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quinta-feira, 13 de junho de 2024
VASTOS UNI/VERSOS PARALELOS DO ROCK AND ROLL (*)
Naquela tarde fiquei por horas admirando a estupenda imensidão. Por vezes permaneci imaginando o motivo de ainda não fazer parte dela. E num lampejo de não-lucidez, quando estava a mercê da minha loucura, me transportei em pensamentos. Foi quando me vi dentro de um céu particular, onde não havia sinos e anjos. Aquele era um "espaço celestial de rock and roll", onde os meus ídolos, aqueles que ainda impulsionavam o meu coração, me convidaram à juntar-se a Eles.
Apesar de feliz e honrado pela insólita oportunidade, senti um desconforto. Mas envolto numa coragem que estava adormecida, sentei-me ao lado Deles. E por pouco não sucumbi. Eles, por outro lado, conseguiram sentir a minha ansiedade, e ficaram tão nervosos quanto eu. Nos observamos por minutos a fio, numa análise profunda, intensa. E, por fim, o silêncio foi rompido e o gelo quebrado, Renato falou:
— É a verdade o que assusta, o descaso que condena, a estupidez o que destrói. — Fiquei embasbacado com suas palavras, mas, no fundo, sabia que elas faziam sentido.
A verdade sempre me assustava, levando-me a negligência que me condenava a tomar atitudes idiotas e autodestrutivas. Mas alguns resultados não era de todo mal e, sem hesitar, quebrei o mal-estar.
— Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar, ou que os seus planos nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém... — rebati com parte de uma de suas letras.
Ele encarou-me de forma curiosa, deixando-me desconfiado. Por um instante pensei que Renato replicaria, contudo ele apenas aproximou-se e abraçou-me com carinho e anímica ternura.
— Quando se aprende a amar, o mundo passa a ser seu — disse ele, voltando a sentar-se no lugar de antes.
Compreendi a mensagem e me senti em paz.
Apesar da minha estranha e obscura singularidade, eu sabia amar.
Continuei ao lado Deles, ainda inseguro.
E antes de dizer algo, ouvi outra voz conhecida.
— Acho que ser natural e sincero é o que realmente importa — disse Fred, esboçando um sorriso carregado de autenticidade.
E novamente senti-me em paz.
Apesar de estar envolto em tormentos, ainda prezava por sinceridade e naturalidade.
E sem medir as palavras, fitei seus expressivos olhos.
— É tão real esse sentimento de faz de conta. We are the champions, my friends — exprimi, encarando -o.
Todos sorriram, como se compreendessem a minha resposta. Por um ínfimo e mágico instante continuamos em silêncio, apenas nos observando, mutuamente.
— Cry baby, cry baby... — Janis disse, aproximando-se.
Não consegui controlar as lágrimas que desciam pelo meu rosto desfigurado, por conta do mistério da agradável surpresa.
E por tempo indeterminado chorei o refrão da sua canção.
— Honey, welcome back home! — respondi com o semblante molhado.
Notei que todos me encararam com preocupação, foi quando Kurt se aproximou e sentou-se ao meu lado. Ele segurou a minha mão esquerda e ergueu o meu queixo, fazendo com que nossos olhos se encontrassem.
— A cada dia todos nós passamos pelo céu e pelo inferno! — E jamais se esqueça dos livros de Arthur Rimbaud, que você esqueceu de ler; não se permita apagar os tesouros guardados no sótão da memória...
Até que eu me despedisse, continuou a me observar.
Fiquei por mais alguns minutos ao lado Deles.
Eu não queria voltar, mas sabia que por lá não poderia continuar. Afinal, as "mirações" têm data de validade no Plano Cósmico...
E com o coração já saudoso, abracei a todos de uma só vez e me despedi dizendo:
— Obrigado pela "aula" por meio do Astral Superior... Paz profunda, Amor, Resiliência, Empatia. Até a próxima. Até breve. Até sempre. Maktub. Namastê!
(*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, filósofo, agente literário, publicitário, gestor editorial. Dezoito livros publicados. Membro benemérito "ad honorem" do Centro Cultural, Literário e Artístico de PORTUGAL. Contato: (62) 99635-8005 WhatsApp
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