quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

FILAMENTOS DE UM PÔR-DO-SOL ANDRÓGINO (*)

Admirava-o. Não perdi a admiração. Acredito que ela tenha aumentado. O bizarro, é que nunca cheguei a pensar como tudo havia acontecido. Eu era, testemunha ocular de um gesto que personalizou-o, ainda que não tenha tido a intenção, seu trabalho bastaria, como bastou. Entre os estandartes da demência e da genialidade, fez-se eterno. O vermelho deslizava-lhe pelo pescoço, avolumando pequenas poças, coágulos, gosmas, querubins malditos, formas mortas, abortos, abutres, assentados nos pêlos da sua barba. Seu olhar fixo, sem nenhum tremor, como se nada acontecesse, e não fora ele o autor, intérprete, diretor, cenário e palco do monólogo vermelho. A colcha que cobria a cama ganhava nova coloração e forma, pintura primitiva, esvaindo-se das minas da carne, viscosa e quente, contrastando à indiferença do seu olhar, parede e alcova, da emoção. O corpo demonstrando declínio ante a dor não exposta e fraqueza natural, quedou-se devagarzinho, de encontro à cama. O instrumento cúmplice, banhado de vermelho, parecia um bumerangue aborígene, pássaro apocalíptico da trilogia da negligência. Nós éramos mórbidos epigramas do triângulo em gestação. Cortado pelo gélido pincel, foi-lhe a carne dividida, lembrando o pão da santa ceia, às avessas. Ela estava arrancada dele, definitivamente separados. Não fiz nada. Senti que não deveria interferir. No entanto, não poderia abandonar aquele momento trágico e sedutor, sem pegar um souvenir. Quanto tempo sonhei com aquela tarde no Louvre. Lá estava eu, entre dezenas de grandes mestres, todos fascinantes com seus estilos, e rupturas que marcaram época, contudo, queria encontrá-lo, devorá-lo ao vivo, longe das reproduções e slides, que durante anos foram companheiros nas salas de aula. Somente ele, nenhum outro, de tal forma, conseguia desequilibrar-me, colocando-me à deriva emocional. Diante da sua arte, caminhava entre as plantações de trigo, girassóis e moinhos. Nessa viagem, frenesi de quem parte sem ausentar-se, somente retornava a mim mesmo, quando os alunos em coro, chamavam-me. Andando pelos corredores do Louvre, escarnavam-me o olhar babando as gosmas saborosas das retinas, Delaroche, Velasquez, Picasso, Gaugain, Renoir, Monet, que provocou-me compreensível – breve – parada. Ele, de certa forma, bordava as lantejoulas do meu frenesi. Continuei a busca, com a certeza da sua proximidade. Subitamente, como se algo, chamasse-me a atenção, tocando-me às costas, virei-me, e o paraíso descerrou as cortinas – a luz amarela – estrela vésper da sua pintura, mergulhava na umidez vermelha dos meus olhos. Ignorando as pessoas em volta, perdendo com mais intensidade a noção do tempo, ao êxtase tântrico pictórico, minha alma alada, já não era alma. Era um arco-íris pousando no útero da tela, onde fiquei, até que uma voz – sempre elas – trouxe-me de volta para o outro lado – a terceira margem do rio do tempo – ao insistir que estava na hora de fechar o museu. Saindo do Louvre, meus olhos garimpavam o transe. Na indiscreta verticalidade do abismo, encontrei o metal cortante. Minhas náufragas, suadas digitais, revelaram a dissimulada atração. Ao guardá-lo, no bolso esquerdo da jaqueta, forte era a sensação de Ícaro, cujas asas a monotonia, não mais haveria de derreter. No balanço do meu andar, o metal batia e voltava sobre meu coração, como chibatadas, açoitando a dolorida ansiedade. A uma quadra do hotel, resolvi parar num café, escolhendo uma mesa na calçada. Após a primeira taça de vinho tinto seco, vejo-me novamente em seu quarto. Ele com o instrumento em riste, no topo da orelha, não ousava dizer absolutamente nada. Quedou silente. Os músculos de sua face e seus olhos eram os mesmos bailarinos paralíticos, completando a alegoria do hiato, antecedendo ao gesto. Sua mão, única expressão de vida, desceu num frêmito impulso guilhotinador. Um desejo irremovível de amputar. Em queda, as gotas de sangue eram filamentos de um pôr-do-sol andrógino. Sentado no café, o garçom perguntava-me se queria outra garrafa. Pedi a conta, ao mesmo tempo em que apalpava os bolsos da jaqueta. Chegando ao hotel, peguei a chave, tomei o elevador. Dentro do apartamento, ouvi o farfalhar das asas de dois pássaros vermelhos, fui ao lavabo, postei-me frente ao espelho, retirando, primeiro do bolso esquerdo da jaqueta, o dócil e inofensivo cortante metal. Depois foi a vez do souvenir. Ao empunhar o metal sobre minha orelha, no canto esquerdo superior do espelho, Van Gogh, observava-me passivamente. No mármore do banheiro, a orelha de Van Gogh, já não estava sozinha. (*) EUGENIO SANTANA é Jornalista, Escritor, Ensaísta, Biógrafo e Redator publicitário. Pertence à UBE - União Brasileira de Escritores. Colaborador da ADESG, AMORC e do Greenpeace. Autor de nove livros publicados. Gestor e fundador da Hórus/9 Editora e Diretor de Redação da Revista Panorama Goiano.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

