segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O LUGAR PLANETÁRIO DO AMOR

Noruega não é a mesma coisa que Nigéria, embora figurem no atlas e no dicionário, comecem com N, terminem com a, e tenham ambas sete letras. As duas estão no planeta: uma, localizada na Europa, conta com cinco milhões de habitantes e sua renda “per capita” é de 35 mil dólares. A outra está situada na África, povoada por 130 milhões de seres que distribuem escassamente entre si os quatrocentos dólares anuais por cabeça do produto bruto. São muitas as diferenças que nos separam no Planeta Azul; entretanto, mais capitais são as razões para a unidade. Em cada casa, bairro, vila, aldeia, distrito ou continente, as fronteiras fragmentam os pequenos territórios do isolamento e impedem a sinergia do conjunto, mas subjaz a unidade da condição humana e a orquestração universal da vida em si, sem cercas divisórias nem lutas por recursos. Ambos os países inauguraram o novo milênio com idênticas necessidades de auto-realização, mas com acentuadas diferenças de recursos, clima e sonhos. Trata-se das muitas indignidades planetárias dos velhos séculos, ainda vigentes, e que se multiplica em cada país, incluindo o Brasil – que possui o rótulo de emergente. Chiara Lubich, com o movimento dos focolares, espalhado pelo mundo, afirma “que toda nossa vida não é nada mais que procurar e encontrar o lugar do coração”, que não é a mesma coisa que consultar o cardiologista. Toda palavra que não se abra sobre o silêncio se faz ideologia, fundamentação teórica, esquema político, norma ou slogan para discurso de ocasião. O silêncio será a linguagem universal. A tradição monástica fala de “hesicasmo”, silêncio de união, que permite fazer comunhão com todas as coisas. A consciência então descende, ou ascende, ao coração, por fim encontra o lugar. Monge é aquele que, separado, está unido a todos. “Seja amigo de todos, mas em seu espírito permaneça sozinho”. Jesus, mestre que perdoa, expressou oportunamente a dificuldade que tinha para encontrar o lugar onde repousar sua cabeça. Nem no mapa nem no dicionário pode-se chegar a encontrar o lugar do amor, tampouco no templo nem em nenhum evento especial. O silêncio apropriado nos visita às vezes quando a disponibilidade interna é alta, quando o coração solidário oferece sem reservas o bom tratamento da unidade, quando o sagrado nos visita. O novo milênio é o reino da quinta dimensão. O lugar planetário do amor. (EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta e consultor em gestão de pessoas. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira 2. Sócio-correspondente do Centro Artístico e Literário de Portugal; Autor da Biografia de João de Deus – o médium de Abadiânia)

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

FRAGMENTOS DE ARTE, CULTURA E LITERATURA

Enquanto viver o escritor, julgamos suas qualidades pela sua pior obra; uma vez morto, iremos julgá-lo pela obra mais perfeita. Famoso não é escrever sua autobiografia; é ver escrita sua biografia não-autorizada. O escritor original, enquanto não está morto, é sempre escandaloso. Muitos escritores esgotam-se antes dos seus livros. Poetas são engarrafadores de nuvens. A poesia é completamente inútil; saiu da moda. As duas coisas mais envolventes de um escritor são tornar familiares as coisas novas e tornar novas as coisas familiares. Não é preciso pressa na literatura. Um romance é como gravidez: aquilo fica dentro de você, crescendo, crescendo, incomodando, até sair. Autores são como gatos porque são quietos, amáveis e sábias criaturas, e os gatos se parecem com os autores pelas mesmas razões. Tenho a doença de fazer livros e de ficar envergonhado quando os faço. Em todas as artes em que os sábios se destacam, a obra-prima da natureza é escrever bem. A fome faz sair do bosque o lobo e da arte, o escritor. Para que vieste na minha janela meter o nariz? Se foi por um verso, não sou mais poeta. Ando tão feliz. (EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta e consultor em gestão de pessoas. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira 2. Sócio-correspondente do Centro Artístico e Literário de Portugal; Autor da Biografia de João de Deus – o médium de Abadiânia)

