quarta-feira, 30 de junho de 2010

ASAS DA MEMÓRIA (*)


Arquétipos que se perderam
na poeira cósmica do tempo.
Tipos que ficam e não crescem,
perdem-se no seu próprio rastejar.

Aqui estou – outra vez,
entre as asas da luz
e da sombra.
Entre o passo, o pássaro,
o impacto, o pacto, o parto
e a dor do amor.
Folhas de plátano
dançam ao sabor do vento.

Aqui estou
entre a espada e a cruz,
ritos e mitos, arte e poesia.
Brilho sinistro – o sucesso;
palidez mortal – os mistérios.

Na asa do tempo,
cálido dedo não se omite.
Obstinado, gesticula, grita.

Não obstante, verbo de luz difusa,
lanço essas asas da memória
ao abismo oceânico em que navego.

(Eugenio Santana)

(*) Extraído do livro “FLORESTRELA”.
Hórus/9 editora, Goiânia, pág. 56, 2002

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