AFUNDAMOS CADA DIA MAIS (*)

O país, o povo e as lideranças: ainda há, nesse palco vergonhoso, quem use o termo “ética”? Penso que sim, pois falta de ética implica o uso despudorado da palavra. Ninguém parece entender nada. Somos uma nau sem rumo, sem comandante, pobre “Titanic” sem majestade, mas com gente ajeitando a cadeira no convés para observar o espetáculo, e muitos nas margens (pode ser mar, rio ou poço o lugar do afundamento, tanto faz), apostando: “Agora vai! Ainda não vai! Vai de proa primeiro! Aquele vai cair da amurada! Outro subiu no mastro pra espiar a melhor salvação! Um deles subiu para de lá cuspir nos de baixo!”. O cansaço vai nos abatendo, já não torcemos pelo mocinho, nem acreditamos em mocinho. Alguém disse recentemente que nesse faroeste “são todos bandidos”. Feito uma bactéria ou vírus, tudo isso nos deixa atordoados e quase sem reação. A reação, bonita, vem nas ruas, onde se mostra a alma desnuda do povo que vai deixando de ser bobo. Incompetência pusilânime de quem errou, que é hora de parar, de falar, de consertar o que ainda não está perdido, matem esse ritmo de queda veloz. Afundamos cada dia mais. Cada dia notícias mais inacreditáveis. Cada manhã vejo jornais e TV esperando que algo gravíssimo, mas positivo, tenha ocorrido. Personagens importantes e importantíssimas na vida pública e privada, que nos inspiravam, quem sabe, faziam suas tramóias pelas quais hoje o país e cada um de nós pagam alheios pecados mortais. Desisto de comentar a pobreza que se espalha, a ruína material e intelectual da nossa educação, das universidades às creches, a agonia da saúde dos postos aos hospitais, e a inexistente segurança... Já tivemos isso um dia? Como era mesmo quando a gente podia sair às ruas em paz? Que a lei e alguns homens honrados nos livrem desses vexames, e que preservemos, se não o otimismo, o teto sobre a cabeça, o feijão no prato e, com muita sorte, o filho na escola. (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A REDE SOCIAL SÓ MOSTRA GENTE "FELIZ", SEM DIFICULDADES E FRUSTRAÇÕES (*)

Quando sua alma estiver dolorida, mergulhe fundo dentro de você mesmo e descubra o que a está ferindo. Não adianta querer aplacar a voz da sua essência nem ignorar o grito de dor de sua alma, pois lá na frente, em um futuro qualquer, o preço que você terá de pagar por não a ouvir ou tentar calá-la será muito alto. O mundo vive uma epidemia de depressão e por isso os laboratórios ganham fortunas vendendo remédios que procuram anestesiar as verdadeiras vontades das pessoas. Você está exausto por manter um casamento sem amor? Toma um antidepressivo e acha que resolveu o problema? O que muitos chamam de depressão significa apenas cansaço existencial. Trocando em miúdos, é a sua alma revoltada com as coisas que você se obriga a fazer sem escutar seu coração. Coisas como trabalhar naquele lugar em que você não se sente valorizado, estar naquele relacionamento ruim porque não tem coragem de dizer “chega!”, deixar de falar que ama aquela pessoa especial até que ela se apaixone por outro alguém, e adeus. Nesses momentos de depressão, muitas pessoas ficam agressivas, mas não adianta brigar quando você está triste, de farol baixo, com a alma ferida, isso só vai complicar tudo. Poucos conversam consigo mesmo em um momento de angústia e dor, insistindo em calar seu sofrimento com soluções que somente aumentam a própria infelicidade. Em vez de mergulhar na orientação de sua alma, tentam calar a voz da sua consciência ao se entregar a compulsão por compras, por comida ou dietas malucas; taras sexuais, álcool, cocaína, internet sem limites, e tantos outros vícios degradantes. No fundo, muitos drogados pensam: eu tenho o direito de usar drogas porque estou depressivo. A maconha, estudada por FHC, pode até acalmar na hora, mas, no dia seguinte, os pensamentos e as atitudes depressivas vêm com muito mais força, pode crer. Mergulhe fundo dentro de você mesmo e descubra o que falta, o que melhora, o que agrega, o que faz a diferença. Aceite suas imperfeições e ambivalências. Uma das atitudes que mais desgastam o ser humano é a mania que existe de querer sempre estar certo, e como eu conheço pessoas próximas e de minha intimidade que agem deliberadamente assim... Muitas pessoas vivem esgotadas tentando mostrar o tempo todo o quanto são sensacionais, mas manter a máscara de bem-sucedido sem que seja absoluta verdade consome bastante energia. Na rede social em que mais se vê gente “feliz”, o Facebook, parece que ninguém ali passa dificuldades e frustrações na vida. Tanto que há estudos que mostram participantes deprimidos, que se sentem mal, por ver somente felicidade nas postagens dos outros. Quanto mais navegam, mais invejam a rotina alheia e acham a vida injusta com eles. Sofrem de uma doença crônica, filha-irmã da inveja, a mania de perseguição. Que ninguém se iluda: a realidade é que, embora sintam a tentação de mostrar somente a vitórias, todos têm fracassos. Querer esconder as nossas limitações causa ainda mais dor e angústia. Afinal, a maioria das vitórias é conseqüência do aprendizado de uma série de fracassos. Compreenda os motivos das suas derrotas e assuma seus erros. Entenda que somente quem está aberto para perder pode vencer o jogo da vida. Querer dar a última palavra em todas as conversas, debates, competições, negócios e conflitos é comprar um passaporte para a solidão. É preciso saber reconhecer quando a outra pessoa está certa ou sabe mais do que você. É necessário saber reconhecer um equívoco ou mesmo uma dificuldade que você tenha. Se você for analisar a carreira dos vencedores, elas erraram muito mais do que acertaram. A diferença é que transformaram seus aprendizados em sabedoria. (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