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O NAVIO FANTASMA DO AMOR

Como termina um amor? – O quê? Termina? Em suma ninguém – exceto os outros – nunca sabe disso; uma espécie de inocência mascara o fim dessa coisa concebida, afirmada, vivida como se fosse eterna. O que quer que se torne objeto amado, quer ele desapareça ou passe à região da Amizade, de qualquer maneira, eu não vejo nem mesmo se dissipar: o amor que termina se afasta para um outro mundo como uma nave espacial que deixa de piscar: o ser amado ressoava como um clamor, de repente ei-lo “sem brilho” (o outro nunca desaparece quando e como se esperava). Esse fenômeno resulta de uma imposição da declaração amorosa: eu mesmo (indivíduo enamorado) não posso construir até o fim minha história de amor: sou o escritor (o narrador) apenas do começo; o final dessa história, assim como a minha própria morte, pertence aos outros; eles que escrevam o romance, narrativa exterior, mítica. (Escritor, jornalista e ensaísta EUGENIO SANTANA – Autor de nove livros publicados. Da Academia de Letras do Noroeste de Minas (ALNM).

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O MEU ÚNICO LEGADO: MEUS FILHOS/LIVROS

Através das “Asas da Utopia”, fui “Guiado pelos Pássaros” e na floresta do desejo literário senti o êxtase, o perfume e o mistério de “Flor-Estrela” e, viajando na asa do tempo, reflexivo fiz amor no “Crepúsculo e Aurora”, meditando sobre a transitoriedade da vida, sou “InfinitoEfêmero”, “Enquanto Brilha o Sol”, sob forte névoa, neblina e tempestade deste mundo caótico, fui determinado, visionário, resiliente e neste exercício generoso da empatia, escrevi “Ventos Fortes, Raízes profundas”, e para concluir retornei às origens e às raízes mais profundas, com as “Asas da Memória”. Maktub! (Escritor/jornalista Eugenio Santana. Autor de 9 livros publicados)

terça-feira, 4 de outubro de 2016

TODOS NÓS NOS VEMOS DIANTE DE ESCOLHAS

Algumas portas se abrem e outras se fecham. Raramente há um rumo claro, além daquele para o qual nossos próprios valores apontam. Quando comecei a pensar sobre todo o conceito das limitações pessoais, naturalmente comecei pelas minhas. Acredito todos as temos e acho que elas nos afetam de muitas maneiras que mal começamos a começamos a compreender. Algumas são evidentes para todos, como a protuberância na cabeça de Mário, enquanto outras ficam tão ocultas que nem sequer sabemos que estão lá ou percebemos quanto afetam nossas decisões. Desde que estava na segunda série, quis que minha vida servisse para algo, que fizesse alguma diferença no mundo em que eu vivia. Sempre quis crescer e realizar qualquer que fosse o propósito da minha existência e fazer todo o possível para ajudar os outros a realizarem o deles. Com o tempo, entretanto, aprendi que minhas próprias limitações eram meus maiores obstáculos a esses desejos. Comecei a examiná-las com mais atenção e compreender os vínculos e impactos que estavam tendo na minha vida. Se conseguisse identificá-las e trabalhar para eliminá-las, eu sabia que minha trajetória seria diferente e que meu desempenho alcançaria outro patamar. (Escritor/jornalista Eugenio Santana)

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O ROTEIRO DO BEIJO...

