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terça-feira, 11 de dezembro de 2018
A FUNÇÃO DA LITERATURA (*)
Mas afinal de contas, a literatura serve para quê? Na maioria das vezes, lemos uma obra literária e não nos perguntamos qual é a função que ela desempenha em nossas vidas.
No artigo A literatura e a formação do homem, o crítico literário e sociólogo brasileiro Antonio Candido declara que a literatura tem força humanizadora; ela é capaz de exprimir o homem, sem deixar de atuar, ao mesmo tempo, em sua formação.
E como se dá esse tal processo humanizador? Candido destaca que esse processo de humanização se realiza a partir de três funções:
1.psicológica, pois todo homem, seja criança, adolescente ou adulto, precisa consumir fantasia porque ninguém pode passar um dia sem criar, imaginar, contar piadas ou histórias mais elaboradas;
2. formadora, que não se deve ser confundida com pedagógica ou moralizadora, pois a arte literária não é inofensiva, ao transfigurar o real ela carrega tanto o bem como o mal;
3. reconhecimento do mundo e do ser, pois ao sintetizar o real, o texto de uma obra oferece aos leitores uma visão de mundo em que vivem de modo que possam compreender os papeis que desempenham nele.
Ao contrário do que se pensava antigamente sobre a literatura – sobretudo a destinada para os jovens –, que tinha um papel formativo tradicional, pedagógico e moralizador, Candido considera que esta nobre arte possui papel formador, sim, todavia de personalidade do homem, e não de convenções sociais, saberes didáticos, direitos e deveres. A literatura permite ao homem conhecer a si mesmo e a própria realidade, o que, consequentemente, direciona um poderoso despertar de senso crítico.
O texto literário sintetiza o real e, ao fazer isso, oferece aos leitores uma visão do mundo em que vivem de modo que possam compreender os papéis que nele desempenham. Embora a obra literária constitua um mundo autônomo, ou seja, não é o mundo real, essa autonomia não a desliga de suas fontes da realidade e não inviabiliza a capacidade que a obra tem de atuar sobre o real que a motiva.
A literatura, portanto, serve para o conhecimento do mundo e do ser. Sua função formadora não deve ser confundida com uma missão pedagógica.
(*) EUGENIO SANTANA é Gestor editorial, Assessor de imprensa, Analista de Marketing digital, Crítico literário, Outsider, Blogueiro; Self-made man. Escreve Biografias. Autor de "Ventos Fortes, Raízes Profundas", autoajuda, Madras editora. (41) 99547-0100 WhatsApp