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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

AFUNDAMOS CADA DIA MAIS (*)

O país, o povo e as lideranças: ainda há, nesse palco vergonhoso, quem use o termo “ética”? Penso que sim, pois falta de ética implica o uso despudorado da palavra. Ninguém parece entender nada. Somos uma nau sem rumo, sem comandante, pobre “Titanic” sem majestade, mas com gente ajeitando a cadeira no convés para observar o espetáculo, e muitos nas margens (pode ser mar, rio ou poço o lugar do afundamento, tanto faz), apostando: “Agora vai! Ainda não vai! Vai de proa primeiro! Aquele vai cair da amurada! Outro subiu no mastro pra espiar a melhor salvação! Um deles subiu para de lá cuspir nos de baixo!”. O cansaço vai nos abatendo, já não torcemos pelo mocinho, nem acreditamos em mocinho. Alguém disse recentemente que nesse faroeste “são todos bandidos”. Feito uma bactéria ou vírus, tudo isso nos deixa atordoados e quase sem reação. A reação, bonita, vem nas ruas, onde se mostra a alma desnuda do povo que vai deixando de ser bobo. Incompetência pusilânime de quem errou, que é hora de parar, de falar, de consertar o que ainda não está perdido, matem esse ritmo de queda veloz. Afundamos cada dia mais. Cada dia notícias mais inacreditáveis. Cada manhã vejo jornais e TV esperando que algo gravíssimo, mas positivo, tenha ocorrido. Personagens importantes e importantíssimas na vida pública e privada, que nos inspiravam, quem sabe, faziam suas tramóias pelas quais hoje o país e cada um de nós pagam alheios pecados mortais. Desisto de comentar a pobreza que se espalha, a ruína material e intelectual da nossa educação, das universidades às creches, a agonia da saúde dos postos aos hospitais, e a inexistente segurança... Já tivemos isso um dia? Como era mesmo quando a gente podia sair às ruas em paz? Que a lei e alguns homens honrados nos livrem desses vexames, e que preservemos, se não o otimismo, o teto sobre a cabeça, o feijão no prato e, com muita sorte, o filho na escola. (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

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