segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
DOENÇAS DA ALMA: ANGÚSTIA, ANSIEDADE, BIPOLARIDADE, DEPRESSÃO (*)
Existe certa dificuldade de se aceitarem as chamadas “doenças da alma”, uma vez que seus sintomas muitas vezes não são visíveis fisicamente. Estamos tão acostumados a enxergar apenas o que pode ser visto, que tudo aquilo que os olhos não veem cerca-se de hesitações. Materialistas que somos, amantes das aparências, tendemos a neutralizar o que requer profundidade e sentimento.
Nesse contexto, pode-se dizer que há um certo preconceito em relação a estados de espírito, pois, caso não existam sintomas visíveis, a doença existe como? E é assim que muitas pessoas reagem mal ao se depararem com doenças e/ou transtornos mentais, não os aceitando, inclusive desdenhando de quem padece desses males. Afinal, vendo a pessoa, ali na frente, sem manchas pelo corpo, sem febre, aparentemente normal, a muitos não ocorre perceber que há um mundo dentro de cada um de nós.
Possivelmente, somente quem já passou por um quadro depressivo ou viu algum familiar assim pode dimensionar a dor que isso traz, tanto para quem sofre como para quem ama e convive com ele, da mesma forma ocorrendo com transtorno ansiedade generalizada e bipolaridade. Todos os envolvidos acabam atingidos de alguma forma, porque as cicatrizes são invisíveis e o pedido de socorro vem do fundo do olhar.
Se atentarmos para as características da sociedade de hoje, perceberemos que há um terreno propício para que o emocional se abale, haja vista a pouca importância dada ao que vem de dentro de cada um. A supervalorização das superficialidades, a superexposição de conquistas materiais, a busca desenfreada pela fama virtual, entre outros, caracterizam uma sociedade descuidada com o que os sentimentos possam dizer e, portanto, claramente suscetível a padecer de doenças emocionais.
A depressão é escuridão. A ansiedade é desespero. A bipolaridade é insegurança. E vice-versa. Enquanto os sentimentos não forem valorizados pela sociedade, as doenças da alma dificilmente serão encaradas socialmente com a urgência que se requer, como realmente deveria ser. Se o essencial é invisível aos olhos, as escuridões dolorosas de uma alma que sofre também o são. Entender isso é o mínimo a se fazer. Com urgência.
(*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, agente literário, publicitário, gestor editorial, analista de marketing digital e palestrante. Nove livros publicados. Membro benemérito "ad honorem" do Centro Cultural, Literário e Artístico de PORTUGAL. Contatos: autoreugeniosantana9@gmail.com e (41) 99547-0100 WhatsApp
quarta-feira, 30 de janeiro de 2019
AS CANÇÕES DO ESQUECIMENTO (*)
Ironicamente minhas canções do “ouvido” são saboreadas, hoje, apenas por meio de Sarah Brightman, Loreena Mckinnit, Vander Lee, Paulinho Pedra Azul, Legião Urbana, Ana Carolina, Zeca Baleiro, Madredeus, e Marisa Monte. Para ouvir e escrever, em meus devaneios notívagos, aprecio Gheorge Zamfir, Debussy, Beethoven, Mozart e Secret Garden. “As Canções do Olvido” fogem à encantadora magia musical. Ainda que, música e literatura transforma-se em uma simbiose perfeita. São fragmentos arrancados das Asas da Memória do mineiro-menino de Paracatu de antanho e do moço-velho de hoje. Cidades são pessoas e seus bairros braços-tentáculos, coração, músculo, alma noturna, caos urbano, agressão à Natureza, devastação do Meio Ambiente de forma gratuita, cruel. Meio século de vivência no planeta-escola. E as pessoas? Continuam vivenciando a zona de conforto na mesmice robotizada; não mudaram a essência que as caracterizam: inveja, pré-conceito, pré-julgamento, falta de ética. Continuam arrogantes, pretensiosas, autoritárias, vingativas, hedonistas, cruéis, sarcásticas, hipócritas e medíocres. Salvo raríssimas e honrosas exceções. E o século vinte e um é marcado pela inversão de valores, cujo epicentro é o cérebro guiado pelo reflexo condicionado às novas tecnologias que robotiza e coisifica. Quanto às drogas pululam por aí uma centena delas, atuando como fuga e válvula de escape, inapelavelmente. E o ser despersonalizado comete os piores abusos a si mesmo e inomináveis atrocidades contra pessoas inocentes e indefesas. A harmonia do planeta Terra acabou: por conta do desmatamento liquidaram com os rios, as florestas, o cerrado, a fauna, a flora e os pássaros; e o clima? As estações estão em desequilíbrio e a temperatura até 2039 está prevista para os 50 graus. Em as “As Canções do Olvido”, reafirmo que fui feliz e me senti realizado: minha infância em Paracatu, Minas Gerais, a adolescência em Anápolis, o alumbramento ao conhecer e morar no Rio de Janeiro e experimentá-lo; e a juventude, em Brasília, cidade na qual vivi o apogeu do aperfeiçoamento profissional e intelectual. O casamento, os dois primeiros livros publicados, a faculdade, a Rosacruz e a boêmia musical e literária na Asa Norte de Renato Russo e cia. Concernente aos amigos, intermináveis frustrações e traições dissimuladas. Guardo cicatrizes ocultas nas costas, por conta de incontáveis punhaladas. Ainda assim, agradeço o aprendizado e os perdôo. Sei que Dói, fere, machuca. Não há nada comparável ao perdão para sairmos de alma lavada de qualquer situação-limite. Meu estigma positivo: vim a este mundo para perdoar, amar e esquecer o mal que ousaram inutilmente me insuflar e, assim, viajo, sereno, através das Asas do Esquecimento. Afinal, o escritor é a antena do mundo e um inquestionável Lobo Solitário; o poeta, um Anjo visionário de Asas líquidas sobre a terra. O jornalista, como formador de opinião e comprometido com a Verdade, está constantemente contrariando os imbecis e sob a mira ameaçadora do “Sistema” e dos poderosos que o compõem. Fica fora do Esquecimento o Amor verdadeiro, incondicional e autêntico do meu pai e de minha mãe que estão, cumprindo novo ciclo, no Plano Infinito. São os autores de minha vida, devo a eles tudo o que eu sou e, diariamente, lembro-me deles com saudade e sussurro que são os únicos amores confiáveis, eternamente. Quanto ao resto é resto mesmo. Dejeto não reciclável. Lixo humano. Prolixos na tarefa abjeta de caluniar, difamar, invejar e prejudicar. Eu os entrego, víboras malditas, canalhas e pusilânimes, para a Justiça Divina - A Justiça Azul e Cósmica. Essa age célere e é extremamente eficaz e implacável. E na voz do silêncio do Esquecimento, aos que me torturaram e causaram perdas irreparáveis, o meu perdão. Sigo o exemplo e os passos do Mestre do Amor e da Sabedoria. Contudo, ninguém retira de mim “As Canções do Olvido”. Ainda que, os dispensáveis seres sombrios e rastejantes tenham dúvida: SER ESCRITOR é uma MISSÃO que o TODO-PODEROSO me concedeu. Prometo cumpri-la até o último dia de minha vida. Palavra de Autor! “As Canções do Olvido”, não serão ouvidas. Será lida pela minha “tribo cósmica” e o meu grupo de Leitores vorazes, leais e fiéis. Maktub.