O beijo é uma forma linda de demonstrar amizade, carinho e ardor. Uma doce e sublime ternura ou um desejo comum de amor. O beijo mecânico: O beijo que é dado no rosto. Um beijo quase sem beijo que a gente nem sente o gosto. O beijo abstrato: Naquela moça simples. Na inatingível atriz que a gente vê na TV. O beijo fraterno: Um beijo confortante do pai ou da mãe que faz alegrar o semblante. O beijo humorístico: O beijo de uma linda mulher na ponta do nariz que deixa a gente com cara de palhaço porque esperava que fosse um pouquinho mais embaixo. O beijo da traição: Este beijo não deveria existir. Assim como ninguém deveria conhecer. O beijo da traição mais famoso fez Cristo padecer. O beijo frio: É o beijo da morte. Este beijo é sombrio que só de pensar já nos dá arrepio. O beijo da amizade: É simbólico e lindo, quando é dado com sinceridade no amigo ou na amiga com profunda lealdade. O beijo sem amor: Pode não ser tão importante, mas ajuda a excitar quando se beija quem não se ama e quer apenas transar. O beijo francês: Este beijo é sensual, sexual, nem todos dão, nem todos recebem, mas se nunca aceitarem, coitados! Não sabem o que perdem! O beijo com amor: Este beijo é sem igual, no rosto, na boca... não importa onde,mas na pessoa amada,é sempre especial. O beijo ardente: Este sim é um beijo especial, que é dado na boca, com corpo quente. Pode ser no pescoço ou no rosado ventre. Um beijo assim tão quente, em meio a sussurros e devaneios, em que, a sensualidade só explode, quando a boca adormece nos seios. (ES – O Guardião de Memórias)

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

EU-TE-AMO...

EU-TE-AMO. A figura não se refere à declaração de amor, à confissão, mas ao repetido proferimento do grito de amor. Posso passar dias seguidos dizendo “eu-te-amo” sem poder talvez nunca passar a “eu o amo”: resisto a fazer passar o outro por uma sintaxe, uma predicação, uma linguagem (a única assunção do “eu-te-amo” seria apostrofá-lo, dar a ele a expansão de um nome: Ariane, “eu te amo”, diz Dionísio). “Eu-te-amo” não tem empregos. Essa palavra, tanto quanto a de uma criança, não está submetida a nenhuma imposição social; pode ser uma palavra sublime, solene, frívola, pode ser uma palavra erótica, pornográfica. É uma palavra que se desloca socialmente. “Eu-te-amo” não tem nuances. Dispensa explicações, as organizações, os graus, os escrúpulos. De uma certa forma – paradoxo exorbitante da linguagem – dizer “eu-te-amo” é fazer como se não existisse nenhum teatro da fala, e é uma palavra sempre “verdadeira” (não tem outro referente a não ser seu proferimento: é um performativo). “Eu-te-amo” não tem distanciamento. É a palavra da díade (maternal, apaixonada); nela, nenhuma deformação vem clivar o signo; não é metáfora de nada. “Eu-te-amo” não é uma frase: não transmite um sentido, mas se prende a uma situação limite: “aquela em que o sujeito está suspenso numa ligação especular com o outro.” É uma holofrase. (Embora seja dito milhões de vezes, “eu-te-amo” não está no dicionário; é uma figura cuja definição não pode exceder o título.) A palavra (a palavra-frase) só tem sentido no momento em que eu a pronuncio: não há nela outra informação a não ser seu dizer imediato: nenhuma reserva, nenhum depósito do sentido. Tudo está no “lançamento”: é uma “fórmula”, mas essa fórmula não corresponde a nenhum ritual; as situações em que eu digo “eu-te-amo” não podem ser classificadas: “eu-te-amo” é irreprimível e imprevisível. O que quero é receber a fórmula, o arquétipo da palavra de amor, como uma chicotada em cheio, inteiramente, literalmente sem fuga: ponto de escapatória sintática, ponto de variação: que as duas palavras se respondam em bloco, coincidindo significante por significante (“Eu também” seria exatamente o contrário de uma holofrase); o que importa, é o proferimento físico, corporal, labial da palavra: abre teus lábios e que isso saia daí (sê obsceno). O que eu quero, desesperadamente, é “obter a palavra”. Mágica? Mítica? A Fera – que foi encontrada na sua feiúra – ama a Bela; a Bela, evidentemente, não ama a Fera, mas, no final, vencida (pouco importa porquê; digamos: pelas “conversas” que tem com a Fera), lhe diz a palavra mágica: “Eu te amo, Fera”; e imediatamente, através do rasgo suntuoso de um acorde de harpa, aparece um novo sujeito. Essa história é arcaica? Eis uma outra: um cara sofre porque sua mulher o abandonou: ele quer que ela volte, ele quer – precisamente – que ela lhe diga “eu te amo”, e ele corre, por sua vez, atrás da palavra; para terminar, ela o diz: e então ele desmaia: é um filme de 1975. E ainda o mito, de novo: o Holandês Voador erra à procura da palavra: se ele a obtiver (por juramento de fidelidade), ele não errará mais (o que importa no mito, não é o domínio da fidelidade, é seu proferimento, seu canto). Como proferimento, “eu-te-amo” está do lado do gasto. Aqueles que querem o proferimento da palavra (líricos, mentirosos, errantes) são sujeitos do Gasto; eles gastam a palavra como se fosse impertinente (vil) que ela fosse recuperada em algum lugar; eles estão no limite extremo da linguagem, lá onde a própria linguagem (e quem no seu lugar o faria?) reconhece que não tem proteção, trabalha sem rede. (EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta e redator publicitário. Autor de nove livros publicados)

