sexta-feira, 9 de setembro de 2011

NEVERMORE: TRANSCENDÊNCIA DO VERBO NAS ASAS DA PERMANÊNCIA




Por que razão o ser humano é levado a tomar da pena e do papel (ou de seus substitutos contemporâneos) e realizar a atividade aparentemente gratuita e inútil que é escrever um poema? Em outras palavras, que necessidade visceral é essa que leva o homem a extrair de si um produto que não tem nenhuma função prática para sua sobrevivência, a exercer a difícil e pouco apreciada atividade de criar poesia com palavras? Entre os homens que exerceram a faculdade da criação poética em verso e prosa e que pagaram por ela o preço da incompreensão e do ostracismo, destaca-se o estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849).

Poe obviamente entendia as profundezas dessa necessidade tão inexplicável. Talvez percebesse que o homem faz poesia para melhor entender a si e ao mundo em que vive. Ou para fantasiar outros modos de existência que não o seu, outras realidades para além desta, insatisfatória, com a qual tem de haver-se. Ou para atenuar sua sensação de impotência em relação à natureza, que lhe é indiferente. Ou ainda, como diria o crítico de arte Étienne Souriau (1892-1979), “para ensinar aos deuses como é que se cria”.

O verdadeiro poeta não usa a palavra apenas para representar os elementos da realidade empírica; ele instaura o representado, como imagem e som, às sensações do seu receptor. Quando o poeta enuncia, sua palavra forja e ressignifica a realidade à sua vontade. E Allan Poe era um mestre desse processo criativo.

Seu poema “O Corvo” é um dos mais comentados do mundo como exemplo de microcosmo estético perfeitamente acabado, de composição ao mesmo tempo cerebral e inspirada, na qual a vida e a morte encontram-se intensamente presentes e igualmente misteriosas.

O poema conta uma história fantástica: a de um rapaz que está lendo em seu quarto, na tentativa de esquecer a morte recente da amada, quando, de repente, é perturbado pelo som de uma batida à janela. Ao abri-la, ele nada mais vê além da treva noturna e volta ao quarto. Mas novamente ouve a batida e volta a abrir a janela. Nisso, entra-lhe um agourento corvo pelo recinto e vai pousar num busto de Palas que está em cima da porta.

Então o rapaz tem a idéia de perguntar o nome ao corvo, que lhe responde: “Nevermore” – Nunca mais. A princípio, o rapaz se ri do papaguear sem sentido da ave. Mas, aos poucos, movido por sua dor, dá seguimento ao diálogo, num jogo de ecos: passa a formular perguntas que, num crescendo de agonia, exprimem as dúvidas que tem na alma – se ele algum dia será capaz de esquecer a amada e se virá a vê-la uma vez mais.

A tudo isso a profética ave sempre responde monocordicamente: “Nunca mais”. Exaltado, então, o herói ordena-lhe que desapareça. Mas o corvo volta a responder “nunca mais” e lá permanece pousado, assombrando para sempre o desiludido rapaz.

Contar uma história é fácil. Para construir uma história, basta seguirmos os preceitos formulados, já nos anos 300 a.C. por Aristóteles: configurar uma situação, uma complicação e uma resolução. Mas contar bem uma boa história e carregá-la de poesia já é mais difícil.

A sinopse acima não corresponde, nem de longe, a “O Corvo” de Poe. Ela não constrói paulatinamente o suspense claustrofóbico do poema, os sons encantatórios e hipnóticos que sustentam a obsessão do amante masoquista. Ela não prende o leitor, como o corvo prende a personagem, no círculo da atemporalidade em que o homem se debate com sua impotência diante da morte. Seu ritmo não faz acelerar o batimento de um coração angustiado, como ocorre na caixinha de ressonâncias que é o comovente poema de Poe. Nessa sinopse, o som e o sentido não se conjugam para levar a palavra a ultrapassar sua mera referencialidade e criar no leitor a emoção pretendida – a mesma do amante torturado pela lembrança sem fim do amor ausente.

(copydesk/fragment by Eugenio Santana – Escritor, jornalista e ensaísta. Ex-superintendente de Imprensa no Rio de Janeiro.)

O RETRATO DE DORIAN GRAY: OSCAR WILDE PINTOU COM PALAVRAS UM MAGISTRAL QUADRO DA DECADÊNCIA MORAL HUMANA




Filho de William Wilde, médico de renome, e de Jane Francesca Elgee, escritora e intelectual, ativa militante do movimento para a Independência da Irlanda, desde cedo o irlandês demonstrou seu gênio. Aluno brilhante, ganhou vários prêmios por seu destacado desempenho escolar em renomadas instituições de ensino. Sobressaia-se dos demais estudantes tanto por seu temperamento forte e anticonvencional, como também por sua refinada inteligência.

De 1879 a 1889 concentrou a maior parte de sua produção em textos teatrais e poemas que alcançaram relativo sucesso. Versátil e de talento pluralista, publicou também um volume de contos de fadas, “O Príncipe Feliz e Outras Histórias” (1888), e um ensaio intitulado “A Alma do Homem sob o Socialismo” (1891). Em 1890 saiu a primeira versão daquele que seria seu único romance, “O Retrato de Dorian Gray”. Com a edição revisada, de 1891, o livro alcançou notável repercussão, sendo até hoje a obra mais conhecida de Wilde.

“O Retrato de Dorian Gray” parece prenunciar o drama pessoal vivido por seu autor. Há uma tensão evidente na relação que une o belo jovem Dorian, Basílio Hallward (o pintor do retrato), e Lorde Henry Wotton, principais personagens da obra. Essa tensão se desenvolve a partir do fascínio que Dorian exerce sobre seus amigos, trazendo subjacente uma sutil atração homoerótica.

O pintor, de temperamento reservado e austero, vê na beleza cândida de Dorian a personificação de seu ideal artístico, identificando a perfeição de seus traços físicos com a pureza de sua alma. Já Lorde Henry é o alter ego de Wilde, e com sedutora loquacidade expressa sua expectativa em relação a Dorian:

“Viva! Viva a maravilhosa vida sua! Busque sempre novas sensações. Que nada o atemorize... um novo hedonismo – é disto que precisa o nosso século... todos nós nos convertemos em horrorosos fantoches, alucinados pela lembrança das paixões de que tivemos demasiado temor, e das esquisitas tentações a que não tivemos coragem de ceder. Juventude! Não há absolutamente nada no mundo, senão a juventude.”

“O Retrato de Dorian Gray” permanece como uma das grandes obras-primas da literatura universal. O livro foi publicado no Brasil por várias editoras, entre elas, a Nova Cultural (1993). Intrigante e de uma moralidade dúbia, como seu controverso autor, que terminou seus dias de forma melancólica.