(*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, agente literário, publicitário, gestor editorial, analista de marketing digital e palestrante. Nove livros publicados. Membro benemérito "ad honorem" do Centro Cultural, Literário e Artístico de PORTUGAL. Contatos: autoreugeniosantana9@gmail.com e (41) 99547-0100 WhatsApp
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
FRAGMENTOS DO CORAÇÃO (*)
Todo relacionamento deve ser cultivado visando criar a maior sinergia possível entre o casal. Entretanto, algumas pessoas têm a terrível mania de consertar o que não tem mais jeito. Seu relacionamento está passando por uma crise ou já terminou faz tempo?
Na vida é preciso fazer alguns ajustes, consertos fazem parte. Entretanto, o remendo enquanto hábito evidencia que algo está errado. Viver uma relação abusiva que traz só tormenta não é a resposta para nada. Passar os anos como um “remendador” destrói a autoestima e o valor próprio ao se comportar como um escravo sentimental. Será a pessoa capaz de remendar a si mesma depois de tanto tempo tentando remendar uma relação quebrada?
Quem vive juntando os próprios cacos emocionais está mais perto das trevas do que a luz do amor libertador. Uma relação amorosa de excelência infelizmente ainda são exceções. Boa parte das pessoas finge não apenas para o grande público, mas sobretudo para si mesmo. E desse modo vão seguindo os dias como se não tivessem outras alternativas ou esperança de uma mudança maior. Preferem a certeza dos remendos ao invés do desconhecido longe da zona de conforto.
Remende suas feridas, remende seu comportamento, remende até o que não for seu. No entanto, não reclame se o universo não o remendar de alguma forma. Afinal, de que adiante pedir uma solução ao cosmos se nem ao menos o seu coração você dá ouvidos? E muitas vezes é melhor recomeçar uma centena de vezes ao invés de ficar aprisionado na primeira armadilha. Um conserto que nunca tem fim é uma forma de autocastigo?
(*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 9547-0100 ZapZap
O HOMEM ERRA, DEUS PERDOA E A NATUREZA SE VINGA (*)
Não gostaria que esta crônica fosse ligada a acontecimentos reais. Catástrofes sempre existiram e vão continuar existindo. Elas, fundamentalmente estão ligadas a duas causas: A primeira trata, costuma-se dizer, da ação do homem sobre a Natureza. O desmatamento, a queima de combustíveis fósseis, o represamento de rios, o aumento desordenado de centros urbanos, etc. Aqui não entram as catástrofes provocadas propositalmente pelo homem com a intenção de causar prejuízo (lançamento da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, destruição das Torres Gêmeas, etc.). Este tipo de fenômeno dificilmente deixará de acontecer. Por mais que se precavenha, os efeitos colaterais sempre aparecem. O homem falha. É próprio da sua natureza. Lembram de Adão e Eva? Então... A segunda causa das catástrofes acontece independente da ação humana. São os furacões, terremotos, vulcões (destruição de Pompéia), a glaciação e assim por diante.
Aquecimento global. Este fenômeno provoca mais uma vez a prepotência humana e ele chama para si toda a culpa. Na verdade o que ele quer é ser valorizado, mesmo que a obra não proporcione nada de bom para a Humanidade. Mas é algo memorável. É isto que lhe interessa. Acabo me lembrando de um “Causo” sobre um galo que cantava toda manhã antes do sol nascer. Na sua cabecinha prepotente, achava que o sol aparecia para admirar seu canto. Para mostrar ainda mais seu poder, resolveu que na manhã seguinte não cantaria para deixar todo mundo às escuras. Não cantou. O Sol nasceu naturalmente. E ele, continuando em sua prepotência, ficou achando que o Astro Rei estava com algum problema...
Um dia desses ouvi um geólogo dizendo que a Natureza não acerta e nem erra. Ela está lá. Ela é o que é. Ela acontece independente do que é certo ou errado, para nós, os Humanos. O que é certo pra ela? O que é errado? Quem tem a essa noção é só o Homem. Pior: varia de acordo com a cultura. O Tietê não invadiu a Vila Pantanal. A Vila Pantanal é que invadiu o Tietê. O Rio não sabe o que é certo ou errado. Mas o Homem sabe. E erra. Erra o miserável por falta de opção. Erra o político por incompetência ou por interesses escusos. Erra o empresário por ganância quando supervaloriza a vista pro mar do alto de uma encosta e minimiza os riscos que ali estão presentes.
