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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O NAVIO FANTASMA DO AMOR

Como termina um amor? – O quê? Termina? Em suma ninguém – exceto os outros – nunca sabe disso; uma espécie de inocência mascara o fim dessa coisa concebida, afirmada, vivida como se fosse eterna. O que quer que se torne objeto amado, quer ele desapareça ou passe à região da Amizade, de qualquer maneira, eu não vejo nem mesmo se dissipar: o amor que termina se afasta para um outro mundo como uma nave espacial que deixa de piscar: o ser amado ressoava como um clamor, de repente ei-lo “sem brilho” (o outro nunca desaparece quando e como se esperava). Esse fenômeno resulta de uma imposição da declaração amorosa: eu mesmo (indivíduo enamorado) não posso construir até o fim minha história de amor: sou o escritor (o narrador) apenas do começo; o final dessa história, assim como a minha própria morte, pertence aos outros; eles que escrevam o romance, narrativa exterior, mítica. (Escritor, jornalista e ensaísta EUGENIO SANTANA – Autor de nove livros publicados. Da Academia de Letras do Noroeste de Minas (ALNM).

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