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terça-feira, 27 de março de 2018
ENTRADA DO LABIRINTO: A ALMA DO LIVRO...
As pessoas normais trazem filhos ao mundo; os escritores trazem livros. Cada livro tem uma alma, a alma de quem o escreve e a alma de quem o lê. Autores são atores, livros são teatros. O bom livro quando se apresenta não fica vermelho; se é desprezado, não se importa; lido, ensina a verdade com calma; ofendido, não se lamenta e provoca o remorso que talvez desperta o desejo de conhecer a verdade, pois está sempre pronto a ensiná-la.
Às vezes fica empoeirado em cima de uma mesinha ou em uma biblioteca. Ninguém pensa nele, mas chega a hora da solidão ou da tristeza, ou da dor, ou da rotina, ou da necessidade de descanso, ou da espera ansiosa pelo futuro; e este amigo fiel sacode a poeira, abre suas folhas aladas, e acontecem admiráveis insights de sabedoria e uma imarcescível compulsão de reinventar a vida.
"VENTOS FORTES, RAÍZES PROFUNDAS", “ENQUANTO BRILHA O SOL”, "INFINITOEFÊMERO" e, mais recentemente, "VAGA-LUMES NO JARDIM", - alguns de meus livros filhos - ousam sintetizar, de forma fragmentária, o aprendizado milenar do homem no ato continuado de pensar, falar, gritar, refletir, meditar, gravar o seu espanto de estar no mundo. E cultivar – na alma e no coração – a paixão pelas palavras.
O que não escrevi, calou-me. O que não fiz, partiu-me.
O autor tem direito ao prefácio; mas ao leitor pertence o posfácio.
Sou o produto daqueles que me amaram... ou que se negaram a me amar.
Eu também sou, essencialmente, uma obra-prima de Deus, única, autêntica, singular e irrepetível.
Curitiba, PR, outono de 2018
Eugenio Santana