E daí? O que sobra? Sobra a esperança (do Homem é claro) de que Deus na sua suprema sabedoria e bondade perdoe a todos.
(*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 9547-0100 ZapZap
sábado, 5 de janeiro de 2019
O CAOS TE CHAMA
Os viciados no caos são mais comuns do que você pode imaginar. Sempre estão pelo menos quinze minutos atrasados e assim chegam tarde em todos os lugares, correndo e esbaforidos. Pedem desculpas e colocam a culpa no trânsito.
Também ficam desesperados no final do mês quando chegam as contas e pela enésima vez descobrem que compraram mais do que podiam pagar e que agora têm um sério problema. Perdem tudo, nunca encontram nada, sempre erram as datas, uma assinatura ou o que quer que seja. Andam de mãos dadas com o erro.
Também são metidos a valentões. É o tipo de pessoa que briga por tudo. Colocam a culpa no comerciante porque os biscoitos aumentaram de preço. Recriminam o taxista por dirigir muito devagar de propósito, ainda que o congestionamento não o deixe ir em frente. Estão o tempo inteiro brigando por algo ou com alguém.
Os viciados no caos são extremamente desorganizados. Seu armário é um espaço assustador onde ao lado de um suéter pode haver uma laranja ou debaixo de um monte de roupa mal dobrada podem estar as chaves da porta, que foram perdidas há dois meses. Se alguém pergunta sobre essa bagunça, reclamam e negam tudo. Dizem que não têm tempo, que estão cheios de problemas, que a organização é coisa para “desocupados”. O que é que realmente acontece com eles? (Copydesk/Fragment by Escritor/Jornalista/Ensaísta EUGENIO SANTANA)
domingo, 23 de dezembro de 2018
PERDER E GANHAR. CHEGAR E PARTIR. RECOMEÇAR...
Chega um instante em que você tem que decidir o seu destino. Permaneço no meu querido sofá rasgado que já tem a forma do meu corpo? Ou pego a mochila, umas mudas de roupa, e saio de fininho antes do amanhecer? Todos passam por momentos de decisão onde um passo pode levar tanto para a glória, quanto para a beira de um abismo. A sensação que tenho é que quanto mais amadurecemos, mais precisamos tomar as rédeas da nossa vida. Quando somos crianças sempre existe alguém que decide por nós; o que vamos comer, aonde ir, o que vestir… Com o passar do tempo o fato de ser pessoa começa a nos cobrar decisões. Vem bem de mansinho e sem que a gente se dê conta passamos a decidir com quem nos relacionar, que profissão escolher, fazer um plano de carreira. Vamos pouco a pouco tomando o controle da nossa existência, conduzindo nossos caminhos, até que, num piscar de olhos, somos pilotos de Fórmula 1 disparados na carreira da vida, entre ultrapassagens e colisões lutando para chegar ao pódio. Você é o piloto, o condutor, quem tem a posse da direção. A vida é representada pelo carro. Os seus adversários e companheiros de equipe são as pessoas que você interage. Todos buscam a vitória. A vitória afetiva, a vitória profissional, o reconhecimento, a recompensa. Mas cuidado, porque o percurso é escorregadio, chuvas torrenciais surgem sem trovoadas. Preste atenção quando houver neblina e tente não se dispersar com a paisagem. Na vida a gente só muda diante do novo. Livros já lidos, músicas que a letra se sabe de cor, receitas que não precisamos mais espiar… Isso faz parte da nossa essência, do que construímos, são parte de nós e da nossa estrutura como indivíduo. No passado nós já arriscamos ao ler aquele livro, escutar aquela canção e preparar aquela receita. Na maioria das vezes o que nos mantém em pé diante das dificuldades não é o que temos, mas sim, o que queremos ter. Temos quem nos ama, temos amigos. Essas pessoas são pivôs na nossa existência, pilastras que nos ancoram e nos escoram. Gratidão a parte, mas para exercer o ofício do novo é fundamental arriscar. O que nos faz sair do lugar é exatamente a busca pelo desconhecido, perseguir a melhoria, vislumbrar a mudança. É sonhar. Como saber que é hora de mudar? Pergunta difícil, cheia de possibilidades. Ir ou ficar? Se ir, para onde? Esquerda, direita, em frente? Ficar é mais fácil porque não exige nada de nós. Entretanto é provável que, mais adiante, você terá que conviver com as dores do reumatismo por ter ficado tanto tempo no sofá da vida. Eu costumo dizer que a hora de soltar as correntes e dar o primeiro passo é justamente quando se sentir incomodado. Atenção à luz amarela do semáforo. Quando ela começar a piscar e você se descobrir enfadado, molestado na situação na qual vive é hora de mudar o trajeto. O incômodo gera infelicidade, frustração, te sucumbe à sensação de incapacidade. Ele é como a febre que denuncia quando algo vai mal no organismo. É o pisca-alerta da vida.Esse peso faz enxergar que aquilo que andava bem e te fazia feliz, já não te completa mais. O que era bom transformou-se em algo penoso, enfadonho, inoportuno. Chegou a hora de botar mais combustível, trocar o óleo, calibrar os pneus, ou talvez só mudar o trajeto para evitar um acidente de percurso lá na frente. Portanto, segure firme o volante. Derrape, mas ultrapasse lá na frente. Esbarre, mas faça a curva com segurança. Tenha precaução em tempos de chuva, mas acelere nas retas quando o sol brilhar! (Copydesk/fragment by EUGENIO SANTANA)
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
OS PORTAIS QUE NOS ENSINAM A LIDAR COM A DOR (*)
Primeiro, existe a porta do sono. O sono nos oferece uma retirada do mundo e de todo o sofrimento que há nele. Marca a passagem do tempo, dando-nos um distanciamento das coisas que nos magoaram. Quando uma pessoa é ferida, é comum ficar inconsciente. Do mesmo modo, quem ouve uma notícia dramática comumente tem uma vertigem ou desfalece. É a maneira de a mente se proteger da dor, cruzando a primeira porta. Segundo, existe a porta do esquecimento. Algumas feridas são profundas demais para cicatrizar, ou profundas de mais para cicatrizar depressa. Além disso, muitas lembranças são simplesmente dolorosas e não há cura alguma a realizar. O provérbio 'O tempo cura todas as feridas' é falso. O tempo cura a maioria das feridas. As demais ficam escondidas atrás dessa porta. Terceiro, existe a porta da loucura. Há momentos em que a mente recebe um golpe tão violento que se esconde atrás da insanidade. Ainda que isso não pareça benéfico, é. Há ocasiões em que a realidade não é nada além do penar, e, para fugir desse penar, a mente precisa deixá-la para trás. Por último, existe a porta da morte. O último recurso. Nada pode ferir-nos depois de morrermos, ou assim nos disseram. (Copydesk/fragment by Jornalista/escritor Eugenio Santana)
quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
AS CONSEQUÊNCIAS DO EXCESSO DE INFORMAÇÃO (*)
Um dos motivos por que somos aconselhados a mandar e-mails curtos é o fato de que informação demais dá à outra pessoa do outro lado muito mais razão para entender tudo errado – ou matutar às três da manhã. O outro é que se você envia uma mensagem longa, o destinatário pode se sentir obrigado a responder com outro calhamaço e aí é você que vai ter que rebolar para entender o que ela quis dizer ou por que simplesmente nem respondeu.