(copydesk/fragment by Eugenio Santana – Escritor, jornalista, ensaísta. Ex-Superintendente de Imprensa no Rio de Janeiro.)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

PRISIONEIRO NA SIBÉRIA







Aqui na Sibéria
somos estranhos, diferentes, holísticos
nós, os restantes... nunca participamos do grupo de rendição à mediocridade planetária
sobras de um mundo que nunca engolimos.
Somos remanescentes de Alexandria
e dos enigmas das Pirâmides Egípcias
somos da tribo cósmica de Hermes Trismegisto
descendentes diretos dos cátaros
nobres herdeiros da sociedade occitânica
atemporal – sei que sou
e tenho profundos vínculos com os rosacruzes primevos
e naveguei infinitamente pelo rio Nilo.
Viajando na asa do tempo eu voltarei para onde eu nunca deveria ter saído...
Repousarei minha alma imolada e meu coração-partido em Ítaca, Shambala ou Shangri-lá
descobrirei o paraíso perdido, o país da Utopia, de Thomas Morus.
Arqueólogo do século XIV visitarei pela última vez Paris, o Reino Unido
e farei escavações profundas na Espanha.

Paleontólogo e psicopompo registram o acaso – ou o akhásico?
Por enquanto, sobrevivo...


(*) Eugenio Santana é escritor, jornalista, ensaísta, publicitário, copydesk, versemaker. Autor de livros publicados, sócio efetivo da Associação Catarinense de Imprensa (ACI) e da Associação Fluminense de Jornalistas (AFJ). Ex-superintendente de Imprensa no Rio de Janeiro. Sócio da UBE/GO/SC – União Brasileira de Escritores, membro efetivo da Academia de Letras do Noroeste de Minas (ALNM) – eugeniosantana9@uol.com.br - esantanafrc@hotmail.com


terça-feira, 23 de agosto de 2011

AS REDES SOCIAIS E OS RELACIONAMENTOS VIRTUAIS





Após sete anos de soberania no Brasil, o Orkut está perdendo espaço para o Facebook, que aumentou em 479% o número de usuários em 2010. A plataforma de rede social inventada por Mark Zuckerberg deverá dominar o país ainda este ano.

Uma pesquisa de consultoria revela que nos Estados Unidos, a população já passou mais tempo conectado à internet do que em frente à TV. Os hábitos estão mudando. No Brasil, as pessoas já gastam cerca de 20% de seu tempo online em redes sociais. A grande maioria dos internautas pretende criar, acessar e manter um perfil em rede.

Faz parte da própria socialização do indivíduo do século 21 estar numa rede social. Não estar equivale a não ter uma identidade ou um número de telefone no passado. O boom de redes sociais gera uma guerra de gigantes. No Brasil, a batalha é travada entre Orkut e Facebook. Embora a primeira rede, pertencente à Google, tenha 20 milhões de visitas brasileiras mensais a mais do que a concorrente.

A briga do Facebook e Orkut se dá na Índia e no Brasil. Na Índia, o Orkut deixou de ser o líder em 2010. Acreditamos que isso deve acontecer no Brasil ainda este ano. Os brasileiros, tidos como amigáveis, são vistos como grandes consumidores potenciais de sites na internet. Segundo dados, o País tem a maior população online da América Latina, 38,7 milhões de usuários, número igual ao do Reino Unido. O tempo que o brasileiro passa na internet é similar ao dos franceses e sul-coreanos. Isso deixa o Brasil como a oitava maior audiência em internet no mundo.

Apesar da disputa, o Orkut é o queridinho brasileiro. Como a penetração nessa rede foi muito grande no início, mantém-se nela um grande fluxo de informações pessoais, uma vez que o usuário sempre acessa a rede social que seu grupo de amigos conserva atualizada.

Redes sociais têm ouvidos e memória e são ótimas para disseminar idéias, tornar alguém popular e também arruinar reputações. Um dos maiores desafios dos usuários de internet é saber ponderar o que se publica nela. Especialistas recomendam que não se deve publicar o que não se fala em público, pois a internet é um ambiente social e, ao contrário do que se pensa, a rede não acoberta anonimato, uma vez que mesmo quem se esconde atrás de um pseudônimo pode ser rastreado e identificado. Aqueles que, por impulso, se exaltam e cometem gafes podem pagar caro.

O crescimento das redes sugere que as plataformas de interação não são moda passageira. O MSN Messenger – que hoje é sinônimo de bate-papo e endereço de internet – é uma rede que permanece viva por facilitar o dia a dia das pessoas. Além disso, a utilização crescente das redes sociais por empresas reforça a sua seriedade. Twitter, Facebook e Orkut estão sendo cada vez mais incorporados às estratégias online da Classe Empresarial.

(por Eugenio Santana - Jornalista/Escritor)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

VIAJAR É AMPLIAR HORIZONTES E ENCHER-SE DE LUGARES...





Viajar... Pegar um avião, atravessar o mundo de um lado a outro, ponto a ponto. Você sai do seu país e pousa em outra realidade, em outra cultura, em outra terra onde tem outra gente, outro alimento, outro jeito de falar! Outro idioma e você ali ouvindo sem ouvir, falando sem ser entendido, palmeando o desconhecido, tão conhecido. Você começa a viver outro tempo em outro espaço e fica feliz pelas descobertas de cada dia. Como é bom conhecer, descobrir outros caminhos, cruzar pontes, fronteiras, erguer outras bandeiras distantes.

Afinal, gente é gente... Idioma é idioma. Mas não é bem assim. Você mergulha em outra civilização. O ser humano é o mesmo, mas o jeito dele é bem diferente de sua maneira de ser. Então nos perguntamos: quem sou eu? Quem somos nós? Uma torre de Babel. Uma construção interminável porque confusa, uma construção maravilhosa porque humana.

A viagem tem o poder do recomeço. Você se transforma no descobridor, sente-se um Colombo moderno, um Pero Vaz de Caminha descrevendo lugares, poetizando sobre uma praça, um obelisco, uma pirâmide, um Rio, uma montanha, um navio, uma paisagem que você vê pela primeira vez e que, provavelmente, não verá outra vez. Foi um piscar de olhos. A beleza do lago, da cachoeira, de um edifício gótico, quantas imagens retiradas da mente.

Viajar é encher-se de lugares, aumentar os downloads que ficam impregnando seu cérebro de mil imagens... de mil fatos. São histórias que se entrelaçam fazendo uma rede de informações preciosas. Conhecemos outras pessoas, sentimos outros perfumes, outros sabores, olhamos outros olhos e aprendemos a respeitar o diferente. Quanta coisa uma viagem nos ensina. Afinal, “uma longa viagem começa com um único passo.”

