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domingo, 10 de julho de 2016
HORA DE TIRAR A MÁSCARA...
As pessoas, de um modo geral, teimam em ser otimistas. Na maioria dos textos que leio sobre o país e a crise, apesar de análises realistas diante de um cenário pouquíssimo promissor, resvalam doses de esperança. Seria porque o Brasil é uma potência, em termos de recursos naturais e riquezas? Seria porque somos um país resiliente, que se adapta, agüenta o tranco e retoma o rumo? Seria porque, nosso povo trabalhador e festivo é capaz de segurar o leme na tempestade? Não sei. E a primeira razão pelas quais digo “não sei” é porque duvido dos clichês que nos definem há tanto tempo. Esse país não existe, a não ser na nossa infinita ignorância a respeito do que somos, de onde viemos e para onde vamos. Continuamos existindo, mas perdemos sentido. Precisamos encontrá-lo. Lá no futuro, vamos agradecer por tudo o que vivemos. E olhar para aquele fundo do poço com mais simpatia, enxergando luz onde só havia escuridão. Então me perguntei: de certa forma será que isso se aplicaria ao Brasil? Creio que sim. Se desconstruirmos uma imagem mentirosa de nós mesmos, talvez consigamos construir uma nova identidade depois dessa crise. Não somos um país pacífico. Isso é uma mentira. Vivemos em guerra. Maltratamos os velhos, batemos nas mulheres, matamos os negros e pobres, somos selvagens no trânsito. Não “estamos” corruptos; somos corruptos, desde o cara que enforca a sexta-feira até o político que faz casamento de luxo, sustenta amante, compra votos e se elege com dinheiro público roubado. E a crise de identidade? Que país queremos ser, o que ainda vive de uma imagem mentirosa? Eu confio que não. A despeito de tanta intolerância vindo à tona, tenho visto tantos movimentos por um novo Brasil que só posso acreditar em mudança. Sigo otimista. (EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, consultor e redator publicitário. 8 livros publicados. 18 prêmios literários. Editor do blog “Guardião da Palavra”.)