É claro que sabemos desse perigo desde o início dos tempos; no entanto, nunca estivemos na posição de devorar (ou fornecer) tanta informação como hoje em dia, na era das redes sociais e dos ciclos ininterruptos de notícias – e, consequentemente, nunca ficamos tão tentados a esquecer que o volume de conhecimento é limitado; para nós, infinitos são os mal-entendidos, as especulações e a ignorância.
Basta analisar nossa recente temporada de surpresas – do Prêmio Nobel de Bob Dylan à eleição de Donald Trump – para ver que ela nos mostra que sabemos muito pouco. No dia sete de novembro de 2016, graças ao maior volume de dados jamais coletado antes, atualizado a cada segundo durante 16 meses ou mais, todos sabíamos o que ia acontecer; à meia-noite do dia seguinte, percebemos que toda a informação do mundo não corresponde necessariamente à vida real.
Lembra, em “Otelo”, como o guerreiro experiente é convencido a se afastar dos domínios do conhecimento para se aventurar nos territórios da inferência e da especulação pelo velho amigo Iago? No minuto em que se afasta da vida real, na “tormenta” dos próprios pensamentos, declarando que “Iago é o mais honesto”, após este nos ter segredado “Não sou o que sou”, o nobre mouro não tem certeza de mais nada. Nossas pesquisas, nossos analistas, nossas fontes de “notícias” – o nosso próprio saber – funciona mais ou menos da mesma forma, embora talvez com menos malícia, para nos convencer de que insinuação + opinião + suposição = verdade.
Recentemente tive uma boa lição sobre essa realidade ao visitar um campus – não é o que acontece a todos nós hoje em dia, em encontros ou entrevistas de emprego, em simples ocasiões sociais? Fiquei sabendo que o Professor X ia me oferecer um jantar, então é claro que decidi dar uma espiada na rede para saber quem ele era – e também por saber que, se fosse o contrário, ele faria o mesmo. Precisava lhe mostrar que tinha pensado nele de antemão; mais que isso, tinha que estar preparado para duas horas de bate-papo.
Assim que joguei seu nome no Google, apareceu o Mário Castelo Branco e descobri que meu futuro anfitrião era arrogante, ignorante, cruel e até sádico. Cada comentário era mais terrível que o anterior. Só mais tarde pensei que talvez esse verdadeiro assassinato de personalidade fosse uma conspiração engendrada por alguns poucos alunos que receberam nota baixa; não parei para pensar que não necessariamente confiaria nessa garotada de 18 ou 19 anos em nenhum outro aspecto, muito menos quando o futuro dela está em jogo; nem me dei ao trabalho de levar em consideração o fato de que aqueles que defendem uma ideia com mais fervor são os que fazem questão de escrever resenhas on-line.
Cheguei à casa do meu anfitrião com o pé atrás – e quase não soube o que fazer com o homem gentil, educado e engraçado que vi à minha frente. Sem dúvida, ele não deve ter entendido por que eu me mostrava tão reservado e arisco – ou, quem sabe, pode ter lido as resenhas a meu respeito e já sabia que eu era arrogante, ignorante e cruel.
O maior acesso ao conhecimento é uma das glórias do nosso tempo. Mesmo o nosso vizinho mais desprovido de bens materiais tem a Biblioteca de Alexandria, multiplicada por um valor infinito, na palma da mão, como nenhuma outra geração anterior teve. Em parte, o volume de dados sob nosso controle é o que torna a vida mais rica e mais feliz do que nunca.
Zanzando entre os monumentos mais emblemáticos de São Paulo, tive que lembrar a mim mesmo de que aqueles edifícios à minha volta quase todos eram só fachada, já que a grande maioria só tinha fantasmas circulando entre os andares; que a mulher no vagão de metrô impecável, simpática, pode ter me cumprimentado em inglês só porque o governo mandou, como um verdadeiro acessório humano. Assim que voltei para o que considero o Planeta Terra, entrei na internet e fiquei feliz ao me deparar com o que é quase universalmente tido como “verdades reconhecidas”.
