quinta-feira, 24 de agosto de 2023
GÊNEROS LITERÁRIOS RELEVANTES...
Espero que, algum dia, entendam minha PROSA, MEUS GÊNEROS LITERÁRIOS. Deixo a poesia aos visionários neófitos e medíocres, inclusive Carpinejar. Ninguém lê no Brasil. Um bando disperso de leitores negligentes que trocaram celular por Literatura, ao contrário dos argentinos e finlandeses. Não há em minha biografia, espalhada pelas Redes Sociais a menção da palavra "poeta". (ESCRITOR/Jornalista/Ensaísta/Editor EUGENIO SANTANA - Autor de 18 livros publicados)
segunda-feira, 21 de agosto de 2023
HÓRUS9 PRODUÇÕES EDITORIAIS
Empresa que fundei em CURITIBA/PR. Sou o Gestor editorial e o Agente Literário. OBJETIVO: publicação de livros em pequenas tiragens a partir de 20 até 100 exemplares. Preparo os originais e entrego o livro-modelo pronto ao autor. Diagramado, arte finalizado e impresso. Informações e orçamento: (62) 99117-8222 WhatsApp - E-mail: es.escritor1199@gmail.com (Escritor e Editor EUGENIO SANTANA)
terça-feira, 8 de agosto de 2023
JARDIM DA ALMA
Há um jardim secreto, um jardim interior dentro de cada um de nós, em nossa Alma! Todas as vezes que precisamos de força, coragem, fé e esperança, então nos recolhemos em nosso silêncio, em um momento de oração, e introspecção, com os olhos fechados, respirando calmamente, e imaginamos o nosso caminhar no mais belo dos Jardins, o Jardim da Alma. Nesse momento, não devemos pensar em nossos problemas, mas focar nossa energia vital na resolução dos problemas, na Alegria, na Luz e na Paz. O Jardim da Alma é um espaço interior que conecta nossa Alma à Natureza e à Essência da Vida! (Eugenio Santana)
PERTENCIMENTO?!
Eu me perdi de mim. Me perdi em meio aos momentos de crise, me perdi em meio aos surtos de ansiedade. Me perdi. Não me considero nem sombra da pessoa que eu costumava ser tempos atrás. Perdi a vontade, perdi o interesse em coisas que antes eram consideradas de extremo valor pra mim.
Fato é que é duro se perder da gente. A gente se ama tanto, a gente se cuida tão bem pra do nada a vida vir te golpear e você se esquecer daquela pessoa maravilhosa que você foi um dia...
sexta-feira, 28 de abril de 2023
FRAGMENTADO (*)
Há muito tempo meus escritos sangram. Olhos perplexos – pupilas dilatadas, alma imolada – coração partido. Sigo o roteiro dos pássaros e dos visionários e a angústia é tamanha que não caberia na taça de cicuta de todos os poetas alados abandonados pelo desencanto e a neuroforia de um mundo que jamais lhes pertencera. Quem realmente me amou – foram três aquelas que me amaram?! Talvez não existam mais para os festins do amor do ex-Adônis de Paracatu... Apenas cinzas e sombras celebram e um anjo guardião protege-me, atento ao que restou dos meus próprios fragmentos. (*) EUGENIO SANTANA é Escritor,jornalista, ensaísta, gestor editorial, agente literário, ornitólogo e rosacruz. Aposentado, radicou-se em Curitiba em 2017, dezenove prêmios literários, quinze livros publicados. Contratado por dez anos pela MADRAS EDITORA. (41) 9.9909-8795 WhatsApp)
sexta-feira, 14 de abril de 2023
TEU JARDIM, MÃE...
