segunda-feira, 5 de setembro de 2022

CAVALOS SELVAGENS (*)

As promessas são a única maneira verdadeiramente humana de pôr ordem no futuro, pois o tornam tão previsível e confiável quanto seria humanamente possível. Aquilo que esperamos raramente ocorre; aquilo que não esperamos costuma acontecer. Enquanto a palavra permanece calada, você a controla; assim que ela é pronunciada, você se torna seu escravo. Seja lá o que você tem na cabeça, esqueça; seja lá o que você tem na mão, doe a alguém; seja qual for o seu destino, enfrente-o! O sábio aprecia mais o desprezo arrogante do que o elixir dos deuses. A humildade dorme profundamente à noite. O orgulho vive acordado, temeroso da própria queda. Quando perdemos o discernimento e somos incapazes de controlar a mente, nossos sentidos não nos obedecem, do mesmo modo que cavalos selvagens não obedecem ao cocheiro. Se a clareza da água vem de sua imobilidade, o mesmo se pode dizer da mente. Em repouso, a mente do sábio se torna o espelho do universo e de toda a criação. Aqueles que voam acima dos mares trocam de céu, mas não de alma. Com frequência tentamos conseguir a paz interior mudando de ambiente, mas sempre levaremos conosco a bagagem de nossos pensamentos e sentimentos. A verdadeira jornada em direção ao contentamento e à serenidade é uma viagem de autoconhecimento. Na Grécia antiga, o oráculo de Delfos recebia a visita de muitas pessoas em busca de uma resposta aos seus problemas ou de uma afirmação sobre o futuro. Frequentemente, contudo, a resposta era ambígua. Creso, o poderoso rei da Lídia, ouviu que sua guerra contra os persas destruiria um grande império. Ele partiu sem medo, mas o império que caiu foi o dele. A verdade pode parecer o seu oposto. (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, publicitário, relações públicas, copidesque e revisor de textos. Autor de 15 livros publicados. Articulista do jornal Diário da Manhã. Ex-Superintendente de Imprensa no Governo do Rio de Janeiro. E-mail: es.escritor1199@gmail.com - WhatsApp: (41) 9.9909-8795 (WhatgsApp

domingo, 30 de janeiro de 2022

SINFONIA INACABADA (*)

Vivemos sendo colocados à prova. Dia sim, dia também, a vida nos cobra decisões, posições, atitudes. Escolhas feitas no passado, estão sempre prontas, transformadas em consequências e embrulhadas num pacote de presente a nos esperar, na próxima esquina, no travesseiro onde tentamos repousar nossas confusas cabeças à noite, no despertar da manhã. Ao contrário do que vivemos querendo acreditar, muito poucas vezes nos cabe o papel de vítima. Em uma maioria esmagadora de vezes, o que nos acontece é fruto, consequência, resultado de nossos próprios atos, tenham sido eles gestos honrados, atitudes covardes ou rompantes de bravura. Nada é capaz de nos proteger de nós mesmos. Nada! Viver não é um risco calculado. Está longe de ser um projeto idealizado. É a cada dia da vida, com pequenos passos e gestos miúdos que vamos delineando a nossa própria sorte. Construímos nossa história lá na frente com tijolinhos colecionados lá atrás. Juntamos aos tijolinhos, pedrinhas que colhemos no caminho; algumas escolhidas em momentos bem vividos, outras tantas atiradas sobre nós. E, o que dá a liga nessa sempre interminada obra, é a nossa essência, pautada em nosso caráter e moldada por nossa capacidade de interpretar cada obstáculo como um sedutor desafio. E, a cada página escrita desse conto desconstruído, vamos nos vendo em pequenas frestas de luz e de sombras. Vamos experimentando a glória do protagonismo, a secundária presença do coadjuvante, a plácida alienação do cenário, a silenciosa participação dos figurantes. O drama nos pega pelas veias mais intensas e nos confronta com a interpretação do real, inundando a tela de tons opacos e, ao mesmo tempo, carregados das cores primitivas das emoções que nos movem nas desencontradas melodias da vida. E, entre notas, compassos, timbres e tons, não nos esqueçamos que a sinfonia pode sair completamente distorcida, caso descuidemos desse instrumento multiforme e perfeitamente arquitetado que nos serve de morada à alma. Olhemos para os nossos pés, com o devido respeito que merecem os alicerces. Contemplemos nossas mãos com a humilde reverência destinada aos milagres. Dediquemos aos nossos olhos e ouvidos a atenção devida aos portais de sabedoria. Que a nossa boca seja provida e provedora de delicadezas puras. Que nossa pele seja proteção e contato com o sentimento antes do toque. Que nosso prazer seja alimento e alento para nos ensinar que, ao nos diluirmos uns nos outros, é que nos reencontramos inteiros no líquido universal da vida. E, então, talvez um dia, com todos nossos sentidos despertos e confessos, sejamos capazes de compreender que essa nossa transitoriedade é tanto assustadora quanto maravilhosa. Morremos um pouquinho a cada instante; a cada beijo de amor que nos rouba o fôlego; a cada desencanto que nos reduz a lágrimas; a cada limitação vencida que nos convence e insistir, persistir, superar. Que a nossa data de validade seja a nossa compreensão, enfim, de que é em nossa finitude que reside a razão de ainda estarmos vivos, e não apenas respirando. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, agente literário, biógrafo, copidesque e revisor de texto. Autor de 15 livros publicados, "Ventos fortes, raízes profundas", é um deles, Madras editora, SP. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com

domingo, 16 de janeiro de 2022

NAS CURVAS DA ALMA, HISTÓRIAS QUE EU NÃO VIVI... (*)