Porém, uma coisa que acontece quando adquirimos “conhecimento” excessivo é que, como Otelo, às vezes não conseguimos distingui-lo daquilo que nunca será conhecido e que, por sua vez, talvez não seja falso. Outra é que somos tentados a não enxergar a separação entre os limites de um e de outro, como no caso da ciência e da saúde – em que quanto mais dados tivermos, melhor –, e o das relações humanas, onde o que vale pode ser o contrário.
O conhecimento parece ter se tornado um fim em si próprio e bebemos avidamente de sua fonte sem parar para perceber que é Iago – ou aquele autor anônimo de um item qualquer da Wikipédia – quem nos serve e que, às vezes, a sabedoria depende de ver o quanto o conhecimento não conhece e o tanto da rotina que é moldado pelo inesperado.
Quando menino, eu sabia que o conhecimento era a melhor fonte de poder que existia; praticamente todo adolescente quer saber das coisas. O que eu não conseguia entender é que justamente nas questões de maior importância – amor, terror, a existência de Deus, por que Iago é possuído pelo demônio? – estão fora desse domínio. Que quanto mais informações reunirmos sobre qualquer um, seja Angelina Jolie ou Donald Trump, menos parecemos saber. E que ninguém confiável agora quer concorrer a cargos públicos, em parte porque, na era do conhecimento, ninguém é imaculado perante o júri global da internet.
Quem leu este artigo até aqui terá acumulado mais conhecimento hoje do que Shakespeare ao longo de toda a sua vida, mas ele sabia muito mais sobre o que temos dificuldade de ver. Enquanto meus amigos ficam me dizendo o que vai acontecer durante o governo de Bolsonaro, eu me lembro de tudo o que falaram há alguns meses que ia mudar o Brasil. Graças aos céus o presidente tem sabedoria o bastante para lembrar que nenhum de nós sabe nem o que vai acontecer hoje à noite.
(*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 99547-0100 ZapZap
terça-feira, 11 de dezembro de 2018
A MISSÃO DO ESCRITOR (*)
A tarefa de um escritor se desenrola com mais facilidade quando existe uma ou mais fontes de inspiração das quais ele pode utilizar.
Escritores precisam beber constantemente das fontes de inspiração para inspirar. Como diz o escritor americano Stephen King, “essa água é de graça, então beba-a”.
Existem dois tipos básicos de inspiração: externa, que vem por meio de livros, artes ou quaisquer outras referências de conteúdo; e interna, que flui naturalmente a partir da observação, criatividade e imaginação.
A inspiração interna depende não só de inteligência, mas também de senso crítico, boa linguagem e capacidade de compreender pessoas, interpretar emoções e associar coisas. A inspiração externa é igualmente importante, dependendo dos aprendizados conquistados.
Escritores veteranos necessitam de inspiração externa tanto quanto os escritores iniciantes, pois uma bagagem intelectual consistente só pode ser adquirida com muito estudo, conhecimento e a devida experiência.
Ao longo da história, inúmeros escritores consagrados deixaram sua marca no mundo e possibilitaram que gerações subsequentes de leitores aproveitassem seus trabalhos para diferentes fins, inclusive o de escrever.
Esses profissionais da literatura desenvolveram, cada um à sua maneira, um estilo de trabalho peculiar que incentiva outros escritores a desnudar sua própria personalidade de escrita.
Talvez por seu jeito autêntico de escrever, por suas obras literárias grandiosas e pelo significado que têm para muitos leitores, esses escritores renomados costumam ser lembrados de uma forma ou outra.
Nessa lista de frases a seguir, faltou a presença de centenas (senão milhares) de escritores que mereciam ter sido citados, mas não foram, porque a amostra aqui é pequena e os créditos são limitados.
Não só para escritores, mas também para atender a uma demanda popular de leitores, aqui estão 30 frases inspiradoras de escritores renomados como, por exemplo, Stephen King, George R.R. Martin, J.K. Rowling, J.R.R. Tolkien, Ernest Hemingway, Charles Bukowski e George Orwell.
1. Stephen King
“Escrever não é sobre ganhar dinheiro, ficar famoso, conseguir encontros, transar ou fazer amigos. Escrever é magia, tal como é a água da vida ou qualquer outra arte criativa. Essa água é de graça, então beba-a.”
2. J.K. Rowling
“Palavras são nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de ferir e de curar.”
3. George R.R. Martin
“Todo voo começa com uma queda.”
4. J.R.R. Tolkien
“Nem todos que vagam estão perdidos.”
5. Friedrich Nietzsche
“O destino dos homens é feito de momentos felizes, não de épocas felizes.”
6. George Orwell
“A escrita não é um negócio sério. É uma alegria e uma celebração. Você deve estar se divertindo com isto.”
7. Oscar Wilde
“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.”
8. Dan Brown
“Às vezes, basta uma pequena mudança de perspectiva para vermos algo familiar a uma luz completamente diferente.”
9. Charles Dickens
“O coração humano tem cordas que é melhor não tocar.”
10. Malcolm Gladwell
“Quem nós somos não pode ser separado de onde viemos.”
11. Edgar Allan Poe
“Aqueles que sonham acordados têm consciência de mil coisas que escapam aos que apenas sonham adormecidos.”
12. Scott Fitzgerald
“Nada tão bom não é difícil.”
13. Charles Bukowski
“Escrever é como ir para a cama com uma linda mulher.”
14. Søren Kierkegaard
“A decepção mais comum é não podermos ser nós próprios, mas a forma mais profunda de decepção é escolhermos ser outro antes de nós próprios.”
15. Viktor Frankl
“A tentativa de desenvolver um senso de humor e ver as coisas sob uma luz bem-humorada é algum tipo de truque aprendido ao se dominar a arte de viver.”
16. Mark Twain
“Daqui a alguns anos, você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Então solte as amarras. Afaste-se do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra.”
17. Isabel Allende
“Mostre-se, mostre-se, mostre-se e, depois de um tempo, a musa aparecerá, também.”
