos vamos embarcados na mesma nau, que é a vida, e todos navegamos com o mesmo vento, que é o tempo; e assim como na nau uns governam o leme, outros mareiam as velas; uns vigiam, outros dormem; uns passeiam, outros estão assentados; uns cantam, outros jogam, outros comem, outros nenhuma coisa fazem e todos igualmente caminham ao mesmo porto; assim nós, ainda que não pareça, insensivelmente vamos passando sempre e avizinhando-se cada um a seu fim: porque, tu dormes e o tempo anda. Se o Sol que sempre é o mesmo, todos os dias tem um novo nascimento e um novo ocaso, quanto mais o homem por sua natural inconstância tão mutável, que nenhum é hoje o que foi ontem, nem há de ser amanhã o que é hoje! (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, agente literário, publicitário, gestor editorial, analista de marketing digital e palestrante. Nove livros publicados. Membro benemérito "ad honorem" do Centro Cultural, Literário e Artístico de PORTUGAL. Contatos: autoreugeniosantana9@gmail.com e (41) 99547-0100 WhatsApp

domingo, 10 de fevereiro de 2019

MUNDO GLOBALIZADO: DOR E TRAGÉDIA (*)

Alguns historiadores acreditam que a globalização se iniciou no período das Grandes Navegações nos séculos XV e XVI. Motivadas pela expansão do comércio europeu, essas viagens conduziram esses desbravadores ao continente americano, e a algumas áreas na África e Ásia. Com isto, se deu o fim do isolamento em que viviam alguns povos em relação ao resto do mundo. Mas, sem dúvida, o processo se acelerou em todo o planeta nas duas últimas décadas do século XX. Hoje, o mundo inteiro fala de globalização, mas em geral os meios de comunicação e as pessoas dão maior ênfase à globalização da economia mundial e da produção. Quando muito, se fala em um intercâmbio sociocultural sob uma ótica burguesa de troca positiva entre hábitos, costumes, línguas e culturas diferentes. Mas, a pergunta que não quer calar é a seguinte: num mundo onde claramente não existem mais fronteiras nítidas entre os países, onde a interdependência econômica entre as nações é cada vez maior, onde fica o aspecto humano? Será que a globalização só é boa para a expansão de mercados, para a democratização e difusão da informação e de conteúdo científico e para construir fábricas com mão de obra barata para vender produtos a preços inacreditavelmente reduzidos? Quando surge a pedra no sapato da globalização, a gente simplesmente remove e joga-a no lixo, ou deixa a pedra, reacomoda ela dentro do sapato e investiga novas formas de andar? A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) calcula que hoje existem 60 milhões de pessoas que tiveram que ser deslocadas de seus países por conta de guerras e conflitos. A quantidade de pessoas vem crescendo em números alarmantes, tendo aumentado em quase 9 milhões somente em 2013. Esta tendência de crescimento se intensificou desde 2011, com o início da guerra na Síria, que se transformou “no maior evento individual causador de deslocamento no mundo”. Ainda segundo estatísticas das Nações Unidas, 1 em cada 122 indivíduos, no mundo, é refugiado ou solicita refúgio, e se todos juntos formassem a população de um país, seriam “a 24a nação mais populosa do planeta”. De acordo com dados da CNN, a Turquia atualmente abriga quase a metade dos refugiados sírios, cerca de 1.9 milhão (sendo a metade formada por crianças e adolescentes). O Líbano acolheu 1.1 milhão (fazendo com que sua população aumentasse em 25%); a Jordânia recebeu 629.000 refugiados não somente da Síria, mas do Sudão, da Somália e do Iraque; o Egito, 132.000. Até o Iraque, que historicamente enviou milhares de refugiados para a Síria entre 2003 e 2011, fez o fluxo inverso e passou a receber sua população de volta, além dos sírios em busca de asilo. Já foram abrigadas 249.000 pessoas. Este grande fluxo migratório tem enorme impacto na vida da população destes países, visto que não possuem uma economia tão forte quanto a de grandes nações. O que o resto do mundo está fazendo? Diversos países estão recebendo solicitação de asilo, a Alemanha 98.700 (com expectativas destes números aumentarem após o anúncio da Chanceler Angela Merkel de que estariam dispostos a receber 800.000 pessoas); Suécia 64.700 (já tendo demonstrado solidariedade nos anos 90 ao receber 84.000 refugiados dos Balcãs); Reino Unido 7.000 (mas o Primeiro Ministro David Cameron já anunciou que tem capacidade para receber 20.000); França 6.700 (após o presidente François Hollande ter anunciado que poderiam acolher 24.000 estes números devem aumentar); Dinamarca 11.800 (embora as autoridades tenham anunciado via redes sociais e através de anúncios em árabe em jornais libaneses que estão fechando rodovias e estreitando o acesso ao país, pois afirmam não terem condições de acomodar este imenso fluxo de refugiados); e a Hungria, que recebeu 18.800 propostas, mas já deixou uma clara mensagem ao construir uma cerca de arame farpado ao longo de sua fronteira de 160 km. Os EUA, por enquanto, só receberam 1.500 refugiados desde o início do conflito, em 2011. Já o Brasil acolheu cerca de 2.000 sírios no mesmo período. Abrir ou não as fronteiras é uma questão complexa, sem dúvida. Mas é importante lembrar que não estamos passando por uma crise de migração e sim, por uma crise humanitária, de refugiados em busca de asilo. É um problema mundial e como tal, deveria ter uma solução globalmente elaborada, com a devida representação de cada país e levando em consideração suas limitações respectivas: de espaço físico, de empregos, de transporte, de educação e de moradia. A propósito, essa enxurrada de gente não é ativo estático. Em pouco tempo, esse grupo vira mão-de-obra, começa a consumir, a pagar impostos, e, consequentemente, a movimentar a economia. Acredito que com um pouco de planejamento o Brasil poderia, por exemplo, desenvolver programas de incentivo à vinda destes refugiados, com moradia e carteira assinada, para se estabelecerem nas áreas do interior do país. Hoje, 4.1 milhões de pessoas, independentemente de suas nacionalidades, precisam de teto para morar, comida para sobreviver, trabalho para se sustentar e dignidade para viver. Como você e eu. Num mundo globalizado, partilhamos a economia, os mercados e os meios de produção. Mas partilhamos também a dor e a angústia. O sofrimento sírio é meu, é seu, é nosso. A pedra está no sapato de todos nós. (*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 9547-0100 WhatsApp