Cada história que eu não vivi me habita. Elas são muitas e acontecem dentro de mim, repetidamente, sem fim. Elas são a trama que enreda a minha alma. Histórias ciganas, nômades, eu nunca sei como terminam ou para onde vão me levar. Mas, ainda assim, são as minhas histórias. Elas me pertencem mais do que as histórias que aconteceram. Essas, que existiram, se realizaram e passaram. Elas se esgotaram em suas possibilidades. Mas não as histórias que eu não vivi. Essas, ahhhh... essas são eternas. Elas nunca se esgotam. No máximo, se escondem. Cada história que eu não vivi me deixou uma marca indelével que me acompanha, sempre. Elas vêm comigo para o próximo amor, para a próxima aventura, para o próximo trabalho. Aí eu aprendi a viver essas histórias refletidas em outras. Gosto de acreditar que, desse jeito, elas se realizam e me abandonam, que assim eu consigo dizer o não dito, sentir o não sentido, esquecer o não vivido. Sou capaz de amar o amor que abortou a cada próximo beijo, de reinventar o prazer de sentir a cada nova paixão. Faço melhor, sabe? Um novo corpo para aproveitar o êxtase. Por isso cada história que não vivi me leva para a próxima, para a dúvida, para a seguinte. O que eu não vivi me impulsiona. O perigo é que, às vezes, me pego querendo viver o que não aconteceu. Imagino. Imagino com tanta força que acho que você também sente. Que me responde, que me vive na minha imaginação e assim a gente realiza a história que não pode, à distância. Em separado. Por telepatia e que acontecem só na minha cabeça. É tão concreta a vontade de viver coisas impossíveis que eu chego a falar alto, sozinho em casa, pra dar um corpo pra isso que não sai de mim. É o meu jeito de exorcizar você de mim. De nomear as emoções que nunca se formam, que nunca se condensam e chovem, que eu nunca sei exatamente o que são. Aí elas são. Você também não tem emoções que não reconhece? Não? Por isso eu preciso viver dentro de mim as coisas que me foram roubadas. Elas precisam se tornar concretas para que eu consiga me livrar da sombra de cada uma e soltá-las no mundo. É que a gente fica preso mais à hipótese do que aos erros: os meus, os dela, os nossos, os desencontros. Entenda que o universo do “se” é um abismo infinito. Em espiral, com muitos afluentes. Fácil se perder nas trilhas do futuro do pretérito, nas paisagens que não vimos, mas poderíamos. O futuro do pretérito é a matéria com que eu construo paralelos intransponíveis. Você vai me julgar? Por eu insistir em viver o que não vivi? Ou prefere fazer assim, como qualquer um, e se afogar na frustração do foi? Quer se ver preso à trama impenetrável do não? É que o não destrava a armadilha nômade da alma: “e se”? Mas aí você finge que não vê. Ignora os fantasmas que flutuam no redemoinho da existência. Só que eles voltam, meu caro, para assombrar cada domingo à noite, cada esbórnia ou, assim, de repente, sem avisar, num trânsito engarrafado. Não me confunda, meu amor, não. Não é a dúvida o problema. É a espiral da hipótese. Quem nunca se perdeu no que é imaginado? Ela, meu caro, é um abismo. Não o beletrista, mas a imaginação. E a vida, ahhh…, a vida é uma flecha. Ela tem muitos sentidos, mas uma única direção: pra frente. Ela não faz curvas. Já a nossa alma, faz. Por isso eu exorcizo as histórias que não vivi como posso. Pra que elas não vivam por mim as outras vidas que ainda vão ser as minhas e tecer quem eu sou na trama dos seus fracassos. Esse é futuro do pretérito que eu inventei para ser livre. Sempre gostei do começo da bíblia. Sabe aquela história do “e Deus disse: faça-se a luz. E a luz foi feita”? A palavra é concreta. É uma força criadora. Por isso eu vivo nela as coisas que não vivi no encontro. É que eu sou arrogante e aprendi a nomear o inominável, o que ainda vai vir. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, blogueiro, relações públicas, copidesque, biógrafo; gestor editorial, agente literário, redator publicitário. Autor de 15 livros publicados e dentre as suas grandes obras está em seu portfólio o bestseller "VENTOS FORTES, RAÍZES PROFUNDAS", Madras editora. Radicado em Curitiba há mais de 4 anos. (41) 9.9909-8795 WhatsApp

ENFRENTANDO CULPAS E REMORSOS (*)