RENASÇO ALTIVO NA TINTA DO INFINITO (*)

Em cada letra, tinta e o cheiro do infinito, há um diálogo silente que rumino (instigo) onde, por completo, nasceu a página e a pátina que dito – só escrevo, neste plano, aquilo que ainda sonho no outro sótão: a vida após a vida. Sei que feneço no fim de cada sílaba, mas renasço altivo no início de outro mito. E vôo com as asas da Phoenix. Ainda que me seja efêmero o ato de colher as horas, serei sempre estrangeiro da fronteira de vidro: afinal, que sou, senão o fragmento de meus destroços? Só quem navega à luz, sabe o naufrágio das trevas. Afinal, ninguém se espera, se busca, quando o objetivo é filho da ausência da vida por si mesma. Ainda que me seja tardio, serei luz incendiária, fogo fulminante apagando a essência das águas. Nada sou senão serpente e anjo, verbo notívago escrito na página da madrugada. Muito antes que eu compreenda a consciência das asas, direi que o vôo é volátil e curto na distância planejada, muito embora ciente de que me é mais fácil seguir por caminho de lugar nenhum do que então afogar-me em gota de envelhecido rum. Quem afirmou que o castigo aconteceu no Paraíso, se o Paraíso é a morada do meu Pai? Alguém ousa vender um homem no mercado de Deus por ínfimos valores de insensíveis sonhos? Quem se arriscaria a seguir por tão nefasta via? A nenhum destino se chega ao homem senão pela sombra de seu mesmo sobressalto e nome. Meus passos já não cabem em si, muito menos no impulso da estrada que tanto lhes fere e agrava a força do espinho que sou serei além do que vivi e sangrei, amor. O que faço, a bem do meu nome e o fogo que me consome, é aprisionar o tempo e escrever as asas da memória antes do crepúsculo e após a aurora. Não poderia eu omitir que em mim persiste a surpresa que me envelhece, além, muito além dos jardins do abandono e a cal da árvore de plátano plantada em pleno deserto do ser – eis, então, a energia de, assim, matar, morrer para o que se foi e nunca mais há de nascer! Jamais ergo diques: deixo-me fluir para o que se vai, embora estando aqui. Apesar de tudo, nenhum homem sabe a dor do outro! E só a tempestade é capaz de resgatar o silêncio que medra na alma de cada um! Em cada letra, tinta e pátina de infinito, insuflo de fogo meu grito ainda que tardiamente para Deus! (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

OS ESCRITORES E A PROMISCUIDADE VIRTUAL (*)

Nos velhos tempos, há cerca de três décadas atrás, os escritores eram admirados e cultuados apenas pelo que publicavam em livros, revistas e jornais. Quando algum leitor gostava muito do que havia lido e queria compartilhar com alguém, dava o livro de presente ou emprestava o seu. O conteúdo mantinha-se preservado, assim como seu autor. Ninguém divulgava um texto de Arthur Rimbaud como sendo de Rilke, ninguém infiltrava parágrafos da Lygia Fagundes Teles num texto do Baudelaire, ninguém criava novos finais para os poemas de Hilda Hilst. O escritor e sua obra eram respeitados, e os leitores podiam confiar no que estavam consumindo. Inventaram o conceito de interatividade e as ferramentas para exercê-la. Por um lado, a sociedade se democratizou, todos passaram a ser ouvidos, diminuiu a distância entre patrões e empregados, produtores e consumidores: as relações ficaram mais funcionais. Mas o uso dessas ferramentas acabou involuindo para a maledicência e a promiscuidade virtual. Hoje ninguém consegue mais ter controle sobre sua imagem ou seu trabalho. Um escritor publica um texto no jornal e três segundos depois o mesmo texto está na internet, atribuído a Debussy, que nem escritor foi. Fofocas se disseminam no Facebook, vídeos íntimos são divulgados no Youtube, fotos de modelos vão parar em catálogos de prostituição e a credibilidade foi para o espaço sideral. Ninguém mais confia totalmente no que vê ou lê e isso pouco importa. Informações são inventadas, adulteradas, inexatas porque, por trás das telas dos computadores, há muita gente querendo ter seu dia de autor, mesmo que autor de algo inverídico. Sinto nostalgia pelo tempo em que éramos seduzidos de frente, não pelas costas, covardemente. Hoje não só engolimos qualquer factóide, qualquer manipulação, como também a produzimos. A invencionice suplantou a Arte. (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Diretor de Redação da revista Cenário Goiano; foi Superintendente de Comunicação no Governo do Rio de Janeiro. Nove livros publicados