sábado, 9 de fevereiro de 2019

PARA AS PESSOAS INTENSAS CADA DIA É UMA AVENTURA (*)

Todo homem sonha com uma mulher intensa, apaixonada, fogosa, tão quente que bote fogo só de andar até a sua presença, mas vocês já pararam para pensar que existem milhares de mulheres tão vigorosas como as grandes divas de Hollywood e vocês se põem em disparada quando conhecem uma dessas? Será a profundidade que os assusta? Intensidade é algo forte demais, faz cair máscaras, faz você não querer mais nada de superficial. Quando você encontra alguém intenso, sabe que dali para a frente não tem mais volta, cada gole que você dá no fulgor da intensidade, é uma caminhada sem volta para o aprofundamento da alma. Tocar nessa intensidade é uma abertura para novos mundos, é sentir à flor da pele, é descobrir que amor é “fogo que arde sem se ver”. Ser uma pessoa intensa é ser indecisa, mas não ter medo dessa indecisão, é entrar de cabeça em tudo, sem receio, sem freio. O próprio intenso sofre com tantos sentimentos dentro de si, mas se existissem pessoas aptas a partilharem desses sentimentos com ele, seria tudo mais fácil. Ser intenso é ser impulsivo, é sentir e logo depois não sentir mais, é se atrapalhar com tudo que sente dentro de si, e é tudo isso que faz desse tipo de pessoa algo tão especial e tão desejado na vida, mas também, tão solitário. É difícil de entender, e só pode ser compreendido com intimidade e o coração aberto. Seu problema maior é a complexidade de tanto ímpeto, tem tanta personalidade que não sabe deixar um assunto para depois, não recua perante injustiças, não recua perante a oportunidade de um amor, não recua perante conhecer melhor outras pessoas. E é exatamente esse olhar perante a vida que afugenta, oprime, assusta aqueles que estão acostumados somente com coisas mornas. As pessoas preferem comer pelas beiradas, ficar apenas no raso. Conhecer dá frio na barriga, ou você passa a odiar a pessoa, ou ela te cativa de tal modo que você se torna totalmente dependente. Mas nesse mundo de fast food ninguém tem tempo para se deixar cativar, quando você está começando a conhecer uma pessoa, ela perde a graça, passa do tempo de validade. Para o intenso o entusiasmo é algo corriqueiro na vida, ele se entusiasma com desafios, se entusiasma com momentos, se entusiasma com pessoas, e isso é mais uma coisa que afugenta os outros, esse entusiasmo ao invés de contagiar, acaba por afastar pessoas que tem medo de se entregar. O intenso vive em cima da corda bamba, se ele se desequilibra para um lado, a vida é 8, se ele se equilibra para o outro, a vida é 80. É difícil desacelerar, e ainda mais parar por um momento e refletir sobre o que ele está fazendo, mas quando ele para, e vê que sua intensidade está sendo usada no local errado, ele parte sem dúvidas para um próximo porto. Nunca peça para um intenso ser menos, isso é rouba-lo de si próprio. Viver com um intenso não é fácil, mas te prometo que não existem dias chatos do lado de alguém assim. Cada dia é uma aventura e a descoberta de que os sentimentos podem ser muito maiores do que você imagina. (*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 9547-0100 WhatsApp