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

VIDA EFÊMERA

À medida que envelheço, presto menos atenção ao que as pessoas dizem; simplesmente observo o que fazem. Os projetos de vida foram substituídos por estratégias de sobrevivência. Quem não é belo aos 20, nem forte aos 30, nem rico aos 40, nem sábio aos 50, nunca será nem belo, nem forte, nem rico, nem sábio. Na idade de 60 anos, não se deve adiar um instante feliz que nos promete prazer. Pelas estatísticas, o lugar mais perigoso do mundo é a cama, pois é o lugar onde mais se morre. Aniversário: aquela festa onde comemoramos estar um ano mais próximos da morte. Hoje, quando me pedem autógrafo, dizem que é para a mãe. Quando a gente acorda depois dos 50 anos e nada dói, é porque já morremos. Espero morrer aos 110 anos, assassinado por uma mulher ciumenta. Existem dois legados duradouros que podemos deixar para nossos filhos. Um deles, raízes. O outro, asas. (Copydesk/fragment by Jornalista/escritor Eugenio Santana)

ROSAS-VERMELHAS PARA BÁRBARA - A MULHER (*)

“... Onde está ela? Onde está aquela que viverá comigo todas as aventuras do corpo e do coração? E também da alma. Aquela que comigo construirá a alta torre da vida partilhada? Há entre vós quem não atravesse mares, desertos, montanhas e vales para encontrar-se com a mulher que sua alma escolheu”? Cogito na possibilidade de todas as mulheres do mundo amalgamadas numa só expressão feminina. Pelo menos há três décadas iniciou-se de vez a impressão gráfica em cores nas revistas brasileiras. Descobri ao acaso este sugestivo título, acima epigrafado, numa publicação muito lida dos velhos tempos. Desde então, volta e meia, essa frase platonicamente romântica adeja minha cabeça, instigando uma lacônica crônica. Vasta experiência concernente a tão decantada alma feminina – expressão de Lilith-Eva, sabe lá... Não sei porquê nesse momento aflora-me a “Crônica do Amor Louco”; efêmeros passeios sobre as memórias de Casanova me alegram a alma e numa perplexidade de Adônis de Paracatu, um Alain Delon revigorado, e com o olho de Hórus, me lembro de um comentário pleno de conteúdo de uma amiga que se referiu a mim dizendo: “você me lembra o personagem Dom Juan – interessante filme estrelado por Johnny Deep e Marlon Brando”. E o meu Diretor de RH, em uma Empresa em que atuei como seu Assistente, em Brasília, extrapolou: “Você, Eugenio, me faz lembrar aquela música do Martinho da Vila: “já tive mulheres...”. Inefáveis lembranças... Cada experiência traz em si o sabor singular do verdadeiro conhecimento. E conhecer é saborear. Insofismável iniciação: compartilhei romances via corpo, alma e coração com um número razoável de mulheres especiais que cruzaram os meus caminhos. Delas recebi lições inesquecíveis de vida, luz e amor e o aperfeiçoamento da libido, o despertar da kundalini fez a serpente emplumada levitar e, de quebra, algumas performances básicas do Kama-Sutra foram incorporadas. E quanto mais as conheço e vivencio, mais as considero um planeta inexplorado de seres mutantes. Muito embora, um famigerado poeta disse antes: “as mulheres foram feitas para serem amadas e não para serem compreendidas”. Sinceramente, faz sentido. Aqueles ou aquelas que insistirem em ir mais fundo no tema, sugiro a leitura do ensaio para as mulheres, escrito por mim, em 9/9/1999. História completa com riqueza de