UM BEIJA-FLOR AMANDO A ESSÊNCIA DA FLOR (*)

Às vezes, sou assim: misto de início e (mar) fim. Às vezes, me procuro na procura de algum questionamento qualquer: por que representar a vida e encenar a alma difusa, se ágil é o ser em ser confuso? Nem sempre me procuro na grave solidão de estar, mas ergo choros e delitos, como se fossem a bengala, o Chaplin, a alegrar em mim o súbito (só) riso de amar a eterna alegria de ser, sorrir, cantar! Em verdade, jogo o jogo do existir, muito embora estando longe e perto daqui. Eu sei, sempre soube: os homens criam seus muros de musgo, sombra e argila, edificando de falso mito sua mentira de ser, quase não sendo, o gelo no fogo ardendo, como, assim, as farpas e harpias de mundos incomuns, improváveis. Às vezes, sofro da fragilidade da vida, sem, no entanto, ater-me à saída pra lugar nenhum; e forte é a sangria de minhas vísceras sem destino algum! Alguns me dizem: o contrário da verdade não é a mentira – é a ilusão. Eu, do meu lado, prefiro antes ficar sem saber, entre o sim e o se – não. O negro não é o oposto ao branco, dizem. Tudo é ausência de luz. Como, então, saber o que é, ou não é, aquilo que me conduz? Ouço, às vezes, a linguagem das flores e percebo que uma flor só se sabe perfumada e bela enquanto existe um beija-flor amando a essência dela: nem ela é virgem sem ele; nem ele, ave sem ela! Sou o que sou: pássaro de imenso anseio e vôo por aí neste deserto de vasta solidão. Às vezes, me procuro no que acho, como da pedra a fonte, como da fonte o riacho; e não há, agora, nenhum suicídio de amor na paisagem derradeira senão a morte a farsa da vez primeira de saber-me aonde vou, ainda que a asa do Tempo se me faça impróprio no que sou; e, se sou assim, misto de início e (mar) fim, tenho mais é que me buscar por aí, tendo de Ícaro o vôo no voar, seguir, mesmo que, para os ícones e sombras do mais áspero abismo, possa eu erguer meu paraíso forrado de limalhas mirtos orquídeas em jardim da solidão, como do sonho os rios do mundo inundando o coração! (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Diretor de Redação da revista Cenário Goiano; foi Superintendente de Comunicação no Governo do Rio de Janeiro. Nove livros publicados

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

SUTIL ENCANTAMENTO

Abrasear e silenciar nossas vozes, Edla, sentados à relva fresca, úmidos de orvalho e orgasmo. Ouvir o sussurro do vento nas flores do campo e nas folhas da relva. Voar nas asas dos pássaros e na canção da brisa, vivenciar a paz silenciosa do horizonte sem limites. Afagar-te, Edla, e tocar com emoção as maçãs róseas do teu rosto-luz; despertar com a claridade da manhã rasgada de Sol que doura e acaricia nossa epiderme... Visualizar no teu talismã o espaço de céu infinitamente azul; voar na vastidão da luz plena de vivas cores e inebriantes olores. Trago-te, Edla, flores do campo para adornar teus cabelos dourados. O sorriso enluarado que trago comigo mostra-te multiformes caminhos, visão onírica de um rosto serenamente iluminado. O negro véu da noite calou nossas vozes, uma aura azul envolveu nossos corpos. A madrugada chega pela cavalgada alada das asas do vento. Os pássaros noturnos voam, os cães ladram ao longe, Edla, e os loucos e os poetalados acordaram e dominam a etérea cidade. Precisamos partir. Protege-me, no teu secreto refúgio. Conduze-me ao insólito templo do Amor. Façamos, então, a Viagem Cósmica por caminhos esvoaçantes de risonhos fantasmas, silfos, elfos, salamandras, gnomos, duendes, unicórnios, colibris, crisálidas, névoa, neblina e fascinação! Retornemos ao vale místico e sagrado onde tu me encontraste e, cedeste, fugaz, o teu coração de fada no caminho cármico de remoto passado de sonhos azuis, dispersos e alados. (Escritor, jornalista e ensaísta EUGENIO SANTANA, FRC – Autor de nove livros publicados)

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O RETORNO DO HOLANDÊS VOADOR

