Páginas

segunda-feira, 27 de junho de 2011

STF: UM ANDRÓIDE OU ANDRÓGINO EQUIVOCADO? (*)






A meu ver, a decisão mais equivocada, questionável e tendenciosa de toda a história do STF: permissão do casamento ou união estável, com direito ao registro em cartório, de casais gays e/ou homossexuais.
Isto é um absurdo abominável, inconcebível e inconstitucional. Enfim, uma completa inversão de valores. Uma vitória infeliz da mediocridade e da hipocrisia.
Afinal, os ministros, em sua maioria, da Corte Suprema, possuem filhos gays? Sei que são nomeados pelo Poder Executivo. Então, questiono: há interesse da Presidência da República em apoiar o minoritário movimento gay?
Sei que o ministro Joaquim Barbosa - meu amigo de infância, visto que ambos somos contemporâneos e conterrâneos oriundos da histórica Paracatu-MG - não seria capaz de apresentar seu voto favorável a essa aberração ou magnífica farsa. Sei que ele tem problemas de saúde e, que embora ainda jovem, talvez o tenham aposentado e, via de conseqüência, estaria fora de combate.
A coragem, a ousadia, a criatividade, o discernimento, o bom senso e a busca incessante da verdade são características típicas dos mineiros e só podia ser um jovem magistrado mineiro de Uberaba, radicado em Goiânia, para agir com bravura, questionar e ousar desafiar o poderoso STF com o sólido argumento da Carta Magna – a Constituição Federal do Brasil que, em sua essência, nitidamente conceitua o que é, verdadeiramente, um núcleo familiar. Meu profundo respeito, apoio, solidariedade e perene admiração pelo meritíssimo juiz Jeronymo Pedro Villas Boas.
A atitude de escrever esse artigo se originou pelo fato de ser pai de duas filhas e um filho. Por respeito a eles que são fruto de um casamento autêntico, legítimo, original. Família se constitui por meio de um homem e uma mulher que se amam e são capazes de procriar; gerar filhos e criar sua prole. Está no Livro Sagrado – lei de Deus; está na Constituição federal – lei dos homens.
Quanto mais civilizados se tornam os homens, mais eles se tornam atores. Querem exibir-se e fabricar uma ilusão. Tenho tentado suprimir em mim as razões que homens invocam para existir e para atuar. Tenho tentado chegar a ser normal, e eis-me aqui perplexo, no mesmo plano que os imbecis e tão vazio como eles. Diante de um tribunal absoluto, apenas os Anjos seriam absolvidos.
No apogeu se procriam valores que, no crepúsculo, gastos e desfeitos, são abolidos. Fascinação da decadência, épocas em que as verdades já não possuem vida... em que se amontoam como esqueletos na alma pensativa e seca, no ossário dos sonhos mortos.
Neste mundo nada está em seu lugar, começando pelo próprio mundo. Não há que assombrar-se então com o espetáculo da injustiça humana. É igualmente inútil repudiar ou aceitar a ordem-social: somos obrigados a sofrer suas mudanças, para melhor ou para pior, com um conformismo desesperado, como sofremos com nascimento, amor, clima ou morte.
Se em algum caso extremo se pode governar sem crimes, é impossível fazê-lo sem injustiças. Espero, sinceramente, na condição de pai e cidadão brasileiro, que o STF reveja, com a máxima brevidade, seus conceitos e, em casos polêmicos e delicados, que promova plebiscito e dê atenção, em primeira instância, ao clamor popular e aos multiformes segmentos da sociedade. Maktub!

(*) Eugenio Santana, escritor, jornalista. Da Academia de Letras do Noroeste de Minas (ALNM-MG); da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG-DF); da Associação Catarinense de Imprensa (ACI); livros publicados.

LEIA ÚLTIMA PESQUISA PERTINENTE AO POLÊMICO ASSUNTO:

Mais da metade dos brasileiros são contra união gay, diz Ibope
DE SÃO PAULO

Uma pesquisa do Ibope Inteligência divulgada nesta quinta-feira mostra que 55% dos brasileiros são contrários à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que reconheceu a união de casais do mesmo sexo.
Veja os principais resultados da pesquisa
Maioria é contra adoção por casal gay no Brasil
O estudo, realizado entre os dias 14 e 18 de julho, identifica que as pessoas menos incomodadas com o tema são as mulheres, os mais jovens, os mais escolarizados e as classes mais altas.
Sobre a decisão do STF, 63% dos homens e 48% das mulheres são contra. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 60% são favoráveis, enquanto 73% dos maiores de 50 anos são contrários.
Considerando a escolaridade, 68% das pessoas com a quarta série do fundamental são contra a decisão, enquanto apenas 40% da população com nível superior compartilha a opinião.
Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, 60% são contra. Já no Sul a proporção cai para 54% e, no Sudeste, 51%.
"Os dados mostram que, de uma maneira geral, o brasileiro não tem restrições em lidar com homossexuais no seu dia a dia, tais como profissionais ou amigos que se assumam homossexuais. Mas ainda se mostra resistente a medidas que possam denotar algum tipo de apoio da sociedade a essa questão, como o caso da institucionalização da união estável ou o direto à adoção de crianças", afirma Laure Castelnau, diretora do Ibope Inteligência.
Questionados se aprovam a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, a proporção de pessoas contrárias é a mesma dos que não querem a união gay: 55%.
A pesquisa ouviu 2.002 pessoas com mais de 16 anos em 142 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com 95% de intervalo de confiança. 28/07/2011.