A culpa acompanha marcadamente a humanidade - devem ter surgido juntas, inclusive -, marcando presença nas narrações míticas e mitológicas, nas lendas, romances, poemas, textos bíblicos, novelas, músicas, fatos históricos, filmes, seguindo firme em nosso dia-a-dia. O sentimento de culpa é onipresente, onipotente e onisciente, pois impregna nossa existência e nos remete a eventos significativos de nossas vidas, desde que nascemos, até a nossa morte. A culpa é o preço que pagamos por podermos escolher dentre as várias opções com as quais nos deparamos, continuamente, em casa, na escola, no trabalho, na rua, ao longo de nossas vidas, pela vida toda. A cada escolha que fazemos, deixamos para trás outras possibilidades, outros horizontes, outros caminhos, sendo inevitável, em algum ponto, questionarmos, cá com nossos botões, se fizemos a escolha certa. E, fatalmente, haveremos de ficar imaginando como seria, onde e com quem estaríamos, em que trabalharíamos, caso tivéssemos optado por uma outra alternativa. Inevitavelmente, a culpa traz consigo o remorso, um dos sentimentos mais cruéis dentre todos, pois parece que nada o alivia na sua forma latejante e ininterrupta de se instalar dentro de nós. De forma avassaladora, a culpa e o remorso podem devastar nossos sentidos e quase sempre vencer as batalhas que travamos na tentativa de neutralizá-los. Trata-se, pois, de uma luta diária. Aquilo que deixamos de fazer, as palavras não ditas ou desditas, o não engolido, o sim forçado, a entrega duvidosa, o abraço recusado, o olhar desviado, o veneno experimentado, o mal destilado: teremos sempre muito do que nos arrepender, pelo resto de nossas vidas, afinal, por mais conquistas que obtivermos, por mais que estejamos felizes - ou não -, nossa vida poderia ter sido diferente; se melhor ou pior, não dá para saber. Porém, desejosos de sempre mais, acabamos, na maioria das vezes, tendendo a achar que, se tivéssemos agido de outra forma, estaríamos bem melhor. O sentimento de culpa pode ser tão traiçoeiro, que consegue nos atingir em situações nas quais nem se sustenta - quantas vezes nos culpamos pelo que acontece a alguém, por conta do que ele próprio fez, quando na verdade aquele alguém colhe as consequências de tudo o que plantou, sem nossa interferência? Da mesma forma, diante de nossa impotência frente aos imprevistos da vida, por exemplo, como um acidente que tira a vida de um familiar, acabamos por procurar pela centelha de culpa nossa naquilo tudo. Parece que não nos conformamos com o fato de que sobre quase nada temos controle, ou seja, acabamos nos imbuindo de poderes mágicos sobre o curso da vida, atribuindo-nos uma força de controle inverídica sobre os destinos que nos rodeiam. Logicamente, o sentimento de culpa também tem seu lado positivo, quando nos serve à reflexão sobre algo e consequente aprimoramento de nossos comportamentos. Sentirmos culpa por termos agido de determinada maneira pode nos ser benéfico, levando-nos a mudar nossas posturas e pontos de vista, tornando-nos melhores do que antes. Por isso, a culpa liberta quando ainda há tempo de mudar, de voltar atrás, pedir desculpas, mandar flores, telefonar, sorrir, abraçar e assumir o erro. Se, no entanto, o arrependimento relacionar-se a quem já morreu, já se mudou, já se casou com outro, já foi prejudicado demais, quando já for tarde demais, o remorso será nossa companhia ininterrupta e vencê-lo será árduo e doloroso. Na verdade, deveríamos entender que agimos de acordo com o que somos e sentimos naquele momento, de acordo com a forma como nos situávamos frente àquele mundo, de acordo com a melodia de nossos sentimentos naquele contexto específico. Com o passar do tempo, a melodia muda, nós mudamos e não somos mais aquela pessoa lá atrás - brindemos a isso! -, pois avançamos junto com a dinâmica da vida. Mudam-se as estações, mudam-se as lutas, os sonhos, as canções. Mudamos eu, você, todo mundo e o mundo. Inevitável, aqui, não se lembrar de Peggy Sue, papel de Kathleen Turner, que tem a oportunidade de voltar no tempo e, com tudo o que sabe, ainda assim agir exatamente igual à primeira vez. Embora amadurecida, ela se reinstala num tempo e espaço em que inevitavelmente agiria como sempre o fizera. Retornaram as músicas, os cheiros, as pessoas, os amores, e Peggy Sue acabou sendo ela mesma em meio a tudo aquilo. Não, não teríamos agido diferente; lembremo-nos disso. Se a culpa é inevitável, urge aprendermos a lidar com ela, de modo que, caso não a eliminemos, ao menos possamos conviver com sua presença, sem que nos machuquemos a ponto de interrompermos nossa progressão e nosso aprimoramento diário nessa jornada extensa que teremos pela frente. Imprescindível, nesse sentido, tentarmos enxergar claramente as culpas sem razão de ser, ponderando nosso papel no fato causador. Porque devemos ter a certeza de que, muitas vezes, a culpa não é nossa. Sintomática dessa epifania necessária para que sigamos em frente, resignados e fortalecidos, é a cena em que a personagem de Matt Damon, Will, em “Gênio Indomável”, finalmente se liberta da culpa que carregava pelos maus tratos sofridos na infância, ao ser acuado pela repetição da seguinte frase do psicólogo, vivido por Robin Williams: “Não é sua culpa!” Somente após essa conscientização catártica é que ele pôde partir em busca da realização de seus sonhos, do desenvolvimento de seus potenciais. Essa cena vale o filme todo, pois retrata uma atitude que vale uma vida – a nossa vida! Devemos, portanto, desatrelar de nossas vidas sentimentos que não nos dizem respeito e enfrentar as culpas e remorsos que valem a pena, que nos mobilizem em direção ao repensar, ao readequar-se, ao enriquecimento moral e ao melhoramento de nossas atitudes e comportamentos. Para tanto, temos de encarar corajosamente nossas angústias, adentrando essa escuridão dentro de nós, vasculhando-a com lucidez e livrando-nos dos pesos inúteis que emperram nosso caminhar. Libertar-se é preciso, para que se torne menos densa e assustadora essa carga de culpa e de remorso, a ponto de usarmos essas batalhas interiores em nosso favor, em prol do enfrentamento da vida em tudo de bom e ruim que há nessa lida. Haveremos, enfim, de aprender com os erros - assumidos -, de agir enquanto tempo houver, de saber nos situar em relação às vidas alheias, de ter coragem de nos encarar em todo prazer e dor que nos definem. Trata-se de um exercício contínuo, diário, ininterrupto, pois, humanos que somos, erraremos muitas e muitas vezes. Porque, se errar é humano e culpar-se é inevitável, então batalhar é necessário e ser feliz é, no mínimo, o que merecemos. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, blogueiro, relações públicas, copidesque, biógrafo; gestor editorial, agente literário, redator publicitário. Autor de 15 livros publicados e dentre as suas grandes obras está em seu portfólio o bestseller "VENTOS FORTES, RAÍZES PROFUNDAS", Madras editora. Radicado em Curitiba há mais de 4 anos. (41) 9.9909-8795 WhatsApp

sábado, 15 de janeiro de 2022

O MUNDO NÃO É REGIDO POR UMA FILOSOFIA OU CONJUNTO DE REGRAS (*)