Quem ficou na sua aldeia gravou a imagem do sonho sonhado, não do sonho vivido. Ficou vazio de cheiros, vazio de gente, vazio de lugares. Ficou cheio de sua aldeia, simplesmente. O cheiro, o gosto, o olhar de sua aldeia, mas não pode comparar, não pode. Viver a aldeia é muito pouco, mas é muito forte. Viver muitas aldeias é magnífico, é levar-se além de sua aldeia e desfrutar da aldeia global. É encher-se de sabores, de cheiros, de outras gentes e complementar-se de uma alegria infantil que descobre sempre.

Viajar... levar um pouco de você para o mundo e trazer o mundo para dentro de você.

(copydesk/fragment by Eugenio Santana)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

RÉQUIEM PARA CORA CORALINA (*)






Teu nome é verso, teu nome é rima: Cora Coralina.
Hoje nossos versos estão tristes e desolados, sem brilho, mortiços e sem dádiva para se dadivar, na interminável asa do tempo. Nossos corações sangram e nossas idéias dispersivas conflitam-se.

Não conseguimos assimilar a tua inevitável perda, Cora. Há uma ferida aberta. Uma asa caída. Um novo e depressivo espaço vazio...

Estamos um tanto quanto hesitantes...
O Brasil chora, Cora. Goiás chora, a secular “casa da ponte”, contígua ao Rio Vermelho também chora e recorda agora a tua história, gravada a fogo e ferro em nossa frágil e mutante memória.

A poesia alternativa feita nas esquinas por aquelas “poetas-meninas” do Rio, Belo Horizonte, São Paulo, Goiânia, Brasília, Manaus, Joinville, Florianópolis e Londrina, choram por ti, Cora Coralina. Reverencio teu olhar e tua postura, meiga figura: fusão de mulher, anciã e sempre menina. Coisa cristalina: Coralina.

Tivemos a petulância de contatar a Mente Universal e, hoje, desligamos o cordão de prata da vida e morremos um pouco por ti, Cora.

Nós, frágeis poetas-pássaro, presumivelmente dotados de cosmovisão, estamos podados, amordaçados. Acreditamos, entretanto, que o Espírito é uma fonte inesgotável de energia vital: assim pensando, estaremos contigo a posteriori na outra dimensão cósmica, adorável Cora. Faremos juntos versos galácticos: poemas de amor à vida, a terra, à água, ao azul fascinante deste céu e deste bonito mar; falaremos novamente da gente sem-terra e sofrida do nosso imenso e querido Brasil.

A outra margem do rio (a terceira?), segundo a Lei Natural é plena de harmonia, luz, vida e amor. Como o toque sutil das Asas do Vento acariciando-nos a face.
As rosas-vermelhas, azáleas, gerânios, girassóis, madressilvas, crisântemos e jasmins choram por ti, Cora. As flores que foram presença constante e marcante na tua vida, na tua voz trêmula dos últimos anos e no vivo brilho do teu incandescente olhar transbordante de sabedoria.

Continuaremos nossa sina, Ana - Aninha. Continuaremos. Alado poeta de um Verbo-pássaro alçando vôo rasante rumo à sóror-Poesia...

Resgato teu livro da estante, Cora.
Sinto o fremir súbito dos versos pungentes, simples e belos. Sinto a poção mágica de tua poesia humanista, voltada para as dores e os sentimentos profundos deste mundo conturbado e contraditório, em razão do enorme contraste social.

Dois filetes úmidos afloram e inundam meu rosto desfigurado... Porque teu nome é verso-rima: Cora Coralina, em nossos olhos, em nossas mentes, em nossos corações:


“... A dureza da vida não são carências nem pobreza.
Sofrem aqueles que desconhecem a
Luta e menosprezam o lutador.
..................................................................................
É a vida que está ensinando.
Quando veio o entendimento
Os túmulos estavam calados”.


(*) Eugenio Santana é escritor, jornalista, ensaísta, publicitário, copydesk, versemaker. Autor de livros publicados, sócio efetivo da Associação Catarinense de Imprensa (ACI) e da Associação Fluminense de Jornalistas (AFJ). Ex-superintendente de Imprensa no Rio de Janeiro. Sócio da UBE/GO/SC – União Brasileira de Escritores, membro efetivo da Academia de Letras do Noroeste de Minas (ALNM) e Articulista do jornal “Diário da Manhã” – www.dm.com.br






segunda-feira, 25 de julho de 2011

MANAUS: MEU INFERNO ASTRAL?!





Manaus não confirma nem se afirma, nem de longe, o título de cidade-sede da, digamos, Floresta Amazônica. É sim, uma selva de pedra dentro do estado do Amazonas sem qualquer sintonia compatível com a Amazônia e seus polêmicos conflitos de preservação ambiental e controvertidas questões indígenas mal resolvidas.

A impressão que se tem é a de uma cidade grande como outra qualquer, que cultua o hedonismo, o capitalismo “selvagem” já que possui um dos maiores parques industriais da América Latina, a guerra de classes elitista, sedentária e viciada em Shoppings. Aliás, por ser uma cidade de calor insuportável, a classe média e alta se refugia nos shoppings com o viciado ar refrigerado.

No dia 9 de abril passado fui, num vôo matutino da TAM, conhecer Manaus, por motivos profissionais equivocados.

Quando o comissário de bordo anunciou o nosso pouso no Aeroporto de Manaus, antes, porém, havia avisado que estávamos passando por uma área de turbulência e lá do alto, antes da aterrissagem, visualizei as águas noturnas do insólito Rio Negro, pressentindo que minha estadia na famigerada Manaus seria caótica e desastrada; uma temporada no Inferno, lembrando Jean-Nicholas Arthur Rimbaud.

Nos bairros periféricos, como o do Aleixo, por exemplo, você depara com cenas “hilárias e degradantes”: um bando de urubus disputando o lixo das calçadas com uma dezena de cães vira-latas e mais adiante na Avenida do mesmo bairro onde proliferam concessionárias de automóveis, incluindo a Citröen, na qual já fui Consultor de Marketing, da filial Anápolis; está instalada a sede da principal mídia impressa, o jornal “A Crítica”, e à noite – por ironia – de frente à sede do jornal acontece o trottoir de meninas aparentando de 12 a 15 anos, confirmando nitidamente a prostituição infantil, que envergonha esse País de gritantes contrastes e injustiças sociais.

Quando você questiona sobre os índios eles comentam com indisfarçável desdém: aqui na cidade não existe índio, os índios estão na selva, na floresta, nas reservas. Passam a impressão que têm pré-conceito de sua própria origem...
E o manauara não é um exemplo de cidadão cordial, aberto ao diálogo, interativo. São fechados e não gostam de dar informação e são declaradamente rivais dos paraenses, deitam falação nas pessoas de Belém que, por razões de empregabilidade, migram para Manaus, buscando oportunidade de trabalho no pólo industrial de eletroeletrônicos.
E conversando com uma amiga, promotora de justiça, ela informou-me que a Região Norte é campeã em trabalho escravo. Senti isso na pele, durante o meu período de “treinamento” em Manaus. Um exemplo vivo de escravocracia, versão 1883.