detalhes e comprovados dados científicos consta do insólito romance autobiográfico “Os Pessegueiros Florescem no Outono”, de nossa autoria, a ser publicado brevemente. Aguardem-me, adoráveis leitores... Reflito: qual dessas protagonistas de minha vida, mais se aproximou de constituir-se em minha alma-irmã? Humano, demasiadamente humano, tenho minhas dúvidas cruciais, inseguranças e incertezas, quero ter à disposição um leitmotiv e uma nova utopia, porque carrego comigo, na bagagem do coração, idêntica filosofia de um amigo dos velhos tempos, que sempre me repetia esse surrado lugar-comum: “sou movido a estímulo”. Certeza, uma única: O Amor é o Caminho. E o seu poder, absoluto. O amor é a Perfeição. Não precisamos de milenares gurus para absorver essa conclusão definitiva. O Mestre da Luz e Sol do Verbo: Jesus – O Cristo Cósmico nos legou esse fundamental e maravilhoso ensinamento. Em “A Ponte para o Sempre”, meu querido autor e confrade Richard Bach, encontrou seu par ideal. A busca obstinada teve um final feliz: o encontro com sua alma-irmã Leslie Parrish. Apesar das críticas irrelevantes, estou seguindo suas pegadas, meu caro Richard. Só posso dizer que só me arrependo daquilo que não fiz. A vida é muito breve para atos mesquinhos, hipocrisia, mediocridade e falso moralismo. Nas asas da memória arquivei o recado especial do Holandês Voador: “aqueles que mais procuram o AMOR já estão plenos dele”. Não procuro uma mulher “bárbara”, mas Bárbara – a mulher. Sei que toda luta é vã mal começa a manhã. E a guerra só está perdida quando rompemos o último fio de prata do invólucro material ou corpo físico. Enquanto a vida ávida e a fome de viver estiverem impulsionando o coração partido, estarei na estrada – como diria Bob Dylan - à sua procura flor-estrela, Asa guardiã; Vênus-Afrodite. Leal e única companheira da última jornada. Gostaria, sinceramente, de apostar, hoje, todas as minhas fichas em um novo amor platônico. Rosas-rúbidas para "Bárbara"... Impressões da infância e do início da adolescência de um mineiro-menino. Sinais vitais de êxtase nos complexos caminhos de Eros. Não sei ao certo, em que ano o episódio aconteceu. Só posso afirmar que ao folhear aleatoriamente aquela romântica revista de fotonovelas, deparei com uma estória que marcou a minha vida: uma jornada do ser à procura do par ideal. Hoje quero despertar e acreditar que é possível encontrar “Bárbara” – a mulher. E viver plenamente (asa de um sonho?) os altos e baixos de um grande, único, verdadeiro e definitivo amor. Quem é essa "Vênus-Afrodite", singular mulher, disposta a receber o meu buquê de rosas-vermelhas e ser feliz até que outra vida nos espere?... Finalizo com as belas palavras de Rilke: “Ainda não sabias? Lança o vazio aprisionado nos braços para os espaços que respiramos! Talvez os pássaros sintam, num vôo de maior intimidade, o ar mais amplo. As primaveras se valem de ti. Muitas estrelas te dão a coragem para percebê-las. Ao passares por uma janela aberta, um violino se entregou a ti. Será que respondeste? Não estavas sempre distraído à espera, como se tudo anunciasse uma amada?”
(*) EUGENIO SANTANA é jornalista, ensaísta e escritor. Redator chefe da Revista Cenário Goiano, Revisor de textos do jornal Diário da Manhã, Editor-geral do Blog Guardião da Palavra. Foi Superintendente de Comunicação no Governo do Rio de Janeiro