Todos os dias construímos um santuário de preocupações e cuidadosamente veneramos cada um desses preciosos objetos. Existe sempre algo que está para acontecer ou uma questão relacionada à nossa saúde, sem contar alguma situação embaraçosa que tenha acontecido no dia anterior, ou mesmo há dez anos, mas que continua ocupando um lugar de honra no santuário. A preocupação não nos faz sentir mais confortáveis nem favorece melhores decisões. Ela fragmenta a mente, tira a concentração, distorce a perspectiva e destrói o bem-estar interior. A preocupação é um espécie de estresse autoaplicado. A preocupação é o caos mental, não é nada agradável - ou seja, é puro lixo, mas lixo que nós acumulamos e aturamos todos os dias de nossas vidas. Talvez as duas preocupações mais comuns sejam algo que vive nos incomodando ou alguém com quem discutimos até em pensamento. A primeira diz respeito ao futuro: um medo do que pode acontecer. A segunda dis respeito ao passado: angústia em relação ao comportamento de alguém ou em relação à maneira como algum acontecimento se desdobrou. É importante observar que as reações dos outros são o centro de nossa preocupação. Nossa mente não se prende a situações. Se fazemos algo realmente tolo enquanto caminhamos, podemos até rir disso, mas não vira uma idéia fixa - a menos, é claro, que o erro fique evidente quando retornamos. Nosso ego funciona de forma repetitiva, aumentando ad distância entre nós e os outros. A religião, que deveria promover conforto e amparo, pode levar à preocupação e, às vezes, ao terror. Padres, pastores e rabinos muitas vezes usam o medo para ensinar a doutrina e - por que não? - para aumentar as contribuições dos fiéis. Até o sistema educacional promove a ansiedade, ao fixar metas impossíveis e ameaçar com penalidades quem ousa se comportar de forma "imprópria". Do primeiro ao último ano da escola, os objetivos são conflitantes: responsabilidade, socialização, autoestima, consciência ambiental, criatividade, orgulho racial, consciência das drogas, administração do tempo etc. Os próprios professores variam amplamente na maneira como influenciam os alunos, até porque os livros e currículos escolares que lhes são entregues também contêm idéias complexas e contraditórias. O que se pode observar é que quando a mente está preocupada, ela se torna lenta e dispersa, ao passo que a mente tranquila é capaz de uma consciência ampla e firme, no mínimo, porque está distraída. Diante dessa perspectiva, pode-se dizer que a mente preocupada está desprotegida, dominada pela ansiedade, enquanto a mente tranquila pode avaliar a situação de modo mais rápido e preciso. Por isso mesmo tem mais chances de impedir um perigo iminente. De vez em quando, nos deparamos com situações potencialmente desagradáveis ou mesmo perigosas. O exemplo clássico é convidar um alcoólatra em recuperação a se juntar com pessoas que bebem muito. Naturalmente, às vezes somos obrigados a frequentar reuniões de colegas de trabalho, mas uma boa desculpa pode nos tirar de praticamente qualquer situação. Mesmo assim, muita gente não se permite utilizar essa opção porque tem uma definição radical de honestidade. Qual seria a resposta "honesta" a um convite desse tipo: "Não, não irei porque você e seus amigos se embebedam e se tornam tão chatos que eu poderia voltar a beber de novo. Caso vocês não saibam, sou um alcoólatra em recuperação." Será que esse tipo de sinceridade aumenta a consciência de alguém? A franqueza total pode ser considerada uma qualidade nos dias de hoje, mas, na verdade, quando as pessoas dizem "Preciso ser honesto com você", em geral prosseguem com um discurso de ataque, abandono ou traição. Os defensores da "honestidade" não deixam nada intocado. Muitos relacionamentos naufragam antes mesmo de começar porque os dois parceiros pensam que devem confessar todos os atos sexuais que tiveram ou pensaram ter na vida. Observe que essas confissões levam a um desentendimento maior. Elas iludem, não esclarecem. Vivemos em batalha constante com nosso cabelo, nossos dentes, pele, unhas, células de gordura, tamanho do nariz, altura, forma e idade. Quanto mais nos aprofundamos no corpo, mais reclamações surgem: seios horríveis, intestinos que se comportam mal, costas doloridas, joelhos traiçoeiros e juntas mal-ajambradas. Sem contar as lutas de vida e morte com nossos órgãos vitais, sistemas imunológicos e química do sangue. Eu poderia ir em frente, mas é uma história que começa a ficar assustadora. As pessoas têm medo e desconfiam de seu corpo, sentem-se traídas por ele e às vezes até o odeiam. Abrir mão desses pensamentos perturbadores é o único caminho para uma mente pacífica. Muitas pessoas só ficam em paz com seus corpos no momento em que estão morrendo - mas por que esperar até lá? Até os anos 1960 as pessoas não acreditavam tanto em leis metafísicas ou "princípios universais", mas sim no fluxo natural da vida. Se você fez o que é certo; se não questionou a autoridade, o seu lugar na sociedade ou a situação vigente; se não mentiu, não disse palavrões, não trapaceou, nem bebeu demais; se trabalhou muitas horas e poupou o seu dinheiro para poder transmiti-lo a seus filhos; se foi leal a seu país, à companhia para a qual trabalha, ao partido político, à universidade em que estudou; se cumpriu seus deveres conjugais... Então, tudo dará certo e em determinado momento você caminhará em direção ao pôr-do-sol. Esta abordagem estendia-se às escolhas pessoais, como a marca do automóvel, o estilo de roupa e até o gosto em questões de música e estrelas de cinema. O essencial era manter-se afinado com o status quo, que todos mais ou menos compreendiam e com o qual mais ou menos concordavam. Culturalmente, éramos bastante coerentes. Contávamos uns aos outros histórias das recompensas recebidas pelas pessoas que "trabalharam duro" e viviam "segundo as regras" e gostávamos dos exemplos do que acontecia a quem não vivia assim. Nossa sociedade acreditava que as pessoas sabiam como se comportar de modo que a vida funcionasse muito bem. Agora, neste século XXI, acreditamos que renegar "a maneira como se faz as coisas" proporciona uma oportunidade melhor para a felicidade. É preciso sentir-se livre para experimentar diferentes "estilos de vida" e formas "exóticas" de divertimento, além de estar aberto para mudar de amigos e familiares assim como se troca de trabalho, residência ou penteado. Não apenas questionamos os valores como passamos a derrubá-los obsessivamente. Já não sabemos olhar para qualquer coisa sem ansiedade, incerteza e cinismo. Todos querem saber quais são as forças e os fatos essenciais. Ansiamos por conhecer as regras e queremos que elas nos sejam explicadas e numeradas. Felizmente, isto jamais acontecerá. O mundo simplesmente não é regido por uma filosofia, doutrina ou conjunto de regras. Admitir essa verdade tira um peso enorme e totalmente desnecessário de nossos ombros. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, agente literário, redator publicitário e gestor editorial. Autor de 15 livros publicados e 3 no prelo. Membro da ADESG/DF, Greenpeace/SP, ACI - Associação Catarinense de Imprensa e da UBE - União Brasileira de Escritores. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - Emal: es.escritor1199@gmail.com

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

FRAGMENTOS DA ALMA DO MUNDO. OUVIMOS SEUS VENTOS UIVANTES (*)