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

ALMAS ENTERRADAS NA LAMA (*)

Onde os urubus e abutres desfilam de gravata, sapatos lustrados e ternos, não muito longe de lá, alguns homens de poucos risos, bravios, guerreiros, esbaforidos se atiram na lama com a língua para fora da boca. Contextualização: Mais uma vez prevaleceu a irresponsabilidade, a falta de escrúpulo, a falta de caráter, a falta de critérios técnicos, a falta de respeito e compromisso com a Vida, a falta profissionalismo daqueles que se intitulam como administradores, gabaritados coordenadores e gerenciadores de projetos que ganham rios de dinheiro para falar o óbvio; em contrapartida, sobrou lamaçal nos olhos dos humildes operários; sobrou o solícito rejeito químico pincelando flores, casas, carros e folhagens de barro com a cor densa/avermelhada. Ambientalmente, por onde a tragédia passou, levou consigo a fauna e flora. Não raro, a poesia está para o caos, assim como a racionalidade está para a comprometida verdade; e fundindo poesia e racionalidade, temos a TCA: Trágica Cultura do Absurdo; sob a qual, tudo torna-se normalidade diante das justificativas humanas, quando não, insinuam que foi fatalidade advinda da maldita Natureza. Será? Dizendo adeus ao pequeno relato sobre certo período do Império e ao mando estabelecido, viajamos por mais de um século nas asas do tempo e aterrissamos nos dias atuais. Sórdidos dias atuais, os quais tudo se teoriza, tudo se sabe, tudo se explica e não aparece um, apenas um dos que teorizam e explicam para resolver; e quando não se prevê e resolve antecipadamente as tragédias do eterno retorno, salve-se quem puder. Por outro lado, morre quem morre! O Brazil não conhece, tapa os olhos para a alma líquida que o Brasil carrega na mala, levando-a para banhar-se em um mar de lama. Lamas na mala, almas na lama! Uma vez que a linguagem poética imita a vida e ninguém morre no lugar de ninguém, conclui-se que nem toda desgraça é desprezível, vil, má, ignóbil, inútil e ainda que ínfima, alguma coisa dos restos e sobras prestam aos homens que ficaram para contar a história da tragédia. Atente-se o leitor, que o Profeta do Arauto criou um lindo e expressivo anagrama. Sinta-se capaz, e crie coisas legais com as desgraças advindas do rompimento da barragem. Porém, se não for suficiente, repare bem o cotidiano ao seu redor e verás que inspiração é o que não falta. Quem sabe o caro leitor se descubra um artista de alto valor em potencial e concorra ao Prêmio Nobel na modalidade de arte escolhida. Desde já, a cultura intelectual seletiva brasileira agradece! Por que de charlatanismo acusador, basta o escritor furacão Profeta do Arauto. Em novembro de 2015, na mesma região onde está situado o quadrilátero ferrífero, segundo palavras de Ambientalistas, houve o maior desastre, a maior catástrofe ambiental brasileira. A tragédia ocorrera em Mariana e na ocasião, o lamaçal proveniente barragem de Fundão fizera um estrago sem proporções; com a grossa lama química dizimando gente; atropelando casas e carros; desapropriando escolas e hospitais; desalojando escolares, professores, litros de soro, remédios e pacientes; criando redemoinhos insanos; pondo abaixo volumosas árvores seculares; poluindo rios, efluentes e afluentes límpidos, indo parar em determinado ponto da costa marítima do Espírito Santo. A tragédia e as muitas sêquelas deixadas foram motivo de alarde geral e dignas dos maiores impropérios contra a Samarco; empresa prestadora de serviços para a Vale do Rio Doce. Contudo, de lá para cá, 3 anos se passaram e como diz o ditado, cão que muito late, nada abocanha o afanador e ladrão de joias; e fora as absurdas imagens que tatuaram as emoções e mentes dos lesionados, o restante da tragédia caíra em inerte sonolência; em profundo esquecimento. Até o instante que escrevia o segundo parágrafo deste sinistro texto, silêncio de morte. Contudo, ao iniciar o terceiro parágrafo, um berro gutural escapou das entranhas da Natureza; e alvoroçada pela atrocidade a qual fora acometida, pedia socorro urgente. Afinal, diante de tantos pequenos desastres suportados por ele no dia a dia, qual a dimensão da tragédia ocorrida para deixar o Meio Ambiente tão atônito e apreensivo de um momento ao outro?! Ao ouvir os berros ensurdecedores, lembrei-me da analfabeta, estúpida, sábia, filósofa, psicóloga, devota de Santa Retidão e minha mãe, que paulatinamente alertava-me dizendo que quando o sujeito perde a vergonha, torna-se safado por fé e crença, pode caminhar em passos lentos, observando minuciosamente a estrada de mão única de Ushuaia ao pé da Argentina, até o Japão, que jamais encontrará o tesouro que perdeu. Afirmava a filósofa de tempos que estavam por vir, que o fulano cruzaria com a vergonha inúmeras vezes, sem no entanto, ser reconhecido por ela. Então, eu que tomasse cuidado, pois para perder a vergonha era fácil; difícil era achá-la, como também não seria nada fácil tornar-me confiável o bastante, para reconquistá-la. Sem sair do lugar e apenas idealizando um mundo humanista/vivencial, a minha orientadora tinha razão, conhecimento e bagagem experiencial suficientes, a ponto de jamais gastar saliva, jogando conversa fora. Cada palavra era fundamentada sob verdade absoluta vista à olhos nus. Pois bem, infelizmente, o homem (letras minúsculas) tem a capacidade inata, tem o dom único, para produzir tragédias. Niilista, esse traste não comete pequenos erros, mas sim tsunamis e terremotos. Em nome do progresso e na busca incessante dos lucros, o homem acaba cometendo as maiores barbáries e atrocidades, quando não é contra o homem, é contra o meio ambiente; mas também pode ser contra Natureza e homem. Desgraça pouca é tolice; e está escrito nos anais de História que essa plaga destruidora universal, quando é para o seu interesse e mais meia dúzia de capangas aliados, é versátil e presta, quase que exclusivamente à destruição em massa. Existe um dito chinês que diz o seguinte: “Quem abre o coração à ambição, fecha-o à tranquilidade”. Aquilo que para minha mãe não passava de uma “Grande Tragédia Anunciada”, os usurpadores da Natureza e governantes costumam resumir num simples eufemismo: “fatalidade fortuita", como disse Sérgio Bermudes, advogado - rábula, por assim dizer - da Vale. Quanto ganha em dinheiro vivo um egrégio doutor "Gravatinha" para defender uma tese infeliz, absurda, grotesca, disparatada, como a dita acima? Recordando Machado de Assis, "há pessoas elegantes e pessoas enfeitadas". Permita-me Machado, dizer que, claro que há umas poucas pessoas de rara gentileza e elegantes no trato humano; e fazem o bem sem barganhar, sem pedir nada em troca. Mas, repito: é raro, é uma em cada um milhão de pessoas. Todavia, de fatalidade e tragédia natural não houve nada; mesmo porquê, o número de barragens de rejeito de materiais condenadas ao uso na região, é quase totalidade. Além do mais, a profícua e indefesa Natureza é dadivosa e trabalhando em silêncio, produz, renovam as belezas, sem no entanto, deixar rastros de destruição. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, gestor editorial, biógrafo, ensaísta e redator publicitário. Dez livros publicados. Radicado em Curitiba, PR. (41) 99547-0100 / Email: autoreugeniosantana9@gmail.com