IInfima asa de memória ardente do poetalado, Mãe. Tão lúcida! E lancinante foi o sofrimento e a dor inominável – e minhas lágrimas petrificadas... Recente foi o teu Voo na Asa inexorável do Tempo. Partiu na tarde de nuvens cinzentas. Meu coração? Partido; minha alma? Imolada. Minha Mãe partiu – viajou, etérea; diáfana, translúcida. Momento único em que não se repartiu – e não se fragmentou. A sua morte não repartiu – alçou íntegro e belo Vôo anímico e cumpriu – bravamente – a sua Missão no “vale de lágrimas” ou planeta-escola. Afinal, viver é um jardim precário e efêmero. Mas vejo em teu jardim a perenidade da madressilva, miosótis, hortênsias, rosas vermelhas, samambaias e jasmins. Porque é bonito o Eterno. E porque é lindo o Jardim. Sim! O dia amanhece por meio da Aurora, inapelavelmente... E nestas manhãs de outono os vizinhos passam em frente da nossa casa e não te acenam mais. Acenam para o jardim desolado, por hábito, medo da morte, perplexidade. E pela sagrada Luz do Astro-rei que ainda estremece face ao teu (reen)canto. Ainda assim, Mãe, é noite em teu jardim cósmico. Por mais que amanheça, por mais que floresça o meu olhar vaga – lume... (EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta – em memória de minha amada mãe Adília Santana. Amor? Infinito! Gratidão? Eterna)
segunda-feira, 30 de janeiro de 2023
SINFONIA INACABADA (*)
Vivemos sendo colocados à prova. Dia sim, dia também, a vida nos cobra decisões, posições, atitudes. Escolhas feitas no passado, estão sempre prontas, transformadas em consequências e embrulhadas num pacote de presente a nos esperar, na próxima esquina, no travesseiro onde tentamos repousar nossas confusas cabeças à noite, no despertar da manhã.
Ao contrário do que vivemos querendo acreditar, muito poucas vezes nos cabe o papel de vítima. Em uma maioria esmagadora de vezes, o que nos acontece é fruto, consequência, resultado de nossos próprios atos, tenham sido eles gestos honrados, atitudes covardes ou rompantes de bravura. Nada é capaz de nos proteger de nós mesmos. Nada!
Viver não é um risco calculado. Está longe de ser um projeto idealizado. É a cada dia da vida, com pequenos passos e gestos miúdos que vamos delineando a nossa própria sorte. Construímos nossa história lá na frente com tijolinhos colecionados lá atrás. Juntamos aos tijolinhos, pedrinhas que colhemos no caminho; algumas escolhidas em momentos bem vividos, outras tantas atiradas sobre nós. E, o que dá a liga nessa sempre interminada obra, é a nossa essência, pautada em nosso caráter e moldada por nossa capacidade de interpretar cada obstáculo como um sedutor desafio.
E, a cada página escrita desse conto desconstruído, vamos nos vendo em pequenas frestas de luz e de sombras. Vamos experimentando a glória do protagonismo, a secundária presença do coadjuvante, a plácida alienação do cenário, a silenciosa participação dos figurantes.
O drama nos pega pelas veias mais intensas e nos confronta com a interpretação do real, inundando a tela de tons opacos e, ao mesmo tempo, carregados das cores primitivas das emoções que nos movem nas desencontradas melodias da vida.
E, entre notas, compassos, timbres e tons, não nos esqueçamos que a sinfonia pode sair completamente distorcida, caso descuidemos desse instrumento multiforme e perfeitamente arquitetado que nos serve de morada à alma. Olhemos para os nossos pés, com o devido respeito que merecem os alicerces. Contemplemos nossas mãos com a humilde reverência destinada aos milagres. Dediquemos aos nossos olhos e ouvidos a atenção devida aos portais de sabedoria. Que a nossa boca seja provida e provedora de delicadezas puras. Que nossa pele seja proteção e contato com o sentimento antes do toque. Que nosso prazer seja alimento e alento para nos ensinar que, ao nos diluirmos uns nos outros, é que nos reencontramos inteiros no líquido universal da vida.
E, então, talvez um dia, com todos nossos sentidos despertos e confessos, sejamos capazes de compreender que essa nossa transitoriedade é tanto assustadora quanto maravilhosa. Morremos um pouquinho a cada instante; a cada beijo de amor que nos rouba o fôlego; a cada desencanto que nos reduz a lágrimas; a cada limitação vencida que nos convence e insistir, persistir, superar. Que a nossa data de validade seja a nossa compreensão, enfim, de que é em nossa finitude que reside a razão de ainda estarmos vivos, e não apenas respirando.