Ouve a concha do tempo, ouve a voz silente do vento nas Asas da Memória. Não há como conter essas águas. Sementes de mostarda levitam o casco do Navio. Fantasmas somos todos, nós. Nua Utopia desfila cores sobre a perplexidade desses seus olhos astutos. Avante, Comandante! Não existe pirata à vista. A vitória, o triunfo e a glória se insinuam e se mostra antes mesmo da guerra começar. Ele voltou. Há vestígios de luz nos mistérios da vastidão do mar. O Holandês Voador voltou. Atracou no cais do porto de sua alma e fotografou sua aura. Um pergaminho revela aonde encontrar a chave que abre o solar do Conhecimento de Rama. Não náufragos no convés. Ao timoneiro, alada mão se eleva. Firme, comanda. Navios navegam mares. Obscenos são aqueles que ficaram no cais. Obscuros, não assimilaram a grandeza dos Oceanos. (Escritor/jornalista EUGENIO SANTANA)

A BREVIDADE DA VIDA (*)

A vida na terra é uma atribuição efêmera. Nossos dias sobre a terra são transitórios como uma sombra. Para usar sua vida da melhor forma possível, você não deve nunca esquecer duas verdades. Primeira: em comparação com a eternidade, a vida é extremamente breve. Segunda: a terra é apenas uma residência temporária. Você não ficará aqui por muito tempo, então não fique muito apegado. Peça ao Todo-Poderoso que o ajude a ver a vida na terra como ele a vê. Mostra-me como a vida é curta e eu sou frágil. Você só está de passagem, apenas visitando. As pessoas deveriam carregar "green cards" espirituais, para nos lembrarmos de que a nossa cidadania é no céu. A nossa identidade está na eternidade, e a nossa pátria é o céu. Quando flertamos com as tentações deste mundo, o Ser Supremo chama isso de adultério espiritual. É somente ao lembrarmos que a vida é um teste, uma incumbência de confiança e uma atribuição temporária que o encanto dessas coisas perderão o domínio sobre nossa vida. As coisas que vemos agora estão aqui hoje e amanhã se foram. Mas as coisas que não podemos ver agora vão durar para sempre. Para impedir que fiquemos muito apegados à terra, Deus nos permite sentir uma substancial quantidade de descontentamentos e desgostos na vida - anseios que jamais serão satisfeitos deste lado da eternidade. Não somos completamente felizes porque não era para sermos! A terra não é nosso lar definitivo; fomos criados para algo muito melhor. Você terá momentos felizes por aqui, mas nada comparado ao que Deus tem planejado para você. Tudo o que não é eterno é eternamente inútil. É preciso ter fé para viver na terra como estrangeiro. (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

A LEI DE MURPHY DISSOLVE-SE NO NADA (*)

Dizem que a pessoa comum usa apenas 10% de sua capacidade. Os outros 90% ficam enterrados nas tumbas do medo. Temos medo do fracasso. Temos medo de fazer papel de imbecil, de ser ridicularizados. Temos medo das críticas. E então nos sujeitamos e nos fixamos em nosso cantinho confortável, e todo dia começa a parecer muitíssimo com ontem e com amanhã. Usamos as mesmas roupas, dizemos as mesmas coisas, encontramos as mesmas pessoas, temos as mesmas rotinas, porque é assim que nos sentimos à vontade. “Amplificar-nos”, da maneira como usamos o termo significa “dar um passo para fora de nossas zonas de conforto”. Significa sonhar o sonho impossível, alcançar o que até então era inalcançável, tentar o que ainda não foi tentado, arriscar a possibilidade de fracassar, ousar entrar em lugares aonde nunca fomos antes. A lei de Murphy – “Tudo quanto puder dar errado vai dar errado!”, vai prevalecer mais uma vez. Mas, se a mãe Inteligência e o pai Vontade forem fortes o bastante, eles é que vão prevalecer. E, acredite se quiser, o mundo não vai dissolver-se no nada. Não vai haver explosão alguma. Ninguém vai desmaiar ou morrer. E o velho e polêmico Murphy não vai aparecer. Mas essas são apenas algumas coisas que não vão acontecer. O que vai resultar de nossa amplificação é que o mundo ficará maior para nós e nossa vida se tornará mais plena e mais satisfatória. Serão revelados talentos de cuja existência nem suspeitávamos. Você se lembra da primeira vez em que nadou sem ninguém o segurar, ou da primeira vez em que acertou o alvo na mosca? “Eu consegui!”, anunciou você a si mesmo e ao mundo. Você não se afogou, nem errou o tiro. Você conseguiu! Uma nova autoconfiança e um novo mundo foram criados para você naquele momento. Isso sempre acontece quando nos amplificamos acreditando, convictos, no caminho da superação. (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

REINVENTANDO O SENTIDO DA VIDA (*)