HÁ AQUELES QUE INVEJAM QUALQUER BRILHO QUE ENCONTREM EM SEU OLHAR (*)

Não controlaremos os acontecimentos, o rumo dos comportamentos alheios, as escolhas dos outros, nem a forma como cada um decidirá viver. Quando muito, conseguiremos planejar nossas ações e torcer para que deem certo. Sabedoria, portanto, é controlar a forma como reagimos ao que nos acontece. Precisamos entender que as pessoas vêm de lugares diferentes, passaram por experiências únicas, carregando dentro de si bagagens muito peculiares. A vida derruba todo mundo, de uma ou de outra forma, e cada um lida com aquilo tudo à sua própria maneira. Cada ser é um universo, felizmente, e responderá ao que chega de acordo com as batidas do próprio coração. Da mesma forma, cada um dá o que possui dentro de si, ou seja, esperarmos demais de quem tem a oferecer de menos será infrutífero. Existem pessoas machucadas, perdidas, infelizes, que não sabem lidar com as próprias dores, não possuem coragem para enfrentar os próprios fantasmas, tampouco assumem o que são realmente. Com isso, acabam destilando por aí todo o veneno que lhes corrói a alma, na vã tentativa de se livrarem do enorme incômodo que lhes perturba os pensamentos. O mau humor será a companhia deles, que não conseguirão ser leais e gentis, desrespeitando quem encontrarem pela frente. Há aqueles que invejam qualquer brilho que encontrem por aí. Sentem-se diminutos e incapazes de conquistar qualquer coisa e, por isso, desejam que todos, à sua volta, percam e não deem certo. Em vez de usarem as habilidades que possuem para chegar até onde o outro está, tentam destruir o invejado, com atitudes desonestas, mentiras, fofocas e difamação. Sentem-se infelizes e incapazes e jamais perdoarão a quem conseguir alcançar qualquer sonho que seja. Eis algumas razões por que encontraremos quem não nos respeitará, pois, na verdade, trata-se de pessoas que não se respeitam e não respeitam ninguém. Portanto, enquanto seguir, você terá que se recusar a ser desrespeitado, impondo limites, negando-se a ouvir o que não deve, a aceitar o que não lhe cabe, a receber menos do que merece, afastando-se de lugares e de pessoas onde sua dignidade é açoitada, onde suas verdades são desprezadas, onde você tenha que se humilhar para ser ouvido. É assim que conseguirá viver o que faz vibrar o seu coração, sem se afogar em palavras não ditas e em desejos enterrados sob os mandos e desmandos de quem não respeita quem você é de fato. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, ensaísta, redator publicitário, copidesque, revisor de texto, blogueiro, biógrafo e jornalista profissional. Autor de dez livros publicados. Radicado em Curitiba, PR. (41) 99547-0100 WhatsApp - email: autoreugeniosantana11.11@gmail.com

