terça-feira, 6 de maio de 2025

DINHEIRO COMPRA ATÉ AMOR VERDADEIRO (*)

No mundo capitalista, dinheiro é o instrumento máximo de conhecimento do que é a experiência humana concreta. Se dinheiro não comprasse amor verdadeiro, estaríamos a salvo. Mas não estamos. O cinema está cheio de exemplos de como devemos resistir ao dinheiro. As novelas e as pedagogas das escolas também vendem lições morais contra o dinheiro como ferramenta da felicidade. Fazem-no por medo ou simples mau-caráter, porque todo mundo sabe que dinheiro compra felicidade. O pensador americano Henry Adams, no século XVIII, dizia que um professor é um empregado encarregado de contar mentiras às crianças e de velar as verdades aos adultos. Toda vez que um professor pensa que deve “formar” seus alunos acaba caindo na função descrita por Adams. Professores ajudam seus alunos, lançando mão do repertório cultural universal à disposição, a enfrentar a terrível condição humana: efemeridade, paixões, valores sem fundamento universal, medo, finitude, injustiças, fracassos. A triste verdade é que dinheiro compra sim felicidade. De modo mais banal, compra férias, qualidade de cotidiano, bons médicos, segurança, casas em ruas com árvores, escolas decentes, conversas mais doces, filhos mais saudáveis, momentos de sensibilidade sofisticada. Dinheiro deixa as mães dos seus filhos sorridentes e generosas no sexo. É claro que existem exceções. Como dizem os darwinistas, o fato de que existam algumas poucas mulheres mais altas do que alguns homens não invalida estatisticamente a seguinte generalização: mulheres são mais fracas e menores do que os homens. Portanto, caro leitor e cara leitora, deixe de mentir: quantas vezes você já viu em sua vida que dinheiro comprou sua felicidade e emocionou sua família e seus amigos? Sucesso costuma ter o mesmo efeito. Mas dirão os hipócritas, tentando invalidar a infame afirmação – de Nelson Rodrigues – que “dinheiro compra felicidade”: a felicidade que o dinheiro compra é vã. Verdade, devo dizer. Mas qual tipo de felicidade não é? A frase “um homem vale pelo que ele é e não pelo que ele tem” seria menos vã? Como você pode dizer exatamente como um homem é? Qual garantia você tem dessa constância do “ser” de um homem? Não é ele vulnerável e mutante a toda hora de humor e de intenção? O fato é que todos nós optamos por dizer mentiras construtivas porque elas tornam a vida mais leve como em toda atitude de autoajuda. Dinheiro pode melhorar o “ser” de uma pessoa, assim como falta de dinheiro pode piorá-lo. O contrário é verdadeiro (a falta de dinheiro pode melhorar alguém), mas quem em sã consciência gostaria de testar essa hipótese contra si mesmo? A imperfeição da vida nos é insuportável, temos horror a ser animais do abismo, por isso buscamos utopias de perfeição como as que se encontram na mitologia. (*) EUGENIO SANTANA é filósofo, escritor, jornalista, ensaísta . Diretor de Redação da “Revista Cenariun ”, Dono da Hórus/9 Editora e do Blog “Guardião da Palavra”. Ex-Superintendente de Imprensa no Governo do Rio de Janeiro e Autor de 21 livros publicados. (62) 99635-8005 WhatsApp

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