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domingo, 23 de dezembro de 2012
O TEMPO DO DESCANSO É SAGRADO (*)
Descansar, após um período de trabalho intenso, é uma necessidade fundamental quase sempre subestimada. Essa mentalidade suicida de que a vida só tem sentido quando se produz, se consome e se acumulam bens materiais, quando a pessoa se movimenta e se agita sem parar, já produziu inclusive várias categorias de doenças novas e de doentes graves. Entre estes os que sofrem de estresse – a doença do século – e os workaholics, os viciados em trabalho, gente que sofre de pavorosa angústia aos sábados, domingos e feriados simplesmente por não saber como usar o tempo e o espaço disponíveis. Sem falar nos adeptos das “férias que matam”, os que confundem lazer com descanso; nos momentos que deveriam ser dedicados ao repouso, eles se entregam a uma maratona de visitas, esportes, compras, andanças, e voltam para casa muito mais cansados do que antes. Deixo aos psicólogos uma apreciação clínica a respeito das tremendas compulsões internas que levam um número tão grande de pessoas a viver em perpétua agitação, tanto na sua parte física quanto emocional e mental, renunciando ao direito e ao dever do descanso. Do ponto de vista da espiritualidade – aquele substrato de sabedoria que pode ser encontrado em todo sistema religioso verdadeiro – pode-se, no entanto dizer que essas pessoas comportam-se desse modo por se acharem dissociadas do seu self: aquele núcleo de consciência para que existe em cada um de nós e é capaz de nos alertar com precisão a respeito das nossas reais necessidades.
O descanso, em seu sentido transcendental, é tanto ou mais importante do que o trabalho. O tempo do descanso é sagrado, pois, como ensina a Bíblia, no sétimo dia até Deus descansou. O descanso, que os povos do deserto simbolizam na imagem do oásis, e que os hebreus chamam de sabbath, é um tempo consagrado a Deus. É o momento da introspecção e da reconciliação com nossa origem e destino divinos.
(*) by Eugenio Santana, escritor, jornalista, autor de livros publicados. Foi Superintendente de Jornalismo no Rio de Janeiro. É membro de Grau Superior na Ordem Rosacruz – AMORC.
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