(*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, agente literário, biógrafo, copidesque e revisor de texto. Autor de 15 livros publicados, "Ventos fortes, raízes profundas", é um deles, Madras editora, SP. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com
segunda-feira, 21 de novembro de 2022
ZÉFIRO
Há muito vou indo como zéfiro respirando pelas causas desta Terra e os sustos viajando íntimo de mim. Que se busca e se acha pelos meios de seu fim: o amor. A vida é sempre nua e crua em suspense de telenovela que atua pelos dias findos no resgate do legado quase vindo além do contrário de ser, ter o que não se tem lamentável mente. Só quem navega em luz sabe do naufrágio da escuridão escoando pelos dedos e o mar do coração. Inventariado – e isso faz de mim a pureza dos pecados por amar demais profundamente sob o raso das alturas e o repente ser. Nada me prende a nada senão o tudo da quase estrada para nunca mais! (Eugenio Santana)
segunda-feira, 7 de novembro de 2022
OLHOS DA ALMA (*)
Quando me olhei no espelho, e olhei dentro de meus olhos, eu percebi que eu mudei, que amadureci, Notei que mudei, porque já passei por tantas e diferentes experiências, que me fizeram aprender com meus próprios erros, também notei que mudei porque me decepcionei com pessoas que chamei de amigos, com quem já chamei de amor, mas também mudei porque conheci pessoas tão especiais que com o tempo fui me inspirando nelas e com algumas aprender muito para que me tornasse uma pessoa diferente do que eu era, e quem sabe eu tenha me tornado uma pessoa bem melhor hoje. E dai eu notei que o tempo passou, eu mudei, mas nem tudo e nem todos me acompanharam... Mas uma coisa eu tenho certeza, quem me fez ser o que sou hoje foi DEUS... Ele que me transformou... Confio somente Nele e Ele tudo faz em minha vida.
(*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista e ensaísta. 15 livros publicados. (41) 9.9909-8795 WhatsApp e (41) 3236-5852
quinta-feira, 3 de novembro de 2022
MEMÓRIAS DO OLVIDO
Passei por tudo. Ou tudo passou por mim?
Inclusive pelo teu labirinto. Terror e trevas. Venci.
Memórias?
Livros publicados, árvores plantadas.
Pai e mãe? Espelho. Referência!
Filhos ou filhas?
Raízes genealógicas. Além disso, leia Gibran.
O ter sobre o “ser” prevalece hoje, antes e depois de Cristo.
Quem sou?
Utopista-humanista. Ainda.
Apenas um perfil perdido nas paredes do tempo e nas asas
Da memória.
Luto por um planeta melhor a partir de mim mesmo.
Só é possível a revolução por meio do amor incondicional.
Sangue é libertação.
Quanto ao país?
Jamais foi sério!
E conheço Brasília e seus poderes podres. Durante 14 anos atuei na iniciativa privada daquela “capital”.
Fui Amigo, na Asa Norte, de Renato Russo e Cássia Eller, entre outros.
Depois de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Joinville, Florianópolis, Manaus, Uberaba, Franca, Anápolis, Goiânia, Macapá? Nada me comove!
Enganei-me com Minas Gerais. Lamento profundamente ter voltado ao “estado” em que nasci, após 30 anos ausente.
Em 2021 aposentei-me por TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. Afinal, na infância, aos 5 anos, eu já trabalhava na "Fazenda Aldeia de Cima", do meu avô materno José Ulhôa Sant'Anna. Inevitavelmente, o LABOR chegou muito cedo em minhas mãos, fortíssima herança paterna.
A partir de fevereiro de 2017, vim morar em Curitiba, PR, por conta do clima europeu. Sou como os gatos: eu gosto é do "lugar".
E quanto às memórias do esquecimento?
Estão trancadas numa secreta gaveta numa imponente casa no Riio de Janeiro. Quanto à chave joguei na praia de shangrilá, no litoral paranaense.
Eu sou jornalista, escritor, poeta, gestor editorial, agente literário, ex dono de uma revista, um jornal e uma editora que reabri aqui em Curitiba.Relações públicas, copidesque, revisor de textos ex superintendente de imprensa no Rio de Janeiro e, acima de tudo, um ser humano sempre trilhando o Caminho da Luz. (WRITER AND JOURNALIST BY EUGENIO SANTANA, FRC)
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
PASSOU TUDO...