18. Confúcio
“A única maneira de não cometer erros é fazendo nada. Este, no entanto, é certamente um dos maiores erros que se poderia cometer em toda uma existência.”
19. Henry Miller
“Trabalhe em uma coisa de cada vez até terminá-la. Não fique nervoso. Trabalhe com calma, alegremente e de forma prudente sobre o que estiver na mão. Plante uma semente a cada dia, em vez de adicionar fertilizantes.”
20. Sun Tzu
“As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas.”
21. Nicolau Maquiavel
“Todos veem o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é.”
22. Leandro Karnal
“Ser louco é a única possibilidade de ser sadio nesse mundo doente.”
23. Zadie Smith
“Evite seus pontos fracos, mas faça isso sem dizer a você mesmo o que não pode ou não deve fazer. Não mascare autodúvida com desprezo.”
24. John Steinback
“Abandone a ideia de que você está cada vez mais terminando algo.”
25. E.B. White
“Escritores não se limitam a refletir e interpretar a vida: eles informam e moldam-na.”
26. Ernest Hemingway
“Como escritor, você não deve julgar. Você deve compreender.”
27. Mary Gordon
“Enquanto exaustivamente nos perdemos nos vórtices de nossos próprios inventos, nós desabitamos o mundo corpóreo.”
28. Mário Sérgio Cortella
“A tragédia não é quando um homem morre. A tragédia é o que morre dentro de um homem quando ele está vivo.”
29. Zygmunt Bauman
“A vida é muito maior que a soma de seus momentos.”
30. Immanuel Kant
“Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço.”
(*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 99547-0100 ZapZap
A FUNÇÃO DA LITERATURA (*)
Mas afinal de contas, a literatura serve para quê? Na maioria das vezes, lemos uma obra literária e não nos perguntamos qual é a função que ela desempenha em nossas vidas.
No artigo A literatura e a formação do homem, o crítico literário e sociólogo brasileiro Antonio Candido declara que a literatura tem força humanizadora; ela é capaz de exprimir o homem, sem deixar de atuar, ao mesmo tempo, em sua formação.
E como se dá esse tal processo humanizador? Candido destaca que esse processo de humanização se realiza a partir de três funções:
1.psicológica, pois todo homem, seja criança, adolescente ou adulto, precisa consumir fantasia porque ninguém pode passar um dia sem criar, imaginar, contar piadas ou histórias mais elaboradas;
2. formadora, que não se deve ser confundida com pedagógica ou moralizadora, pois a arte literária não é inofensiva, ao transfigurar o real ela carrega tanto o bem como o mal;
3. reconhecimento do mundo e do ser, pois ao sintetizar o real, o texto de uma obra oferece aos leitores uma visão de mundo em que vivem de modo que possam compreender os papeis que desempenham nele.
Ao contrário do que se pensava antigamente sobre a literatura – sobretudo a destinada para os jovens –, que tinha um papel formativo tradicional, pedagógico e moralizador, Candido considera que esta nobre arte possui papel formador, sim, todavia de personalidade do homem, e não de convenções sociais, saberes didáticos, direitos e deveres. A literatura permite ao homem conhecer a si mesmo e a própria realidade, o que, consequentemente, direciona um poderoso despertar de senso crítico.
O texto literário sintetiza o real e, ao fazer isso, oferece aos leitores uma visão do mundo em que vivem de modo que possam compreender os papéis que nele desempenham. Embora a obra literária constitua um mundo autônomo, ou seja, não é o mundo real, essa autonomia não a desliga de suas fontes da realidade e não inviabiliza a capacidade que a obra tem de atuar sobre o real que a motiva.
A literatura, portanto, serve para o conhecimento do mundo e do ser. Sua função formadora não deve ser confundida com uma missão pedagógica.
(*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 99547-0100 WhatsApp
quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
A FALSA ALEGRIA ENTRE O VIRTUAL E O REAL (*)
Há pessoas tão preocupadas em se mostrar bem e agradar, que acabam se perdendo de si mesmas. São tantos que vivem iludidos por espelhos de pequenas ilusões e escondidos atrás de cortinas de grandes mentiras, que com o passar do tempo, perdem a noção da realidade: já não conseguem viver sendo verdadeiros. E existe uma cobrança coletiva por baixo disso. Somos cobrados pelo sucesso alheio e incentivados a sermos iguais. Por detrás de uma foto postada, quase sempre há máscaras. Há pessoas com a alma ferida tentando se mostrar fortalecidas. Quando a pessoa se deixa seduzir pelas tentações de ego e de vaidade, acaba entregando a vida para uma viagem só de ida. Só na tela. Tentar competir com o mundo é a melhor e mais rápida maneira de ser derrotado. Quando a pessoa se deixa seduzir pelas tentações do ego e da vaidade, acaba entregando a vida para uma viagem só de ida. Só na tela. São tantos que vivem iludidos por espelhos de pequenas ilusões e escondidos atrás de cortinas de grandes mentiras, que com o passar do tempo perdem a noção da realidade. Já não conseguem viver sendo verdadeiros. É há uma cobrança coletiva por baixo disso. Somos cobrados pelo sucesso alheio e incentivados a sermos iguais. Mal sabemos que, em algumas situações, por detrás de uma foto postada, quase sempre há máscaras, quase sempre há pessoas com a alma ferida, tentando se mostrar fortalecidas. Quando a pessoa se deixa seduzir pelas tentações do ego e da vaidade, acaba entregando a vida para uma viagem só de ida. Só na tela. Tentar competir com o mundo é a melhor e mais rápida maneira de ser derrotado. Existe um enquadramento relacionado entre as redes sociais e sua fábrica de ilusões. Parece absurdo, mas, na maioria das vezes, só postamos aquilo que queremos que os outros vejam. Postamos aquilo que queremos ser (e muitas vezes não somos). A verdade nem