quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A DESTRUIÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA (*)

O Brasil é a segunda maior nação florestal do planeta, depois da Rússia, mas a mais rica em biodiversidade, uma vez que as florestas tropicais abrigam um número muito maior das espécies. Dos 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro, mais de 60% são cobertos por florestas naturais exploradas por várias cadeias produtivas, como papel e celulose, madeira e móveis, siderurgia, lenha e energia, óleos e resinas, fármacos, cosméticos e alimentos. Só os três primeiros setores empregam 7 milhões de pessoas e geram 4% do PIB. Trata-se, portanto, de uma economia expressiva e de vasta capilaridade social, entranhada na cultura brasileira, embora explorada sob a lógica do mais puro imediatismo: apesar do vigoroso desenvolvimento da indústria do reflorestamento, o país consome quase duas vezes mais madeira natural do que madeira plantada. O índice de ilegalidade na extração de madeira nativa na Amazônia é altíssimo. Cerca de 22% das florestas da Região Norte já foram destruídas. Uma das causas do desmatamento recorde que o país ostenta há 40 anos é a exploração predatória e itinerante das florestas por meio da migração ilegal de serrarias para áreas virgens tão logo uma área se esgota. Em 1994, o Brasil desmatava 29 mil km quadrados de florestas por ano. Esse número caiu para 7 mil km quadrados por ano, atualmente. No entanto, essa importante conquista não basta. Consumidores esclarecidos sabem que as florestas não são um “fator de produção” comum, pois prestam serviços ambientais como regulação de chuva e do clima, proteção de bacias hidrográficas e conservação da biodiversidade. Elas também são a base do desenvolvimento das biotecnologias que movimentam um mercado global sete vezes maior do que o mercado de madeira. A modernização da economia, a promoção do potencial florestal e a preservação dos serviços ambientais das florestas dependem da sua conservação “em pé”. Mudar a cultura predatória e consolidar a incipiente tecnologia do manejo sustentável das florestas naturais são desafios de fundamental importância para o Brasil.
(*) Eugenio Santana, jornalista investigativo e cultural.