sexta-feira, 23 de agosto de 2024

SEDUTORA, ELA SUSSURRAVA E GEMIA: LILITH, A PRIMEIRA MULHER! (*)

De acordo com os escritos do Zohar, livro que reúne textos de sabedoria rabínica dos testemunhos orais sobre o Gênesis, antes de Eva ser criada por Deus, ele criou Lilith para ser a primeira companheira de Adão. Lilith é considerada um demônio, não uma mulher. Foi criada do pó negro e excrementos, ela era cheia de saliva e sangue, símbolo do desejo, e bela como um sonho. Aparece para Adão no Jardim do éden à sombra de uma alfarrobeira ornamentada com preciosos colares. É a mulher que faz o homem sentir pela primeira vez a relação sexual. Ela é sedutora, e aquela que sussurra e geme, porém o que a difere de Eva é que ela queria ser uma mulher com os mesmos direitos que o homem. Então, começa a questionar Adão sobre o motivo de ter que se submeter às vontades dele: “(…) – Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abri-me sob teu corpo? Por que devo ser dominada por você? Contudo eu também fui feita de pó e por isso sou igual. A recusa de Adão em conceder a paridade desejada por Lilith, a deixa irritada e faz com que ela se afaste dele. Quando Adão acorda e não acha sua companheira, dirige-se a Deus como um filho que confia na experiência e na autoridade paterna. O pai quer saber a causa do litígio e compreende que a mulher desafiou o homem e, portanto, o divino. Lilith tinha fugido em direção ao mar vermelho, Deus a chama e profere sua ordem: “O Desejo da mulher é para o marido. Volta para ele. Lilith não responde com obediência, mas com recusa e diz que não tem mais nada a ver com seu marido. Deus insiste. Porém Lilith se transforma, não é mais a companheira de Adão, não quer ser submissa a ele. Então, Deus manda uma ordem de anjos alcançarem Lilith e dão a ela a ordem de voltar para junto de Adão, pois, senão o fizer, será afogada. Lilith se recusa mais uma vez. Os anjos resolvem poupá-la, mas como castigo da desobediência da lei do marido e do pai, ela passa a viver vagando pelo mundo e seus filhos viram demônios. E desde aquele dia não houve mais paz ao homem, pois Lilith perturba seu sono induzindo-o a mortais abraços com as mulheres. O mito de Lilith foi censurado na Biblia e ficou de fora do livro, justamente por conter essa proposta onde a mulher contestava sua posição, reclamava seu lugar junto ao homem de forma igualitária e não de forma submissa. Os homens por sua vez temiam que essa passagem poderia influenciar mulheres da época a serem independentes perdendo assim o poder de dominação sobre elas. Daí surge a justificativa para a famosa Caça às Bruxas no século XV, XVI e XVII. Assim a mulher, historicamente oprimida, é invalidada e governada pelo poder patriarcal, já na história de Adão e Eva, colocada na Bíblia por homens que a organizaram, destaca a mulher como inferior ao homem e sob seu total domínio, uma vez que ela não foi criada a partir da divindade e sim da carne e ossos do homem, portanto Ser imperfeito, que necessita da proteção e cuidado do homem para que não sucumba as tentações. (*) BY EUGENIO SANTANA, escritor, filósofo, ensaísta, jornalista e gestor editorial. Autor de 20 (vinte) livros publicados incluindo o best-seller, "Ventos Fortes, Raízes Profundas", Madras editora, entre outros diamantes brutos. (62) 99635-8005

Nenhum comentário:

Postar um comentário