segunda-feira, 11 de julho de 2011

AMOR INDÍGENA DO PÁSSARO DO INFINITO




Quero me perder em ti como as Florestas da Bolívia deixaram-se fecundar pelo sangue do meu amigo Ernesto Che GUEVARA. Cegar-me em tua insana figura escultural para que a tua asa noturna faça-se em mim claridade, brilhante como as luzes a mercúrio despem a madrugada e incendeiam a cidade.

Quero viajar no teu embalo, desatar-me das amarras da razão, voar livre em tuas asas, ser o pássaro do infinito, mergulhar fundo em teu seio na vertigem de uma gaivota insaciável, e ter a cor da força de teus olhos.

Quero possuir-te como pinturas indígenas gravadas e guardadas numa gruta, e que me embriague de tua luz, tome a tua forma como a Amazônia rasga-se ao toque da torrente que nela abre o rio para acolher as águas prateadas da neve aquecida no dorso dos Andes.

Quero viver no teu encanto, colher os frutos que em teu ventre semeiam em mim o gosto do Absoluto.

Quero minha vida em ti vivida, prolongada nas promessas de teus dons, para que no amor toda saudade seja suprimida na presença forte e farta dessa entrega feliz chamada eternidade.


(Eugenio Santana é escritor, jornalista, ensaísta, publicitário, copydesk, versemaker; self-mad man. Livros publicados; 18 prêmios literários em âmbito nacional. Sócio efetivo da Associação Catarinense de Imprensa (ACI) e da Associação Fluminense de Jornalistas (AFJ). Ex-superintendente de Imprensa do Governo do Rio de Janeiro.)