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

DOENÇAS DA ALMA: ANGÚSTIA, ANSIEDADE, BIPOLARIDADE, DEPRESSÃO (*)

Existe certa dificuldade de se aceitarem as chamadas “doenças da alma”, uma vez que seus sintomas muitas vezes não são visíveis fisicamente. Estamos tão acostumados a enxergar apenas o que pode ser visto, que tudo aquilo que os olhos não veem cerca-se de hesitações. Materialistas que somos, amantes das aparências, tendemos a neutralizar o que requer profundidade e sentimento. Nesse contexto, pode-se dizer que há um certo preconceito em relação a estados de espírito, pois, caso não existam sintomas visíveis, a doença existe como? E é assim que muitas pessoas reagem mal ao se depararem com doenças e/ou transtornos mentais, não os aceitando, inclusive desdenhando de quem padece desses males. Afinal, vendo a pessoa, ali na frente, sem manchas pelo corpo, sem febre, aparentemente normal, a muitos não ocorre perceber que há um mundo dentro de cada um de nós. Possivelmente, somente quem já passou por um quadro depressivo ou viu algum familiar assim pode dimensionar a dor que isso traz, tanto para quem sofre como para quem ama e convive com ele, da mesma forma ocorrendo com transtorno ansiedade generalizada e bipolaridade. Todos os envolvidos acabam atingidos de alguma forma, porque as cicatrizes são invisíveis e o pedido de socorro vem do fundo do olhar. Se atentarmos para as características da sociedade de hoje, perceberemos que há um terreno propício para que o emocional se abale, haja vista a pouca importância dada ao que vem de dentro de cada um. A supervalorização das superficialidades, a superexposição de conquistas materiais, a busca desenfreada pela fama virtual, entre outros, caracterizam uma sociedade descuidada com o que os sentimentos possam dizer e, portanto, claramente suscetível a padecer de doenças emocionais. A depressão é escuridão. A ansiedade é desespero. A bipolaridade é insegurança. E vice-versa. Enquanto os sentimentos não forem valorizados pela sociedade, as doenças da alma dificilmente serão encaradas socialmente com a urgência que se requer, como realmente deveria ser. Se o essencial é invisível aos olhos, as escuridões dolorosas de uma alma que sofre também o são. Entender isso é o mínimo a se fazer. Com urgência. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, agente literário, publicitário, gestor editorial, analista de marketing digital e palestrante. Nove livros publicados. Membro benemérito "ad honorem" do Centro Cultural, Literário e Artístico de PORTUGAL. Contatos: autoreugeniosantana9@gmail.com e (41) 99547-0100 WhatsApp

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

AS CANÇÕES DO ESQUECIMENTO (*)