Vóavamos pela imensidão do Universo. Voávamos encantados por uma infinita beleza, inebriados de tanto saber, com asas tão fortes que podíamos suportar qualquer carga em nossas eternas missões. Éramos guardiões do bem-estar por entre as estrelas. E nesse tempo em que conhecíamos a verdade sem que nada nos escapasse, patrulhávamos a imensidão celestial cuidando de tudo o que é inanimado: as pobres coisas sem alma! Vez por outra víamos o mais poderoso dos deuses com seus cabelos ondulados a caminho de mais uma aventura a bordo de sua carruagem celestial. Admirávamo-nos da beleza dos musculosos cavalos alados que eram a força motriz da carruagem divina, e ficávamos maravilhados de pertencer a este Universo. Quanta sabedoria e iluminação! Vivemos asssim por muito, mas muito tempo mesmo. Sem que nada nos preocupasse. Quanto encantamento! Quanta beleza! Mas um dia, fatalmente, o encanto se desfaz. E se desfez. Fomos subitamente tomados pelo esquecimento. Sem saber separar o justo do injusto, caímos na sujeira do erro, e fomos afastados de tudo o que é belo para nos vermos cercados de espanto. Nossas asas começaram a encolher. Encolheram tanto que desapareceram. Descobrimos que já não éramos capazes de voar. Perdemos nossos poderes. E começamos a cair em direção à Terra! Talvez fosse adequado dizer que nos tornamos anjos caídos, pois chegamos a este planeta e aqui ficamos como se estivéssemos num terminal espacial sem voo de partida ou chegada. Nos primeiros momentos desse nosso pouso inesperado, vagamos como astronautas sem nave num planeta em que não víamos nem amor nem beleza. Perambulamos como se fôssemos extraterrestres, sobreviventes de algum apocalipse longínquo, vagando por desertos feitos de arrependimento, culpa e dor. Subimos em morros e ouvimos seus ventos uivantes. Lembranças nos vieram à mente como relâmpagos. A memória, ainda que imperfeita, era o que nos fazia ter certeza de que algo realmente paradisíaco havia ficado para trás. (*) Copydesk/Fragment By EUGENIO SANTANA, escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, Agente literário, gestor editorial; economista, contabilista, consultor de RH. Autor de 15 livros publicados. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - E-mail: es.escritor1199@gmail.com - Radicado em Curitiba, PR, desde 2017.

domingo, 26 de dezembro de 2021

DIMENSÃO DA DISTÂNCIA. A PRESENÇA DA AUSÊNCIA (*)

Há distâncias e distâncias: umas com poder de minimizar, outras de inflamar. Machado de Assis disse que o vento apaga as velas, mas atiça as fogueiras. O poder dessa condição - a de se estar longe - se expressa nas mais variadas dimensões: no desespero inseguro de quem não entende como o outro agora mesmo estava aqui e de repente partiu; na segurança de quem vê e escuta o outro de uma webcam, seguro e seu, mas sofre; na loucura irracional de quem sente falta daquele(a) que te abandonou. A dor desse intervalo invisível - a saudade - se explica porque ele coloca a prova coisas visíveis; e talvez só ele tenha o poder de materializar um afeto: em frases, objetos, cheiros e gostos. É o dividir em locais diferentes patrimônios indivisíveis. O homem racional dribla limites,visita camadas interiores tão profundas através da fé e da ciência, mas nunca conseguiu domar a tão temida saudade. A sua inteligência discerne as externalidades que fazem alguém estar longe, mas o seu sintoma é crônico, irreversível: aquele furo no peito, ferida ardida, uma amputação. Como explicar pro coração ressentido a presença da ausência? As relações humanas são tecidas em linhas temporais, onde o afeto é fruto de algo construído linearmente, como se o valor daqueles momentos estivesse em ser plenamente alcançáveis, próprios, eternos. Amar e querer por perto é uma forma de dizer que se sabe o endereço da felicidade, de privatizá-la. Por isso a distância é uma lente para se enxergar as relações humanas de maneira mais pura possível. Maravilhosos são os meios que a tristeza toma para nos aproximar da essência real da vida. Doloridas são as estradas solitárias. Com saudades, somos honestos feito crianças. Ela narra a nossa hipossuficiência. Nos torna mais humanos, responsáveis e vivos. Em qualquer circunstância, prova que relações de tempo e espaço, causa e efeito, presença e ausência podem ser rachados pela força propulsora dessa lacuna incurável, que só o conforto do outro pode curar. (*) Copydesk, fragment by EUGENIO SANTANA, escritor, ensaísta, jornalista, biógrafo, relações públicas, assessor de imprensa, redator publicitário; gestor editorial e Agente literário. Autor de 15 livros publicados. (41) 9.9909-8795 WhatsApp, e-mail: es.escritor1199@gmail.com

TEMPO DE AUSÊNCIAS (*)