Sofrimento, remorso, expectativa, ilusões, crenças, convicções, incertezas, solidões, saudades. Resta o homem velho ESQUECIDO, abandonado, ignorado; mergulhado no ostracismo. Um Rimbaud na Abissínia, um E.M.Cioran exilado em Paris; e, por fim, vejo Edgar - O Allan Poe - sussurrando Lenora, Lenora e na janela pousado, o Corvo - com olhar melancólico. Assim como nasce, o ser fenece como o Crepúsculo e a Aurora embora eu tenha dúvidas sobre a imortalidade da alma. Holístico, tenho a face da Natureza humana tatuada em meus olhos embaçados. Ajoelho e choro. Oro. Sei que o Arquétipo de Hórus é meu seguidor e me persegue uma vontade irresistível de voar e transcender. Gratidão à Terra pelo retorno ao pó... (Escritor/Jornalista/Ensaísta EUGENIO SANTANA)
sábado, 24 de setembro de 2022
A TERCEIRA MARGEM E O PLANO INFINITO
Governarei minha vida e meus pensamentos como se todo o mundo enxergasse um e lesse o outro. Qual a finalidade de ter segredos para o meu vizinho se Deus, o investigador do nosso coração, tem acesso a toda a nossa privacidade? Assim como a lagarta passa para outra folha da planta quando chega ao final da anterior, a alma passa para outro corpo quando deixa para trás o corpo anterior e a insensatez. Pois nada trouxemos a este mundo e certamente nada levaremos dele. Levante-se cedo e reflita sobre seus atos e sobre o mundo que está por vir; pode estar certo de que os frutos de seus atos refletirão sobre você. Você, que foi separado de Deus em Sua solidão pelo abismo do tempo, como pode esperar alcançá-lo sem morrer? Nenhuma alma pode ser destruída por armas, queimada pelo fogo, apodrecida pela água ou erodida pelo vento. Morrer não é extinguir a luz; morrer é apagar as estrelas porque a aurora chegou. Este corpo não é um lar, mas uma estalagem, e apenas por pouco tempo. A morte é certa para aquele que nasce, assim como o nascimento é certo para quem morre. Portanto, não lamente o inevitável. O último dia não nos traz a extinção, mas uma mudança de lugar. Os amigos e parentes que você perdeu não estão mortos, apenas se foram antes, avançaram um ou dois estágios na estrada que você também deverá trilhar. (Escritor/jornalista/ensaísta EUGENIO SANTANA, FRC)
INTERMITÊNCIAS DO CORAÇÃO
A duração, o tempo que passa e está sempre fugindo, mobiliza em Proust o desejo de escrever, e é no embate da arte e da morte, no tormento dos acréscimos, que ele escreve os seis volumes de Em busca do tempo perdido. Desafio que se manifesta em frases que transbordam e se alongam numa inquietude absoluta. Mas o caudaloso do estilo também convive com o clássico, em frases como: “O amor é o espaço e o tempo tornados sensíveis ao coração”, ou: “A gente não ama ninguém quando ama.” E é justamente ao falar do amor que o escritor nos fala como por máximas. Mas estas são sempre provisórias ou parciais. Se ele convoca ou declama os clássicos, os conteúdos que importam são os involuntários e afetivos. (EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista e ensaísta literário)
domingo, 18 de setembro de 2022
PÉGASO
Um homem místico escutou o tropel de um cavalo alado. Dizem que é Perseu cavalgando Pégaso sobre as nuvens do tempo, ou será um templário, cátaro ou Rosacruz?
Talvez seja um nobre guerreiro cujo templo fica além das montanhas da Utopia. Parece um encontro onírico, uma lenda ou apenas mais uma historia que um ancestral me contou.
No túnel do tempo, não há como retornar, verdadeira viagem sem volta? Existe apenas um lampejo de esperança no pensamento que o mestre grego escreveu.
Devemos viver completamente em função do hoje. Aqui. Agora. A foice e o ceifador são implacáveis. O trigo será colhido na devida hora e os mesmos cachos voltarão a nascer para alimentar os mesmos homens.
Cristo prepara a bagagem da parusia para novamente multiplicar e compartilhar peixes e pães. (Writer and journalist by Eugenio Santana)
sexta-feira, 16 de setembro de 2022
PÁSSAROS DA AURORA (*)
Estar vivo é milagre permanente. Por muito pouco a vida se esvai: um coágulo de sangue no cérebro, um tropeção, o vírus, a bala perdida, o acidente de trânsito.