Ironicamente minhas canções do “ouvido” são saboreadas, hoje, apenas por meio de Sarah Brightman, Loreena Mckinnit, Vander Lee, Paulinho Pedra Azul, Legião Urbana, Ana Carolina, Zeca Baleiro, Madredeus, e Marisa Monte. Para ouvir e escrever, em meus devaneios notívagos, aprecio Gheorge Zamfir, Debussy, Beethoven, Mozart e Secret Garden. “As Canções do Olvido” fogem à encantadora magia musical. Ainda que, música e literatura transforma-se em uma simbiose perfeita. São fragmentos arrancados das Asas da Memória do mineiro-menino de Paracatu de antanho e do moço-velho de hoje. Cidades são pessoas e seus bairros braços-tentáculos, coração, músculo, alma noturna, caos urbano, agressão à Natureza, devastação do Meio Ambiente de forma gratuita, cruel. Meio século de vivência no planeta-escola. E as pessoas? Continuam vivenciando a zona de conforto na mesmice robotizada; não mudaram a essência que as caracterizam: inveja, pré-conceito, pré-julgamento, falta de ética. Continuam arrogantes, pretensiosas, autoritárias, vingativas, hedonistas, cruéis, sarcásticas, hipócritas e medíocres. Salvo raríssimas e honrosas exceções. E o século vinte e um é marcado pela inversão de valores, cujo epicentro é o cérebro guiado pelo reflexo condicionado às novas tecnologias que robotiza e coisifica. Quanto às drogas pululam por aí uma centena delas, atuando como fuga e válvula de escape, inapelavelmente. E o ser despersonalizado comete os piores abusos a si mesmo e inomináveis atrocidades contra pessoas inocentes e indefesas. A harmonia do planeta Terra acabou: por conta do desmatamento liquidaram com os rios, as florestas, o cerrado, a fauna, a flora e os pássaros; e o clima? As estações estão em desequilíbrio e a temperatura até 2039 está prevista para os 50 graus. Em as “As Canções do Olvido”, reafirmo que fui feliz e me senti realizado: minha infância em Paracatu, Minas Gerais, a adolescência em Anápolis, o alumbramento ao conhecer e morar no Rio de Janeiro e experimentá-lo; e a juventude, em Brasília, cidade na qual vivi o apogeu do aperfeiçoamento profissional e intelectual. O casamento, os dois primeiros livros publicados, a faculdade, a Rosacruz e a boêmia musical e literária na Asa Norte de Renato Russo e cia. Concernente aos amigos, intermináveis frustrações e traições dissimuladas. Guardo cicatrizes ocultas nas costas, por conta de incontáveis punhaladas. Ainda assim, agradeço o aprendizado e os perdôo. Sei que Dói, fere, machuca. Não há nada comparável ao perdão para sairmos de alma lavada de qualquer situação-limite. Meu estigma positivo: vim a este mundo para perdoar, amar e esquecer o mal que ousaram inutilmente me insuflar e, assim, viajo, sereno, através das Asas do Esquecimento. Afinal, o escritor é a antena do mundo e um inquestionável Lobo Solitário; o poeta, um Anjo visionário de Asas líquidas sobre a terra. O jornalista, como formador de opinião e comprometido com a Verdade, está constantemente contrariando os imbecis e sob a mira ameaçadora do “Sistema” e dos poderosos que o compõem. Fica fora do Esquecimento o Amor verdadeiro, incondicional e autêntico do meu pai e de minha mãe que estão, cumprindo novo ciclo, no Plano Infinito. São os autores de minha vida, devo a eles tudo o que eu sou e, diariamente, lembro-me deles com saudade e sussurro que são os únicos amores confiáveis, eternamente. Quanto ao resto é resto mesmo. Dejeto não reciclável. Lixo humano. Prolixos na tarefa abjeta de caluniar, difamar, invejar e prejudicar. Eu os entrego, víboras malditas, canalhas e pusilânimes, para a Justiça Divina - A Justiça Azul e Cósmica. Essa age célere e é extremamente eficaz e implacável. E na voz do silêncio do Esquecimento, aos que me torturaram e causaram perdas irreparáveis, o meu perdão. Sigo o exemplo e os passos do Mestre do Amor e da Sabedoria. Contudo, ninguém retira de mim “As Canções do Olvido”. Ainda que, os dispensáveis seres sombrios e rastejantes tenham dúvida: SER ESCRITOR é uma MISSÃO que o TODO-PODEROSO me concedeu. Prometo cumpri-la até o último dia de minha vida. Palavra de Autor! “As Canções do Olvido”, não serão ouvidas. Será lida pela minha “tribo cósmica” e o meu grupo de Leitores vorazes, leais e fiéis. Maktub. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, agente literário, publicitário, gestor editorial, analista de marketing digital e palestrante. Nove livros publicados. Membro benemérito "ad honorem" do Centro Cultural, Literário e Artístico de PORTUGAL. Contatos: autoreugeniosantana9@gmail.com e (41) 99547-0100 WhatsApp

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

FRAGMENTOS DO CORAÇÃO (*)

Todo relacionamento deve ser cultivado visando criar a maior sinergia possível entre o casal. Entretanto, algumas pessoas têm a terrível mania de consertar o que não tem mais jeito. Seu relacionamento está passando por uma crise ou já terminou faz tempo? Na vida é preciso fazer alguns ajustes, consertos fazem parte. Entretanto, o remendo enquanto hábito evidencia que algo está errado. Viver uma relação abusiva que traz só tormenta não é a resposta para nada. Passar os anos como um “remendador” destrói a autoestima e o valor próprio ao se comportar como um escravo sentimental. Será a pessoa capaz de remendar a si mesma depois de tanto tempo tentando remendar uma relação quebrada? Quem vive juntando os próprios cacos emocionais está mais perto das trevas do que a luz do amor libertador. Uma relação amorosa de excelência infelizmente ainda são exceções. Boa parte das pessoas finge não apenas para o grande público, mas sobretudo para si mesmo. E desse modo vão seguindo os dias como se não tivessem outras alternativas ou esperança de uma mudança maior. Preferem a certeza dos remendos ao invés do desconhecido longe da zona de conforto. Remende suas feridas, remende seu comportamento, remende até o que não for seu. No entanto, não reclame se o universo não o remendar de alguma forma. Afinal, de que adiante pedir uma solução ao cosmos se nem ao menos o seu coração você dá ouvidos? E muitas vezes é melhor recomeçar uma centena de vezes ao invés de ficar aprisionado na primeira armadilha. Um conserto que nunca tem fim é uma forma de autocastigo? (*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 9547-0100 ZapZap