terça-feira, 13 de setembro de 2016

VOCÊ TEM RAÍZES PROFUNDAS?

É inevitável que os ventos gelados e fortes nos atinjam e aos nossos filhos. Sei que eles encontrarão inúmeros problemas e que, portanto, minhas orações para que as dificuldades não ocorram, têm sido ingênuas demais. Sempre haverá uma tempestade, ocorrendo em algum lugar. Portanto, pretendo mudar minhas orações. Farei isso porque, quer nós queiramos ou não, a vida não é muito fácil. Ao contrário do que tenho feito, passarei a orar para que meus filhos cresçam com raízes profundas, de tal forma que possam retirar as melhores lições, que se encontram nos locais mais remotos. Oramos demais para termos facilidades, mas na verdade o que precisamos fazer é pedir para desenvolver raízes fortes e profundas, de tal modo que quando as tempestades chegarem e os ventos gelados soprarem, resistiremos bravamente, ao invés de sermos subjugados e varridos para longe. (EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta e consultor em gestão de pessoas. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira 2. Sócio-correspondente do Centro Artístico e Literário de Portugal; Autor da Biografia de João de Deus – o médium de Abadiânia)

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A HUMILDADE DORME PROFUNDAMENTE À NOITE

O ORGULHO VIVE ACORDADO, TEMEROSO DA PRÓPRIA QUEDA - As promessas são a única maneira verdadeiramente humana de pôr ordem no futuro, pois o tornam tão previsível e confiável quanto seria humanamente possível. Aquilo que esperamos raramente ocorre; aquilo que não esperamos costuma acontecer. Enquanto a palavra permanece calada, você a controla; assim que ela é pronunciada, você se torna seu escravo. Seja lá o que você tem na cabeça, esqueça; seja lá o que você tem na mão, doe a alguém; seja qual for o seu destino, enfrente-o! O sábio aprecia mais o desprezo arrogante do que o elixir dos deuses. A humildade dorme profundamente à noite. O orgulho vive acordado, temeroso da própria queda. Quando perdemos o discernimento e somos incapazes de controlar a mente, nossos sentidos não nos obedecem, do mesmo modo que cavalos selvagens não obedecem ao cocheiro. Se a clareza da água vem de sua imobilidade, o mesmo se pode dizer da mente. Em repouso, a mente do sábio se torna o espelho do universo e de toda a criação. Aqueles que voam acima dos mares trocam de céu, mas não de alma. Com freqüência tentamos conseguir a paz interior mudando de ambiente, mas sempre levaremos conosco a bagagem de nossos pensamentos e sentimentos. A verdadeira jornada em direção ao contentamento e à serenidade é uma viagem de autoconhecimento. Na Grécia antiga, o oráculo de Delfos recebia a visita de muitas pessoas em busca de uma resposta aos seus problemas ou de uma afirmação sobre o futuro. Freqüentemente, contudo, a resposta era ambígua. Creso, o poderoso rei da Lídia, ouviu que sua guerra contra os persas destruiria um grande império. Ele partiu sem medo, mas o império que caiu foi o dele. A verdade pode parecer o seu oposto. (EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, publicitário, relações públicas, copidesque e revisor de textos. Autor de nove livros publicados)

domingo, 4 de setembro de 2016

AMAR É ARRISCAR-SE A NÃO SER AMADO...