Unanimidade inquestionável e previsível digna de registro na Manaus de múltiplas faces é que a cidade inteira torce pelo Flamengo, do Rio. E eu também, desde 1975, ao assistir no Maracanã um histórico Fla x Flu protagonizado por Zico, Júnior, Adílio, Andrade, Nunes, goleiro Raul, entre outras feras. Um simples anúncio de que o Flamengo vai jogar, a cidade se agita e veste-se de rubro-negro. E quinhentos mil celulares da operadora TIM não param de tocar... E haja blá blá blá...

Concernente à Arquitetura dos bairros nobres e do setor central é digna de registro: ganha de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Campo Grande e Belo Horizonte; os edifícios são imponentes, de uma criatividade indescritível e de rara beleza. Não sei se tem o dedo de Oscar Niemayer, mas, o fato é que encantam e fascinam aos nossos olhos, distraidamente, capitalistas (sic).

Confesso que ficou um sabor amargo na garganta, visto que não tive tempo disponível para apreciar a rica culinária regional e, principalmente, não provei o sabor dos beijos das manauaras, sendo que um executivo que viajou comigo me dissera, ainda no avião: “as mulheres vão atacá-lo, meu caro, são nove pra cada homem”. Apreciei, sim, o visual de umas gatonas esculturais e curvilíneas, mas, infelizmente, a agenda não deu folga. Uma pena...

Após vivenciar o caos aéreo incluindo o extravio de minha bagagem que ficou retida em Guarulhos, o celular tocou no aeroporto de Brasília e me avisaram que minha bagagem chegaria até as 15h do dia seguinte na portaria do Edifício Tocantins, onde moro em Goiânia. Ufa, me senti aliviado – tive um orgasmo mental! Convicto de que ao retornar a Manaus vou curtir tudo que tenho direito: as belas mulheres, a cozinha à base do tambaqui na brasa, o mágico banho nos Igarapés para lavar a alma, vivenciar o xamanismo da Ayuasca numa comunidade indígena e nas mirações encontrarei as inspirações para o próximo livro, visitarei o legendário e secular Teatro Amazonas e, de quebra, abraçarei meus confrades da Academia de Letras do estado do Amazonas. E meu poetamigo Thiago de Mello? Aí já é outra história: eu não sei se ele está vivo. Maktub!

(*) Eugenio Santana é escritor, jornalista, ensaísta, publicitário, copydesk, verse maker; self-mad man. Autor de livros publicados; Sócio efetivo da Associação Catarinense de Imprensa (ACI) e da Associação Fluminense de Jornalistas (AFJ). Ex-superintendente de Imprensa do Governo do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

LEITORES MANAUARAS: IRASCÍVEIS E REACIONÁRIOS (*)




"Vocês riem de mim porque sou diferente. Eu morro de rir de vocês porque são todos iguais!"

Mais uma constatação lamentável: vocês ganham dos cariocas em matéria de PALAVRÕES E XINGAMENTOS e gírias obsoletas. Que coisa vergonhosa! Diz um velho deitado: cães que muito ladram não mordem. Polêmicas e provocações são aceitas até ao limite do tolerável. Quanto aos xingamentos e ofensas pessoais são passíveis de punição por calúnia, difamação e danos morais. Estou salvando os IMÊIOS e posso processá-los, tipificando crime virtual. Vocês não argumentam, não têm noção ou a mínima vivência com DEBATE, nem cultura humanístico-filosófica ou uma ínfima parcela de educação e respeito. Se o meu caro amigo Thiago de Mello soubesse de seus arroubos emocionais... ficaria vermelho de vergonha! Precisam refazer conceitos e valores. Será, populacho, que eu iria adicioná-los ao meu Facebook, Orkut ou Blog pra que despejassem suas frustrações, neuras e cóleras por meio de impublicáveis palavrões? Fiquem esperando, otários! Fala sério, ninguém merece!

Em meu País há, sem sombra de dúvida, o exercício da Democracia e, fundamentalmente, da liberdade de EXPRESSÃO. Não admito populacho, ofensas pessoais e um festival de palavrões destilando veneno, expediente de quem não tem cultura; atitude típica de covardes dissimulados e que se escondem atrás de uma máscara – ou não seria chapéu de boi?

A DIMENSÃO/repercussão que estão dando ao meu ARTIGO, publicado na mídia impressa mais imparcial do estado de Goiás, o “DIÁRIO DA MANHÔ, significa que ele espelha a quintessência da VERDADE.

Senhoras e senhores: por que tanta agressividade e violência verbal? Tudo isso é inveja? Sou bonito, culto, profissão definida, plantei árvores, publiquei livros, fiz duas filhas e um filho; possuo casa e carro próprios e nasci no Sudeste – não tenho culpa de ser um bem-nascido, caríssimos desafetos. Querem me crucificar por conta de um artigo, melhor dizendo de uma crônica publicada numa mídia impressa goiana? Sendo que estou, temporariamente, radicado aqui, mas, sou profissional do eixo RIO/SP/BH/DF/FLORIPA – Ex-Superintendente de Imprensa do Governo do Rio de Janeiro. Creio que estão tentando descarregar seu mau-humor na pessoa errada.

Sugiro que procurem imediatamente um psicanalista e o melhor deles é o meu primo Luiz Fernando Guaracy Ribeiro Santana, consultório na Barra da Tijuca, no Rio; no elenco de seus clientes Vips estão atores e diretores da Rede Globo. Posso passar, gratuitamente, o contato dele pra vocês cuidarem de suas anomalias, principalmente, do complexo de inferioridade e mania de perseguição. Esqueceram que IRA está contextualizada nos Sete Pecados Capitais, energúmenos e qualiras? Lembre-se de uma das afirmações do MESTRE: “Não julgueis, para não serdes julgados”; “Não olhem para o cisco no olho do seu próximo, visto que, existe uma trava em seus olhos.”

Existem alguns indivíduos medíocres assemelhando-se a cães raivosos que ligam pro meu celular, proferem palavrões inomináveis e depois desligam, covardemente; saibam: sou um homem determinado com as palavras e com as ações, fiz a ESG – Escola Superior de Guerra e fiz treinamento no EMFA – Estado Maior das Forças Armadas. Não brinquem comigo, desocupados! A minha coragem e TRANSPARÊNCIA são tão visíveis que não escondo meus contatos. Não ousem desafiar-me, perdedores. Bando de neófitos fracassados, alguns são “estudantes de jornalismo” da Região Norte – terra de predadores da Floresta Amazônica, ridículos perdedores e covardes assassinos de missionários e ambientalistas.