sempre é mostrada. Poses e mais poses, filtros e mais filtros para se chegar na foto perfeita. Quantas são as vezes que em busca de aprovação de outras pessoas, pintamos um quadro totalmente disforme da realidade. Nem sempre é o que parece, por vezes as pessoas estão prestes a cair num precipício, mas querem que todos pensem o contrário. A busca doentia por “likes” transforma fulanos e fulanas em reféns de suas próprias mentiras. Na verdade, há casos em que a diferença de imagem entre a pessoa real e a pessoa mostrada na tela do computador é tão grande, que, na grande parte das vezes, é algo inacreditável. São figuras distintas, quase que irreconhecíveis quando colocadas lado a lado. A sociedade se reconfigura quando se projeta uma imagem vitoriosa. Há uma aceitação maior. Há uma glorificação da figura do ser bonito, rico e perfeito e não se enquadrar nisso é dolorido para pessoas (em sua maioria) com a autoestima abalada demais ou elevada demais. Umas de um lado, outras de outro. Paradoxos difíceis de compreender. Um sonho de consumo que faz muitos se sentir inseguros e tristes. Um sonho de consumo que faz muitos se mostrar alegres e bem-sucedidos. Um sonho de ser além do que as outras pessoas comuns aparentemente são. Os perfis são tão perfeitos, as pessoas tão alegres, as fotos tão bonitas, as comidas tão gostosas, as selfies mais incríveis, as festas mais chiques, os amigos tão sorridentes, as famílias tão impecáveis, empregos poderosos, romances maravilhosos, viagens inesquecíveis, as roupas mais caras: A melhor vida possível! Depois desse prazer dos diversos likes, essas ações viciam e tendem a se repetir. Ostentar sucesso e trabalhar o marketing pessoal, pode fazer parte, saudavelmente, do dia a dia do vaidoso. Quando é sem muitos exageros, melhor ainda. O perigo é quando muita parte do que é exibido não é real, é montado, disfarçado, é fake. Existe o risco de ser descoberto e o castelo cair, o prazer pode virar dor, a luxúria pode virar amargura, aplausos viram vaias, beleza vira vergonha e sorrisos viram choro. É complicado pensar que atualmente os níveis de felicidade, realização e sucesso das pessoas são calculados pelo número de likes e coraçõezinhos em seu perfil. Cliques esses, muitas vezes feitos por pessoas que nem se conhecem.
(*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 99547-0100 ZapZap
terça-feira, 4 de dezembro de 2018
A SOCIEDADE CIVIL É CORRUPTA E RECLAMA DA CORRUPÇÃO DA CLASSE POLÍTICA (*)
O assunto político tem tomado grandes proporções ultimamente. As mídias sociais estão repletas de revoltas contra os políticos em geral e afirmações extremas sobre os mesmos, o ódio contra a corrupção que afeta a população é mais do que aceitável, é necessário. As páginas nas redes sociais esbravejando contra a corrupção dos poderosos ganham milhares e milhares de seguidores todos os dias e defensores mais que calorosos. Pessoas que votaram em um candidato se sentem superiores e adoram gritar aos quatro ventos que não colaboraram com o caos regrado à corrupção que temos vivido atualmente. Será? Quando nos perguntamos o porquê de ser praticamente impossível encontrar um candidato com a ficha limpa bem posicionado no Brasil, dificilmente obtemos respostas. O problema em geral está na população. É isso aí, somos nós mesmos, que não apenas tememos o desconhecido como colaboramos diretamente para a corrupção geral. Sabe aquele dinheiro que você, mesmo vendo o rapaz derrubar, botou no bolso correndo antes que ele percebesse que caiu? Aquele dinheiro que, ao dar o troco, o atendente do supermercado te passou sobrando e você manteve silêncio e se sentiu satisfeito, sortudo? Àquele produto que você comprou baratinho mesmo desconfiando que era roubado, àquela prestação que você espera “caducar” no sistema de proteção de crédito e não pretende pagar nunca? E aquele dia que você fingiu estar dormindo no banco colorido do ônibus para não precisar ceder o lugar para a gestante ou o idoso que entrou? Você entrou pelas portas traseiras do ônibus se sentindo o maioral e ainda é cheio de desculpas? Pois é. Sabia que os políticos corruptos também inventam um monte de desculpas para justificar seus atos? Você é tão corrupto e egoísta quanto os odiosos políticos que você acusa com tanto ardor. Você sai por ai, xingando contra todos e se sentindo vítima da corrupção que você mesmo alimenta, mas está sempre tentando levar vantagem em tudo. A diferença entre você e os nossos políticos é que você tem menos poder. Do contrário, seria mais um se divertindo com o dinheiro público. Se você aproveita todas as oportunidades, mesmo que incorretas, para se dar bem nas situações, comece a pensar em suas atitudes antes de sair acusando por aí. Vamos aprimorar nosso próprio caráter para garantir melhores pessoas no poder futuramente, a começar por nós mesmos? (DA REDAÇÃO - JORNALISTA EUGENIO SANTANA)
domingo, 2 de dezembro de 2018
A PASSAGEM PARA A OUTRA DIMENSÃO (*)
A morte é o maior mistério da vida. Sempre pensei: “E se os mortos pudessem continuar convivendo conosco, mesmo que em forma de espírito, e nos contando tudo o que acontece do outro lado, será que ficaríamos menos mal com a morte de entes queridos?”.
A morte é algo que não estava no script. Deus nos projetou para sermos eternos, e de fato somos. Mas, a partir do momento em que o pecado e a maldade entraram no mundo, como coexistirem maldade e imortalidade em um mesmo lugar? Aí Deus teve que separar a imortalidade do mal. E aí veio a morte, que nada mais é do que o caminho para a eternidade.
Imagina se o mal tivesse entrado no mundo, e todos nós continuássemos imortais? Imagina uma pessoa atirando em outra várias vezes, e essa não morrendo nunca? Não dá, o mundo seria um caos muito maior do que já é.