Esperar é arriscar-se à dor. E: Tentar é arriscar-se ao fracasso. Mas os riscos têm que ser corridos, pois o maior perigo na vida é não arriscar nada. A pessoa que não arrisca nada não faz nada, não tem nada e não é nada. Pode evitar o sofrimento e o pesar, mas não pode aprender, sentir, mudar, crescer, viver ou amar. Acorrentado por suas certezas e vícios, é um escravo. Sacrificou o seu maior predicado, que é a sua liberdade individual. Só a pessoa que arrisca é livre. (copydesk/fragment by EUGENIO SANTANA – Escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, copidesque e revisor de textos)

sábado, 3 de setembro de 2016

OVERDOSE DE BELEZA

Influenciadas pela mídia e preocupadas em corresponder aos inatingíveis padrões de beleza que são apresentados, inúmeras mulheres mutilam sua autoestima – e, muitas vezes, seus corpos – em busca da aceitação social e do desejo de se tornarem iguais às modelos que brilham nas passarelas, na TV e nas capas de revistas. A beleza está nos olhos de quem vê. Devemos ter um romance com nossa própria história, pois cada ser humano é um personagem único no palco da vida. (copydesk/fragment by escritor, jornalista e ensaísta EUGENIO SANTANA)

PLANETA PSÍQUICO

Muitos vivem em sociedades livres, porém são escravos de suas emoções. Escravos modernos, algemados pelo medo, insegurança e angústia; sem amarras físicas, mas acorrentados por preocupações irrefreáveis, por pensamentos perturbadores e por uma mente inquieta, ansiosa, agitada, que pensa descontroladamente e teima em não relaxar. O grande desafio das sociedades modernas não é ter espaço para manifestar, protestar, ambiente para expressar suas idéias e emoções, para consumir produtos e serviços. Não, o grande desafio é treinar nossa mente para ser livre e serena num dos territórios mais difíceis de explorar do universo: o Planeta Psíquico. Tão perto e tão longe. (copydesk/fragment by EUGENIO SANTANA – Escritor, jornalista, ensaísta e redator publicitário)

sábado, 27 de agosto de 2016

DEIXE SUA LUZ BRILHAR

Para tomar decisões acertadas, você precisa primeiro se conhecer. A maioria das pessoas com quem tenho lidado tem uma visão muito limitada delas mesmas. As pessoas acham muito mais fácil se criticar, apontando as próprias falhas e pontos negativos, do que se alegrar com os dons que receberam. Se ficarmos presos às nossas perdas pessoais, se nos enchermos de preocupações e temores, não existirá espaço para a luz penetrar. Se nos mantivermos intolerantes e ansiosos para criticar, também não haverá espaço para a luz penetrar. Mas, se utilizarmos nossa percepção, seremos capazes de fazer as melhores escolhas, baseadas num processo interno, não em críticas externas. Lembre-se também de que a escolha é uma rua de mão dupla. Devemos reconhecer que as outras pessoas têm também o direito de fazer suas escolhas, mesmo que não concordemos com elas. Você pode argumentar e questionar, para ajudar o outro a refletir. Nunca impor. Respeitar a decisão de outra pessoa, sem julgá-la ou condená-la, é demonstrar amor incondicional. A aceitação faz com que os outros sejam eles mesmos e sigam suas verdades, até para poderem aprender com os erros. Nunca sabemos totalmente o que é importante para o crescimento de outra pessoa. Uma das formas de pedir ajuda é solicitando um sinal. Os sinais estão ao nosso redor, basta ficarmos atentos. Costumo dizer aos meus mestres de amor e sabedoria: “Dêem-me um sinal de que esta é a melhor decisão, ou de que estou no caminho certo.” Se encontro resistência constante, obstáculos e atrasos quando estou desenvolvendo um determinado projeto ou precisando tomar uma decisão, concluo que é um sinal de que estou indo na direção errada. Às vezes o melhor presente é não conseguirmos o que queremos.” Outra maneira de tomar decisões saudáveis é analisar as conseqüências de todas as possibilidades. Visualizem os diferentes cenários e fiquem atentos às sensações que cada um provoca. Alegria é um excelente sinal para saber que tomamos a decisão correta. Quando agimos com compaixão, paz e dignidade em tudo que fazemos, expressamos uma alma iluminada. A alma está sempre buscando expressar-se por meio de nossas atividades, idéias e contribuições. Ela nos inspira a trabalhar em nosso maior nível de competência, generosidade e dedicação. Procure expressar sua força, capacidade, disposição e coragem em tudo o que você faz, mesmo nas pequenas coisas, e a luz vai brilhar através de você. (EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta e consultor em gestão de pessoas. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira 2. Sócio-correspondente do Centro Artístico e Literário de Portugal; Autor da Biografia de João de Deus – o médium de Abadiânia)

