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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

FRAGMENTOS DE ARTE, CULTURA E LITERATURA

Enquanto viver o escritor, julgamos suas qualidades pela sua pior obra; uma vez morto, iremos julgá-lo pela obra mais perfeita. Famoso não é escrever sua autobiografia; é ver escrita sua biografia não-autorizada. O escritor original, enquanto não está morto, é sempre escandaloso. Muitos escritores esgotam-se antes dos seus livros. Poetas são engarrafadores de nuvens. A poesia é completamente inútil; saiu da moda. As duas coisas mais envolventes de um escritor são tornar familiares as coisas novas e tornar novas as coisas familiares. Não é preciso pressa na literatura. Um romance é como gravidez: aquilo fica dentro de você, crescendo, crescendo, incomodando, até sair. Autores são como gatos porque são quietos, amáveis e sábias criaturas, e os gatos se parecem com os autores pelas mesmas razões. Tenho a doença de fazer livros e de ficar envergonhado quando os faço. Em todas as artes em que os sábios se destacam, a obra-prima da natureza é escrever bem. A fome faz sair do bosque o lobo e da arte, o escritor. Para que vieste na minha janela meter o nariz? Se foi por um verso, não sou mais poeta. Ando tão feliz. (EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta e consultor em gestão de pessoas. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira 2. Sócio-correspondente do Centro Artístico e Literário de Portugal; Autor da Biografia de João de Deus – o médium de Abadiânia)

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