Homem de Letras, dotado de abrangente bagagem Cultural, quarto poder porque sou IMPRENSA, acima disso tudo sou HOMEM com H maiúsculo, biltres, pusilânimes e qualiras (sic). Estou preparado para suas investidas hilárias, bizarras e grotescas... Seria trágico se não fosse cômico. Percebo que estou perdendo meu tempo jogando PÉROLAS AOS PORCOS!

JORNALISTA não fala – informa;
JORNALISTA não acha – tem opinião;
JORNALISTA não mente – equivoca-se;
JORNALISTA não pára – pausa;
JORNALISTA não chora – se emociona;
JORNALISTA não some – trabalha em off;
JORNALISTA não traz novidades – dá furo de reportagem;
JORNALISTA não tem amigos – tem muitos contatos;
JORNALISTA não briga – debate;
JORNALISTA não usa carro – mas sim veículo;
JORNALISTA não passeia – viaja a trabalho;
JORNALISTA não conversa – entrevista;
JORNALISTA não é chato – é crítico;
JORNALISTA não tem olheiras – tem marcas de guerra;
JORNALISTA não se esquece de assinar – é anonymous;
JORNALISTA não se acha – ele já é reconhecido;
JORNALISTA não influencia – forma opinião;
JORNALISTA não conta história – reconstrói;
JORNALISTA não é esquecido – é eternizado pela crítica;
JORNALISTA não morre. Coloca um ponto final.

(*) EUGENIO SANTANA é Jornalista profissional investigativo/cultural e Escritor de projeção nacional, Editor, Ensaísta, Publicitário. Autor de livros publicados.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

AS PALAVRAS PESAM. TALVEZ PORQUE SEJA A MAIS AUTÊNTICA INVENÇÃO HUMANA...




Há muitas palavras - a de Deus, a de honra, a do rei, que não volta atrás, e a que se dá para firmar um compromisso ou promessa.

Palavra contém ala, que tem a ver com fila ou parte de uma construção, e também ar, sem o qual não se pode respirar. Palavra tem mais valor quando entremeada de silêncios. Derramada assim, de boca aberta, esvai-se. As palavras pesam. Talvez porque seja a mais autêntica invenção humana.

"No princípio era o Verbo", enfatiza o prólogo do evangelho de João. Deus é Palavra e, em Jesus, ela se faz carne. Unir palavra e corpo é o profundo desafio a quem busca coerência na vida. Há quem prime pela abissal distância entre o que diz e o que faz. E há os que falam pelo que fazem.

Só o coração compassivo, o movimento anagógico e a meditação, que livram a mente de rancores, são capazes de imunizar-nos da palavra maldita.

A palavra salva. Uma expressão de carinho, alegria, entusiasmo, solidariedade ou amor, é brisa suave a reativar nossas melhores energias. Somos intimados à reciprocidade. Essa força regeneradora da palavra é tão vital que, por vezes, a tememos.
Arrogantes, sonegamos afeto; ambiciosos, engolimos a expressão de ternura que traria luz; medíocres, calamos o êxtase, como se deflagrar vida merecesse um elevado preço que o outro, a nosso ínfimo julgamento, não é capaz de pagar. Ato contínuo, fazemos da palavra, que é gratuita, produto pesado na balança dos sentimentos.

Vivemos cercados de palavras inúteis, condenados à incivilização que teme o silêncio. Verbaliza-se muito para se dizer bem pouco. Fazem moda músicas em que abundam palavras e necessitam de sonoridades. Jornais, revistas, TV, outdoors, telefone, celulares, correio eletrônico - há demasiado palavrório. E sabemos todos: não se dá valor ao que se abusa.

O silêncio não é o contrário da palavra. É a matriz. Talhada pelo silêncio, mais significado ela possui. Quem fala muito, o indiscreto, cansa os ouvidos alheios porque seu matraquear de frases ecoa sem consistência, nexo ou sentido. Quanto ao sábio pronuncia a palavra como fonte de água diáfana e cristalina. Não fala pela boca, e sim do mais profundo recôndito de si mesmo.

O versátil, talentoso e criativo escritor mineiro Guimarães Rosa inaugura "Grandes Sertões, Veredas" com uma palavra insólita: "Nonada." Convite ao silêncio, à contemplação, à mente centrada no vazio, à alma despida de utopias. Não nada. Não, nada.

Os místicos têm conhecimento que, sem dizer Não e desejar o Nada, é impossível ouvir, no sigilo do coração, a palavra Deus que, neles, se faz Sim e Tudo, expressão afetiva e ressonância criativa.


(Eugenio Santana é escritor, jornalista, ensaísta, publicitário, copydesk, versemaker; self-mad man. Livros publicados; 18 prêmios literários em âmbito nacional. Sócio efetivo da Associação Catarinense de Imprensa (ACI) e da Associação Fluminense de Jornalistas (AFJ). Ex-superintendente de Imprensa do Governo do Rio de Janeiro.)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

AMOR INDÍGENA DO PÁSSARO DO INFINITO




Quero me perder em ti como as Florestas da Bolívia deixaram-se fecundar pelo sangue do meu amigo Ernesto Che GUEVARA. Cegar-me em tua insana figura escultural para que a tua asa noturna faça-se em mim claridade, brilhante como as luzes a mercúrio despem a madrugada e incendeiam a cidade.

Quero viajar no teu embalo, desatar-me das amarras da razão, voar livre em tuas asas, ser o pássaro do infinito, mergulhar fundo em teu seio na vertigem de uma gaivota insaciável, e ter a cor da força de teus olhos.

Quero possuir-te como pinturas indígenas gravadas e guardadas numa gruta, e que me embriague de tua luz, tome a tua forma como a Amazônia rasga-se ao toque da torrente que nela abre o rio para acolher as águas prateadas da neve aquecida no dorso dos Andes.

Quero viver no teu encanto, colher os frutos que em teu ventre semeiam em mim o gosto do Absoluto.

Quero minha vida em ti vivida, prolongada nas promessas de teus dons, para que no amor toda saudade seja suprimida na presença forte e farta dessa entrega feliz chamada eternidade.


(Eugenio Santana é escritor, jornalista, ensaísta, publicitário, copydesk, versemaker; self-mad man. Livros publicados; 18 prêmios literários em âmbito nacional. Sócio efetivo da Associação Catarinense de Imprensa (ACI) e da Associação Fluminense de Jornalistas (AFJ). Ex-superintendente de Imprensa do Governo do Rio de Janeiro.)

sábado, 9 de julho de 2011

MANIFESTO ABERTO À ESTUPIDEZ HUMANA




DEUS é tudo no Todo. É a própria Transcendência e a Consciência Cósmica, muito embora a sua Face não possa ser contemplada. E o que mais O caracteriza? A essência suprema e trina: Onipresente, Onisciente e Onipotente; por isto, é o Todo-Poderoso. Ele se revela (latente) em todas as coisas visíveis e ocultas; inclusive, por meio dos raios do Astro-rei, o Sol. Eu sou – modéstia às favas – diáfano, ético e puro como o próprio Sol alado que ilumina o Planetazul e a escuridão de seres abjetos, rastejantes, hipócritas, dissimulados e medíocres.