O tempo que me habita não é o tempo das coisas. As coisas, elas têm um tempo próprio. Elas começam e acabam e transformam a gente nesse durante, num ritmo que é delas - e isso aí vira o nosso tempo. Mas as coisas, elas são como as estações do ano. Por exemplo, eu me pergunto como as árvores conseguem superar os invernos. Você não? Você nunca se espanta? Olhando pra elas lá, firmes, imperiosas, isoladas, nuas? Admiro a paciência do carvalho. A impassividade dos pinheiros. Elas têm a compreensão profunda da hora certa, a paciência da espera para as coisas com hora marcada. É que as árvores vivem a eternidade do tempo certo. Elas não têm nem antes nem depois: são somente o agora. Já eu… eu não. Ao contrário de mim, as árvores não têm vontade. Você já viu uma árvore ansiosa? Uma árvore em crise de pânico? Como seria possível para nós, filhos do acaso ou de pais neuróticos, saber a precisão do tempo de cada coisa? Como acertar o tempo certo, com a exatidão da folha, que se recolhe, impassível, na espera de desabrochar com mais beleza? Esse instinto de relógio cuco não me pertence - desses que não atrasam um segundo e vêm com um pássaro impiedoso para não perder uma chance de me lembrar que tudo tem um tempo próprio: o amor, a solidão, o sexo, o riso. Alguns povos tinham como sagrado esse papo do tempo das coisas, da medida exata, do momento presente. Mais que uma elegia ao equilíbrio, era o culto ao instante. Eles não subestimavam o poder do agora. Admirei. É um exercício para os fortes esse de lembrar de nunca esquecer que tudo pode mudar a qualquer momento. Diante disso, eu especulo: bastaria a demanda correta, um gesto, uma exigência para acertar o passo de cada um na dança da existência, que é sempre rumo ao fim? Seria possível conviver em paz com o que está sempre se esgotando? Olhar o presente de frente é saber que só ele existe. É viver na finitude, no que escorre pelos dedos. Viver com isso tudo na sua cara exige a franqueza das crianças e dos estúpidos. Porque você vai cair na tentação de esquecer que tudo, absolutamente tudo, acaba. Você, assim como eu, vai se perder nas bobagens do dia a dia ou transformar a agilidade da moça do mercado em uma pedra filosofal capaz de determinar o sucesso ou fracasso da sua existência - e resumir isso tudo apenas numa atitude inadequade e mal direcionada, para não apontar tantos dedos... Porque é perturbador lembrar o tempo todo que tudo, absolutamente tudo, passa. O tempo das coisas é eterno. Mesmo que você não esteja mais presente, que tenha decidido ir embora e me deixar aqui, ou mesmo quando a gente decide abandonar tudo e vem aquela ânsia de sair pelo mundo e recomeçar. Também nessa hora o tempo das coisas está lá, pra colocar você no seu devido lugar. E você, quando saiu, deixou em mim o tempo da sua ausência. Nunca o do seu retorno. A volta, ela é sempre mais rápida. Tudo fica mais fácil quando a gente já conhece o caminho. Mas decidir não voltar demanda a bravura e a inocência daqueles que sempre acreditam. Será que a gente ainda poderia se encontrar, sem querer, em uma outra curva do caminho? Difícil. Eu queria poder decretar uma lei que impedisse que algumas frases fossem compostas. Algumas palavras deveriam ser como elementos químicos, ter naturezas incompatíveis, combinações impossíveis de acontecer, impensáveis. Talvez assim eu conseguisse tornar algumas ações impraticáveis, algumas dessas que eu pratiquei, que você inventou. Elas seriam possibilidades que não existiriam mesmo nos sonhos mais loucos. Mas os sentimentos, assim como as palavras, são elementos complexos, independentes, que se ligam das formas mais estranhas para criar uma dinâmica particular. Eles se tornam mais profundos do que o que se deseja ou se espera deles, num compasso maluco que nos ensina, mais uma vez, a precisão da hora certa. Por isso, veja bem, a importância do tempo das coisas, você me entende? Não dá pra acelerar ou deixar pra trás o ritmo dos sentimentos sem se tornar um hipócrita, um cretino ou cínico. Eles, como as coisas, têm o tempo que tem que ter e não dependem mais de mim ou de você ou de ninguém. Mesmo que pareça impossível concentrar no corpo a calma das árvores, o tempo das coisas acontece em nós. Justo em nós, que ficamos sempre perplexos pelas dissonâncias do que nos acontece. Justo em nós, que olhamos assombrados para o nada, nosso destino, nosso fim. Justo em nós, que precisamos transformar em nosso o tempo do outro… - sem jamais esquecer que ele é do outro. E eu? Eu tenho que aprender a me demorar mais. A me demorar mais em você, nas coisas. Precisamos de mais tempo. Não sou só eu que me perco na duração do instante. É que as palavras - e junto com elas os sentimentos - se encontram e se combinam de forma abrupta na trama dos eventos, eu acho que só para determinar algumas escolhas. Me aconteceu você. Eu aconteci em você. Abortamos. Tempo errado. Por isso, eu preciso encontrar uma forma de conquistar a impassividade dos pinheiros que sabem de cor a hora de cada pinha. Eu sou sempre antes, sempre cedo demais e, quando eu me dou conta, já é tarde demais. Aí o que me resta é perambular pelas dobras do tempo, quando ele deixa de ser linear, e se dobra em mim, na minha dor, na minha incapacidade em apreender o ritmo do mundo. Nessa hora ele habita o pensamento, ali se vive tudo ao mesmo tempo - nesse espaço impossível - o antes, o depois e o agora. Não importa a ordem. Será que é assim que abandonamos o que já foi sem nos lançarmos, como uma flecha, ao abismo que é o futuro? (*) Copydesk, fragment by EUGENIO SANTANA, escritor, ensaísta, jornalista, biógrafo, relações públicas, assessor de imprensa, redator publicitário; gestor editorial e Agente literário. Autor de 15 livros publicados. (41) 9.9909-8795 WhatsApp, e-mail: es.escritor1199@gmail.com

QUEM SOU EU. INSIGHT SOBRE UM AUTOR VAGALUME (*)

Para definir meu trabalho, preciso primeiramente saber quem é você. Se você é um amante da literatura, me apresento como escritor romancista, contista, poeta e cronista. Se é um empresário, sou um redator publicitário, Analista de negócios, Consultor em marketing digital, Relações públicas, palestrante motivacional e Assessor de imprensa. Se tem uma grande história de vida que gostaria de compartilhar com outros, sou um biógrafo. Iniciei meus trabalhos literários, na década de 1980, escrevendo poemas e crônicas para diversos jornais do país: de Porto Velho a Porto Alegre. Em 2010 criei o meu Blog "Guardião da Palavra", onde passei a publicar meus textos: poemas, crônicas, contos, artigos e ensaios, além de proporcionar dicas motivacionais para jovens escritores neófitos. Inútil dizer onde vivo. Não sou capaz de morar mais do que três anos em uma mesma cidade. Um homem de chegadas e partidas. Um Andarilho da flor estrela... Aquele que deambula à sombra da inquietude. Fácil a estratégia inconsistente ao mencionar que sou jornalista profissional. Sei que, por meio desse argumento jamais consegui ser convincente. A estrada me encanta e fascina. E o "sabor" do Crepúsculo e da Aurora? Indescritível. Instigante! Durmo de dia, escrevo a noite, e sonhos azuis e alados ocorrem em uni/versos paralelos e oníricos. Já quis viajar o mundo. Principalmente, morar no Egito, na França, na Espanha e na Alemanha. Já quis desaparecer. Perambulei a procura do meu "par ideal", e na volta, procurava por mim. Fiz boas ações. E algumas imbecilidades. Não insisto em ser, mas me orgulho de estar. A missão de ser escritor me fez atingir o nirvana, o self; a transcendência. Voei. Ícaro na Asa do tempo... O osso acima dos meus olhos chama-se frontal. A camada enrugada, azulada e cansada que o reveste, pele. O objeto de sua proteção chama-se cérebro. E no conjunto da obra, tenho um "rosto desfigurado" que já viajou nas asas da utopia e já foi guiado pelos pássaros. Este, resguardado, produz aquilo que me cansa e extenua, dia após dia: minhas ideias criativas, cósmicas e, algumas vezes, a economia verbal revela meu ciberespaço na magia encantadora da Língua Portuguesa. Escrever? Meu Vício Visceral! Escritor, jornalista e ensaísta EUGENIO SANTANA. Autor de 15 livros publicados, "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outras preciosidades. Contato: (41) 9.9909-8795 WhatsApp - E-mail: es.escritor1199@gmail.com