A cada aurora, o renascer. Agora sei por que o bebê faz manha à hora em que o sono começa a vencer-lhe a resistência. Teme a morte, a segregação do aconchego, o retorno às cavernas uterinas. O sono apaga-lhe os sentidos, a consciência, o (con)tato com mãos e olhares afetuosos.
De minhas ranhuras brota delicado som de flauta e violino. Não sou dado ao absinto e sei que a vida é aposta. Todas as minhas fichas estão postas no tabuleiro dos deserdados e excluídos e na felicidade compartilhada. Jogo ao lado dos perdedores. É apenas isto que me interessa: ao faminto, o pão e a paz. De que valem todos os poderes do mundo se não enchem um prato de comida? De que valem todos os reinos se não plenificam a alma com o sabor do morango?
Não sou predador de pássaros. Quero-os vivos, livres, o vôo esperto atravessando as asas do vento. Quero-os saltitantes entre as flores que cultivo no jardim da memória. Quero-os gorjeando sinfonias matutinas. Quero-os despertando-me, sem, contudo me provocarem a vertigem das alturas.
Chega de abortos! Quero a vida despontando na cidadania plena, na obstinação dos inconformistas, na ociosidade intemporal dos mendigos, nas mulheres condenadas a bordar dores incolores, na despossuída humilhação dos que suplicam por um pedaço de terra, de chão, de casa, de direito. Tenhamos todos acesso à vida, distribuída com fartura como pão quente pela manhã, sem jamais temer as intermitências da morte. D/amor/te.
Quero um tempo de livros saboreados como pipoca, o corpo saciado de apetites, a mente livre de dúvidas, a alma matriculada num corpo de baile, ao som dos mistérios mais profundos. E de pássaros orquestrados pela aurora, rios desnudados pela transparência das águas, pulmões exultantes de ar puro e mesa farta de manjares dionisíacos.
Reparto meu pão com (sol)dados de afetos, dançarinos trôpegos de incertezas, duendes que povoam alucinados meu imaginário, musas incorrigíveis de meu fragmento literário, anjos protetores de minha frágil fé e místicos que revelam o pior de mimesmo. Neste mundo desencantado, mas não redimido, neles sorvo a minha regeneração como as anfípodas que, no fundo mais profundo dos oceanos, se banqueteiam de flocos de matéria orgânica.
(*) EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista MTb 1319. Membro da ADESG-DF – Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, colaborador do Greenpeace-SP. Autor de 15 Livros publicados. Gestor editorial, Ensaísta e Redator publicitário. E-mail: es.escritor1199@gmail.com / Aposentado, radicou-se em Curitiba, PR, em fevereiro de 2017. WhatsApp: (41) 9.9909-8795
segunda-feira, 5 de setembro de 2022
CAVALOS SELVAGENS (*)
As promessas são a única maneira verdadeiramente humana de pôr ordem no futuro, pois o tornam tão previsível e confiável quanto seria humanamente possível. Aquilo que esperamos raramente ocorre; aquilo que não esperamos costuma acontecer. Enquanto a palavra permanece calada, você a controla; assim que ela é pronunciada, você se torna seu escravo. Seja lá o que você tem na cabeça, esqueça; seja lá o que você tem na mão, doe a alguém; seja qual for o seu destino, enfrente-o! O sábio aprecia mais o desprezo arrogante do que o elixir dos deuses. A humildade dorme profundamente à noite. O orgulho vive acordado, temeroso da própria queda. Quando perdemos o discernimento e somos incapazes de controlar a mente, nossos sentidos não nos obedecem, do mesmo modo que cavalos selvagens não obedecem ao cocheiro. Se a clareza da água vem de sua imobilidade, o mesmo se pode dizer da mente. Em repouso, a mente do sábio se torna o espelho do universo e de toda a criação. Aqueles que voam acima dos mares trocam de céu, mas não de alma. Com frequência tentamos conseguir a paz interior mudando de ambiente, mas sempre levaremos conosco a bagagem de nossos pensamentos e sentimentos. A verdadeira jornada em direção ao contentamento e à serenidade é uma viagem de autoconhecimento. Na Grécia antiga, o oráculo de Delfos recebia a visita de muitas pessoas em busca de uma resposta aos seus problemas ou de uma afirmação sobre o futuro. Frequentemente, contudo, a resposta era ambígua. Creso, o poderoso rei da Lídia, ouviu que sua guerra contra os persas destruiria um grande império. Ele partiu sem medo, mas o império que caiu foi o dele. A verdade pode parecer o seu oposto.
