terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

ROSTO DESFIGURADO...

Restam-me as mãos imensamente vazias. Resta-me o olhar preso ao horizonte onde não existe mais você. Resta-me um "Rosto Desfigurado", a lembrança de uma silhueta alta que comigo criou pedaços de vida, hoje soltos e jogados ao vento. Resta-me o olhar perdido, incontido a explodir migalhas. Fragmentada ausência de espaço físico de um ser amigo, chamado mulher. Mulher sensual dos vividos, sofridos e revisitados vinte e poucos anos... de solidão, repressão e implosão. Amalgamados nos sentimentos que exprimem e deprimem esse vai-e-vem inconstante: o amor. Resta-me a libido corroída, lasciva na dor da perda de um corpo, de um ser . Corpo no qual meu coração tentava criar asas para voar... voar... voar... Resta-me, no âmago, a saudade amordaçada, presa e vencida, inserida na dor da flor que murchou e dividiu nossos camnhos. Resta-me esse louco e incontrolável desencontro ou desencanto? ( by Eugenio Santana - In "Asas da Utopia", Santana Edições, Brasília-DF, 1992)

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