Não temos consciência de que o tempo conspira contra a vida. O tempo passa tão rápido. Num instante somos jovens, e no outro, idosos. Pelo fato de não sabermos quando será nosso último suspiro existencial, devemos procurar viver com intensidade cada minuto de nossas vidas. Revolucione sua qualidade de vida, aprenda a superar o cárcere da emoção e a falar o alfabeto mágico do amor. Você tem se esforçado para aprender esse alfabeto? O amor irriga a existência com sentido. Sem amor, a vida se transforma num canteiro de tédio. Você nunca sabe o que acontecerá no dia de amanhã. O ideal não é esperar grandes mudanças para produzir grandes atitudes. Hoje você tem seus filhos, sua esposa, seu marido, seus pais, seus amigos e colegas de trabalho. Eles são um grande tesouro? Será que você não o enterrou no solo de suas preocupações, no terreno da sua ansiedade? Saia para o labirinto e refaça a sua agenda. Saia para amar, conquistar novos caminhos, abrir novos horizontes, ser líder de seu próprio mundo. Faça do ambiente de trabalho um lugar aprazível, criativo e solidário. Quem trabalha angustiado rouba energia excessivamente do cérebro, vive fatigado. Quem trabalha com prazer renova suas forças, abre as janelas da sua mente e brilha na sua inteligência. Se você tem filhos, abrace-os, curta-os, brinque com eles, pois de que adianta dar-lhes o mundo se o que mais precisam é de você mesmo? Quando errar ou tiver atitudes exageradas com eles, peça desculpas sem medo. Ensine-os a reconhecer as fragilidades deles reconhecendo as suas. Conte-lhes suas alegrias e seus momentos difíceis. Saia com eles não apenas para passear, mas principalmente para descobri-los. Há pais que vivem por décadas com seus filhos e não os conhecem. Os pais que são amigos dos filhos são ricos, mesmo que não possuam fortunas. Se você tem pais vivos, penetre na história deles, beba da sua sabedoria, beije-os e usufrua de seu convívio o máximo que puder. Tenha tempo para eles como eles tiveram com você. Eles geraram sua vida, cuidaram de você e devem ser amados e honrados. Compreenda seus defeitos e as atitudes deles que lhe feriram. Perdoe-os, ame-os, procure-os. Se você é casado, penetre no mundo de seu cônjuge, fale de seu amor por ele, tenha gestos surpreendentes para alegrá-lo. Chore junto. Compartilhe seus sonhos. Traga flores em dias inesperados. Faça elogios por pequenos comportamentos. O amor se irriga todos os dias no território da emoção. Sem cultivá-lo, a falência de uma relação, por mais excelente que seja, é quase inevitável. A vida sem amigos é um céu sem andorinhas. Se não os tem, cultive-os. Se os tem, marque encontros com eles, procure saber como estão, compartilhe experiências. Cuidado! A vida estressante do mundo moderno tem nos roubado o melhor do nosso tempo. Planeje ver seus amigos com mais freqüência e recrie bons momentos. Não seja vítima da solidão. Não se isole em casa, não se feche no mundo da internet. Um bom amigo vale mais do que uma grande fortuna e pode ser mais útil do que um bom psicanalista. A vida é um espetáculo de raríssima beleza. Tenha coragem para romper as algemas do medo e caminhar pelo labirinto. Percorra territórios nunca antes explorados. Se as oportunidades não surgirem, crie-as. Faça da sua vida uma poesia e uma grande aventura. Corrija as suas rotas, mas nunca desista das suas metas nem daquilo que você mais ama. Se você nunca desistir, sua vida será diferente. Você deixará de ser controlado pelos seus problemas e se tornará o autor da sua própria história... (*) EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta. Diretor de Redação da revista Cenário Goiano; foi Superintendente de Comunicação no Governo do Rio de Janeiro. Nove livros publicados)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

O CICLO DE SATURNO: NOSSO PORTO DE DESTINO (*)

No Universo tudo está em movimento. As coisas, as pessoas, tudo está em constante transformação. A evolução acontece através dos grandes ciclos do Sol, de 36 anos, (1981-2016) e, em 2017, teremos o início do grande ciclo de Saturno, que terminará no final de 2052. Saturno não é visto como um planeta leve ou alegre. Ele cobra resultados e não está para brincadeiras; é rigoroso e justo. Saturno nos mostra a importância de aceitar os limites e percalços da vida, e também de perseverar apesar das dificuldades que chegam, inexoravelmente, para todos. Cronos, na antiga Grécia, como o senhor do tempo, nos faz lembrar de que tudo na natureza tem o seu próprio ciclo, ou seja, de que tudo tem um começo, um meio e um fim. Ele também significa a sabedoria que advém das experiências vividas e do trabalho, além da perseverança, da responsabilidade e da disciplina para que nossos ideais se realizem. É em meio a essas crises, turbulências e adversidades que adquirimos mais força para seguir em frente. Há uma maior conscientização por parte do povo de que a responsabilidade por melhorias e soluções, no plano social, político ou econômico, não pode mais ficar na mão de alguns poucos que detêm todo o poder de decisão. Cada indivíduo pode e deve agir com mais consciência, a fim de não permitir abusos e injustiças, participando efetivamente de ações que visem o bem-estar da coletividade, minimizando o atual estado de desequilíbrio planetário. Assim, cada vez mais, a união e o esforço coletivo em torno de um ideal comum são fundamentais para a sobrevivência de todos nós. E isso independentemente de raça, condição geográfica, clima, cultura, ideologias ou história, seja ela pessoal ou coletiva. Essa consciência nasce no interior do ser e na reflexão sincera de cada um. Só apontar os culpados não basta. Estamos no mesmo barco, precisamos remar com mais vontade e disposição para que as mudanças que desejamos possam acontecer. De fato, não existem ventos favoráveis para aquele que desconhece seu porto de destino. (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