(*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, publicitário, relações públicas, copidesque e revisor de textos. Autor de 15 livros publicados. Articulista do jornal Diário da Manhã. Ex-Superintendente de Imprensa no Governo do Rio de Janeiro. E-mail: es.escritor1199@gmail.com - WhatsApp: (41) 9.9909-8795 (WhatgsApp
domingo, 30 de janeiro de 2022
SINFONIA INACABADA (*)
Vivemos sendo colocados à prova. Dia sim, dia também, a vida nos cobra decisões, posições, atitudes. Escolhas feitas no passado, estão sempre prontas, transformadas em consequências e embrulhadas num pacote de presente a nos esperar, na próxima esquina, no travesseiro onde tentamos repousar nossas confusas cabeças à noite, no despertar da manhã.
Ao contrário do que vivemos querendo acreditar, muito poucas vezes nos cabe o papel de vítima. Em uma maioria esmagadora de vezes, o que nos acontece é fruto, consequência, resultado de nossos próprios atos, tenham sido eles gestos honrados, atitudes covardes ou rompantes de bravura. Nada é capaz de nos proteger de nós mesmos. Nada!
Viver não é um risco calculado. Está longe de ser um projeto idealizado. É a cada dia da vida, com pequenos passos e gestos miúdos que vamos delineando a nossa própria sorte. Construímos nossa história lá na frente com tijolinhos colecionados lá atrás. Juntamos aos tijolinhos, pedrinhas que colhemos no caminho; algumas escolhidas em momentos bem vividos, outras tantas atiradas sobre nós. E, o que dá a liga nessa sempre interminada obra, é a nossa essência, pautada em nosso caráter e moldada por nossa capacidade de interpretar cada obstáculo como um sedutor desafio.
E, a cada página escrita desse conto desconstruído, vamos nos vendo em pequenas frestas de luz e de sombras. Vamos experimentando a glória do protagonismo, a secundária presença do coadjuvante, a plácida alienação do cenário, a silenciosa participação dos figurantes.
O drama nos pega pelas veias mais intensas e nos confronta com a interpretação do real, inundando a tela de tons opacos e, ao mesmo tempo, carregados das cores primitivas das emoções que nos movem nas desencontradas melodias da vida.
E, entre notas, compassos, timbres e tons, não nos esqueçamos que a sinfonia pode sair completamente distorcida, caso descuidemos desse instrumento multiforme e perfeitamente arquitetado que nos serve de morada à alma. Olhemos para os nossos pés, com o devido respeito que merecem os alicerces. Contemplemos nossas mãos com a humilde reverência destinada aos milagres. Dediquemos aos nossos olhos e ouvidos a atenção devida aos portais de sabedoria. Que a nossa boca seja provida e provedora de delicadezas puras. Que nossa pele seja proteção e contato com o sentimento antes do toque. Que nosso prazer seja alimento e alento para nos ensinar que, ao nos diluirmos uns nos outros, é que nos reencontramos inteiros no líquido universal da vida.
E, então, talvez um dia, com todos nossos sentidos despertos e confessos, sejamos capazes de compreender que essa nossa transitoriedade é tanto assustadora quanto maravilhosa. Morremos um pouquinho a cada instante; a cada beijo de amor que nos rouba o fôlego; a cada desencanto que nos reduz a lágrimas; a cada limitação vencida que nos convence e insistir, persistir, superar. Que a nossa data de validade seja a nossa compreensão, enfim, de que é em nossa finitude que reside a razão de ainda estarmos vivos, e não apenas respirando.
(*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, agente literário, biógrafo, copidesque e revisor de texto. Autor de 15 livros publicados, "Ventos fortes, raízes profundas", é um deles, Madras editora, SP. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com
domingo, 16 de janeiro de 2022
NAS CURVAS DA ALMA, HISTÓRIAS QUE EU NÃO VIVI... (*)
Cada história que eu não vivi me habita. Elas são muitas e acontecem dentro de mim, repetidamente, sem fim. Elas são a trama que enreda a minha alma. Histórias ciganas, nômades, eu nunca sei como terminam ou para onde vão me levar. Mas, ainda assim, são as minhas histórias.
