quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

APÓS O CARNAVAL...

Os especialistas, economistas, jornalistas, políticos, líderes e estudiosos, nem eles sabem o que vai acontecer com o Brasil, com cada um de nós, os ricos e os pobres, os alegres e os desesperados, os descrentes e os iludidos, e os doentes em fila para atendimento médico, em fila para o seguro-desemprego, o abono do PIS e o FGTS inativo, em fila para receber o corpo do pai morto que sumiu – porque alguém está em greve e corpos apodrecem em algum corredor. Depois do Carnaval é que o ano vai realmente começar, isso é unanimidade. E aí, dizem também, vamos entender em que enrascada estamos, tendo de optar por comer ou pagar o aluguel, tomar banho frio ou desligar a TV o dia inteiro, ou comprar material escolar das crianças. Nada tenho contra o Carnaval, mas, quando vejo tantas pessoas sambando animadíssimas em tantas ruas há semanas, penso se isso tudo é despreocupação e alegria ou se há um pouco de alienação e desespero. Porque depois do Carnaval continuaremos a ficar todos mais pobres e endividados, e o Congresso – que deveria nos representar – voltará com suas confusões impensáveis, quem sabe pancadaria, baixaria, xingamentos, e pouca eficiência. O mundo anda mesmo esquisito, depois do Carnaval os estrangeiros que nos viram pela TV talvez achem que nossos problemas eram invenção da imprensa capitalista: não foi por alienação ou desespero, mas de felicidade que pulamos durante semanas pelas ruas e praças de um Brasil bem administrado, bem-sucedido, exemplo para os países respeitados que crescem, cujos líderes planejam e executam trabalhos em favor de seu povo, com esforço, competência e honradez. (Jornalista/escritor EUGENIO SANTANA)

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