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

FLUXO DA IMPERMANÊNCIA

QUANTO EU AINDA TENHO DE SALDO NA VIDA, NO FLUXO DA IMPERMANÊNCIA? Os ponteiros do relógio giram incessantemente. A asa do tempo voa de forma impiedosa e veloz. O mecanismo blindado do equipamento não revela o nível de desgaste. A qualquer momento poderá fenecer. Estaria perdido no olho do furacão, flutuando no ciclone, sem saber o que virá. Sou dependente do imprevisível, do improvável. Resta-nos vivenciar o que nos resta, envelhecendo a cada dia, experimentando os percalços, desfrutando variadas experiências, aproveitando os momentos de felicidade. Vou seguir a caminhada, sem saber até quando, sem saber até onde. Confiante nos Mistérios do insondável... Mesmo que as pernas falhem, a alma permanecerá forte, confiando que o fim da trilha é uma metáfora do impronunciável. Apenas um recomeço. Renascerei das cinzas tal qual a Phoenix... (Jornalista/escritor Eugenio Santana, FRC)

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

INCURÁVEIS CICATRIZES

PELO QUE SE SABE NÃO EXISTE CIRURGIÃO-PLÁSTICO – Que cicatrize as feridas da Alma e do Coração. (Jornalista/Escritor Eugenio Santana, FRC)

XANTIPA

Xantipa: a mulher de Sócrates. Conta-se que era intratável; em alemão, seu nome é sinônimo de megera. (Escritor/jornalista/ensaísta Eugenio Santana, FRC)

INCANSÁVEL BUSCA DA MULHER IDEAL...

É predominante o homem imaginar namorar uma mulher de curvas perfeitas, cabelos incríveis e com popularidade altíssima. Mas a cada página da vida, ela te ensina valores. E por ironia do destino, você acaba se relacionando com alguém totalmente diferente do que você imaginava. Ela não é magra, nem gorda. Não tem os cabelos incríveis, mas, do jeito que o prende, deixando umas mechas soltas, fica linda. Ela não é popular e odeia lugares lotados. Mas ela te faz sorrir, ela te faz bem! Ela dança na sua frente de um jeito engraçado. Beija na ponta do teu nariz e te chama de bobo. Bagunça teu cabelo e te chama de menino lindo. Ela fala coisas sem sentido e depois sorri, quando vê sua cara de: “você não é normal”. Ela não é mesmo nem de longe a mulher que você imaginaria namorar, porque ela é bem mais que tudo aquilo que você imaginava. Ela não é perfeita para ninguém, mas é perfeita para você. Portanto, seja bem-vinda ao meu coração! Estou à sua procura e gostaria de começar uma história de amor. Muito prazer em conhece-la. Eu sou Eugenio Santana. Um escritor e todo escritor é um Lobo Solitário. Sou um homem simples que Deus concedeu o dom natural da escrita. Simples assim... Não frequento baladas, aonde eu poderia encontrar muitas mulheres fúteis e interesseiras. (Escritor/jornalista/ensaísta EUGENIO SANTANA, FRC) (34) 9.9334-1970 WhatsApp E-mail: es.escritor1199@gmail.com

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

ESCREVER E LER SÃO FORMAS DE FAZER AMOR (*)

Enquanto escritor, as palavras são a sua tinta. Utilize todas as cores - Eu escrevo para nada e para ninguém. Se alguém me ler será por conta própria e auto-risco. Eu não faço literatura: eu apenas vivo ao correr do tempo. O resultado fatal de eu viver é o ato de escrever. Na minha opinião, ser escritor não é apenas escrever livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma intervenção. Escrever e ler são formas de fazer amor. O escritor não escreve com intenções didático – pedagógicas. Ele escreve para produzir prazer. Para fazer amor. Escrever e ler são formas de fazer amor. É por isso que os amores pobres em literatura ou são de vida curta ou são de vida longa e monótona. (*) EUGENIO ANTONIO é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, roteirista, crítico literário, Ornitólogo, Rosacruz e Adesguiano; colaborador do Greenpeace. Escreve Autoajuda, crônicas e contos e ensaios e Biografias: "João de Deus, o médium de Abadiânia", entre outras.

sábado, 9 de outubro de 2021

RÉQUIEM PARA MAMÃE...

Quando uma mãe morre ela ainda permanece viva dentro do coração do seu filho! Ela é minha casa, meu descanso, minha luz e minha saudade. Nela estão as minhas raízes, é o meu poço mais profundo, a água mais pura da qual bebo… Uma memória sagrada e esperançosa. Eu olho para minha mãe que já está ausente todos os dias. Eu paro diante da imagem da minha mãe que não está mais comigo. E sou grato por ser seu filho e por mantê-la viva em minha alma. Meu coração se comove quando penso nela e sinto que sou feito de suas entranhas, que até meus ossos foram formados ali e que a vida lhe cobrou isso duramente mais tarde. Desde o seu primeiro abraço, desde o seu primeiro beijo, o coração de uma criança fica esculpido na alma de uma mãe. Eu olho para ela, sempre acordada em minha vida seguindo meus passos, esperando meu retorno, recebendo meus olhares, vendo minhas quedas, ouvindo minhas palavras. Ela está presente em mim! Eu reconheço minhas fraquezas por não ter me importado com ela tanto quanto ela se importava comigo. Eu mantenho seu olhar em meus pensamentos e isso me acalma. Ouço seus conselhos e suas palavras, cheias de esperança, estão gravadas dentro de mim. Penso em sua presença constante, em sua discrição silenciosa, em sua alegria permanente. Ela está presente no mais escondido da minha alma, sem ela eu me perderia. Eu sei o quanto preciso que ela me acolhe quando eu falho e é a força dela que me ajuda a me apaixonar novamente pelos meus sonhos quando eu os esqueço. Ficava comovido ao sentir seus medos e abraçar suas alegrias. Lembro-me dela naquele longo caminho de vida que percorremos juntos. Hoje ainda está tão profundo dentro de mim… Eu sinto isso como uma parte única do meu ser que eu nunca quero perder. Confio muito na sua maneira de me amar… Ela sempre me amou em todas as minhas fraquezas e viu em mim tesouros que eu não conhecia. Ela acreditou em mim quando eu não acreditei, ela apostou na minha vida quando eu duvidei. E eu quero lembrar dela pra sempre! Mas não sei se aprendi bem o que ela queria me ensinar. Não sei se gravei seu jeito de me amar, para que eu me ame da mesma forma. Não sei se guardei sua ternura em alguma parte da minha alma para poder doa-la, toda vez que eu quiser e alguém precisar. Só sei que, às vezes sinto que me pareço com ela e às vezes estou longe de ser tudo o que ela foi. Eu a quero perto de mim e muitas vezes sonho com ela ao meu lado, segurando meus passos. Lembro-me de suas risadas e de sua simplicidade para olhar a vida. Sua capacidade de aproveitar o presente, tornando a vida uma grande aventura. Fico comovido com aquele seu amor tão grande, sempre incondicional. Fico comovido com o seu imenso amor, impossível ficar contido no meu pote de barro. Ela está esperando por mim no paraíso!

