quarta-feira, 26 de junho de 2019

O PLANETA TERRA DEVASTADO A CAMINHO DA EXTINÇÃO (*)

Nenhuma outra espécie causou tamanha devastação para este planeta senão o ser humano; nem mesmo os dinossauros, seres gigantescos e poderosos, que existiram por mais de 150 milhões de anos e desapareceram há cerca de 65 milhões de anos, não causaram tantos danos quanto o Ser Humano que, naqueles tempos, sequer cogitava existir... outras espécies animais muito mais numerosas, como os insetos e os microrganismos, que se contam aos trilhões de indivíduos distribuídos em mais de cinco milhões de espécies jamais ameaçaram a existência de vida na Terra. O que nos fez, ao mesmo tempo tão pequenos e poderosos, e, no entanto, tão predadores a ponto de ameaçar toda a a vida existente no planeta, inclusive a nós próprios? Fomos os primeiros a ter uma vida sedentária, fixando nossas moradias nas cidades, vilas, fazendas e sítios, cultivando a terra e criando animais, abandonando a caça, a pesca e a coleta de alimentos, hoje relegadas a pequenos grupos mais pobres e menos desenvolvidos. Também somos os únicos mamíferos a expandir continuamente nossa população, ameaçando a própria vida que nos sustenta, através do extermínio de todas as outras espécies, devastando as florestas, extinguindo drasticamente as fontes de água potável, principal razão da existência de vida na Terra, e exaurindo os limitados recursos naturais desse frágil e pequeno planeta. Estima-se que hoje somos cerca de 7,5 bilhões de seres humanos, e que chegaremos a 10 bilhões de indivíduos até o ano de 2050 - sim, daqui a apenas 30 anos! É importante destacar que, em 1950, ano em que nasci, a população humana era de 2,5 bilhões de habitantes!... portanto, no curto espaço de uma vida humana triplicamos nossa população! Por que a Humanidade evoluiu tanto na Ciência, na Tecnologia, em outras áreas do Conhecimento e na Cultura em geral, mas continua sendo tão violenta e primitiva em suas relações políticas e sociais, através dos assassinatos, das guerras, dos ataques terroristas e do desprezo pelos demais seres humanos? O que é feito do tão decantado Processo Civilizatório que conduziu nossa História? O que nos torna tão incompetentes para gerir nosso desenvolvimento a ponto de massacrar outros seres vivos, igualmente indispensáveis para o equilíbrio da biodiversidade do planeta, e causar tamanho desequilíbrio ecológico e social, pelos preconceitos, o desemprego, a violência, o ódio e a ambição desmesurada, "pecados" que compelem bilhões de pessoas a viver em condições sub-humanas, da fome, da miséria e da ignorância,enquanto uma parcela insignificante da população usufrui de riquezas e privilégios sem limites? Desde os primórdios da Civilização, as sociedades se organizaram em castas dominantes, compostas pela nobreza, pelos sacerdotes e pelos militares, contrapondo-se a escravos, plebeus e miseráveis, que trabalhavam em condições extremamente precárias para assegurar a riqueza e o poder de pequena parcela da humanidade. Poderíamos dizer, portanto, que as religiões, a política, os exércitos e a nobreza subjugaram o povo, que existia apenas para servir a essa minoria perversa e detentora dos bens materiais cultuados por todos os povos. E por que essa maioria tão desigual, massacrada e oprimida nunca se rebelou para sufocar tamanhas injustiças? A razão é que sempre que tais condições desumanas se tornavam insuportáveis, as massas rebeladas nada faziam senão trocar aqueles nobres, sacerdotes, governantes e militares por aqueles seres humilhados, que nada faziam senão assumir os mesmos postos de dominação, as mesmas atitudes de poder e de riqueza, sem, contudo, modificar seu modo de vida, sem eliminar a distribuição desigual das riquezas e privilégios dos seus antecessores, que permaneciam, através dos tempos, sempre nas mãos de poucos privilegiados. E assim permanece a sociedade até hoje, sejam quais forem os grupos sociais, as ideologias, as raças, as religiões e os meios de produção daqueles que estão no poder. Esses polos extremos do poder são irreconciliáveis: as crenças religiosas são antagônicas entre si, edificadas sobre escrituras "sagradas e profanas", quase todas baseadas em supostas divindades, supostos paraísos e infernos, supostos salvadores e messias, e terríveis regras provindas da "palavra de Deus", que mantêm a si submissas, hordas de desamparados pela "sorte" e vítimas da ira dos deuses e sacerdotes terrenos. Convicções ideológicas são igualmente antagônicas na medida em que se baseiam em teorias construídas em um momento histórico da sociedade, como o marxismo das lutas de classe e da mais valia (agregação de valor na cadeia produtiva), ou o capitalismo da apropriação dos bens de capital, que preconiza o estado de bem estar social (Welfare State), em que haveria pleno emprego e acesso à riqueza para todos os cidadãos. Ocorre que, em ambas as teorias econômico-sociais, existem (e persistem) as mesmas classes sociais onde minorias dominam o poder e a riqueza, enquanto a plebe fornece mão-de-obra para o trabalho e favorece o enriquecimento das classes dominantes, que continuam sempre as mesmas: a igreja, os militares, os milionários e os políticos que, estando no poder, abdicam (ou ignoram) seu papel de "salvadores da pátria". A permanente luta entre o "Bem e o Mal" pressupõe esse desequilíbrio socioeconômico, militar e político, que mantém os detentores do poder a explorar o trabalho subalterno e submisso, a miséria renitente, a prepotência, as crendices religiosas e a dominação ideológica dos supremacistas brancos sobre outras etnias de negros, indígenas, mulatos, mamelucos, cafusos e povos subjugados nas lutas pela dominação histórica de invasores europeus aos territórios conquistados das Américas, da África, da Ásia e do Oriente, colonizados pelos últimos dez séculos. Se a Cultura humana evoluiu, isso não bastou para que o espírito humano se desenvolvesse, pondo um fim e um "basta" a um milhão de anos de guerras, escravidão, exploração de todo tipo, e devastação de nosso triste planeta Terra... (*) EUGENIO SANTANA é Escritor, Gestor editorial, Assessor de imprensa, Ensaísta, Redator publicitário, Blogueiro, Biógrafo, Agente literário. Onze livros publicados. Autor, entre outros, de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. Radicado em Curitiba, PR. (41) 99547-0100 WhatsApp