O HOMEM ERRA, DEUS PERDOA E A NATUREZA SE VINGA (*)

Não gostaria que esta crônica fosse ligada a acontecimentos reais. Catástrofes sempre existiram e vão continuar existindo. Elas, fundamentalmente estão ligadas a duas causas: A primeira trata, costuma-se dizer, da ação do homem sobre a Natureza. O desmatamento, a queima de combustíveis fósseis, o represamento de rios, o aumento desordenado de centros urbanos, etc. Aqui não entram as catástrofes provocadas propositalmente pelo homem com a intenção de causar prejuízo (lançamento da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, destruição das Torres Gêmeas, etc.). Este tipo de fenômeno dificilmente deixará de acontecer. Por mais que se precavenha, os efeitos colaterais sempre aparecem. O homem falha. É próprio da sua natureza. Lembram de Adão e Eva? Então... A segunda causa das catástrofes acontece independente da ação humana. São os furacões, terremotos, vulcões (destruição de Pompéia), a glaciação e assim por diante. Aquecimento global. Este fenômeno provoca mais uma vez a prepotência humana e ele chama para si toda a culpa. Na verdade o que ele quer é ser valorizado, mesmo que a obra não proporcione nada de bom para a Humanidade. Mas é algo memorável. É isto que lhe interessa. Acabo me lembrando de um “Causo” sobre um galo que cantava toda manhã antes do sol nascer. Na sua cabecinha prepotente, achava que o sol aparecia para admirar seu canto. Para mostrar ainda mais seu poder, resolveu que na manhã seguinte não cantaria para deixar todo mundo às escuras. Não cantou. O Sol nasceu naturalmente. E ele, continuando em sua prepotência, ficou achando que o Astro Rei estava com algum problema... Um dia desses ouvi um geólogo dizendo que a Natureza não acerta e nem erra. Ela está lá. Ela é o que é. Ela acontece independente do que é certo ou errado, para nós, os Humanos. O que é certo pra ela? O que é errado? Quem tem a essa noção é só o Homem. Pior: varia de acordo com a cultura. O Tietê não invadiu a Vila Pantanal. A Vila Pantanal é que invadiu o Tietê. O Rio não sabe o que é certo ou errado. Mas o Homem sabe. E erra. Erra o miserável por falta de opção. Erra o político por incompetência ou por interesses escusos. Erra o empresário por ganância quando supervaloriza a vista pro mar do alto de uma encosta e minimiza os riscos que ali estão presentes. E daí? O que sobra? Sobra a esperança (do Homem é claro) de que Deus na sua suprema sabedoria e bondade perdoe a todos. (*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 9547-0100 ZapZap

sábado, 5 de janeiro de 2019

O CAOS TE CHAMA

Os viciados no caos são mais comuns do que você pode imaginar. Sempre estão pelo menos quinze minutos atrasados e assim chegam tarde em todos os lugares, correndo e esbaforidos. Pedem desculpas e colocam a culpa no trânsito. Também ficam desesperados no final do mês quando chegam as contas e pela enésima vez descobrem que compraram mais do que podiam pagar e que agora têm um sério problema. Perdem tudo, nunca encontram nada, sempre erram as datas, uma assinatura ou o que quer que seja. Andam de mãos dadas com o erro. Também são metidos a valentões. É o tipo de pessoa que briga por tudo. Colocam a culpa no comerciante porque os biscoitos aumentaram de preço. Recriminam o taxista por dirigir muito devagar de propósito, ainda que o congestionamento não o deixe ir em frente. Estão o tempo inteiro brigando por algo ou com alguém. Os viciados no caos são extremamente desorganizados. Seu armário é um espaço assustador onde ao lado de um suéter pode haver uma laranja ou debaixo de um monte de roupa mal dobrada podem estar as chaves da porta, que foram perdidas há dois meses. Se alguém pergunta sobre essa bagunça, reclamam e negam tudo. Dizem que não têm tempo, que estão cheios de problemas, que a organização é coisa para “desocupados”. O que é que realmente acontece com eles? (Copydesk/Fragment by Escritor/Jornalista/Ensaísta EUGENIO SANTANA)

domingo, 23 de dezembro de 2018

PERDER E GANHAR. CHEGAR E PARTIR. RECOMEÇAR...