Só existe imortalidade onde existe convivência pacífica, harmoniosa, onde existe apenas o bem. A morte é o preço mais doloroso que pagamos por termos deixado o mal entrar no mundo. Sentimos uma enorme dor quando pessoas queridas se vão, pois sabemos que só iremos revê-las quando partirmos também.
Mas sabe qual a solução? Não nos apeguemos a este mundo. Ele é material, físico, acaba. O mundo espiritual, esse sim é eterno. Nossa alma continua existindo depois da passagem, ela não acaba nunca. Fique tranquilo. E os vínculos que construímos por aqui continuam para sempre.
Acho que se os que já se foram pudessem falar conosco, diriam assim:
“Pessoal, está tudo bem. Estamos em um lugar maravilhoso! E não existe o mal e nem a dor por aqui. Sim, é muito ruim ficar aí sem a gente. Mas vocês tem que continuar vivendo, de alguma forma. Pensem que nós viajamos para outra dimensão, e nessa dimensão não pega sinal, não tem internet. Ficamos incomunicáveis com vocês. Mas temos a certeza de que um dia vocês estarão aqui também, do outro lado, com a gente.”
Essa palavra "morte" não deveria nem existir no nosso vocabulário. É muito pesada, triste, carrega um peso enorme. Ela deveria ser excluída do dicionário, e falarmos apenas "passagem para a outra vida", ficaria melhor assim.
(*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 99547-0100 ZapZap
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
OS PIRILAMPOS FAISCAVAM CRAVADOS DE ESMERALDAS, DIAMANTES E TOPÁZIOS (*)
Os primeiros vagalumes começavam no bojo da mata a correr suas lâmpadas divinas. No alto, as estrelas miúdas e sucessivas principiavam também a iluminar. Os pirilampos iam-se multiplicando dentro da floresta, insensivelmente brotavam silenciosos e inumeráveis nos troncos das árvores, como se as raízes se abrissem em pontos luminosos. A desgraçada, abatida por um grande torpor, pouco a pouco foi vencida pelo sono; e deitada às plantas da árvore, começou a dormir… Serenavam aquelas primeiras ânsias da Natureza, ao penetrar no mistério da noite. O que havia de vago, de indistinto, no desenho das coisas, transformava-se em límpida nitidez. As montanhas acalmavam-se na imobilidade perpétua; as árvores esparsas na várzea perdiam o aspecto de fantasmas desvairados… No ar luminoso tudo retomava a fisionomia impassível. Os pirilampos já não voavam, e miríades deles cobriam os troncos das árvores, que faiscavam cravados de diamantes e topázios. Era uma iluminação deslumbrante e gloriosa dentro da mata tropical, e os fogos dos vagalumes espalhavam aí uma claridade verde, sobre a qual passavam camadas de ondas amarelas, alaranjadas e brandamente azuis. As figuras das árvores desenhavam-se envoltas numa fosforescência zodiacal. E os pirilampos se incrustavam nas folhas e aqui, ali e além, mesclados com os pontos escuros, cintilavam esmeraldas, safiras, rubis, ametistas e as mais pedras que guardam parcelas das cores divinas e eternas. Ao poder dessa luz o mundo era um silêncio religioso, não se ouvia mais o agouro dos pássaros da morte; o vento que agita e perturba, calara-se… Marcela foi cercada pelos pirilampos que vinham cobrir o pé da árvore em que adormecera. A sua imobilidade era absoluta, e assim ela recebeu num halo dourado a cercadura triunfal; e interrompendo a combinação luminosa da mata, a epiderme da mulher desmaiada, translúcida, era como uma opala incrustada no seio verde de uma esmeralda. Depois os vagalumes incontáveis cobriram-na, os andrajos desapareceram numa profusão infinita de pedrarias, e a miserável, vestida de pirilampos, dormindo imperturbável como tocada de uma obra divina, parecia partir para uma festa fantástica no céu, para um noivado com Deus… E os pirilampos desciam em maior quantidade sobre ela, como lágrimas de estrelas. Sobre a cabeça dourada brilhavam reflexos azulados, violáceos, e dali a pouco braços, mãos, colo, cabelos, sumiam-se no montão de fogo inocente. E vagalumes vinham mais e mais, como se a floresta se desmanchasse roda numa pulverização de luz, caindo sobre o corpo de Marcela até o sepultarem em um túmulo insólito. Um momento, a mulher inquieta ergueu docemente a cabeça, abriu os olhos que se deslumbraram. Pirilampos espantados faiscavam relâmpagos de cores… Marcela pensou que o sonho a levara ao abismo dourado de uma flor-estrela, e recaiu adormecida na face iluminada do Planeta blue…
(*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, agente literário, publicitário, gestor editorial, analista de marketing digital e palestrante. Nove livros publicados. Membro benemérito "ad honorem" do Centro Cultural, Literário e Artístico de PORTUGAL; sócio da ACI - Associação Catarinense de Imprensa e da UBE/SC - União Brasileira de Escritores Contatos: autoreugeniosantana9@gmail.com e (41) 99547-0100 ZapZap
–
terça-feira, 13 de novembro de 2018
DESPEDIR-SE DE UM AMOR É DESPEDIR-SE DE SI MESMO (*)
Existe duas dores de amor. A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão envolvidos que não conseguimos ver luz no fim do túnel. A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel. Você deve achar que eu bebi. Se a luz está sendo vista, adeus dor, não seria assim? Mais ou menos. Há, como falei, duas dores. A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por ninguém. Dói também. Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um suvenir de uma época bonita que foi vivida, passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação com a qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente e que só com muito esforço é possível alforriar. É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a dor-de-cotovelo propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: eu amo, logo existo. Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente.
(*) Copydesk/fragment by EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 99547-0100 ZapZap
Assinar:
Postagens (Atom)