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sábado, 24 de setembro de 2022

INTERMITÊNCIAS DO CORAÇÃO

A duração, o tempo que passa e está sempre fugindo, mobiliza em Proust o desejo de escrever, e é no embate da arte e da morte, no tormento dos acréscimos, que ele escreve os seis volumes de Em busca do tempo perdido. Desafio que se manifesta em frases que transbordam e se alongam numa inquietude absoluta. Mas o caudaloso do estilo também convive com o clássico, em frases como: “O amor é o espaço e o tempo tornados sensíveis ao coração”, ou: “A gente não ama ninguém quando ama.” E é justamente ao falar do amor que o escritor nos fala como por máximas. Mas estas são sempre provisórias ou parciais. Se ele convoca ou declama os clássicos, os conteúdos que importam são os involuntários e afetivos. (EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista e ensaísta literário)

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