Elas me pertencem mais do que as histórias que aconteceram. Essas, que existiram, se realizaram e passaram. Elas se esgotaram em suas possibilidades. Mas não as histórias que eu não vivi. Essas, ahhhh... essas são eternas. Elas nunca se esgotam. No máximo, se escondem.
Cada história que eu não vivi me deixou uma marca indelével que me acompanha, sempre. Elas vêm comigo para o próximo amor, para a próxima aventura, para o próximo trabalho. Aí eu aprendi a viver essas histórias refletidas em outras. Gosto de acreditar que, desse jeito, elas se realizam e me abandonam, que assim eu consigo dizer o não dito, sentir o não sentido, esquecer o não vivido. Sou capaz de amar o amor que abortou a cada próximo beijo, de reinventar o prazer de sentir a cada nova paixão. Faço melhor, sabe? Um novo corpo para aproveitar o êxtase.
Por isso cada história que não vivi me leva para a próxima, para a dúvida, para a seguinte. O que eu não vivi me impulsiona.
O perigo é que, às vezes, me pego querendo viver o que não aconteceu. Imagino. Imagino com tanta força que acho que você também sente. Que me responde, que me vive na minha imaginação e assim a gente realiza a história que não pode, à distância. Em separado. Por telepatia e que acontecem só na minha cabeça.
É tão concreta a vontade de viver coisas impossíveis que eu chego a falar alto, sozinho em casa, pra dar um corpo pra isso que não sai de mim. É o meu jeito de exorcizar você de mim. De nomear as emoções que nunca se formam, que nunca se condensam e chovem, que eu nunca sei exatamente o que são. Aí elas são. Você também não tem emoções que não reconhece? Não?
Por isso eu preciso viver dentro de mim as coisas que me foram roubadas. Elas precisam se tornar concretas para que eu consiga me livrar da sombra de cada uma e soltá-las no mundo. É que a gente fica preso mais à hipótese do que aos erros: os meus, os dela, os nossos, os desencontros.
Entenda que o universo do “se” é um abismo infinito. Em espiral, com muitos afluentes. Fácil se perder nas trilhas do futuro do pretérito, nas paisagens que não vimos, mas poderíamos. O futuro do pretérito é a matéria com que eu construo paralelos intransponíveis.
Você vai me julgar? Por eu insistir em viver o que não vivi? Ou prefere fazer assim, como qualquer um, e se afogar na frustração do foi? Quer se ver preso à trama impenetrável do não? É que o não destrava a armadilha nômade da alma: “e se”? Mas aí você finge que não vê. Ignora os fantasmas que flutuam no redemoinho da existência. Só que eles voltam, meu caro, para assombrar cada domingo à noite, cada esbórnia ou, assim, de repente, sem avisar, num trânsito engarrafado.
Não me confunda, meu amor, não. Não é a dúvida o problema. É a espiral da hipótese. Quem nunca se perdeu no que é imaginado?
Ela, meu caro, é um abismo. Não o beletrista, mas a imaginação. E a vida, ahhh…, a vida é uma flecha. Ela tem muitos sentidos, mas uma única direção: pra frente. Ela não faz curvas. Já a nossa alma, faz.
Por isso eu exorcizo as histórias que não vivi como posso. Pra que elas não vivam por mim as outras vidas que ainda vão ser as minhas e tecer quem eu sou na trama dos seus fracassos. Esse é futuro do pretérito que eu inventei para ser livre.
Sempre gostei do começo da bíblia. Sabe aquela história do “e Deus disse: faça-se a luz. E a luz foi feita”? A palavra é concreta. É uma força criadora. Por isso eu vivo nela as coisas que não vivi no encontro. É que eu sou arrogante e aprendi a nomear o inominável, o que ainda vai vir.
(*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, blogueiro, relações públicas, copidesque, biógrafo; gestor editorial, agente literário, redator publicitário. Autor de 15 livros publicados e dentre as suas grandes obras está em seu portfólio o bestseller "VENTOS FORTES, RAÍZES PROFUNDAS", Madras editora. Radicado em Curitiba há mais de 4 anos. (41) 9.9909-8795 WhatsApp
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