sábado, 18 de janeiro de 2025

DE NÉVOAS E NEBLINAS; SOMBRAS E NEUROFORIAS (Em memória de Carlos Ruiz Zàfon) (*)

Um rosto desfigurado?... O homem esconde o rosto, que não é disforme, puro disfarce de dramaturgia de um filme “Cult” ou “underground?”, caminha pela enorme Avenida da Barcelona histórica, com a indelével marca da Arquitetura gótica. A roupa negra – e coadjuvante – um chapéu cor de chumbo. Penetra a cidade silenciosa – numa madrugada cósmica – à procura de Juan Gonzáles – seu Mestre Espiritual e Alter-ego – Guardião da “Biblioteca Insólita”, aonde é guardado um exemplar de cada livro publicado no mundo, a partir do século XIII. Conserva o rosto impenetrável como uma máscara de anti-herói triste – que se sente culpado – e sem que perceba desce uma lágrima furtiva ao lembrar-se do último reencontro que manteve com Nuria Robledo. O Diretor levanta a placa e acena para o término da última cena. Questiona, enigmático: Ficção também é Vida? Sem pressa, o homem, de cerca de 50 anos – idade do Lobo - caminha pausadamente entre névoa e neblina e recorda da agonia do Corvo de Edgar Alan Poe gritando por “Lenora”, e fala para si mesmo: “este é o último filme que protagonizo sobre Sombras e Neuroforias”... (*) EUGENIO SANTANA é escritor, ensaísta, filósofo e jornalista. Mineiro de Paracatu. Radicado em Anápolis-GO. Ex-Superintendente de Imprensa em uma estatal do Rio de Janeiro. Autor de 20 (vinte) livros publicados.

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