Chega um instante em que você tem que decidir o seu destino. Permaneço no meu querido sofá rasgado que já tem a forma do meu corpo? Ou pego a mochila, umas mudas de roupa, e saio de fininho antes do amanhecer? Todos passam por momentos de decisão onde um passo pode levar tanto para a glória, quanto para a beira de um abismo. A sensação que tenho é que quanto mais amadurecemos, mais precisamos tomar as rédeas da nossa vida. Quando somos crianças sempre existe alguém que decide por nós; o que vamos comer, aonde ir, o que vestir… Com o passar do tempo o fato de ser pessoa começa a nos cobrar decisões. Vem bem de mansinho e sem que a gente se dê conta passamos a decidir com quem nos relacionar, que profissão escolher, fazer um plano de carreira. Vamos pouco a pouco tomando o controle da nossa existência, conduzindo nossos caminhos, até que, num piscar de olhos, somos pilotos de Fórmula 1 disparados na carreira da vida, entre ultrapassagens e colisões lutando para chegar ao pódio. Você é o piloto, o condutor, quem tem a posse da direção. A vida é representada pelo carro. Os seus adversários e companheiros de equipe são as pessoas que você interage. Todos buscam a vitória. A vitória afetiva, a vitória profissional, o reconhecimento, a recompensa. Mas cuidado, porque o percurso é escorregadio, chuvas torrenciais surgem sem trovoadas. Preste atenção quando houver neblina e tente não se dispersar com a paisagem. Na vida a gente só muda diante do novo. Livros já lidos, músicas que a letra se sabe de cor, receitas que não precisamos mais espiar… Isso faz parte da nossa essência, do que construímos, são parte de nós e da nossa estrutura como indivíduo. No passado nós já arriscamos ao ler aquele livro, escutar aquela canção e preparar aquela receita. Na maioria das vezes o que nos mantém em pé diante das dificuldades não é o que temos, mas sim, o que queremos ter. Temos quem nos ama, temos amigos. Essas pessoas são pivôs na nossa existência, pilastras que nos ancoram e nos escoram. Gratidão a parte, mas para exercer o ofício do novo é fundamental arriscar. O que nos faz sair do lugar é exatamente a busca pelo desconhecido, perseguir a melhoria, vislumbrar a mudança. É sonhar. Como saber que é hora de mudar? Pergunta difícil, cheia de possibilidades. Ir ou ficar? Se ir, para onde? Esquerda, direita, em frente? Ficar é mais fácil porque não exige nada de nós. Entretanto é provável que, mais adiante, você terá que conviver com as dores do reumatismo por ter ficado tanto tempo no sofá da vida. Eu costumo dizer que a hora de soltar as correntes e dar o primeiro passo é justamente quando se sentir incomodado. Atenção à luz amarela do semáforo. Quando ela começar a piscar e você se descobrir enfadado, molestado na situação na qual vive é hora de mudar o trajeto. O incômodo gera infelicidade, frustração, te sucumbe à sensação de incapacidade. Ele é como a febre que denuncia quando algo vai mal no organismo. É o pisca-alerta da vida.Esse peso faz enxergar que aquilo que andava bem e te fazia feliz, já não te completa mais. O que era bom transformou-se em algo penoso, enfadonho, inoportuno. Chegou a hora de botar mais combustível, trocar o óleo, calibrar os pneus, ou talvez só mudar o trajeto para evitar um acidente de percurso lá na frente. Portanto, segure firme o volante. Derrape, mas ultrapasse lá na frente. Esbarre, mas faça a curva com segurança. Tenha precaução em tempos de chuva, mas acelere nas retas quando o sol brilhar! (Copydesk/fragment by EUGENIO SANTANA)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

OS PORTAIS QUE NOS ENSINAM A LIDAR COM A DOR (*)

Primeiro, existe a porta do sono. O sono nos oferece uma retirada do mundo e de todo o sofrimento que há nele. Marca a passagem do tempo, dando-nos um distanciamento das coisas que nos magoaram. Quando uma pessoa é ferida, é comum ficar inconsciente. Do mesmo modo, quem ouve uma notícia dramática comumente tem uma vertigem ou desfalece. É a maneira de a mente se proteger da dor, cruzando a primeira porta. Segundo, existe a porta do esquecimento. Algumas feridas são profundas demais para cicatrizar, ou profundas de mais para cicatrizar depressa. Além disso, muitas lembranças são simplesmente dolorosas e não há cura alguma a realizar. O provérbio 'O tempo cura todas as feridas' é falso. O tempo cura a maioria das feridas. As demais ficam escondidas atrás dessa porta. Terceiro, existe a porta da loucura. Há momentos em que a mente recebe um golpe tão violento que se esconde atrás da insanidade. Ainda que isso não pareça benéfico, é. Há ocasiões em que a realidade não é nada além do penar, e, para fugir desse penar, a mente precisa deixá-la para trás. Por último, existe a porta da morte. O último recurso. Nada pode ferir-nos depois de morrermos, ou assim nos disseram. (Copydesk/fragment by Jornalista/escritor Eugenio Santana)