(Eugenio Santana, FRC – Escritor, Jornalista, Publicitário, Versemaker, Self-mad man; Comendador honorário da Ordem Ka-Huna do Poder Mental-DF e Consultor de Pompoarismo e Tantrismo de Balzaqueanas)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

STF: UM ANDRÓIDE OU ANDRÓGINO EQUIVOCADO? (*)






A meu ver, a decisão mais equivocada, questionável e tendenciosa de toda a história do STF: permissão do casamento ou união estável, com direito ao registro em cartório, de casais gays e/ou homossexuais.
Isto é um absurdo abominável, inconcebível e inconstitucional. Enfim, uma completa inversão de valores. Uma vitória infeliz da mediocridade e da hipocrisia.
Afinal, os ministros, em sua maioria, da Corte Suprema, possuem filhos gays? Sei que são nomeados pelo Poder Executivo. Então, questiono: há interesse da Presidência da República em apoiar o minoritário movimento gay?
Sei que o ministro Joaquim Barbosa - meu amigo de infância, visto que ambos somos contemporâneos e conterrâneos oriundos da histórica Paracatu-MG - não seria capaz de apresentar seu voto favorável a essa aberração ou magnífica farsa. Sei que ele tem problemas de saúde e, que embora ainda jovem, talvez o tenham aposentado e, via de conseqüência, estaria fora de combate.
A coragem, a ousadia, a criatividade, o discernimento, o bom senso e a busca incessante da verdade são características típicas dos mineiros e só podia ser um jovem magistrado mineiro de Uberaba, radicado em Goiânia, para agir com bravura, questionar e ousar desafiar o poderoso STF com o sólido argumento da Carta Magna – a Constituição Federal do Brasil que, em sua essência, nitidamente conceitua o que é, verdadeiramente, um núcleo familiar. Meu profundo respeito, apoio, solidariedade e perene admiração pelo meritíssimo juiz Jeronymo Pedro Villas Boas.
A atitude de escrever esse artigo se originou pelo fato de ser pai de duas filhas e um filho. Por respeito a eles que são fruto de um casamento autêntico, legítimo, original. Família se constitui por meio de um homem e uma mulher que se amam e são capazes de procriar; gerar filhos e criar sua prole. Está no Livro Sagrado – lei de Deus; está na Constituição federal – lei dos homens.
Quanto mais civilizados se tornam os homens, mais eles se tornam atores. Querem exibir-se e fabricar uma ilusão. Tenho tentado suprimir em mim as razões que homens invocam para existir e para atuar. Tenho tentado chegar a ser normal, e eis-me aqui perplexo, no mesmo plano que os imbecis e tão vazio como eles. Diante de um tribunal absoluto, apenas os Anjos seriam absolvidos.
No apogeu se procriam valores que, no crepúsculo, gastos e desfeitos, são abolidos. Fascinação da decadência, épocas em que as verdades já não possuem vida... em que se amontoam como esqueletos na alma pensativa e seca, no ossário dos sonhos mortos.
Neste mundo nada está em seu lugar, começando pelo próprio mundo. Não há que assombrar-se então com o espetáculo da injustiça humana. É igualmente inútil repudiar ou aceitar a ordem-social: somos obrigados a sofrer suas mudanças, para melhor ou para pior, com um conformismo desesperado, como sofremos com nascimento, amor, clima ou morte.
Se em algum caso extremo se pode governar sem crimes, é impossível fazê-lo sem injustiças. Espero, sinceramente, na condição de pai e cidadão brasileiro, que o STF reveja, com a máxima brevidade, seus conceitos e, em casos polêmicos e delicados, que promova plebiscito e dê atenção, em primeira instância, ao clamor popular e aos multiformes segmentos da sociedade. Maktub!

(*) Eugenio Santana, escritor, jornalista. Da Academia de Letras do Noroeste de Minas (ALNM-MG); da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG-DF); da Associação Catarinense de Imprensa (ACI); livros publicados.

LEIA ÚLTIMA PESQUISA PERTINENTE AO POLÊMICO ASSUNTO:

Mais da metade dos brasileiros são contra união gay, diz Ibope
DE SÃO PAULO

Uma pesquisa do Ibope Inteligência divulgada nesta quinta-feira mostra que 55% dos brasileiros são contrários à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que reconheceu a união de casais do mesmo sexo.
Veja os principais resultados da pesquisa
Maioria é contra adoção por casal gay no Brasil
O estudo, realizado entre os dias 14 e 18 de julho, identifica que as pessoas menos incomodadas com o tema são as mulheres, os mais jovens, os mais escolarizados e as classes mais altas.
Sobre a decisão do STF, 63% dos homens e 48% das mulheres são contra. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 60% são favoráveis, enquanto 73% dos maiores de 50 anos são contrários.
Considerando a escolaridade, 68% das pessoas com a quarta série do fundamental são contra a decisão, enquanto apenas 40% da população com nível superior compartilha a opinião.
Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, 60% são contra. Já no Sul a proporção cai para 54% e, no Sudeste, 51%.
"Os dados mostram que, de uma maneira geral, o brasileiro não tem restrições em lidar com homossexuais no seu dia a dia, tais como profissionais ou amigos que se assumam homossexuais. Mas ainda se mostra resistente a medidas que possam denotar algum tipo de apoio da sociedade a essa questão, como o caso da institucionalização da união estável ou o direto à adoção de crianças", afirma Laure Castelnau, diretora do Ibope Inteligência.
Questionados se aprovam a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, a proporção de pessoas contrárias é a mesma dos que não querem a união gay: 55%.
A pesquisa ouviu 2.002 pessoas com mais de 16 anos em 142 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com 95% de intervalo de confiança. 28/07/2011.

terça-feira, 7 de junho de 2011

NÃO HÁ RESTRIÇÃO EM SER FEIO OU BONITO, BAIXO OU ALTO, GORDO OU MAGRO. NÃO HÁ PROBLEMA EM SER LINDO (*)