VALORIZE A SUA VIDA (*)

O conceito onde quero chegar é sobre a palavra acreditar. Simplesmente não vejo nada que possa acontecer se não acreditarmos, nenhum sonho se realiza se não se tem fé nele, nenhum projeto se torna factível se não confiarmos nele e por aí vai. Trago comigo sempre o dom de acreditar que tudo irá dar certo e tudo irá acabar bem, não importa o sonho que tenhamos; não importa o tempo que leve; não importa se outros acreditam, o importante é que eu confio e a partir daí vou buscar seja lá onde estiver esse sonho e não há nada ou ninguém que me desvie desse caminho. O mundo, globalizado pela Internet, como disse no início, é parte fundamental, pelo fato de termos sempre a informação "on-line", aqui e agora, e nesse mundo, quem possui a informação tem o poder. Mas acontece que, devido a tanta informação, acabamos por nos perder e adotamos uma maneira de viver com certos vícios e manias que não são muitas vezes nossas; desejamos coisas que de certa forma ainda não podemos alcançar, e nos angustiamos por isso, buscamos um determinado status que às vezes nem precisamos e nos endividamos por isso; passando então a viver a verdade de outros, esquecendo a nossa... Muitas vezes, olhamos ao nosso redor e nada nos falta para sermos felizes, temos uma casa para onde voltar, uma família barulhenta, que fala alto e pelos cotovelos, (a maioria é assim), filhos felizes que a toda hora reivindicam pelo nosso carinho e nos emocionam com um simples sorriso, crianças à nossa volta, amigos engraçados, amigos enrolados, amigos materialistas, amigos espiritualistas, amigos frios, amigos calorosos, amigos valiosos, mas todos amigos. Temos um trabalho que, graças a Deus, toma boa parte do nosso tempo e permite que realizemos e compartilhemos com os nossos todas as coisas de que precisamos para viver em sociedade aqui no planeta Terra, mas muitas vezes, assumimos histórias que não são nossas e deixamos de valorizar a nossa própria. Por isso, quero aqui propor a todos vocês, queridos leitores, que em nossa contagem regressiva, seja lá onde estivermos, em qualquer parte desse mundo globalizado, seja lá em que praia for, que além de pularmos as sete ondinhas, na praia deserta ou na praia repleta de velas acesas; na sacada do nosso prédio; no quintal da nossa casa; sozinhos, em nosso quarto; com a família ao redor da mesa; no sofá da sala em frente à televisão, que realizemos uma mudança interna em nossas vidas. Fechemos os olhos, por segundos que seja. Vamos agora assumir a nossa vida por completo. Precisamos de mudanças, vamos promovê-las e acreditar nelas, não importa o tempo que isso leve, vamos estabelecer metas para nossa vida pessoal, nossa vida amorosa, nossos relacionamentos, nossa vida profissional, vamos escolher uma área dessas - não precisa atuar em todas de uma vez - mas, nesse ano, vamos nos dispor, acreditar e mudar uma delas pelo menos. Não vamos mais viver histórias que não são nossas, vamos acreditar que nós podemos e que merecemos um mundo melhor e vamos atrás desse mundo, que é nosso por direito sagrado. Eu, por exemplo, passei 27 anos da minha vida sentado sobre um pote de ouro, tentando encontrar a felicidade fora de mim e acabei por descobrir que a felicidade está o tempo todo aqui comigo, (descobri meu pote de ouro). Quem sabe, você não descubra o seu também, valorize mais as pessoas, respeite a história de cada uma delas... e assuma a sua história, valorizando-a também. Promova essa mudança interna, pois o mundo externo está aí e não poderemos mudar tudo à nossa volta. Sempre haverá uma árvore de Natal majestosa no Rockfeller Center em Nova York; sempre existirá um Bistrô gostoso e tranqüilo em Paris; sempre haverá pessoas em Roma para ver o Papa. Mas a única pessoa que estará conosco a vida inteira, queiramos ou não, somos nós mesmos. Os portais de 2017 estão quase abertos. Vamos (re)começar um novo ciclo. Eis a oportunidade tão sonhada para que você encontre “o seu próprio pote de ouro”. Boa sorte. Feliz Ano-Novo! (*) EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira dois. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados.WhatsApp (61) 99581-4765 - Email: autoreugeniosantana9@gmail.com

sábado, 17 de dezembro de 2016

A IDADE DO LOBO E AS LEMBRANÇAS DE AMANDA...