domingo, 26 de setembro de 2021

EM MEMÓRIA DE CARLOS RUIZ ZAFÓN (1964-2020)

A vida concede a cada um de nós apenas alguns raros momentos de felicidade. Às vezes são apenas dias ou semanas. Às vezes são anos. Tudo depende da sorte de cada um. A lembrança desses momentos nos acompanha para sempre e se transforma num país da memória ao qual tentamos regressar pelo resto de nossas vidas, sem conseguir. Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte. Quando uma biblioteca desaparece, quando uma livraria fecha as suas portas, quando um livro se perde no esquecimento, nós, guardiões, os que conhecemos este lugar, garantimos que ele venha para cá. Neste lugar, os livros dos quais já ninguém se lembra, os livros que se perderam no tempo, viverão para sempre, esperando chegar algum dia às mãos de um novo leitor, de um novo espírito. Cresci no meio de livros, fazendo amigos invisíveis em páginas que se desfaziam em pó cujo cheiro ainda conservo nas mãos. Numa ocasião ouvi um cliente habitual comentar na livraria do meu pai que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho até ao seu coração. Aquelas primeiras imagens, o eco dessas palavras que julgamos ter deixado para trás, acompanham-nos toda a vida e esculpem um palácio na nossa memória ao qual, mais tarde ou mais cedo - não importa quantos livros leiamos, quantos mundos descubramos, tudo quanto aprendamos ou esqueçamos-, vamos regressar. Para mim aquelas páginas enfeitiçadas serão sempre as que encontrei entre os corredores do Cemitério dos livros esquecidos. A arte de ler está morrendo aos poucos, um livro é um espelho e só podemos encontrar nele o que carregamos dentro de nós, colocamos nossa mente e alma na leitura, e esses bens estão cada dia mais escassos. Nós existimos enquanto alguém se lembra de nós.
(Copydesk/fragment by Eugenio Santana. Por conta da perda do escritor que mais tocou o meu coração nos últimos 15 anos, manterei LUTO em meu Blog durante 45 dias. Standby)

terça-feira, 21 de setembro de 2021

NÃO TEORIZE SOBRE O AMOR, AME! (*)

Exercite a arte de fazer bonito o seu amor ou fazer o seu amor ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão complexa missão de amar bonito. Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender... por meio de minha longa caminhada, tenho deparado com muitas fórmulas e formas de amor: Amores bravios, heroicos, platônicos, românticos, racionais, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, leveza, dádiva e doação. Amores conduzidos com arte e ternura pelas mãos de luz entrelaçadas com os olhos cravados na mesma direção... esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais, de repente se percebem ameaçados e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem, rotinizam, descuidam, robotizam, reclamam, deixam de compreender, necessitam mais do que oferecem, precisam mais do que atendem, enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo no amor. Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, equidade, equiparação, sem perceber que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Amar bonito é saber a hora de ter razão. Coloque a mão na consciência. Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da ação, da reação, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro a maior beleza possível? Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você separa do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre e, sofrendo, deixa de ser alegre, entusiasmado, otimista, igual, irmão, criança. E sem soltar a criança latente, nenhum amor é bonito. Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Não teorize sobre o amor, ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora. Jogue para o alto todas as jogadas, estratégias, golpes, perspicácias, atitudes sabiamente eficazes: seja apenas você no apogeu de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Deixe o seu amor ser a mais verdadeira expressão de tudo que você é. Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto, intrínseco; inescapável. Não se preocupe mais com ele e suas multiformes definições. Cuide agora da forma de amar. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta; Adesguiano, Ornitólogo, Rosacruz, pesquisador dos Cátaros e colaborador do Greenpeace. Fundador de jornais, revistas e instituições culturais. (41) 9.9909-8795 – es.escritor1199@gmail.com

sábado, 17 de julho de 2021

CON-VIVÊNCIA DE PAZ ENTRE HOMENS E MULHERES (*)

Dentro do que o psicanalista Gustav Jung denominou de Inconsciente Coletivo, podem ser encontradas muitas das características psicológicas que moldaram a mente da espécie humana e que, de certa forma, explicam nosso comportamento, mesmo aqueles mais desprezíveis. Por razões que remontam à pré-história e aos primeiros hominídeos, alguns comportamentos do tipo oculto e inato foram sendo transmitidos às gerações futuras, por necessidade de sobrevivência, frente a um mundo hostil e inóspito. O machismo é uma dessas heranças ocultas. Trata-se, segundo especialistas no assunto, de uma força arquetípica. Como tal se fincou no inconsciente de todos. Em outras palavras, nascemos machistas, homens e mulheres, sendo que esse comportamento é mais ou menos reforçado ao longo da vida, de acordo com cada sociedade em que o indivíduo está inserido. Obviamente esse comportamento primitivo não isenta ninguém de cometer verdadeiras atrocidades contra o sexo oposto. No Brasil, de formação histórica patriarcalista, fincada na desigualdade patente de classes, esse comportamento encontrou ambiente amplamente favorável, dentro e fora de casa, para florescer e se multiplicar. Isso não quer dizer que em outras partes do mundo o problema não ocorra. Pesquisas indicam ainda que o álcool, as drogas e o mais antigo e nefasto dos vícios humanos, o ciúme, respondem pela maioria das causas da violência contra as mulheres. Como sempre, o caminho mais curto e recomendado pelos estudiosos para se chegar a uma convivência de paz entre homens e mulheres ainda parece ser a EDUCAÇÃO. EUGENIO SANTANA é Escritor, Jornalista, Ensaísta, Redator publicitário, Biógrafo, Editor executivo, Agente literário. Autor de 14 livros publicados. "Ventos fortes, Raízes profundas", Madras editora; "Hóspede da Terra, Passageiro do Mundo", entre outros. (41) 9.9909-8795 WhatsApp - email: es.escritor1199@gmail.com