LEMBRE-SE de que a floresta vivia em completa harmonia com Ártemis. Quando a deusa caiu, perdeu o respeito pela floresta. Mas quando recobrou a consciência, foi de flor em flor, dizendo: “Desculpe. Agora voltarei a tomar conta de você”. E seu relacionamento com todos os seres da floresta tornou-se novamente uma ligação amorosa.
Seu corpo é a floresta, e, se você aceitar essa verdade, dirá a ele: “Desculpe. Voltarei a tomar conta de você”. O relacionamento entre você, seu corpo e todas aquelas células vivas que dependem de seus cuidados se tornará a mais bela das ligações.
Seu corpo é perfeito do jeito que é, mas todos nós temos muitos conceitos sobre certo e errado, bom e mau, bonito e feio. São apenas conceitos, mas acreditamos neles, e é aí que reside o problema. Com a imagem de perfeição que temos na mente, esperamos que nosso corpo tenha uma determinada aparência, que se comporte de um certo modo. Rejeitamos nosso próprio corpo, que é totalmente fiel a nós. Mesmo quando o corpo não consegue fazer alguma coisa, por causa de suas limitações, nós o pressionamos, e ele, pelo menos, tenta.
Não há nenhum problema em ser feio ou bonito, baixo ou alto, gordo ou magro. Não há nenhum problema em ser lindo. Se você atravessar uma multidão, e as pessoas lhe disserem que o acham muito bonito, você pode responder que sabe disso, agradecer e seguir em frente, porque os elogios não fazem a menor diferença. Mas farão, se você não acreditar que é bonito, e as pessoas disserem que é. Nesse caso, você pergunta: “Sou, mesmo?” A opinião dos outros pode impressioná-lo, claro, e isso faz de você uma presa fácil.
O que importa não é a opinião dos outros, mas a nossa. Somos bonitos, mesmo que a mente diga o contrário. Isso é um fato. Não precisamos fazer nada, porque já possuímos toda a beleza de que necessitamos. Não precisamos dever obrigações a ninguém para sermos bonitos. Os outros são livres para ver o que desejarem ver. Se olham para nós e nos julgam, achando-nos bonitos ou feios, essa opinião em nada nos afetará, se estivermos conscientes de nossa beleza e a aceitarmos.
As pessoas resistem ao envelhecimento porque acreditam que os velhos não podem ser belos. Essa é uma crença completamente errada. Um bebê recém-nascido é bonito. Bem, um velho também é.
Somos o que acreditamos ser. A única coisa que temos a fazer é ser o que somos. É nosso direito achar que somos bonitos. Podemos honrar nosso corpo, aceitando-o do jeito que ele é. Não precisamos do amor de ninguém. O amor vem de dentro de nós. Mora em nosso íntimo e sempre estará lá, mas não o sentimos, porque ele está escondido atrás de uma muralha de nevoeiro. Só podemos perceber a beleza que existe fora de nós, quando “sentimos” a beleza que temos por dentro.


(*) por Eugenio Santana, escritor, jornalista. Integrante da ADESG-DF, ALNM-MG, UBE-GO/SC, AMORC-PR, SJPDF e Greenpeace-SP. eugeniosantana9@uol.com.br

domingo, 17 de abril de 2011

CATEDRAL DE CHARTRES




A CATEDRAL DE NOTRE DAME DE CHARTRES, NA FRANÇA, é um imenso templo GÓTICO de pedra esculpida, ela se situa no alto de uma colina, como um Castelo inexpugnável. Nos arredores, construída nas encostas, a histórica e bela cidade de Chartres, com seus 100 mil habitantes, mais parece uma aldeia dos míticos homenzinhos de Liliput a serviço do gigante Gargântua.
Chamada pelo escultor Rodin de "Acrópole da França" e tombada pela Unesco como patrimônio da humanidade, a catedral de Chartres é o monumento medieval europeu mais completo e mais rico dentre todos os que chegaram até nós. Desde sua construção, entre os séculos 12 e 13, transformou-se num poderoso pólo de atração para peregrinos cristãos, amantes da arquitetura e das artes plásticas, e investigadores do oculto.
A importância de Chartres começa, na verdade, muito antes da Idade Média. Toda a zona onde ela se encontra, a antiga Beócia, foi sede de um complexo pré-histórico que reunia aldeias célticas e templos pagãos da religião dos druidas.

TODA ESSA HERANÇA CULTURAL do tipo mágico e religioso foi incorporada de um modo ou de outro à catedral de Chartres. No subsolo, sob o grande edifício, correm vários veios d'água que, segundo os especialistas em radiestesia, formam na superfície do terreno, e em certos pontos do interior da catedral, campos de energia telúrica expcionalmente poderosos.
Existem vários livros que estudam a questão dos campos de energia sutil que se encontram no interior da catedral e nas suas imediações. Um deles é "Les Mystères de la Cathédrale de Chartres" (Os Mistérios da Catedral de Chartres), de Louis Charpentier, onde o autor afirma que a catedral foi construída exatamente sobre um lugar muito conhecido desde os tempos pré-cristãos pela intensidade das suas radiações telúricas. Charpentier examina também o mistério da arquitetura desse templo, suas conexões historicamente comprovadas com a Ordem dos Cavaleiros Templários medievais, e seus significados simbólicos e esotéricos.

OS TEMPLOS DRUIDAS eram quase sempre construídos junto a fontes d'água subterrânea. Os antigos druidas celtas adoradores dos elementos da natureza, o fogo, a terra, a água e o ar. Vieram-me à mente fragmentos da simbologia do poço, símbolo arquetípico de caráter sagrado em todas as tradições. Sua imagem sintetiza três ordens cósmicas fundamentais: céu, terra, infernos.
As dimensões da Catedral de Chartres são quase inacreditáveis: o comprimento total do templo é de 130 metros; sua largura máxima, 64 metros; a altura do espigão do teto, 51 metros. O interior do edifício é sugestivamente iluminado por soberbos vitrais que cobrem uma superfície de mais de 2.700 metros quadrados e nos quais estão representados cerca de cinco mil personagens. Chartres é chamada de "A Catedral dos Vitrais". Nas palavras do poeta francês Edmond Joly, "o navio encantado de uma música silenciosa, celebrando com suas cores e sua luz o segredo da eterna travessia".

Há, inclusive, um magnífico vitral astrológico, representando os doze signos do Zodíaco. E como se não bastasse, A Catedral de Chartres trouxe ainda, até nossos dias, uma herança medieval tão preciosa quanto rara: um LABIRINTO circular que ocupa toda a largura da sua nave central.
Entre os séculos 17 e 18, a tradição católica perdera quase por completo o conhecimento do significado profundo de símbolos antigos como os labirintos. No seu centro havia, segundo testemunhos históricos, uma grande placa de cobre com a imagem, em relevo, do combate mitológico entre o herói Teseu e o Minotauro. Esta placa foi provavelmente removida em 1792, época da Revolução Francesa, e usada para a fabricação de canhões.
O labirinto é também símbolo importante no contexto da moderna psicologia, particularmente a psicologia analítica que se interessa pelos símbolos arquetípicos. Está ligado ao mito da luta do princípio heróico e solar (Teseu) contra o princípio animal e noturno (Minotauro). A busca por meio do labirinto torna-se a busca do próprio Ser, e a imagem do labirinto aproxima-se à das mandalas da Índia e do Tibete. É uma representação do indivíduo, do seu centro espiritual e da emanação cada vez mais intensa desse centro em direção às zonas exteriores.