Restam algumas fotografias dispersas, espalhadas na desordem das gavetas do armário: arquivos do tempo nas Asas da memória... Encontrei – ao acaso – um velho álbum carcomido pelas traças ao longo desses anos. Nostalgicamente, retornei ao passado ao deter o olhar nos antigos fotogramas: revejo teu rosto jovem e belo, em destaque o amplo sorriso – antes tão familiar e os olhos de topázio a me indagar: o porquê da ruptura e o que faço de minha vida – hoje, agora, aqui. Silenciosamente, fecho o álbum e a porta e desligo a luz do abajur da sala e reflito a despeito do que é previsível e possível atenuar os conflitos na Idade-do-Lobo... Guardo o álbum. Melhor dizendo: escondo. Com uma leve sensação de alívio descarto qualquer ameaça de crise existencial... Inapelavelmente, Nostalgia. Neuroforia. Mas, sinto um irresistível estímulo de falar ao telefone. Com Amanda – em Paris – e rasgar o verbo, oculto há vinte anos... Expondo-lhe os projetos de minha vida e – principalmente – sugerir que fique com o velho álbum de fotografias... Este fantasma que insiste em não me abandonar. Amanhã envio – provavelmente – via sedex. Na Idade-do-Lobo não temos pressa para resolver as coisas do alado coração. (Escritor/jornalista EUGENIO SANTANA)

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O CAMINHO DO AMOR

O mais importante de tudo seja a profunda convicção de que o bem é o caminho solar a ser percorrido para alcançar a serenidade à qual vocês aspiram entre as lutas da vida. Não há outro caminho possível para esse fim. Não é válido o caminho ilusório que por muito tempo se acostuma percorrer em vão: o do egoísmo, que leva a julgar o próprio bem separado do bem alheio, ou pior, em contraste com ele. Quero lembrar o caminho certo a ser percorrido para que não sejam atacados pelas forças maléficas: o caminho do amor. Se trilharem esse caminho, ficarão imunes de qualquer influência nociva. Lembrem-se de que: o degrau na direção do amor deve ser subido abstendo-se de fazer mal conscientemente a qualquer pessoa; entramos no céu do amor quando nos sentimos unos com o todo e nos exercitamos, mesmo nas pequenas coisas, gradativamente, a cumprir pequenos sacrifícios para o bem dos outros. Dentro desta área as flechas envenenadas das projeções negativas não podem penetrar; é preciso vestir-se de luz, potencializando a aura com pensamentos, sentimentos e ações de bem. Antes de encerrar, quero expressar mais um augúrio: que todo o bem que vocês fizerem aos outros possa chegar até vocês, que possam sentir o impulso disso para cada vez mais realizarem o bem, e que isso os eleve para as esferas mais altas. Que este seja o ideal de toda sua vida. (EUGENIO SANTANA é escritor, jornalista, ensaísta. Diretor de Redação da revista Cenário Goiano; foi Superintendente de Comunicação no Governo do Rio de Janeiro. Nove livros publicados)

SEJA UM CENTRO DE IRRADIAÇÃO DE GENEROSIDADE

Cada pensamento que parte de vocês é como um rastro luminoso que alcança a pessoa na qual estão pensando. Este rastro iluminará vocês e o objeto de seus pensamentos. Não hesitem em repudiar cada pensamento nocivo, que os revestiria de escuridão e, além de fazer mal aos outros, seria funesto para vocês mesmos. Abençoem e serão abençoados: abençoar é desenvolver a maior força de proteção e defesa. Este é o segredo. É a terapia ideal para neutralizar todas as influências negativas. Estarão construindo ao seu redor a mais poderosa defesa se, vivendo com honestidade, conseguirem falar freqüentemente com profunda convicção: Presença divina em mim, possa a tua Sabedoria dirigir todos os meus atos; o teu Amor guiar meus pensamentos; a tua Luz iluminar o meu caminho. Envolve-me em tua radiação, agora e sempre. Esta será a maior proteção, pois vocês estarão invocando a mesma força que move os universos. Vivam e operem nessa aura: nada e ninguém poderá jamais fazer-lhes mal. (EUGENIO SANTANA é jornalista, escritor, ensaísta, biógrafo e redator publicitário. Membro efetivo da ALNM – Academia de Letras do Noroeste de Minas, cadeira 2. Membro Acadêmico “Benemérito Ad Honorem” do Centro Cultural, Literário e Artístico de Portugal; Autor de nove livros publicados)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

VIVEMOS NUMA SOCIEDADE DE VALORES INVERTIDOS

Nunca as pessoas tiveram uma mente tão agitada e estressada. Quando o computador demora em iniciar, não poucos se irritam. Quando as pessoas não se dedicam a atividades interessantes, elas facilmente se angustiam. Raros são os que contemplam as flores nas praças ou se sentam para dialogar nas suas varandas ou sacadas. Estamos na era da indústria do entretenimento e, paradoxalmente, na era do tédio. É muito triste descobrir que grande parte dos seres humanos de todas as nações não sabe ficar só, se interiorizar, refletir sobre as nuances da existência, se curtir, ter um autodiálogo. Essas pessoas conhecem muitos nas redes sociais, mas raramente conhecem alguém a fundo e, o que é pior, raramente conhecem a si mesmas. (Jornalista/escritor Eugenio Santana)