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

CENÁRIOS DA ALMA ALADA...

As fontes de águas limpas são sempre solitárias. São encontradas nas florestas, longe dos caminhos das feiras e das romarias. As florestas são lugares solitários. As multidões fogem delas. Preferem as praias e os shoppings. São poucos os que amam a solidão das florestas. Solidão é o ar que se respira quando se entra nas paisagens da alma. A alma é uma paisagem. As paisagens que vemos, assim é a nossa alma. Porque nós vemos aquilo que somos. Abrimos um álbum e mostramos aos amigos as fotos da viagem. Paisagens. Aqui um lago. Ali um pôr do sol. A foto é a mesma. Mas quem garante que as paisagens das almas sejam as mesmas? Aquilo que sinto, vendo o lago e o pôr do sol, não é a mesma coisa que você sente, vendo o mesmo lago e o mesmo pôr do sol. As paisagens da alma não podem ser comunicadas. A alma é um segredo que não pode ser verbalizado. Por isso, quanto mais fundo entramos nas paisagens da alma, mais silenciosos ficamos. A alma é o lugar onde os sentimentos são profundos demais para palavras. A solidão é para poucos. Não é democrática. Não é um direito universal. Para ser um direito de todos teria de ser desejada por todos. Mas são poucos os que a desejam. A maioria prefere a agitação das procissões, dos comícios, dos shows de rock, das praias, da torcida do Flamengo: lugares onde todos falam e ninguém ouve. O populacho sempre odeia os solitários. Desprezam os que andam na direção oposta. Os que percorrem caminhos inversos. Paulo Coelho e Lair Ribeiro são best-sellers. Mas os poetas não conseguem nem mesmo publicar os seus poemas. E, no entanto, segundo Goethe, juntamente com as crianças e os artistas, são eles, os poetas, aqueles que se encontram em harmonia com o indizível mistério da vida. O populacho sempre condena a alma solitária ao exílio, por não suportar a diferença. Onde subirei com o meu desejo? De todas as montanhas eu busco terras paternas e maternas. Mas não encontrei um lar em lugar algum. Sou um fugitivo em todas as cidades, e uma partida em todas as portas. Os homens de hoje, para quem meu coração recentemente me levou, são-me estranhos e grotescos. Sou expulso de todas as terras paternas e maternas. Assim, eu agora amo somente a terra dos meus filhos, ainda não descoberta, no mar mais distante: e nesta direção enfuno as minhas velas... As montanhas, as florestas, os mares: cenários da alma. Há neles uma grande solidão. E a solidão é dolorida. Mas há também uma grande beleza, pois é só na solidão que existe a possibilidade de comunhão. Assim, não tenha medo: Foge para dentro da tua solidão. Sê como a árvore que ama com seus longos galhos: silenciosamente, escutando, ela se dependura sobre o mar. (EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, redator publicitário, relações públicas, assessor de imprensa, revisor de textos e copidesque. Da Academia de Letras do Noroeste de Minas (ALNM), cadeira número 2. Autor, entre outros, do livro “Ventos fortes, Raízes Profundas”, Madras Editora, SP)