O LABIRINTO é, finalmente, a imagem do homem e do seu destino; aquele que sabe ler, interpretar e desenhar o labirinto do espírito, esse é um eleito dos deuses.
Os sábios católicos da Idade Média sabiam de tudo isso. Conheciam o significado profundo desses símbolos arcaicos, como a Madona Negra, o poço subterrâneo, o labirinto. E por isso introduziram e conservaram suas representações na própria estrutura interior de um dos maiores lugares sagrados da Cristandade: a Catedral de Chartres.

(copy-desk by EUGENIO SANTANA, FRC - Escritor e Jornalista. Membro efetivo da ALNM - Academia de Letras do Noroeste de Minas Gerais, cadeira nº 2).

QUEM É MAIS FORTE, A ÁGUIA OU A SERPENTE?




A SERPENTE, que é também símbolo da fertilidade, era objeto de invocações e da gratidão daquela sociedade agrícola e pastoral. Quando essa tradição foi absorvida pelo cristianismo, num evidente fenômeno de sincretismo, San Domenico passou a ser encarado como um santo que exorciza o "mal" representado pelos animais venenosos.
O argumento básico para esse exorcismo é o mito do pecado original, onde a serpente do paraíso sugere a Eva que colha o fruto da árvore do bem e do mal. Esqueceu-se então que, desde tempos imemoriais, a serpente era usada para simbolizar a astúcia (pela sua habilidade como caçadora), a fertilidade (por rastejar e estar em contato íntimo com a terra) e principalmente a possibilidade de regeneração do ser humano e de todas as coisas (pela sua reaparição cíclica após a letargia invernal e por causa da sua troca de pele).

O FENÔMENO da periódica mudança de pele das serpentes impressionou muito os autores antigos. Fílon de Alexandria acreditava que a serpente, ao desprender-se de sua pele, desligava-se também da velhice. Ele chegou a considerá-la "o mais espiritual dos animais".
Carl Gustav Jung interessou-se muito pela simbologia da serpente, apontando que os gnósticos assimilavam-na ao tronco cerebral e à medula espinhal.
Para Jung, a serpente é um excelente símbolo do inconsciente: ela expressa sua presença repentina, inesperada, sua manifestação brusca e às vezes temível.

ESTA É UMA LIÇÃO DE SABEDORIA que nos é dada pelas serpentes: para sobreviver e evoluir, frequentemente é preciso abdicar de nossas "peles" antigas, nossas "couraças" duras e envelhecidas, permanecendo algum tempo desprotegidos até que uma nova "pele" nos recubra. Jesus aceitou a serpente como um símbolo de sabedoria, incluindo em seus ensinamentos: "Sede sagazes como a serpente."
A serpente é também um símbolo por excelência da energia. Daí nasce o conceito ioga da kundalini, ou a serpente como imagem da força interior. A kundalini, para os hindus, está representada simbolicamente como uma serpente enrolada sobre si mesma, em forma de anel, numa região do corpo humano sutil que corresponde à extremidade inferior da coluna vertebral.
Livros inteiros foram escritos sobre o simbolismo da serpente e sua importância como arquétipo da psique individual e coletiva.

NA "ILÍADA" DE HOMERO, o grande poema épico que narra a guerra entre gregos e troianos, há um episódio em que aparece no céu uma ÁGUIA levando entre as garras uma serpente ferida. O adivinho grego Calcas interpreta esse sinal como presságio do triunfo helênico (a águia, pertencente à ordem masculina e patriarcal grega, e a serpente, representando a prevalência feminina e matriarcal da Ásia).

POR UMA DESSAS SINCRONICIDADES INEXPLICÁVEIS, um antigo e famoso místico questionou: "Quem é mais forte, a águia ou a serpente?" Ambas são igualmente fortes.Já foi dito que a águia é a serpente dos céus, e a serpente é a águia da terra. Isso é certo, porque elas se complementam. Na verdade a serpente é mais forte. A Águia desce à terra e agarra a serpente com suas presas. Mas a serpente, mesmo alçada ao ar, mesmo levada ao reino da águia, ainda é capaz de picá-la, envenenando-a e fazendo-a cair ao chão e morrer.

(copy-desk by EUGENIO SANTANA, FRC - Jornalista e Escritor. Membro efetivo da ALNM - Academia de Letras do Noroeste de Minas Gerais, cadeira 2).

quinta-feira, 14 de abril de 2011

TEM MAIS PRESENÇA EM MIM O QUE ME FALTA...




Creio que o meu alter-ego Fernando Pessoa teve inúmeros choros semelhantes com o choro de minha filha Nuria Liz. E foi para explanar a ausência de motivações dos seus choros que ele escreveu:

O que me dói não é
o que há no coração
mas essas coisas lindas
que nunca existirão...

Ri - e chorei muito - ao reler, depois de algum tempo, "A Sombra do Vento", "Verdes Moradas" e "Neuroforia". E sempre chego às lágrimas ao ler os poemas da poeta portuguesa Florbela Espanca. Por que rimos e choramos por aquilo que não existe, aquilo que é ilusão?
A resposta é óbvia: choramos e sorrimos porque a alma é feita com o que não existe, é latente; invisível, oculta. Coisa que só os artistas sabem.
"Somos feitos da mesma matéria dos nossos sonhos", dizia Shakespeare. E mais: concordo com o meu amigo poeta de Mato Grosso, Manoel de Barros: "Tem mais presença em mim o que me falta". E completo com Miguel Unamuno:

Recorda, pois, ou sonha, alma minha
- a fantasia é tua substância eterna -
o que não foi;
com tuas figurações faze-te forte,
que isso é viver, e o restante é morte.

As estórias são flores-estrelas que a imaginação fértil faz crescer no lugar da DOR. Minha literatura cresce a partir das dores de minha filha, que eram minhas próprias dores. Por isso, disse que comecei a escrever a partir dos 16, porque aos 11, nos primeiros anos escolares, me foi revelado esse Dom natural que, por via de consequência, se transformou numa "missão de vida".

Atenuar a DOR ou curá-la, isso o mundo desigual e caótico pode fazê-lo.
A inspiração e a imaginação são a ARTISTA QUE TRANSFORMA o sofrimento lancinante em BELEZA. E a beleza torna a DOR tolerável. Em vista disso, ESCREVO poemas, crônicas, contos, ensaios e artigos há mais de 25 anos: para concretizar a alquimia da PALAVRACESA; transformar dor em flor. Meus escritos são as minhas poções mágicas...
Não existe contra-indicações nem é necessário receitas...

(EUGENIO SANTANA é escritor e jornalista. Atualmente, Jornalista/Revisor do jornal "DIÁRIO DA MANHÃ". E membro efetivo da ALNM - Academia de Letras do Noroeste de Minas Gerais, cadeira número 2.)